Iniciação à Pesquisa Científica em Saúde/ REPOSITÓRIO DE EXERCÍCIOS RESOLVIDOS/ Exercício 63: Sal e hipertensão arterial

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Questão 63 - Sal e hipertensão arterial[editar | editar código-fonte]

Para resolver esse desafio você deve primeiro ler o artigo científico: Hipertensão arterial e consumo de sal em população urbana. Molina et al.. Acessível em: link

Faça uma análise crítica da metodologia cientifica utilizada, seguindo o roteiro:

a) Qual foi a questão da pesquisa a ser respondida, ou seja, o objetivo do estudo?

b) Como os autores planejaram o estudo: delineamento da pesquisa e grupos de estudo

c) Como ocorreu a obtenção de dados, a amostra foi aleatória?

d) Analise a Tabela 3 -Média e desvio-padrão das medidas hemodinâmicas e variáveis de consumo na amostra estudada, segundo a

classificação dos indivíduos em normotensos ou hipertensos. Qual foi o teste estatístico utilizado, a hipótese nula e a interpretação do p-valor?

Explique suas respostas e fundamente-as com referências bibliográficas.

Resposta da questão:[editar | editar código-fonte]

a) Como a hipertensão arterial é considerada um problema de saúde pública e somado ao fato de não se dispor de estudos que refletem o cenário brasileiro, ou seja, uma população miscigenada; esse estudo tem por fim avaliar o consumo de sal por meio da relação sódio/potássio urinário em amostra randomizada de população observando sua relação com a hipertensão arterial.

b) Como uma amostra (população de Vitória-ES) foi observada em um único momento, o desenho do estudo foi baseado em metodologia de pesquisa de corte transversal, desenvolvido por meio de levantamento e análise de dados socioeconômicos e de saúde em amostra probabilística. O plano amostral tinha como grupo a população domiciliada na cidade de Vitória, entre 25 e 64 anos de idade, englobando 2.200 indivíduos, dos quais 1.663 indivíduos preencheram os requisitos para participar da pesquisa e serem incluídos no estudo. Com isso esses indivíduos foram separados em 2 grupos distintos: os hipertensos e os normotensos, avaliando o consumo de sal de ambos.

c) A amostragem foi aleatória: Houve uma tentativa de reproduzir a estratificação socioeconômica, geográfica, demográfica e etária dos moradores em Vitória-ES sendo que os indivíduos eram selecionados por por bairro, setor censitário (segundo IBGE), sorteio de domicílios e sorteio de um indivíduo de cada domicílio, respectivamente. Incluiu-se no resultado somente aqueles que seguiram o protocolo de coleta de urina e medição da PA em seu devido horário. Ainda assim a pesquisa acabou tendo traços de aleatória simples e não  de estratificada, pois, embora a relação entre homens e mulheres na amostra fosse similar à do município, a proporção entre as classes não ficou bem estabelecida, pois segundo os autores os indivíduos da classe mais elevada foram mais presentes na pesquisa e a classe mais baixa foi mais ausente, e também houve menor participação do grupo mais jovem na faixa etária do estudo (25 a 64 anos) o que elevou a média da idade do grupo em relação a população.

O estudo se fundamentava em essencialmente 2 dados a medida da pressão arterial (sistólica e diastólica) e o consumo de sal. A coleta de dados foi realizada nos anos de 1999 e 2000 por meio de questionários aplicados durante visitas domiciliares. Durante a visita domiciliar, o participante recebia orientações e material para a coleta de urina de 12h, cobrindo o período das 19h até às 7h do dia seguinte, em que compareceram à Clínica de Investigação Cardiovascular do hospital para realização dos exames, por entrevistadores e técnicos treinados.

A estimativa do consumo de sal foi realizado a partir do cálculo da excreção de sódio em 24h, admitindo-se que todo o sódio tivesse sido ingerido sob a forma de NaCl. O consumo também foi estimado pela quantidade de sal consumida mensalmente no domicílio (de acordo com informação coletada por questionário). Esse dado foi corrigido pelo número de pessoas que realizaram refeições no domicílio. A relação Na/K foi calculada a partir das quantidades destes eletrólitos na urina de 12 horas e utilizada como marcador da qualidade da alimentação. Já a quantificação de sódio e potássio em mmol/L foi realizada através da espectofotometria de chama, usando kits comerciais. Os valores encontrados nas amostras de urina foram convertidos para quantidade do eletrólito em urina de 12h. A quantidade de sódio diária foi estimada pela equação Na+24h =1,7Na+ 12h+49,8, encontrada em estudo de validação com 50 indivíduos normotensos.

A PA foi medida por pesquisadores treinados usando esfigmomanômetro de coluna de mercúrio de mesa (Esotec). A PA foi medida no braço não dominante com o indivíduo sentado e em repouso de, pelo menos, cinco minutos após esvaziamento da bexiga. De cada indivíduo, foram obtidas duas medidas feitas por dois investigadores diferentes com intervalo mínimo de 10 minutos entre as medidas. A média de duas medidas foi utilizada na determinação da PA basal. Dos indivíduos examinados, 435 declararam ter tomado alguma medicação anti-hipertensiva, incluindo diuréticos, nos últimos 15 dias. Os dados de pressão e excreção urinária de sódio e potássio incluem estes indivíduos. A pressão arterial média (PAM) foi calculada pela equação (PAS+2PAD)/3. Para a classificação dos indivíduos em seis estágios de pressão, foi utilizada a proposta do JOINT VI, e dos indivíduos em hipertensos ou normotensos foi utilizada a proposta do Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, que identifica como hipertensos os indivíduos com pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, ou ainda sob uso de medicação anti-hipertensiva.

d) “A hipótese nula estabelece a ausência de diferença entre parâmetros”. Aplicando essa definição a esse estudo conclui-se que a hipótese nula para a relação estudada na tabela 3 é que a média de sal ingerida, obtida por meio da estimativa do questionário socioeconômica e por meio da quantidade de Na+ secretado na urina, seria a mesma nos grupos normotensos e hipertensos.

Nessa tabela foi utilizado o teste t de Student com os dados pareados (normotensos e hipertensos), assim foi possível verificar se houve discrepância entre os valores encontrados.

Como os p-valores encontrados foram menores que 0,01 e 0,001, conclui-se que a hipótese nula é rejeitada com CONFIANÇA DE PELO MENOS 95% alta significância.

Indexadores do tema deste exercício[editar | editar código-fonte]

Comparação entre grupos amostrais em saúde

Testes de hipóteses

Teste de médias

Bioestatística computacional

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Vieira, Sonia. Introdução a bioestatística. Rio de Janeiro: Elsevier, 4. ed 2008.

CALLEGARI-JACQUES, Sidia M. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed, 2003.

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