Civilização Egípcia/Novo império/Dinastias do Novo Império/20ª Dinastia
Faraós da Vigésima Dinastia
[editar | editar código-fonte]- Sethnakhte (Userkhauremeryamun)
- Ramesses III (Usermaatremeryamun)
- Ramesses IV (Hekamaatresetepenamun)
- Ramesses V (Usermaatresekheperenre)
- Ramesses VI (Nebmaatremeryamun)
- Ramesses VII (Usermaatresetepenre)
- Ramesses VIII (Usermaatreakhenamun)
- Ramesses IX (Neferkaresetepenre)
- Ramesses X (Khepermaatresetepenre)
- Ramesses XI (Menmaatresetepenptah)
- Sethnakhte Userkhauremeryamun
Seu nome significa Seth é vitorioso que junto com o epíteto Mereramunre significa Amado de Amon. O nome de trono Userkhaure-setepenre, Poderosas são as manifestações de Ra. Também vemos o nome do faraó escrito como Setnakht e Sethnakht.
Seu pai era muito provavelmente Ramsés II e ele se casou com Tiy-Merenese (é a esposa conhecida) de quem teve Ramsés III seu herdeiro.
Ramsés III deve ter sido co-regente do pai por um curto espaço de tempo, uma vez que o reinado de Sethnakhte foi de uns três anos e ele já tinha alguma idade ao assumir o trono.
Antes de Sethnakhte reinaram juntos a rainha Tausert (Tawosret) e o vizir Bay e esse foi um período confuso para o Egito. Não se sabe se Sethnakhte tomou o poder direto de Tausert ou se reinou após o usurpador vizir Bay.
É bem possível que ele tenha assumido direto após Tausert porque o faraó proclama ter Rechaçado o usurpador e restaurado a lei e a ordem no Egito. Sethnakhte foi o primeiro faraó da última dinastia do Novo Império.
Sethnakhte aliás se recusou a reconhecer o reinado de Siptah, Tausert e do vizir Bay. Ele data seu reinado a partir de Seti II.
Na verdade toda a informação que temos sobre esse faraó vem do Papiro Harris, que foi escrito pelo menos sessenta e cinco anos após sua morte. Também há uma Estela em Elefantina que deve ter sido erguida no segundo ano de seu reinado, porque o primeiro ano deve ter sido todo ocupado em colocar ordem no país.
Como Sethnakhte chegou ao trono não se sabe, embora digam que ele era neto de Ramsés II, seja como for, seu nome, Sethnakhte, faz referência ao deus Seth, que foi adorado pelos faraós da 19ª Dinastia, portanto pode haver sim, alguma ligação entre eles.
Através do Papiro Harris ficamos sabendo que o faraó colocou fim nas rebeliões dos asiáticos, libertou as cidades egípcias, trouxe de volta os desertores, reabriu os templos permitindo que voltassem a receber seus proventos.
Na Estela de Elefantina ele relata que expulsou os rebeldes, e na fuga estes abandonaram o ouro, a prata e o cobre que haviam roubado do Egito.
Sua tumba é a de número 14 no Vale dos Reis (originalmente construída para Tausert) e não se sabe o porque. Sua tumba original era a número 11, que foi abandonada quando os trabalhadores furaram a parede da tumba número 10 (de Amenmesse).
Após a sua morte, Sethnakhte, de acordo com o Papiro Harris, foi colocado em sua barca real sobre o rio (cruzou o Nilo para a margem oeste) e descansou em sua casa eterna a oeste de Tebas.
Em 1898 foi encontrada a múmia de um homem na tumba número 35 (de Amenhotep II), lá também havia um sarcófago com o nome de Sethnakhte e dentro de um barco de madeira uma múmia, que estava desenfaixada. Pode ser que fosse o faraó Sethnakhte.
- Ramesses III Usermaatremeryamun
Seu nome Ramesses Heqaiunu significa Ra o criou, Aquele que governa Heliopólis. O nome de trono, Justiça de Ra, Amado de Amon.
Este é considerado o último dos grandes faraós, seu pai foi Sethnakhte e ele foi durante um tempo co-regente com o pai. Sua mãe foi a rainha Tiy-Merenese. O faraó Sethnakhte teve muitos filhos, dentre eles os próximos três faraós.
As esposas conhecidas de Ramsés III são Isis, Titi e Tiy.
Ramsés III fez campanhas militares contra os líbios e contra os chamados povos do mar. Durante o seu reinado o Egito recuperou sua força e poderio.
É interessante notar que Ramsés III copiou tudo de seu antepassado Ramsés II, o nome e os títulos, os nomes dos filhos, seu templo mortuário foi copiado do Rameseum, e ele construiu diversos templos desde o Delta até a Núbia.
Seu templo mortuário em Medinet Habu é uma enorme construção, ele mandou erguer três capelas no Templo de Amon em Karnak e também construiu um palácio em Leontópolis.
O reinado de Ramsés III está bem documentado no Papiro Harris porque ele dá detalhes da vida na época e registra todas as doações dos faraós para os templos, suas obras, faz inventários.
Esta foi uma época de grande tumulto em todas as partes do Mediterrâneo, com a Guerra de Troia, a queda de Micenas e muita gente deslocada de suas terras a procura de um lugar para viver. Foi um tempo em que os antigos impérios estavam enfraquecidos e o Egito era uma terra de grandes promessas.
Ramsés III enfrentou muitas ondas de invasores tentando ocupar o solo egípcio. Libios, que entravam aos poucos, pacificamente e depois chegavam em bandos, os Hititas e os povos do mar.
Esses povos do mar não se sabe quem eram, certamente foram desalojados de suas terras por invasores e estavam fugindo, armados e desesperados, eram homens, mulheres e crianças que desejavam se estabelecer no Egito.
No reinado deste faraó houve fome e problemas com o pagamento de trabalhadores das obras reais em Deir el-Medina, que entraram em greve porque não recebiam. Foi uma greve geral, a primeira a ser registrada na história, no vigésimo nono ano do governo de Ramsés III.
É interessante observar que, com tudo isso acontecendo, Ramsés III ainda foi alvo de uma conspiração orquestrada por uma de suas esposas, a rainha Tiye, que queria ver seu filho como herdeiro.
Assim conta o Papiro da Conspiração do Harém, nele o filho de Tiye é chamado de Pentewere. Nessa conspiração estavam envolvidas pelo menos quarenta pessoas e embora a rainha Tiye assumisse sua identidade, outros usavam pseudônimos como Mesedsure que significa Ra o odeia.
Entre esse grande número de pessoas envolvido havia oficiais e pessoas próximas ao faraó que não só pretendiam matá-lo como também estavam incitando a revolta fora do palácio, de modo a poder dar um golpe de estado. Não se sabe se a conspiração atingiu seu alvo, mas é provável que não.
De acordo com o Papiro, os culpados foram acusados e levados a uma corte de justiça, dentre eles havia quatorze oficiais, incluindo sete mordomos reais (um alto cargo), dois tesoureiros, dois portadores de estandartes do exército, dois escribas e um arauto.
Parece que Ramsés III faleceu durante o julgamento, ainda que não por causa do atentado, mas estudiosos discordam em muitas coisas. Alguns acham que o faraó foi morto pelos conspiradores e que foi seu filho Ramsés IV quem presidiu ao julgamento. Outros dizem que a múmia do faraó não possui sinais de violência e, portanto não sofreu nada no atentado.
O fato é que, com certeza todos foram condenados a morte, inclusive a rainha Tiye. O registro do julgamento foi perdido e parece que houve muitas punições, inclusive o próprio filho do faraó com Tiye foi condenado a cometer suicídio. Dentre os condenados havia juízes e oficiais que participaram do julgamento. A leitura a esse respeito é bastante interessante.
Ramsés III mandou construir um grande túmulo no Vale dos Reis, é o número 11 anexo ao túmulo de Sethnakhte. Essa tumba ficou famosa por ter cenas diferentes das usadas nas tumbas reais, incluindo a pintura de dois harpistas cegos.
Sua múmia foi encontrada, bem preservada, em Deir el-Bahari armazenada com outras múmias reais e está no Museu do Cairo.
Nota - De acordo com Leslie D. Black da (revista) Nile Magazine (2017) a Conspiração do Harém hoje, é um caso resolvido.
Na verdade, quando a múmia foi desenrolada em 1886 não havia sinais do que poderia ter causado a morte, mas, o pescoço do faraó foi deixado enrolado num colar de bandagens de linho. Os documentos do julgamento já haviam descrito que Ramsés fora o alvo de um golpe no palácio. Esses mesmos documentos sugeriam que o faraó havia sobrevivido ao atentado, pelo menos por tempo suficiente para escolher os juízes para o julgamento da conspiração. Agora, sabemos que o ataque foi instantaneamente fatal.
Em 2005, foi criado o Egyptian Mummy Project, para passar no CT scan as mais famosas múmias do Museu Egípcio do Cairo. Um grupo de estudos Ítalo-Egípcio, logo percebeu que havia resolvido um crime de 3 100 anos. Os scans de Ramsés III revelaram que as bandagens em torno do pescoço do faraó escondiam um ferimento de faca, que era profundo o bastante a ponto de alcançar as vértebras. Todos os órgãos vitais nessa área – a traquéia, esôfago e as grandes veias – foram seccionados.
É claro que para Ramsés, a morte era apenas temporária, encontrado dentro da ferida havia um pequeno amuleto um “Olho Wedjat”, colocado lá pelos sacerdotes, para curar a ferida na vida do rei após a morte.
- Ramesses IV Hekamaatresetepenamun
Seu nome Ramesses heqamaat-meryamun significa Nascido de Ra, Governante de Heliópolis. Seu nome de trono, Usermaatre Setepenamun, Poderosa é a justiça de Ra, Amado de Amon.
Seu pai foi Ramsés III e sua mãe possivelmente Isis ou Titi. Sua esposa principal foi Ta-Opet, que talvez tenha sido a mãe de seu herdeiro Ramsés V. (Se ele não teve filhos, o herdeiro pode ter sido seu irmão).
O Egito estava sofrendo com sérios problemas econômicos e sociais quando Ramsés IV subiu ao trono. Na época o faraó devia ter mais de quarenta anos e não há registros de que ele tenha conseguido reerguer o país.
O que se sabe é que ele ordenou que milhares de trabalhadores fossem para as pedreiras em Wadi Hammamat e junto com eles foram dois mil soldados, para controlá-los. Parece que desde o reinado de seu pai, quando houve fome e greves de trabalhadores, o povo continuava insatisfeito.
Mesmo assim ele é responsável pelo templo de Khonsu em Karnak, obelisco de Heliópolis, adições em Medinet Habu e um templo mortuário em Deir el-Bahari.
Alguns estudiosos acham que Ramsés IV foi o juiz da corte que julgou aqueles que foram responsáveis pela Conspiração do Harém, envolvendo seu pai. O pai do faraó pode ter sobrevivido à conspiração ou não, mas é claro que os conspiradores desejavam eliminar Ramsés IV, o príncipe herdeiro também e que obviamente não conseguiram.
Foi Ramsés IV quem colocou o Papiro Harris, que descreve os detalhes do reinado de seu pai, na tumba de Ramsés III.
No final do seu reinado, o faraó já governava junto com o Grande Sacerdote de Amon, Ramesesnakht. Este era um homem poderoso, cujo cargo era hereditário e que controlava uma grande parte das terras do Egito (pertencentes ao Templo) e muito dinheiro vindo da renda das terras além das doações e o fato de dividir o poder com o faraó marca o inicio da divisão no governo, entre os reis (não mais os poderosos faraós) e os altos sacerdotes de Tebas.
Ramsés IV foi sepultado no Vale dos Reis na tumba de número 2. Como outras, sua múmia foi encontrada na tumba número 35 (a de Amenhotep II) onde havia outras múmias reais. A descrição de Ramsés IV baseada em sua múmia diz que ele era baixo, careca, com um nariz grande e bons dentes. Sua múmia está no Museu Egípcio do Cairo.
- Ramesses V Usermaatresekheperenre
Seu nome Ramesses Amunherkhepeshef significa Nascido de Ra, Amon é sua força. Seu nome de trono, Usermaatre-sekheperenre, Poderosa é a justiça de Ra.
Seu pai pode ter sido Ramsés IV e sua mãe Ta-Opet.
Ramsés V é praticamente um desconhecido apesar do nome. Ele deve ter governado por pouco anos, não mais de quatro e apenas é registrado em raros objetos encontrados no Sinai e na Ásia ocidental.
Há uns poucos papiros do seu reinado que descrevem casos de corrupção e problemas econômicos. Parece que ele estimulou o comércio exterior, mas nada que tenha ficado registrado.
Tudo o que foi encontrado de seu reinado é uma Estela que foi descoberta em Gebel Silsilh.
Sua múmia foi encontrada na tumba do Vale dos Reis número 35, junto com outras múmias reais. Tendo por base os exames feitos em sua múmia, Ramsés V morreu de varíola por volta dos trinta e cinco anos.
A tumba de Ramsés V, de número 9 do Vale dos Reis foi usurpada por Ramsés VI. E a múmia do faraó está no Museu Egípcio do Cairo.
- Ramesses VI Nebmaatremeryamun
Seu nome Ramesses Amenherkhepeshef significa Nascido de Ra, Pai de Amon, Deus governante de Heliópolis. Seu nome de trono Nebmaatre-meryamun, O senhor da Justiça é Ra, Amado de Amon.
Esse faraó usurpou o trono de seu sobrinho Ramsés V e seu herdeiro foi seu filho Ramsés VII. Sua esposa era Nubchesbed.
Na época em que subiu ao trono, o Egito estava muito fraco política, econômica e administrativamente. A mineração havia sido abandonada, o Egito agora estava bem menor em extensão de terras. Os sacerdotes governavam também e com muito poder.
Na verdade Ramsés VI foi faraó só no nome. Ele não só usurpou o trono do sobrinho como também usurpou cartuchos de reis anteriores e tentou inserir seu nome na lista de faraós em Medinet Habu, para legitimar seu reinado.
Ramsés VI deixou estátuas em Heliópolis, Bubastis, Coptos, Karnak e na Núbia. Adicionou um pilono em Menfis, deixou uma Estela em Karnak.
Esse faraó foi sepultado na tumba de número 9 do Vale dos Reis, que usurpou de seu sobrinho Ramsés V e nela fez acréscimos.
Essa tumba foi destruída pelos ladrões de túmulos ainda na antiguidade. Quando os sacerdotes a descobriram, havia apenas ossos que eles juntaram e enfaixaram. O problema é mais tarde se descobriu que os ossos pertenciam a pessoas diferentes.
- Ramesses VII Usermaatresetepenre
Seu nome Ramesses It-amun-netjer-heqa-iunu significa Nascido de Ra, Pai de Amon, Governante de Heliópolis. Seu nome de trono, Usermaatre-setpenre-meryamun, Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Ra, Amado de Amon.
Praticamente nada se sabe sobre Ramsés VII. Ele deve ter governado por uns sete anos, durante um período de grandes problemas econômicos. Não deixou herdeiros.
Sua tumba é a de número 1 no Vale dos Reis embora a múmia não tenha sido encontrada. A tumba deve ter ficado aberta durante séculos porque está toda grafitada da época grega e romana. Foi reaberta em 1995 após ser restaurada.
Além dessa tumba mais nada foi encontrado para registrá-lo.
- Ramesses VIII Usermaatreakhenamun
Seu nome Ramesses Sethherkhepeshef-meryamun, significa Aquele que foi criado por Ra, Seth é sua força, Amado de Amon. Seu nome de trono, Usermaatre-akhenamun, Poderosa é a justiça de Ra, Escolhido de Ra, Amado de Amon.
Ramsés VIII deve ter sido filho de Ramsés III ou filho de algum dos outros sete Ramsés anteriores a ele. Ele pode ser Sethherkhepeshef -meryamun, o filho de Ramsés III que está sepultado no Vale das Rainhas, no número 43.
Não foi encontrada tumba identificada para Ramsés VIII embora alguns egiptólogos acreditem que a número 19 do Vale dos Reis, usada para o sepultamento do príncipe Mentuherkhepeshef, tenha sido feita originalmente para Ramsés VIII.
Sua múmia nunca foi encontrada e tudo o que sobrou de seu governo é uma inscrição em Medinet Habu e algumas placas.
- Ramesses IX Neferkaresetepenre
Seu nome Ramesses Khamwaset-mereramun significa Nascido de Ra, Aparece em Tebas, Amado de Amon. O nome de trono, Neferkare-setepenre, Bela é a alma de Ra, Escolhido de Ra.
De todos os Ramsés que vieram após o Ramsés III, este parece que teve um pouco mais de sucesso no governo. Ele fez muitas tentativas para recuperar o poder e a riqueza do país, reabrindo as rotas de comércio, viajando (campanhas militares?) para a Ásia e a Núbia.
Parece que no reinado de Ramsés IX, um alto sacerdote de Amon chamado Amenhotep já se colocava no mesmo patamar que o faraó. Ele está representado da mesma altura do faraó em dois relevos em Karnak e parece que ele volta a aparecer mais tarde nos outros governos, com muito poder.
Ramsés IX fez obras no Templo de Karnak e em Heliópolis. Foi no seu reinado que os ladrões de tumbas fizeram horrores no Vale dos Reis, vandalizando os túmulos, isso está registrado no Papiro Abbot. Ramsés IX deixou documentos que registram sua imediata atitude, levando os vândalos a julgamento e protegendo as tumbas.
Foi nessa época que muitas das múmias foram removidas de seus túmulos e levadas para um local de armazenamento em Deir el-Bahari, onde foram encontradas no final do século dezenove.
O túmulo de Ramsés IX é o número 6 do Vale dos Reis e sua própria múmia sepultada lá, foi removida para Deir el-Bahari na 21ª Dinastia por Pinodjem II. Seu túmulo chama atenção pelas pinturas nas paredes, do Livro da Noite, em amarelo com fundo negro. Esse é o primeiro túmulo do Vale e ficou aberto desde a antiguidade, portanto foi grafitado em épocas antigas.
O filho de Ramsés IX, Montuherkhopshef, faleceu antes do pai e foi sepultado também no Vale dos Reis, numa tumba originalmente preparada para Ramsés VIII e descoberta em 1817.
- Ramesses X Khepermaatresetepenre
Seu nome, Ramesses Amunherkhepeshef-meryamun significa Nascido de Ra, Amon é sua força, Amado de Amon. O nome de trono, Khepermaatre-setepenre, A justiça de Ra permanece, Escolhido de Ra.
Praticamente nada se sabe a respeito de Ramsés X, existem apenas poucas referências a ele no Templo de Karnak. Ele reinou durante pouco tempo e no seu governo houve greves por falta de pagamento.
Seu túmulo no Vale dos Reis é o número 18. O túmulo está aberto desde o século dezoito e estava inacabado, nada foi encontrado dentro.
- Ramesses XI Menmaatresetepenptah
Seu nome Ramesses-Khamwaset-meryamun-netjerheqaiunu significa Aparece em Tebas, Amado de Amon, Deus, Governante de Heliópolis ou Nascido de Ra, Aparece em Waset, Escolhido de Ptah, Amado de Amon, Governante de Iunu.
No reinado deste faraó, os sacerdotes do Templo de Amon em Tebas, já controlavam toda a região. Ramsés XI governou da cidade de Tanis, no Delta e ele não tomou as rédeas do trono porque mandava seus generais ou vizires resolverem os problemas do país.
Parece que ele não foi propriamente um faraó, porque não reinou sobre o Egito unido. O país estava dividido e muito empobrecido e ele deve ter dividido o poder com Herihor, filho do general Piankh.
O Egito sempre foi respeitado e atendido em qualquer pedido, quando mandava seus emissários a outros países. Através do Conto de Wenamun, que hoje está preservado em Moscou, podemos ter noção da queda do grande Egito.
Ele conta que Wenamun foi enviado por Ramsés XI a Biblos para assegurar o cedro para a nova barca de Amon em Tebas. Ele foi roubado durante a viagem. Na volta, no antigo porto, ele foi avisado que teria que pagar pela madeira, que antes era dada de presente. Mas ele não tinha dinheiro para pagar. Isso mostra a decadência do Egito, passada apenas uma dinastia do reinado de Ramsés, o Grande.
A crise que já fervilhava em Tebas piorou, os ataques dos líbios impediam o trabalho na margem oeste do Nilo, os roubos de tumbas, a fome (chamado o ano da hiena) e a guerra civil. A situação era péssima.
A guerra civil irrompeu no Egito por volta do 17º ou 19º ano de governo de Ramsés XI.
O vice-rei da Núbia, Panehsy, marchou para o norte com tropas núbias, provavelmente para pedir a Ramsés XI para restaurar a ordem em Tebas. Se ele fez isso por sua conta ou por ordem do rei, não se sabe. O fato é que o alto sacerdote de Amon, Amenhotep, detinha muito poder desde o reinado de Ramsés IX e controlava o país até mais do que Ramsés XI, então se pode presumir que talvez Panehsy estivesse sob as ordens do faraó, para desestabilizar o sacerdote.
Não se sabe se para poder alimentar seus homens, ou para limitar os poderes do alto sacerdote, Paneshy recebeu a ordem ou tomou por conta própria o escritório do administrador dos celeiros e todos os títulos possíveis.
Isso colocou os sacerdotes em pé de guerra, porque o Templo tinha os direitos sobre as terras e toda a sua produção. Por isso, os sacerdotes insuflaram a guerra civil que deve ter durado por oito ou nove meses.
Paneshy sitiou o alto sacerdote no templo fortaleza de Medinet Habu. Não sabemos se o alto sacerdote, Amenhotep sobreviveu ao ataque, mas parece que ele apelou para Ramsés XI, pedindo proteção.
A facilidade que Paneshy encontrou para tomar as cidades e as riquezas o animou a prosseguir. O exército de Paneshy se dirigiu para o norte, mas encontrando com o exército do rei teve que recuar voltando para a Núbia, onde parece que seu chefe continuou causando bastante confusão.
Nesse intervalo, o exército de Ramsés XI sob a liderança do general Herihor, se dirigiu para Tebas. O general se apossou dos títulos que Paneshy já havia usurpado e se nomeou vice-rei.
Esse general Herihor declarou que a partir de então começava um novo período no Egito, wehem mesut, ou seja, o renascimento. Essas palavras foram usadas pelos faraós da 12ª e da 19ª Dinastias para indicar que o império estava renascendo após um período de atribulação.
Agora, os documentos de Tebas começam a ser datados dos anos do renascimento ao invés de prosseguirem com a datação de Pi-ramsés, ficam com a datação de Ramsés XI. Assim foi que os estudiosos encontraram correspondência entre os anos um a dez do renascimento e os anos dezenove a vinte e oito do governo de Ramsés XI.
Após a morte de Herihor, seu genro chamado Piankh assumiu o controle do sul do país. Ao que parece Ramsés XI já não tinha mais força ou poder para impedir esse governo paralelo, então ambos mantiveram sua influência, cada um sobre parte do Egito.
Foi Herihor que construiu o templo de Khonsu, dedicado ao filho de Amon. Em suas paredes, há figuras de ambos, Herihor e Ramsés XI na mesma escala de tamanho, embora não nas mesmas cenas. Embora Herihor tenha mandado gravar seu nome num cartucho real nesse templo, parece que havia uma certa cooperação entre ele e o rei Ramsés XI.
Com a morte de Ramsés, quem herdou o trono no norte do país foi Smendes e foi então que começou o Terceiro Período Intermediário e terminou o período chamado Ramessida.
A tumba de Ramsés XI, número 4 do Vale dos Reis, não foi terminada e pode ter sido usada para guardar outras múmias durante o final da 20ª Dinastia, quando já estava sem controle a profanação e roubo de tumbas.
Essa tumba estava aberta desde a antiguidade e exibe grafitis em demótico, egípcio, grego, latim, copta, francês e inglês. Também foi usada como residência e estábulo durante o período cristão, como local de armazenamento por Howard Carter e como sala de jantar pelos trabalhadores que escavavam a tumba de Tutankhamon.
Esta foi a última tumba real a ser escavada no Vale dos Reis.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Templo de Ramses II: Modelo em 3d construido com o SketchUp
- [1]] notícia de 18/12/2012 sobre a conspiração do harém