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Português/Classificação das palavras/Verbos/Vozes

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O wikilivro Introdução à língua portuguesa possui uma versão simplificada deste assunto: Vozes

O sujeito pode ser considerado o termo de maior ênfase na oração, por ter um local exclusivo, o início, e pelo fato de o predicado referir-se inteiramente a ele. A construção deste processo é importantíssimo, pois remete a visão do eu-lírico sobre a declaração, isto é, a visão da história. Veja:

Aquelas pessoas venceram a doença.
A doença foi vencida por aquelas pessoas.

No primeiro caso, o processo sintático (a ação realizada no decorrer do corpus e a visão textual) é dada ao sujeito - aquelas pessoas; é transmitida a ideia de que se não houvesse aquelas pessoas não haveria aquela doença. No segundo caso, a visão textual recai sobre o sujeito a doença e é transmitida a ideia de que se não houvesse aquela doença, aquelas pessoas não teriam a menor importância ao contexto.

Esta alteração enfática é dada às vozes verbais, que fazem com que um simples complemento verbal transforme-se no sujeito:

Aquelas pessoas venceram a doença. → voz ativa
A doença foi vencida por aquelas pessoas. → voz passiva

Como você pode notar, ambas as frases estão no mesmo tempo verbal, o pretérito perfeito. Porém, no primeiro exemplo, a frase está relacionada à ação que aquelas pessoas exercem sobre a doença, no segundo, ocorre o contrário. Numa, a ação do verbo ocorre em relação ao tempo enunciado (voz ativa) e noutra, ocorre o tempo enunciado em relação à ação do verbo (voz passiva), isto é, que já passou. Fazendo análise nas orações, temos:

Termo 1 Termo 2 Termo 3
Voz ativa Aquelas pessoas venceram a doença
Voz passiva A doença foi vencida por aquelas pessoas

Veja que os termos são os mesmos, mas a ordem deles, da voz ativa para a passiva, alterou-se (as mesmas cores mostram os mesmos termos). Em sintaxe, cada um destes termos tem a seguinte nomenclatura, uma para voz ativa e outra para a voz passiva:

Termo 1 Termo 2 Termo 3
Voz ativa
Sujeito ativo
Verbo ativo
Objeto direto
Voz passiva
Sujeito passivo
Verbo passivo
Agente passivo

Concluímos que:

  • O sujeito da voz ativa (ou sujeito ativo) é o agente da voz passiva (ou agente passivo - neste caso, Aquelas pessoas);
  • O objeto direto na voz ativa é o sujeito paciente da voz passiva (ou sujeito passivo - neste caso, A doença).
O verbo de uma oração está na voz ativa quando a ação é praticada pelo sujeito, ou seja, o sujeito é o agente da ação verbal.

Exemplo:

O diretor da escola maltratou Alice. (O diretor da escola é o agente da ação verbal, ou seja, a ação maltratar é praticada por ele);
Os funcionários da empresa resolveriam os problemas na reunião. (A ação resolver é exercida pelo sujeito Os funcionários da empresa).
Ver também: Agente da passiva
O verbo de uma oração está na voz passiva quando a ação é sofrida pelo sujeito, que não é o mesmo que pratica a ação verbal. O agente da passiva é aquele que pratica o ato. A palavra passivo possui a mesma raiz latina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o significado de sofrimento (Paixão de Cristo). Daí vem o significado de voz passiva como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva, temos dois elementos que nem sempre aparecem: sujeito paciente e agente da passiva.

Exemplo:

Alice foi maltratada pelo diretor da escola.
Os problemas seriam resolvidos pelos funcionários da empresa na reunião.

Alice e Os problemas são sujeitos pacientes porque recebem a ação praticada pelo agente da ação verbal, diretor da escola e funcionários da empresa, respectivamente. O agente da passiva também pode ser indeterminado, como no seguinte exemplo:

Meu carro foi roubado ontem na minha rua. - Meu carro foi roubado por quem?

Como não se sabe quem roubou o carro, o agente da passiva é indeterminado.

A língua culta só aceita a voz passiva com um verbo que tenha objeto direto, ou seja, verbo transitivo direto, salvo raras exceções, com os verbos obedecer e desobedecer: A lei deve ser obedecida por todos. Por força do hábito, os verbos obedecer e desobedecer aceitam a passiva, porque antigamente eram transitivos diretos.

O emprego era visado pelo funcionário.
A missa deve ser assistida por nós em silêncio.

Tais frases estão em linguagem coloquial, porque os verbos obedecer e assistir precisam de um complemento, o sujeito obedece a alguém e assistem a algo. Portanto, o correto seria a frase na voz ativa ou a substituição por um verbo transitivo direto na voz passiva:

O funcionário visava ao emprego. / O emprego era desejado pelo funcionário.
Devemos assistir à missa em silêncio. / A missa deve ser vista por nós em silêncio.
Observações: O agente da passiva sempre é introduzido pela preposição por, contraída ou não. Eventualmente, usa-se a preposição de.

Passiva analítica

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É formada pelo uso dos verbo auxiliar ser e o particípio de certos verbos ativos, como: ser visto (sou visto, és visto, é visto...); estar abatido (estou abatido, estava abatido....). Alguns gramáticos consideram que a passiva analítica pode ser formada a partir de quaisquer verbos auxiliares temporais.

Exemplo:

Alice era conduzida pelo namorado. - Voz passiva analítica
O namorado conduzia Alice. - Voz ativa

É importante observar que o tempo verbal da voz ativa deverá ser seguido pelo verbo auxiliar da voz passiva. No exemplo acima, o verbo auxiliar (ser) está no mesmo tempo que o verbo principal da voz ativa (conduzir), o pretérito imperfeito. Exemplo:

O caçador matou a raposa. - Verbo principal no pretérito perfeito
A raposa foi morta pelo caçador. - Verbo auxiliar no pretérito perfeito.
Aos verbos que não são ativos nem passivos nem reflexivos, são chamados neutros. Esses não admitem voz ativa nem passiva nem reflexiva, pois o sujeito não pode ser visto como agente nem paciente nem agente-paciente.

Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é paciente. Excepcionalmente, o pronome apassivador assume formas de 1ª e 2ª pessoa.

Voz passiva é uma forma verbal, enquanto passividade é ideia. Em 'Ele levou um tiro' há voz ativa, embora o sujeito tenha sofrido a ação.
Observações: Na língua portuguesa há muitas estruturas similares à voz passiva. Deve-se ter em mente que esta ocorre somente com um verbo. Casos como o predicativo do sujeito (ser + adjetivo) não são considerados como tais.

Passiva sintética ou pronominal

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É formada mediante o uso do pronome apassivador se (ou partícula apassivadora). Neste caso, o sujeito agente desaparece, porque não interessa ao narrador mencioná-lo, sendo o sujeito indeterminado.

Exemplo:

Vendem-se joias.

No exemplo acima, joias não pratica a ação de vender, mas sim, sofre essa ação. Portanto, joias não é o agente da ação verbal, mas o sujeito paciente. O verbo é passivo, sendo essa passividade indicada pelo pronome se. Essa mesma oração pode ser expressa por outras vozes:

Joias são vendidas. (passiva analítica)
Vendem as joias. (ativa)

O sujeito continua a ser jóias, que, por estar no plural, levará o verbo também para o plural.

Ativo-Passiva

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A voz ativo-passiva recebe este nome pelo fato de o sujeito da oração receber a ação (ou seja, voz passiva), mas ao mesmo tempo, este não ser o sujeito real, estando o verbo em sua forma simples (e não em locução). Nestes casos o sujeito é indeterminado e a frase pode ser passada para a voz ativa e às vozes passivas:

Pedra preciosa vende a preço justo. - voz ativo-passiva
Pedra preciosa é vendida a preço justo. - voz passiva analítica
Vende-se pedra preciosa a preço justo. - voz passiva sintética
Vendem pedra preciosa a preço justo. - voz ativa

É notável que seu uso não é constante na língua e que muitas vezes é considerada coloquial.

Ver módulo: Conjugação reflexiva