Civilização Egípcia/Terceiro período intermediário
Dinastias 21-25
[editar | editar código-fonte]Durante mais de 2 000 anos, o Egito se manteve como uma civilização adiantada e poderosa e um país a ser respeitado e temido, apesar dos muitos problemas que enfrentou ao longo de sua história.
O chamado Terceiro Período Intermediário começou na verdade, ainda no Novo Império na 20ª Dinastia, no reinado de Ramsés XI. Os faraós fracos, a corrupção generalizada, as greves dos trabalhadores, a fome, o empobrecimento do país, foram fatores importantes que levaram à divisão do Egito.
No final do Novo Império, os sacerdotes de Amon finalmente chegaram ao poder. Agora, eles possuíam dois terços de todas as terras pertencentes aos templos, noventa por cento de todos os navios, e oitenta por cento de todas as fábricas. Ao observar esses dados já podemos perceber que eram eles que controlavam a economia egípcia.
No final do reinado de Ramsés XI, o faraó já não tinha muito poder e os sacerdotes não tiveram grande trabalho para de fato governar, pelo menos o sul do Egito.
Além dos problemas internos, os povos vizinhos agora estavam em outro nível de desenvolvimento, eles usavam o ferro para fazer armas e escudos, enquanto os egípcios ainda usavam o cobre.
Durante muito tempo, o Egito empregou guerreiros estrangeiros como mercenários, especialmente nos postos de fronteira. Esses soldados eram recompensados com terras e, dessa forma, se estabeleciam com as famílias no Egito, reforçando o vínculo com o país. Foi assim que os líbios foram entrando pelo Delta, sempre apoiados pelos seus compatriotas, que já viviam no Egito.
A Núbia, tantas vezes atacada e sempre dominada e explorada também teve sua chance. Na verdade, os núbios, já eram meio egípcios, porque o país foi dominado (por Thutmose III) até a Quarta Catarata e Napata foi estabelecida como capital da Província Egípcia na Núbia.
Depois do final do Novo Império, quando a Núbia se tornou independente, seus governantes e seu povo continuaram a manter a religião e os hábitos de um Egito ainda rigoroso, dos tempos áureos do país dominador.
Agora, com o Egito entregue a tantos problemas, os núbios cruzaram a fronteira e dominaram quase todo país. É claro que devem ter ficado profundamente espantados e tristes com a decadência moral e dos costumes do país que havia sido líder e exemplo durante séculos.
Após o domínio dos núbios, chegaram os poderosos assírios e os babilônios para submeter o Egito. Além disso surgiam em cena os persas, que já haviam lutado contra os gregos e para eles o Egito não representava dificuldade.
A divisão
[editar | editar código-fonte]Durante esse período a capital do Egito se mudou de Tanis para a Líbia, para a Núbia, para Tebas, para Sais, de volta para a Núbia e para Tebas. O Egito estava dividido em seu ponto histórico entre Alto e Baixo Egito. A 21ª Dinastia reinava a partir de Tanis e uma linhagem de generais e sacerdotes de Amon controlava, a partir de Tebas, o sul do país. As relações entre esses governantes eram pacíficas e muitas vezes foram ligados por laços familiares, e de ambas as partes, não possuíam sangue real.
Para quem via de fora, o Egito parecia estar unido e de certo modo, estava. Enquanto de fato estava dividido entre homens poderosos, na verdade era uma teocracia e a suprema autoridade política era o próprio deus Amon.
Num Hino a Amon, escrito num papiro encontrado em Deir el-Bahari, o nome do deus está inscrito num cartucho (como nome de faraó) e ele é chamado de supremo entre todos os deuses, a fonte da criação e verdadeiro rei do Egito.
A 21ª Dinastia foi estabelecida por Smendes enquanto no sul, governava Pinudjem I. O último governante da 21ª Dinastia Psusennes II, casou sua filha Maatkare, com Sheshonq I que estabeleceu a 22ª Dinastia em Tanis. Essa dinastia é conhecida como Líbia ou de Bubastis.
Seu fundador, Sheshonq I era líbio, militar no Egito, descendente de uma família de sacerdotes, que há muitas gerações vivia em Heracleópolis. Ele conseguiu reunir as facções de Tebas e Tanis e unificar o Egito. Sheshonq foi responsável por uma campanha militar contra os filhos de Salomão, coisa que não acontecia no Egito desde os tempos de Ramsés III.
Durante alguns anos o Egito recuperou a estabilidade, mas a guerra civil voltou a se alastrar pelo país durante o reinado de Takelot II.
Bem mais tarde, no reinado de Sheshonq III, um príncipe chamado Pedibastet inaugurou um novo reinado e fundou a 23ª Dinastia de Leontópolis.
Osorkon III sucedeu Pedibastet, governando também a partir de Leontópolis enquanto Sheshonq III continuava a reinar a partir de Tanis.
As dinastias - 22-24 – rivais, reinaram ao mesmo tempo em diferentes partes do país. Na região de Tebas, a 25ª Dinastia ganhava força enquanto a 24ª Dinastia ainda reinava em Sais. A 25ª Dinastia foi caracterizada pela dominação núbia e terminou com a invasão dos assírios.
Resumindo, durante o Terceiro Período não houve um faraó no Egito. Havia diversos reis que governavam a partir de uma determinada cidade e não tinham grande poder.
Então podemos dizer que esse período se caracteriza pela divisão do poder, antes mesmo do falecimento de Ramsés XI já governavam os Altos-Sacerdotes a partir de Tebas e depois temos:
- 21ª Dinastia - governantes em Tanis
- 22ª Dinastia - Líbia ou Bubastita a partir de Tanis<
- 23ª Dinastia - Líbia, anarquia, a partir de Leontópolis
- 24ª Dinastia - a partir de Sais
- 25ª Dinastia - Núbia ou Kushita a partir do Alto Egito
Quando Psamético I se tornou rei, conseguiu controlar o Delta e dali reunificou o país, o Egito respirou novos ares nacionalistas. Assim começa a 26ª Dinastia e o chamado Último Período.