Medida e integração/Funções simples e a topologia da reta estendida
Em linhas gerais, uma função simples é uma função que assume uma quantidade finita de valores. No contexto da teoria abordada neste livro, a definição de função simples incluirá algumas restrições adicionais, de modo que este nome possa ser usado apenas para se referir ao tipo de específico de função simples que é relevante para a integração.
- Definição 3.1
Seja um espaço mensurável. Uma função simples sobre é qualquer função tal que é um conjunto finito.
Exemplo
[editar | editar código-fonte]A função definida por é uma função simples. De fato, tem-se
Isto significa que que é finito. Observe ainda que
Em geral, se e se definem os conjuntos para cada de a resulta que Note que é uma partição finita de
Por outro lado, sempre que se tem uma partição finita de e uma sequência finita de elementos em de modo que quando a equação define uma função simples. É comum se referir ao segundo membro daquela equação como sendo a representação canônica de
- Lema 3.2
Seja um espaço mensurável e a função simples sobre dada por
Então para que seja mensurável é necessário e suficiente que cada seja mensurável, ondeDemonstração |
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Nesta demonstração, quando será usada a notação para indicar o conjunto .
Primeiramente, supondo que seja mensurável e observando que cada conjunto é aberto em tem-se mensurável. Mas então cada um dos conjuntos é mensurável. Como o complementar de um conjunto mensurável é mensurável, tem-se mensurável para todo Reciprocamente, assumindo que é mensurável quando e tomando um aberto de deve-se mostrar que é mensurável. Há dois casos que precisam ser considerados: A primeira situação só pode ocorrer se que é um conjunto mensurável. No segundo caso, o conjunto é não vazio e é possível escrever Sendo esta uma união finita de conjuntos mensuráveis, conclui-se que é mensurável. Portanto a função também é mensurável.
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- Teorema 3.4
Seja um espaço mensurável. Se e é a função nula, então existe uma sequência de funções simples, mensuráveis em de modo que:
- para todo
- em todo ponto
Demonstração |
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Para cada pode-se particionar o intervalo em intervalos iguais da seguinte forma:
Considere a pré-imagem por de cada um destes intervalos:
e defina também
A seguir, será demonstrado que a sequência de funções cujos termos são dados por
satisfaz as condições estipuladas no enunciado do teorema. Isto será feito em três etapas:
Primeiramente, fixe um ponto e um inteiro positivo Para mostrar que observe que:
Como há duas possibilidades:
Na primeira delas, tem-se e portanto Mas
então deve estar em um destes dois intervalos disjuntos, isto é, ou Se ocorrer então Por outro lado, caso ocorra então Portanto, Na segunda possibilidade, tem-se e consequentemente Além disso,
então deve estar em um destes dois intervalos disjuntos. No caso em que isto é, se deduz que A outra alternativa é que e de se conclui que
Usando isto em conjunto com a desigualdade se deduz que existe algum índice tal que e Isto implica que pela própria definição deste conjunto. Logo, Com isto, se conclui a prova de que a sequência é não-decrescente. Agora, para garantir que basta observar que se e então
Finalmente, em todo ponto De fato, para cada pode ocorrer ou
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Obs. 3.5: No caso em que é uma função limitada, ou seja, quando existe uma constante para a qual em todo ponto pode-se tomar na prova acima. Nesta situação, a conclusão é que a sequência converge uniformemente para
Com relação as sequências cujos termos estão em tem-se a seguinte propriedade: Se e são sequências não decrescentes em ou seja, e para todo e existem os limites e então
Esta propriedade, juntamente com a Proposição 2.39 e o Teorema 3.4, implicam que se
- Proposição 3.6
Se e são funções mensuráveis, então e também são mensuráveis.
Demonstração |
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Esta demonstração é deixada a cargo do leitor. Sinta-se livre para melhorar a qualidade deste texto, incluindo-a neste módulo. |
Notas
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