Laboratório de Redes/Colaboração em rede
A idéia de colaboração aparece como característica de uma nova tendência cultural que emerge das redes sócio-técnicas. A rigor, existe colaboração desde que existe divisão social do trabalho. No entanto, ela aparece sob nova forma quando agenciada com os recursos das tecnologias da rede. E, mesmo na Internet, ela é realizada de maneiras muito diversas na medida em que é sustentada por diferentes arquiteturas tecnológicas de participação. Algumas exigem a presença de pessoas, de especialistas na manipulação dos bancos de dados. Eles podem receber pra isso ou se envolver voluntariamente nos processos de mediação – o que já faz uma grande diferença. Mas existem tecnologias que programam padrões para agregar dados do usuário e gerar valor pelo simples uso do aplicativo (é o modelo Napster que utiliza o compartilhamento P2P). A mediação tecnológica é capaz de conectar usuário a usuário e promove redes híbridas, constituídas por homens, máquinas, informação, elementos tão heterogêneos que dificultam uma percepção daqueles que organizam a colaboração.[1]
Já se disse que a Web 2.0 « é uma atitude, não uma tecnologia ». Entre outras coisas, isto significa que não houve uma grande inovação tecnológica em relação àquela que dava suporte a uma possível « Web 1.0 ». Contudo, tarefas como criar um blog ou publicar um vídeo feito em casa tornaram-se de uma impressionante simplicidade: nenhuma competência particular é exigida para executá-las. O blog assim criado pode tratar de assuntos de grande interesse e atrair a colaboração de quem quer que se sinta seduzido pelas questões a que ele se dedica, enquanto o vídeo de feição amadora pode conter imagens de indiscutíveis qualidades, despertar a atenção de numerosos espectadores e suscitar muitos comentários. As tecnologias se dissimulam quase que exatamente na mesma proporção que as dificuldades de utilização diminuem. O software que produz o blog está disponível para quem queira se servir dele; é gratuito e de utilização intuitiva. O serviço de compartilhamento de vídeos recebe qualquer material que envolva imagens em movimento, as interdições de conteúdo sendo muito reduzidas; o autor envia o material de seu próprio computador, mesmo não tendo nenhum conhecimento técnico sobre o processo de envio.
Por outras palavras, a Web 2.0 é uma plataforma, isto é, um ambiente computacional cuja infra-estrutura tecnológica é capaz de assegurar a facilidade de integração dos diversos elementos que compõem essa infra-estrutura. A simplificação da utilização da plataforma tornou-a muito aberta para a participação dos indivíduos, ao mesmo tempo que o aumento da largura de banda da internet tornou exeqüível o trânsito e a partilha de conteúdos cada vez mais ricos, contendo não somente textos, mas também sons, fotos, vídeos e assim por diante. O ambiente computacional criado na plataforma e a possibilidade de conexões mais eficientes permitem, desse modo, a multiplicação dos laços seja entre indivíduos, seja entre os indivíduos e os dados, seja, enfim, de dados com dados.