Logística/Gestão de existências/Introdução/Custos das existências
De acordo com Tersine (1988, p. 13-15), o objectivo da gestão de existências é ter as quantidades apropriadas de matérias-primas, consumíveis, e produtos acabados no lugar certo, no tempo certo e a um baixo custo. Os custos das existências estão associados à operação dos sistemas de existências e são parâmetros económicos básicos para qualquer modelo de decisão relacionado com as existências. Os custos mais relevantes para a maior parte dos sistemas são os seguintes:
- O custo de compra de um artigo é o custo de compra unitário se este for obtido a partir de uma fonte externa, ou o custo de produção unitário se for produzido internamente; um custo unitário deve ser sempre considerado como o custo de um artigo tal como foi colocado em stock. Para artigos comprados, considera-se o custo de compra adicionando o custo de transporte. Para artigos produzidos, o custo unitário inclui trabalho e material directos e custos indirectos de fabricação. Verifica-se a alteração de custo de compra em diferentes níveis de quantidade, quando um fornecedor oferece descontos de quantidade.
- O custo de encomenda/aprovisionamento tem origem na despesa proveniente de uma ordem de compra feita a um fornecedor exterior, ou nos custos das instalações de produção interna. Este custo é, normalmente, assumido como um custo que varia directamente com o número de encomendas e instalações existentes, e não como um custo que varia com a dimensão de cada encomenda. O custo de encomenda inclui actividades tais como fazer requisições, avaliar vendedores, escrever ordens de encomenda, receber e inspeccionar materiais, seguir ordens, e tratar da documentação necessária para completar a transacção. O custo das instalações abrange os custos de alteração do processo de fabrico para produzir o artigo encomendado; esta alteração inclui a preparação das ordens de compra/venda, o planeamento do trabalho, a instalação da pré-produção, a expedição e a aceitação da qualidade.
- O custo de posse está associado ao investimento feito em stocks e na manutenção do investimento físico em armazenagem. Neste custo estão incluídos custos de capital, impostos, seguro, custos de manuseamento, armazenagem, contracção, obsolescência, e deterioração. Os custos de capital reflectem a perda de poder ou custos de oportunidade. Se os fundos fossem investidos noutro sítio seria de esperar um retorno do investimento, mas o custo capital é uma conta caracterizada pela falta de retorno. Muitas regiões consideram os stocks como propriedades que podem ser ser cobradas, logo quanto mais stocks se tem, mais elevados são os impostos. Os requisitos para que haja cobertura dos seguros dependem da quantidade a ser reposta em caso de destruição da propriedade e os prémios de seguros variam com o tamanho do investimento feito em stocks. Obsolescência é o risco de perda de valor de um artigo devido a mudanças no estilo ou nas preferências do consumidor. Contracção é um decréscimo das quantidades em stock devido a perdas ou roubos. Deterioração significa a perda de propriedade devido à sua idade e à degradação ambiental. Muitos artigos sofrem um controlo de idade e devem ser vendidos antes da data de expiração (Ex: artigos alimentares, materiais fotográficos, e farmacêuticos). A suposição usualmente feita na gestão é a de que os custos de posse são proporcionais ao tamanho do investimento feito em stocks;
- O custo de ruptura é a consequência económica da escassez externa ou interna. Uma escassez externa ocorre quando a encomenda de um cliente não é satisfeita, enquanto que uma escassez interna ocorre quando não se satisfaz um requisito de um grupo, ou departamento, dentro da organização. A escassez externa pode incorrer custos de reserva, perda de benefícios presentes (perda de potenciais vendas) e futuros. A escassez interna pode dar origem a perdas de produção (ociosidade de mão-de-obra e de máquinas), e a atrasos na data de conclusão. A extensão do custo depende da reacção do consumidor face à falta de stock. Se ocorrer a procura por um artigo fora de stock, a perda económica depende da decisão do cliente em fazer uma nova encomenda, em se satisfazer com a substituição por um outro artigo ou de cancelar o seu pedido. Tipicamente, uma empresa expediria uma reserva de emergência para o artigo em falta e assumiria qualquer custo extra que fosse cobrado pelo serviço especial. Caso contrário, perde-se a hipótese de venda.
O objectivo principal da gestão de existências é, normalmente, a minimização dos custos. Apenas devem ser considerados para análise os custos que variam com o nível de stock. Por exemplo, os valores gastos em aquecimento, iluminação, e serviços de segurança para um armazém não devem ser considerados se não variam com a alteração dos níveis de stock.