Neste capítulo, será discutido quão eficiente é o algoritmo de Euclides para o cálculo do MDC. De forma mais precisa, se forem dados dois números inteiros:
Quantas etapas (divisões) do algoritmo são necessárias para que um resto seja zero?
Recorde-se que o algoritmo baseia-se na construção da sequência:
a
=
r
0
≥
b
=
r
1
>
r
2
>
…
>
r
k
>
r
k
+
1
=
0
{\displaystyle a=r_{0}\geq b=r_{1}>r_{2}>\ldots >r_{k}>r_{k+1}=0}
cujos termos verificam as seguintes igualdades:
1
r
0
=
{\displaystyle r_{0}=}
r
1
q
0
+
r
2
{\displaystyle r_{1}q_{0}+r_{2}}
0
≤
r
2
<
r
1
{\displaystyle 0\leq r_{2}<r_{1}}
2
r
1
=
{\displaystyle r_{1}=}
r
2
q
1
+
r
3
{\displaystyle r_{2}q_{1}+r_{3}}
0
≤
r
3
<
r
2
{\displaystyle 0\leq r_{3}<r_{2}}
⋮
{\displaystyle \vdots }
k-1
r
k
−
2
=
{\displaystyle r_{k-2}=}
r
k
−
1
q
k
−
2
+
r
k
{\displaystyle r_{k-1}q_{k-2}+r_{k}}
0
≤
r
k
<
r
k
−
1
{\displaystyle 0\leq r_{k}<r_{k-1}}
k
r
k
−
1
=
{\displaystyle r_{k-1}=}
r
k
q
k
−
1
+
r
k
+
1
=
r
k
q
k
−
1
{\displaystyle r_{k}q_{k-1}+r_{k+1}=r_{k}q_{k-1}}
pois
0
=
r
k
+
1
<
r
k
{\displaystyle 0=r_{k+1}<r_{k}}
O algoritmo fornece
(
a
,
b
)
=
r
k
{\displaystyle (a,b)=r_{k}}
, que é o último resto não nulo, obtido em
k
{\displaystyle k}
passos (divisões).
Uma observação importante é que o resto de uma divisão é sempre menor que a metade do dividendo:
r
0
=
r
1
q
0
+
r
2
≥
r
1
+
r
2
>
2
r
2
{\displaystyle r_{0}=r_{1}q_{0}+r_{2}\geq r_{1}+r_{2}>2r_{2}}
Sendo a primeira desigualdade válida porque
q
0
≥
1
{\displaystyle q_{0}\geq 1}
e a segunda porque
r
1
>
r
2
{\displaystyle r_{1}>r_{2}}
. Deste modo, tem-se
r
0
>
2
r
2
{\displaystyle r_{0}>2r_{2}}
r
1
>
2
r
3
{\displaystyle r_{1}>2r_{3}}
r
2
>
2
r
4
{\displaystyle r_{2}>2r_{4}}
r
3
>
2
r
5
{\displaystyle r_{3}>2r_{5}}
e em geral
r
k
>
2
r
k
+
2
{\displaystyle r_{k}>2r_{k+2}}
, para cada
k
≥
0
{\displaystyle k\geq 0}
.
Assim, comparando os termos cujos índices são pares, segue:
r
0
<
a
/
2
{\displaystyle r_{0}<a/2}
r
2
<
r
0
/
2
<
a
/
4
{\displaystyle r_{2}<r_{0}/2<a/4}
r
4
<
r
2
/
2
<
r
0
/
4
<
a
/
8
{\displaystyle r_{4}<r_{2}/2<r_{0}/4<a/8}
…
{\displaystyle \ldots }
Wikipedia
Por indução, resulta para cada termo:
r
2
j
<
a
/
2
j
+
1
{\displaystyle r_{2j}<a/2^{j+1}}
De modo análogo, ao comparar os termos ímpares, e usar novamente indução, segue:
r
2
j
+
1
<
a
/
2
j
+
1
{\displaystyle r_{2j+1}<a/2^{j+1}}
Com isso, a sequência dos
r
j
{\displaystyle r_{j}}
decresce geometricamente , pois
a
{\displaystyle a}
está fixado. O fato de ser uma sequência decrescente já havia sido demonstrado quando se justificou o funcionamento do algoritmo de Euclides. A novidade aqui é a velocidade com que a sequência decresce. Pelos cálculos anteriores, os restos diminuem, no mínimo, tão rápido quanto os termos da progressão geométrica
(
a
,
a
2
,
a
4
,
a
8
,
a
16
,
…
)
{\displaystyle (a,{\frac {a}{2}},{\frac {a}{4}},{\frac {a}{8}},{\frac {a}{16}},\ldots )}
.
A questão colocada era: Quantas divisões são necessárias para que o resto
r
k
+
1
{\displaystyle r_{k+1}}
seja zero?
Analisando a progressão geométrica dada anteriormente, conclui-se que algum de seus termos é menor do que
1
{\displaystyle 1}
. Nesse caso, o resto correspondente será nulo, e o algoritmo para. Para ser mais exato, como
a
2
x
<
1
⇔
a
<
2
x
⇔
log
2
a
<
x
{\displaystyle {\frac {a}{2^{x}}}<1\Leftrightarrow a<2^{x}\Leftrightarrow \log _{2}a<x}
o menor índice inteiro
t
{\displaystyle t}
que torna
a
2
t
{\displaystyle {\frac {a}{2^{t}}}}
menor que
1
{\displaystyle 1}
é
t
=
⌊
log
2
a
⌋
+
1
{\displaystyle t=\lfloor \log _{2}a\rfloor +1}
Onde
⌊
α
⌋
{\displaystyle \lfloor \alpha \rfloor }
denota o maior inteiro que não supera
α
{\displaystyle \alpha }
(a parte inteira de
α
{\displaystyle \alpha }
).
Então
r
2
t
<
a
2
t
+
1
<
a
2
t
<
1
{\displaystyle r_{2t}<{\frac {a}{2^{t+1}}}<{\frac {a}{2^{t}}}<1}
, e consequentemente
r
2
t
=
0
{\displaystyle r_{2t}=0}
, pois os restos são números inteiros não-negativos.
Assim, sabendo que o algoritmo para exatamente quando
r
k
+
1
=
0
{\displaystyle r_{k+1}=0}
, conlui-se que tal índice
k
+
1
{\displaystyle k+1}
não pode ser maior que
2
t
{\displaystyle 2t}
, em símbolos:
k
+
1
≤
2
(
⌊
log
2
a
⌋
+
1
)
{\displaystyle k+1\leq 2(\lfloor \log _{2}a\rfloor +1)}
Para melhor compreender o significado dessa estimativa, considere que
a
{\displaystyle a}
tem
N
{\displaystyle N}
dígitos decimais. Então:
10
N
−
1
≤
a
<
10
N
{\displaystyle 10^{N-1}\leq a<10^{N}}
Aplicando o logaritmo em ambos os membros da segunda desigualdade, resulta
log
2
a
<
N
⋅
log
2
10
{\displaystyle \log _{2}a<N\cdot \log _{2}10}
Logo,
k
+
1
≤
2
(
⌊
log
2
a
⌋
+
1
)
<
2
N
⋅
log
2
10
+
2
{\displaystyle k+1\leq 2(\lfloor \log _{2}a\rfloor +1)<2N\cdot \log _{2}10+2}
, que para valores grandes de
N
{\displaystyle N}
é aproximadamente
6
,
6
N
{\displaystyle 6,6N}
.
Embora esta não seja a melhor aproximação para
k
{\displaystyle k}
, já é bastante útil, pois mostra que o número de etapas cresce linearmente com o número de dígitos de
a
{\displaystyle a}
.
Para obter uma estimativa mais precisa do número de etapas que o algoritmo de Euclides leva para determinar o MDC de dois números, será considerada a seguinte questão:
Qual é o menor valor de
a
{\displaystyle a}
para o qual o algoritmo leva
n
{\displaystyle n}
passos?
Veja alguns exemplos utilizando a representação matricial do algoritmo:
Para
n
=
1
{\displaystyle n=1}
:
[
a
b
]
=
[
q
0
1
1
0
]
⋅
[
d
0
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}a\\b\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}q_{0}&1\\1&0\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}d\\0\end{bmatrix}}}
Para
n
=
2
{\displaystyle n=2}
:
[
a
b
]
=
[
q
0
1
1
0
]
⋅
[
q
1
1
1
0
]
⋅
[
d
0
]
=
[
q
0
q
1
+
1
q
0
q
1
1
]
⋅
[
d
0
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}a\\b\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}q_{0}&1\\1&0\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}q_{1}&1\\1&0\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}d\\0\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}q_{0}q_{1}+1&q_{0}\\q_{1}&1\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}d\\0\end{bmatrix}}}
Para
n
=
3
{\displaystyle n=3}
:
[
a
b
]
=
[
q
0
q
1
+
1
q
0
q
1
1
]
⋅
[
q
2
1
1
0
]
⋅
[
d
0
]
=
[
q
0
q
1
q
2
+
q
0
+
q
2
q
0
q
1
+
1
q
1
1
]
[
d
0
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}a\\b\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}q_{0}q_{1}+1&q_{0}\\q_{1}&1\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}q_{2}&1\\1&0\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}d\\0\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}q_{0}q_{1}q_{2}+q_{0}+q_{2}&q_{0}q_{1}+1\\q_{1}&1\end{bmatrix}}{\begin{bmatrix}d\\0\end{bmatrix}}}
É fácil perceber que
a
{\displaystyle a}
é mínimo quando os valores
q
0
,
…
,
q
k
−
1
{\displaystyle q_{0},\ldots ,q_{k-1}}
forem todos iguais a
1
{\displaystyle 1}
, cada entrada da matriz é um polinômio nas variáveis
q
j
{\displaystyle q_{j}}
(que são positivas), e cujos coeficiêntes são
1
{\displaystyle 1}
(se puder, acrescente uma justificativa mais formal).
Se cada quociente for substituído por
1
{\displaystyle 1}
na fórmula de recorrência
r
j
−
1
=
r
j
q
j
−
1
+
r
j
+
1
{\displaystyle r_{j-1}=r_{j}q_{j-1}+r_{j+1}}
Esta passará a ser:
r
j
−
1
=
r
j
+
r
j
+
1
{\displaystyle r_{j-1}=r_{j}+r_{j+1}}
Que vale para
j
{\displaystyle j}
satisfazendo
1
≤
j
≤
k
{\displaystyle 1\leq j\leq k}
.
A nova relação lembra a fórmula que define a sequência de Fibonacci , embora esteja "ao contrário".
Este módulo tem a seguinte tarefa pendente: Conferir se o expoente k+1 está correto ou se deveria ser k, na próxima equação
Matricialmente, as condições
q
0
=
1
,
…
,
q
k
−
1
=
1
{\displaystyle q_{0}=1,\ldots ,q_{k-1}=1}
produzem as seguintes igualdades:
[
a
b
]
=
[
1
1
1
0
]
⋅
[
1
1
1
0
]
⋅
…
⋅
[
1
1
1
0
]
⏞
⋅
[
d
0
]
=
[
1
1
1
0
]
k
+
1
⋅
[
d
0
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}a\\b\end{bmatrix}}=\overbrace {{\begin{bmatrix}\mathbf {1} &1\\1&0\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}\mathbf {1} &1\\1&0\end{bmatrix}}\cdot \ldots \cdot {\begin{bmatrix}\mathbf {1} &1\\1&0\end{bmatrix}}} \cdot {\begin{bmatrix}d\\0\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}\mathbf {1} &1\\1&0\end{bmatrix}}^{k+1}\cdot {\begin{bmatrix}d\\0\end{bmatrix}}}
, sendo que
d
=
(
a
,
b
)
{\displaystyle d=(a,b)}
.
Com um simples uso do princípio de indução finita , consegue-se:
[
1
1
1
0
]
n
=
[
F
n
+
1
F
n
F
n
F
n
−
1
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}\mathbf {1} &1\\1&0\end{bmatrix}}^{n}={\begin{bmatrix}F_{n+1}&F_{n}\\F_{n}&F_{n-1}\end{bmatrix}}}
, desde que
n
≥
1
{\displaystyle n\geq 1}
.
Deste modo,
[
a
b
]
=
[
F
k
+
2
F
k
+
1
F
k
+
1
F
k
]
⋅
[
d
0
]
=
[
d
⋅
F
k
+
2
d
⋅
F
k
+
1
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}a\\b\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}F_{k+2}&F_{k+1}\\F_{k+1}&F_{k}\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}d\\0\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}d\cdot F_{k+2}\\d\cdot F_{k+1}\end{bmatrix}}}
Como
d
=
(
a
,
b
)
≥
1
{\displaystyle d=(a,b)\geq 1}
, segue que
a
≥
F
k
+
2
{\displaystyle a\geq F_{k+2}}
b
≥
F
k
+
1
{\displaystyle b\geq F_{k+1}}
Para determinar o valor de
(
F
7
,
F
6
)
=
(
13
,
8
)
{\displaystyle (F_{7},F_{6})=(13,8)}
, seria necessário efetuar cinco divisões:
13
=
8
⋅
1
+
5
{\displaystyle 13=8\cdot 1+5}
8
=
5
⋅
1
+
3
{\displaystyle 8=5\cdot 1+3}
5
=
3
⋅
1
+
2
{\displaystyle 5=3\cdot 1+2}
3
=
2
⋅
1
+
1
{\displaystyle 3=2\cdot 1+\mathbf {1} }
2
=
1
⋅
2
+
0
{\displaystyle 2=\mathbf {1} \cdot 2+0}
Logo,
(
13
,
8
)
=
1
{\displaystyle (13,8)=1}
. Aproveitando este exemplo, observe que:
[
13
8
]
=
[
13
8
8
5
]
⋅
[
1
0
]
=
[
F
5
+
2
F
5
+
1
F
5
+
1
F
5
]
⋅
[
1
0
]
=
[
1
1
1
0
]
5
+
1
⋅
[
1
0
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}13\\8\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}13&8\\8&5\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}1\\0\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}F_{5+2}&F_{5+1}\\F_{5+1}&F_{5}\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}1\\0\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}1&1\\1&0\end{bmatrix}}^{5+1}\cdot {\begin{bmatrix}1\\0\end{bmatrix}}}
No entanto, se qualquer dos números for menor, o algoritmo requer menos etapas. Por exemplo, ao determinar
(
13
,
7
)
{\displaystyle (13,7)}
tem-se:
13
=
7
⋅
1
+
6
{\displaystyle 13=7\cdot 1+6}
7
=
6
⋅
1
+
1
{\displaystyle 7=6\cdot 1+\mathbf {1} }
6
=
1
⋅
6
+
0
{\displaystyle 6=\mathbf {1} \cdot 6+0}
Donde,
(
13
,
7
)
=
1
{\displaystyle (13,7)=1}
.
Já o cálculo de
(
12
,
8
)
{\displaystyle (12,8)}
é ainda mais simples:
12
=
8
⋅
1
+
4
{\displaystyle 12=8\cdot 1+\mathbf {4} }
8
=
4
⋅
2
+
0
{\displaystyle 8=\mathbf {4} \cdot 2+0}
Portanto,
(
12
,
8
)
=
4
{\displaystyle (12,8)=4}
.
Sabendo qual é o pior caso para a aplicação do algoritmo de Euclides, pode-se deduzir uma melhor estimativa de sua eficiência. Uma análise mais elaborada que aquela apresentada no início do capítulo fornece o seguinte resultado:
Gabriel-Lamé
Este módulo tem a seguinte tarefa pendente: Incluir breve biografia sobre Lamé.
Para demonstrar o teorema de Lamé , é importante ter em mente algumas propriedades relacionadas a sequência de Fibonacci e ao número de ouro :
φ
=
1
+
5
2
≈
1.618
{\displaystyle \varphi ={\frac {1+{\sqrt {5}}}{2}}\approx 1.618}
Tem-se:
φ
2
=
φ
+
1
{\displaystyle \varphi ^{2}=\varphi +1}
Demonstração
A verificação é direta, exigindo cálculos bastante simples.
F
n
=
φ
n
5
{\displaystyle F_{n}={\frac {\varphi ^{n}}{\sqrt {5}}}}
, arredondado para o inteiro mais próximo.
Demonstração
Utilizando a fórmula de Binet, basta observar que o módulo de
φ
^
{\displaystyle {\hat {\varphi }}}
é menor que
1
{\displaystyle 1}
, e consequentemente, quando
n
→
∞
{\displaystyle n\to \infty }
, tem-se
φ
^
n
→
0
{\displaystyle {\hat {\varphi }}^{n}\to 0}
F
n
≥
φ
n
−
1
{\displaystyle F_{n}\geq \varphi ^{n-1}}
Demonstração
A justificativa será dada por indução:
F
1
=
1
≥
1
=
φ
0
{\displaystyle F_{1}=1\geq 1=\varphi ^{0}}
Se for verdade que
F
n
≥
φ
n
−
1
{\displaystyle F_{n}\geq \varphi ^{n-1}}
, então:
F
n
+
1
=
F
n
+
F
n
−
1
≥
φ
n
−
1
+
φ
n
−
2
=
φ
n
−
2
(
φ
+
1
)
=
φ
n
−
2
φ
2
=
φ
n
{\displaystyle F_{n+1}=F_{n}+F_{n-1}\geq \varphi ^{n-1}+\varphi ^{n-2}=\varphi ^{n-2}(\varphi +1)=\varphi ^{n-2}\varphi ^{2}=\varphi ^{n}}
log
φ
<
1
5
{\displaystyle \log \varphi <{\frac {1}{5}}}
Como foi visto anteriormente, quando
(
a
,
b
)
{\displaystyle (a,b)}
é exige exatamente
n
{\displaystyle n}
passos, é tem-se
a
≥
F
n
+
2
{\displaystyle a\geq F_{n}+2}
e
b
≥
F
n
+
1
{\displaystyle b\geq F_{n}+1}
. Logo,
a
≥
F
n
+
2
≥
φ
n
+
1
{\displaystyle a\geq F_{n}+2\geq \varphi ^{n+1}}
Aplicando o logaritmo em ambos os menbros, segue:
(
n
+
1
)
log
φ
≤
log
a
{\displaystyle (n+1)\log \varphi \leq \log a}
ou seja
n
≤
log
a
log
φ
=
log
φ
a
{\displaystyle n\leq {\frac {\log a}{\log \varphi }}=\log _{\varphi }a}
Mas
1
log
φ
<
5
{\displaystyle {\frac {1}{\log \varphi }}<5}
, então:
n
≤
1
log
φ
⋅
log
a
<
5
log
φ
a
<
5
N
{\displaystyle n\leq {\frac {1}{\log \varphi }}\cdot \log a<5\log _{\varphi }a<5N}
, onde
N
{\displaystyle N}
é o número de dígitos de
a
{\displaystyle a}
Nesta seção, será deduzida a fórmula de Binet :
F
n
=
1
5
(
(
1
+
5
2
)
n
−
(
1
−
5
2
)
n
)
=
φ
n
−
φ
^
n
5
{\displaystyle F_{n}={\frac {1}{\sqrt {5}}}\left(\left({\frac {1+{\sqrt {5}}}{2}}\right)^{n}-\left({\frac {1-{\sqrt {5}}}{2}}\right)^{n}\right)={\frac {\varphi ^{n}-{\hat {\varphi }}^{n}}{\sqrt {5}}}}
onde
φ
=
1
+
5
2
{\displaystyle \varphi ={\frac {1+{\sqrt {5}}}{2}}}
e
φ
^
=
1
−
5
2
{\displaystyle {\hat {\varphi }}={\frac {1-{\sqrt {5}}}{2}}}
.
A principal razão para se utilizar está fórmula, em vez da definição recursiva da sequência de Fibonacci, é que ela permite a obtenção de um termo da sequência sem precisar calcular os anteriores .
Demonstração
A relação entre os termos da sequência pode ser descrita matricialmente da seguinte forma:
[
F
n
+
1
F
n
]
=
[
1
1
1
0
]
⋅
[
F
n
F
n
−
1
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}F_{n+1}\\F_{n}\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}1&1\\1&0\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}F_{n}\\F_{n-1}\end{bmatrix}}}
Para simplificar, será adotada a seguinte notação:
Q
=
[
1
1
1
0
]
{\displaystyle Q={\begin{bmatrix}1&1\\1&0\end{bmatrix}}}
A partir de um simples argumento de indução (veja exercício 1 ), obtem-se:
[
F
n
+
1
F
n
]
=
Q
n
⋅
[
F
1
F
0
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}F_{n+1}\\F_{n}\end{bmatrix}}=Q^{n}\cdot {\begin{bmatrix}F_{1}\\F_{0}\end{bmatrix}}}
Neste ponto, recorre-se à Álgebra linear , para obter um jeito simples de calcular o produto acima.
Se puder ser escrito
[
1
0
]
=
α
v
+
α
′
v
′
{\displaystyle {\begin{bmatrix}1\\0\end{bmatrix}}=\alpha v+\alpha 'v'}
, com
v
{\displaystyle v}
e
v
′
{\displaystyle v'}
sendo auto-vetores de
Q
{\displaystyle Q}
, ou seja, vetores não nulos tais que
Q
v
=
λ
1
v
{\displaystyle Qv=\lambda _{1}v}
e
Q
v
′
=
λ
2
v
′
{\displaystyle Qv'=\lambda _{2}v'}
, será possível obter:
[
F
n
+
1
F
n
]
=
Q
n
(
α
v
+
α
′
v
′
)
=
α
(
Q
n
v
)
+
α
′
(
Q
n
v
′
)
=
α
(
λ
1
n
v
)
+
α
′
(
λ
2
n
v
′
)
{\displaystyle {\begin{bmatrix}F_{n+1}\\F_{n}\end{bmatrix}}=Q^{n}(\alpha v+\alpha 'v')=\alpha (Q^{n}v)+\alpha '(Q^{n}v')=\alpha (\lambda _{1}^{n}v)+\alpha '(\lambda _{2}^{n}v')}
A partir daí será bastante simples conseguir a fórmula explicita para
F
n
{\displaystyle F_{n}}
(a segunda componente do vetor à esquerda), pois
v
,
v
′
,
α
,
α
′
,
λ
1
,
λ
2
{\displaystyle v,v',\alpha ,\alpha ',\lambda _{1},\lambda _{2}}
seriam constantes.
É, portanto, necessário determinar essas constantes, a começar pelos auto-valores de
Q
{\displaystyle Q}
. Tem-se:
[
1
1
1
0
]
⋅
[
x
y
]
=
λ
[
x
y
]
⇔
{
x
+
y
=
λ
x
x
=
λ
y
{\displaystyle {\begin{bmatrix}1&1\\1&0\end{bmatrix}}\cdot {\begin{bmatrix}x\\y\end{bmatrix}}=\lambda {\begin{bmatrix}x\\y\end{bmatrix}}\Leftrightarrow \left\{{\begin{matrix}x&+&y&=&\lambda x\\x&&&=&\lambda y\end{matrix}}\right.}
Logo
λ
y
+
y
=
λ
2
y
{\displaystyle \lambda y+y=\lambda ^{2}y}
, ou seja,
(
λ
2
−
λ
−
1
)
⋅
y
=
0
{\displaystyle (\lambda ^{2}-\lambda -1)\cdot y=0}
Assim,
y
=
0
{\displaystyle y=0}
(que implica
x
=
0
{\displaystyle x=0}
) ou
λ
2
−
λ
−
1
=
0
{\displaystyle \lambda ^{2}-\lambda -1=0}
. O primeiro caso não é de interesse, pois auto-vetores não são nulos.
Note que a equação acima possui duas raízes:
λ
1
=
φ
=
1
+
5
2
{\displaystyle \lambda _{1}=\varphi ={\frac {1+{\sqrt {5}}}{2}}}
λ
2
=
φ
^
=
1
−
5
2
{\displaystyle \lambda _{2}={\hat {\varphi }}={\frac {1-{\sqrt {5}}}{2}}}
Além disso, se
λ
{\displaystyle \lambda }
é raiz da equação, então para cada
y
≠
0
{\displaystyle y\not =0}
, o vetor
[
λ
y
y
]
=
y
[
λ
1
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}\lambda y\\y\end{bmatrix}}=y{\begin{bmatrix}\lambda \\1\end{bmatrix}}}
é um auto-vetor de
Q
{\displaystyle Q}
.
Em particular, se
y
=
1
{\displaystyle y=1}
, os auto-vetores correspondentes a cada raiz da equação quadrática são:
v
=
[
φ
1
]
{\displaystyle v={\begin{bmatrix}\varphi \\1\end{bmatrix}}}
v
′
=
[
φ
^
1
]
{\displaystyle v'={\begin{bmatrix}{\hat {\varphi }}\\1\end{bmatrix}}}
De modo que
Q
v
=
φ
v
{\displaystyle Qv=\varphi v}
e
Q
v
′
=
φ
^
v
′
{\displaystyle Qv'={\hat {\varphi }}v'}
Resta escrever
[
1
0
]
=
α
v
+
α
′
v
′
{\displaystyle {\begin{bmatrix}1\\0\end{bmatrix}}=\alpha v+\alpha 'v'}
conforme se pretendia. Isso é fácil, já que são conhecidos
v
=
[
φ
1
]
{\displaystyle v={\begin{bmatrix}\varphi \\1\end{bmatrix}}}
e
v
′
=
[
φ
^
1
]
{\displaystyle v'={\begin{bmatrix}{\hat {\varphi }}\\1\end{bmatrix}}}
:
{
1
=
α
φ
+
α
′
φ
^
0
=
α
+
α
′
{\displaystyle \left\{{\begin{matrix}1&=&\alpha \varphi &+&\alpha '{\hat {\varphi }}\\0&=&\alpha &+&\alpha '\end{matrix}}\right.}
Da segunda equação, segue que
α
′
=
−
α
{\displaystyle \alpha '=-\alpha }
. Substituindo esse valor na primeira equação, resulta:
1
=
α
φ
−
α
′
φ
^
=
α
(
φ
−
φ
^
)
{\displaystyle 1=\alpha \varphi -\alpha '{\hat {\varphi }}=\alpha (\varphi -{\hat {\varphi }})}
Como
φ
^
=
1
−
φ
{\displaystyle {\hat {\varphi }}=1-\varphi }
(verifique!), tem-se
1
=
α
(
φ
−
1
+
φ
)
=
α
(
2
φ
−
1
)
=
α
5
{\displaystyle 1=\alpha (\varphi -1+\varphi )=\alpha (2\varphi -1)=\alpha {\sqrt {5}}}
. Logo,
α
=
1
5
{\displaystyle \alpha ={\frac {1}{\sqrt {5}}}}
.
Assim,
[
1
0
]
=
1
5
(
v
−
v
′
)
{\displaystyle {\begin{bmatrix}1\\0\end{bmatrix}}={\frac {1}{\sqrt {5}}}(v-v')}
. Em consequência:
[
F
n
+
1
F
n
]
=
α
(
λ
1
n
v
)
+
α
′
(
λ
2
n
v
′
)
=
1
5
(
φ
n
[
φ
1
]
)
−
1
5
(
φ
^
n
[
φ
^
1
]
)
{\displaystyle {\begin{bmatrix}F_{n+1}\\F_{n}\end{bmatrix}}=\alpha (\lambda _{1}^{n}v)+\alpha '(\lambda _{2}^{n}v')={\frac {1}{\sqrt {5}}}(\varphi ^{n}{\begin{bmatrix}\varphi \\1\end{bmatrix}})-{\frac {1}{\sqrt {5}}}({\hat {\varphi }}^{n}{\begin{bmatrix}{\hat {\varphi }}\\1\end{bmatrix}})}
Em particular, escrevendo a igualdade entre as segundas coordenadas desses vetores, obtem-se a fórmula desejada:
F
n
=
1
5
(
φ
n
−
φ
^
n
)
{\displaystyle F_{n}={\frac {1}{\sqrt {5}}}(\varphi ^{n}-{\hat {\varphi }}^{n})}
Verifique, utilizando o princípio de indução, que:
[
F
n
+
1
F
n
]
=
[
1
1
1
0
]
n
⋅
[
F
1
F
0
]
{\displaystyle {\begin{bmatrix}F_{n+1}\\F_{n}\end{bmatrix}}={\begin{bmatrix}1&1\\1&0\end{bmatrix}}^{n}\cdot {\begin{bmatrix}F_{1}\\F_{0}\end{bmatrix}}}
Escreva outra demonstração para a fórmula de Binet, utilizando o princípio de indução.
Por enquanto, não há muitos exercícios sobre este capítulo. O leitor está convidado a adicionar mais ítens a essa seção, para ajudar a melhorar o texto.