Cálculo (Volume 3)/Imprimir
Cálculo (Volume 3) Para a disciplina Cálculo IV | ||||
Conceitos Iniciais
[editar | editar código-fonte]Uma sequência pode ser entendida como um conjunto de valores enumerados em uma ordem, de forma a estabelecer uma lista. Esta lista é, usualmente, denotada como , genericamente devido ao fato de que cada elemento pode ser identificado pela posição na lista. Temos, por exemplo, , como uma representação de uma sequência.
Representação
[editar | editar código-fonte]Para se representar uma sequência, colocam-se os membros entre parênteses, seraparados por vírgulas (quando há números decimais na sequência, usa-se o ponto-e-vírgula). Exemplos:
Vejamos alguns exemplos de sequências, notando que, a princípio, não há uma regra clara para estabelecimento de cada valor que os termos da mesma assumem:
Fórmula do termo geral
[editar | editar código-fonte]Por vezes, uma sequência possui um padrão que permite criar uma fórmula do termo geral. É uma equação fundamental que determina os termos da sequência.
Em uma progressão aritmética, por exemplo, a fórmula do termo geral é:
Apesar de não haver uma exigência de que haja uma equação que descreva o comportamento dos elementos de uma sequência, as sequências que mantem uma relação como regra para definição de seus termos são muito úteis para o estudo do comportamento numérico. De modo genérico, podemos dizer que o mais comum é estabelecer uma relação do numero que designa o ítem da sequência e o elemento. Por exemplo, podemos ter:
Esta sequência nos fornece para cada termo a somatória dos números inteiros até o nésimo elemento da sequência. A função sequência tem um gráfico onde os valores são apresentados como pontos cuja magnitude é expressa em e o número do indice da sequência é expresso em , vejamos o exemplo abaixo:
Podemos observar que os pontos representantes das amplitudes fazem com que o aspecto do gráfico de uma sequência seja diferente do conjunto contínuo que nos abituamos a observar em gráficos de funções. Enquanto a função se mantém definida para , a sequência define valores em .
Observando o gráfico da sequência, vemos que a medida que os números índice crescem as amplitudes se aproximam de um valor fixo em "y". Esta característica torna-se bastante útil para análise de tendências. Por este motivo vamos analisar estas sequências com maior atenção.
Formalmente
[editar | editar código-fonte]Definição: Uma seqüência (em Portugal diz-se sucessão) é uma função onde o domínio é e cuja imagem é ou .
É uma lista de elementos, ou seja, um conjunto ordenado de maneira que cada elemento fica naturalmente seqüenciado. Uma seqüência é uma função com domínio igual ao conjunto dos números inteiros positivos (ou, o que é o mesmo, o conjunto dos números naturais não-nulos).
A seqüência dos inteiros positivos é: 1, 2, 3, ..., n - 1, n, n + 1, ... Cada número é um termo, com n sendo o enésimo termo. Denota-se a seqüência por: {an}; assim sendo, na lista de inteiros positivos acima, a1 é 1, a317 é 317, e an é n.
A seqüência também é indicada por: a0, a1, a2, ..., an, ... Os termos da seqüência fazem parte de um conjunto comumente indicado por S; Eles são uma seqüência em S.
Uma seqüência pode ter um número finito ou infinito de termos; portanto, pode ser uma seqüência finita ou uma seqüência infinita. Obviamente, é impossível enumerar ou explicitar todos os termos de uma seqüência infinita. seqüências infinitas são dadas listando-se seus primeiros termos e colocando um sinal de reticências donde, com costumeira sorte, se depreende a regra formadora do restante da seqüência.
Formalmente, uma seqüência pode ser definida como uma função de (o conjunto dos números naturais) em S.
Se S for o conjunto dos inteiros, então trata-se de uma seqüência inteira. Se for um conjunto de polinômios, então é uma seqüência polinomial.
Uma subseqüência de uma seqüência S é formada removendo-se alguns elementos de S sem mudar a posição relativa dos elementos restantes.
Alternativamente, pode-se definir uma seqüência de modo recursivo. Consiste em se definir alguns termos iniciais e, a partir daí, atribui-se uma regra que a cada novo termo depende de um ou mais termos antecedentes. Talvez o exemplo mais famoso seja o da seqüência de Fibonacci.
A soma de uma seqüência é chamada de série matemática. Por exemplo:
Notações:
1 2 3 4
OBS.: Utilizaremos mais a notação 4
OBS.: Estudaremos apenas seqüências que obedecem a uma lei de formação
Evolução
[editar | editar código-fonte]As sequências evoluem, dependendo do seu número sequencial , de diversas formas. Esta evolução pode ser classificada quando a equação da sequência é conhecida. Podemos, nestes casos, verificar se a evolução da fórmula leva a números em ordem crescente ou decrescente em um intervalo ou durante sua evolução completa, do primeiro elemento ao infinito.
Uma sequência é classificada como crescente quando, para cada , temos e decrescente quando . Este comportamento pode ser encontrado em um trecho em particular da evolução, delimitado por dois valores de , ou em toda a evolução. Sob este contexto, uma sequência crescente ou decrescente pode ser chamada de monotônica quando apresenta apenas um dos comportamentos.
Vamos analisar a evolução da sequência:
ou seja, temos:
Portanto, a sequência aparentemente indefinível algebricamente por uma expressão em função do índice, se mostra redutível a uma equação. Estas séries redutíveis a equações nos fornecem informações muito úteis, nos permitindo encontrar relações e regras que podemos usar na síntese de equações.
Limites no infinito
[editar | editar código-fonte]Temos sequências que se aproximam de valores quando tende a aumentar indefinidamente, ou seja, quando o valor desta variável tende a infinito. Este comportamento é similar ao encontrado quando analisamos funções que tendem a valores quando levadas ao infinito. A única diferença entre funções e sequências, quando analisadas sob este aspecto, é o fato das sequências exigirem valores inteiros das variáveis, enquanto que funções admitem valores reais para as mesmas.
Uma vez que temos a evolução de valores de sequências similares a valores de funções, é plausível concluir que limites em valores estritamente limitados a números inteiros possam levar a análise de limites de forma semelhante. Então vejamos como esta análise pode ser conduzida:
Conforme fizemos o estudo de limites no infinito no Volume 1, temos como um número tomado sob a abscissa inteira, ou seja, um número inteiro. Uma vez que tomamos este número, façamos a sequência evoluir a números maiores e observamos que estes se aproximam de um valor , quanto mais alto seja mais proximo de a sequência se estabelece:
sempre que
Desta forma, os valores tomados para a sequência são inteiros e o número tem a única obrigação de estar definido para um valor . Portanto, podemos arbitrar valores cada vez maiores para dentro do limite estabelecido. Neste intervalo, qualquer valor de inteiro leva a valores que se aproximam de por parte de .
O fato de ser possível encontrar este limite nos reporta a informação de convergência, ou seja dizemos que uma sequência converge quando é possível encontar um limite no infinito, caso contrário dizemos que a sequência diverge. Portanto, podemos classificar as sequências como convergentes ou divergentes de acordo com a existência do limite no infinito ou sua inexistência.
Limite de uma sequência
[editar | editar código-fonte]Definição: Dada uma seqüência , dizemos que o número é o limite de para se, > 0, tal que < .
Definição: Se a seqüência tem limite L, dizemos que ela é convergente e que converge a L. Caso contrário, dizemos que ela diverge.
Encontremos o limite quanto tende a infinito, para a sequênca do exemplo acima:
:
Desta forma o resultado acima nos fornece a certeza de que podemos arbitrar valores para a variável de forma a conseguir a precisão que queiramos para a sequência e que sempre teremos valores mais próximos deste limite a medida que o valor da variável aumenta.
Propriedades de sequências
[editar | editar código-fonte]Sejam duas seqüências convergentes, isto é, e . Então:
Subsequências
[editar | editar código-fonte]Definição: Dada uma seqüência , as restrições de a subconjuntos de serão denominadas subseqüências de .
Teorema: Se , então toda subseqüência de converge para o mesmo limite L.
Teorema: Dada a seqüência , se as subseqüências de ordem par e as subseqüências de ordem ímpar convergem para o mesmo valor L, então converge também para L.
Definição: Dada uma seqüência , temos que:
- l é chamada de cota inferior se
- L é chamada de cota superior se
- é dita limitada se possui cota inferior e cota superior
Observações:
- Se é uma seqüência crescente (), então é uma cota inferior
- Se é uma seqüência decrescente (), então é uma cota superior
- Se é uma seqüência decrescente e seus termos são positivos ( > ), então é limitada,
Teorema: Toda seqüência monótona e limitada é convergente.
Sequências monótonas e limitadas
[editar | editar código-fonte]Definição: Seja uma seqüência monótona:
- crescente, se
- decrescentes, se
Séries numéricas infinitas
[editar | editar código-fonte]Quando temos que representar um número de forma literal, por meio de equação infinita, podemos lançar mão de um recurso interessante, a série. Ela consiste de uma soma de parcelas literais significativas onde cada valor de parcela é um valor sequencial. Podemos dizer que a série é a somatória de uma sequência numérica simples, a qual se torna uma nova sequência.
Definição: Seja uma seqüência numérica. Chamamos de série numérica a soma descrita da seguinte forma:
Observemos que , como termo livre, pode assumir o valor que arbitremos, o que fornece um valor da série para cada valor inteiro que arbitremos. Assim, se tivermos um valor de série para cada , temos uma nova seqUência gerada pela série.
Seqüência das somas parciais
[editar | editar código-fonte]Seja uma série. Chamamos de seqüência das somas parciais a seqüência , onde
Série convergente
[editar | editar código-fonte]Definição: Seja uma série e a sua seqüência de somas parciais.
- Se < , a série é dita convergente e tem soma ;
- Caso contrário, a série diverge
Note que esta constatação não é tão clara para muitas das séries. Para estas, temos que recorrer a diversos recursos de análise matemática, dentre os mais conhecidos temos a indução.
Critério do termo geral
[editar | editar código-fonte]Se é uma série convergente, então
Teste da divergência
[editar | editar código-fonte]Se , então a série diverge.
Séries geométricas
[editar | editar código-fonte]São séries do tipo .
A série geométrica:
- Converge se e só se ou .
- Se , então (independentemente do valor de ). Se , então .
A prova é feita por indução. Façamos um ensaio parcial da série, definindo as parcelas algebricamente:
Se multiplicarmos a equação por :
Subtraímos as duas equações acima e obtemos:
Finalmente, temos se e . O que nos revela que a série converge para:
Propriedades de séries
[editar | editar código-fonte]- Sejam e duas séries convergentes. Então = converge
- Se converge (diverge) e , então converge (respectivamente, diverge) (se , então converge)
- Se converge e diverge, então diverge
- Sejam as séries e tais que a partir de algum n. Então ambas as séries têm o mesmo comportamento.
Série Geométrica
[editar | editar código-fonte]A série geométrica é uma sequência numérica muito importante para a matemática e para o estudo do cálculo já que a partir dela pode-se expressar várias funções em séries de potência infinitas. Essa série também é chamada de progressão geométrica ou simplesmente PG (veja alguns exemplos no livro de matemática elementar). Referências a esta série podem ser encontradas no trabalho de Malthus e em várias formas da natureza como em conchas de caracóis.
Formalização matemática
[editar | editar código-fonte]Termo geral
Onde c é uma constante qualquer.
Soma dos primeiros termos:
Ver também
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Séries de termos positivos
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Teste da integral
[editar | editar código-fonte]Seja uma série de termos positivos. Seja uma função positiva, contínua e decrescente para , e tal que , para . Então a série :
- Converge, se convergir;
- Diverge, se divergir.
Teste da comparação simples
[editar | editar código-fonte]Sejam e , > , tais que . Então:
- Se converge, então converge
- Se diverge, então diverge
Teste da comparação por limite
[editar | editar código-fonte]Sejam e , > , tais que . Se:
- , então as séries têm o mesmo comportamento
- , então a série converge se a série converge
- , então a série diverge se a série diverge
P-séries (Critério de Dirichelet)
[editar | editar código-fonte]Uma série do tipo converge se p > 1 e diverge se . Essas séries são conhecidas como p-séries, e são comumente usadas em testes de comparação.
Teste da razão (Critério de d'Alembert)
[editar | editar código-fonte]Seja uma série, onde > . Então:
- Se k < 1, a série converge
- Se k > 1, a série diverge
- Se k = 1, nada se pode concluir
Teste da raiz (Critério de Cauchy)
[editar | editar código-fonte]Seja uma série, onde > . Então:
- Se k < 1, a série converge
- Se k > 1, a série diverge
- Se k = 1, nada se pode concluir
Séries alternadas
[editar | editar código-fonte]São séries da forma:
ou
Teste de Leibniz
[editar | editar código-fonte]Seja a série alternada , > . Se e > , então a série converge e a sua soma não ultrapassa o primeiro termo.
Séries absolutamente convergentes
[editar | editar código-fonte]Uma série numérica é absolutamente convergente se a série dos módulos, , converge.
Teorema: Se uma série numérica é absolutamente convergente, então é convergente.
Séries condicionalmente convergentes
[editar | editar código-fonte]Uma série convergente, mas não absolutamente convergente, é chamada de condicionalmente convergente.
Teste da razão para convergência absoluta
[editar | editar código-fonte]Seja uma série numérica. Então
- Se k < 1, a série converge
- Se k > 1, a série diverge
- Se k = 1, nada se pode concluir
Teste da raiz para convergência absoluta
[editar | editar código-fonte]Seja uma série numérica. Então
- Se k < 1, a série converge
- Se k > 1, a série diverge
- Se k = 1, nada se pode concluir
Aplicação de séries alternadas no cálculo numérico
[editar | editar código-fonte]Definição: Dada uma série que converge, cuja soma é S, a diferença entre S e a sua soma parcial de ordem n é chamada de resto.
Notação:
Teorema: Seja > , uma série alternada convergente. Então o módulo do erro, , cometido ao aproximarmos a soma da série S pela soma parcial , é numericamente inferior ao elemento , ou seja, <
- Suponha que a n-ésima soma parcial de uma série seja dada por .
- a) Esta série converge? Em caso afirmativo, para qual valor?
- b) Qual é a fórmula do n-ésimo termo da série?
- Determine o valor para o qual as séries abaixo convergem:
- a)
- b)
- c)
- d)
- Determine se as séries abaixo convergem ou divergem:
- a)
- b)
- c)
- d)
- e)
- f)
- g)
- Determine se as séries abaixo convergem condicionalmente, convergem absolutamente ou divergem:
- a)
- b)
- c)
- d)
- e)
- f)
- g)
Séries de potências
[editar | editar código-fonte]Uma série de potências é uma série do tipo (série de potências de ), em que a e an são constantes.
Observação: Note que não se trata de uma série numérica. Uma série desse tipo pode convergir para alguns valores de x e divergir para outros valores. Assim, faz sentido falar em _domínio de convergência_, , que é o conjunto dos valores de x que tornam a série convergente.
Teorema: Seja a série com raio de convergência , isto é, a série converge no intervalo aberto . Então, chamando de , temos:
- é contínua em
- tal que
- tal que
Dica: Para determinar a soma de séries de potências, é comum partir de uma das seguintes séries:
<
Através de processos como substituição de variáveis, multiplicação, integração e diferenciação, efetuados em ambos os membros da igualdade, é possível chegar à série cuja soma queremos determinar.
Uma equação diferencial de primeira ordem é uma equação em que as incógnitas são funções e essa equação envolve a primeira derivada da incógnita. Assim, podemos definir uma equação diferencial de primeira ordem como:
F(t,y,y')=0
em que t é a variável independente, y é uma função dependente de t e ao mesmo tempo a incógnita da equação e y' é a primeira derivada de y.
Uma equação diferencial de primeira ordem pode ser classificada também de acordo com o seu tipo (ordinária ou parcial) e quanto a linearidade (linear ou não-linear).
Exemplo de equação diferencial de primeira ordem:
(t-3)y'+(5t+2)y+(2t²+t)=0
Esta é uma equação diferencial ordinária linear de primeira ordem.