Civilizações da Antiguidade/A Pérsia aquemênida
Aquemênida é chamada a dinastia fundada pelo rei Aquemênes da Pérsia.
No século VII a.C. na área onde hoje fica o Irã, houve um grande reino, o reino da Média. O rei Aquemênes era um governante menor que prestava tributo ao rei da Média.
Eles chegaram
[editar | editar código-fonte]A região em questão é o planalto do Irã, entre o mar Cáspio e o golfo Pérsico.
Por esta região já haviam passado diversos povos – os gutis, os cassitas, os elamitas e outros. No inicio do primeiro milênio a.C. diversas tribos indo-arianas vindas da região da Ásia central (onde estão hoje o Uzbequistão, Tadjiquistão e parte do Casaquistão) e do Cáucaso, entram no planalto do Irã e entre elas estavam os medos e os persas.
As tribos medas ocuparam o norte do planalto, Ecbatana (atual Hamadã a sudoeste de Teerã) e os persas ocuparam o sul, mais precisamente Fars ou Pars, de onde deriva a palavra Pérsia (hoje é uma das províncias do Irã, capital Shiraz).
Há um registro assírio de 844 a.C. que se refere aos persas como parsu e aos medas como madai, localizando ambos na área do lago Urmia (que fica na cidade do mesmo nome e hoje é capital da província do Azerbaijão).
O fato é que os medas tinham sido dominados durante anos, tanto pelos citas como pelos assírios e como acontece às vezes, um grande homem, um guerreiro, um comandante carismático surge para mudar a história.
Entre os medas, esse homem foi Ciaxares, que reinou entre 625-585 a.C. Ele uniu seu povo, formou um exército e se aliou ao caldeu Nabopolassar. Desta forma destruíram Nínive a capital da Assíria. Medos e babilônios então dividiram o território assírio.
Os persas
[editar | editar código-fonte]Como já foi dito, as tribos persas ocuparam o sul do planalto do Irã. Na cidade de Anshan (hoje Tepe Malyan), o filho do rei Aquemênes, chamado Teispes, fundou um reino para ele e seu povo, mas continuavam dependentes dos medos.
Após Teispes, governaram Ciro I e Cambises I.
Cambises I casou-se com uma neta do famoso Ciaxares (governante medo) e o filho deles foi Ciro II chamado O Grande. Mas esta é outra história.
Nesse momento, o grande império assírio ainda estava dividido entre medos e babilônios. Quem governava os domínios medos era Astíages, seu território ocupava o planalto do Irã, parte da Anatólia e da Lídia.
Nesse momento, por volta de 550 a.C. o governante dos persas era Ciro II, um chefe que se destaca e vai ser o responsável por grandes conquistas.
Conquistas de Ciro II
[editar | editar código-fonte]Os medos e os persas eram indo-arianos e falavam línguas muito parecidas, portanto, quando Ciro II se rebela contra os medos, derrota Astíages e se apodera do trono, para a população não há muita diferença.
Os persas agora são os senhores de todo o território que formava o império da Média. Mas para Ciro II, é pouco. Ele conquista a Anatólia ocidental e o reino da Lídia e com a habilidade de um grande estrategista, captura o país e mais tarde toma as cidades gregas.
Agora, Ciro II, O Grande, deseja a Babilônia, a magnífica cidade que domina a Mesopotâmia. O rei da Babilônia, nessa época era Nabônidas, que além de impopular havia abandonado a capital e o culto a Marduk.
Dessa forma, foi fácil para um governante e conquistador do calibre de Ciro II. Ele se apresentou ao clero de Marduk como o escolhido para governar, prestando grandes homenagens ao deus e com o apoio dos sacerdotes foi aclamado.
A primeira capital da Pérsia foi Pasárgada, hoje na província de Fars, Irã. Os persas mantinham várias capitais como Persépolis, Ecbatana, Susa.
A construção de Pasárgada foi iniciada por Ciro, O Grande, e depois de sua morte ficou inacabada. A tumba de Ciro é o monumento mais importante que restou, embora ninguém tenha provas de que a tumba foi de fato construída para o grande governante.
Esse foi o bisneto de Aquemênes e fundador do Império Persa.
Cambises II
[editar | editar código-fonte]Filho e sucessor de Ciro II, O Grande. Soldado assim como o pai e como era exigido de todos os reis persas aquemênidas.
Havia um conselho de nobres para confirmar o rei que privilegiava os guerreiros. O titulo do rei era Khshathra (guerreiro). Cambises já era um homem maduro ao subir ao trono.
O Egito ele conquistou na Batalha de Pelusa. Tomou Mênfis, a capital, aprisionou e deportou o faraó Psamético III.
Heródoto conta histórias terríveis sobre esse rei, diz que foi um tirano, que destruiu os templos. Hoje, revista a história, é possível que Heródoto como grego odiasse os persas e por isso os tenha retratado de forma injusta.
Ele teve inclusive seu nome inscrito num cartucho como um faraó. Cambises foi o primeiro governante da 27ª dinastia egípcia, a dinastia de reis persas.
Porém, é possível que Cambises tivesse algum problema mental porque sua reputação histórica é das piores, inclusive como um maníaco que mandou assassinar seu irmão postulante ao trono e assassinou a própria esposa.
Pode ser que as derrotas sofridas como no deserto da Núbia, onde suas tropas morreram de fome sem sequer lutar e por ser um governante fraco, por não ter conseguido lutar contra Cartago, isso tudo tenha desestabilizado mentalmente o rei.
Diz Heródoto que Cambises II morreu em Ecbatana (Síria), hoje Hamath.
O exército desaparecido de Cambises
[editar | editar código-fonte]Ainda de acordo com Heródoto, Cambises enviou um exército para sitiar o Oráculo de Amon no Oásis de Siwa. O exército de 50 000 homens estava no meio do caminho, em pleno deserto quando uma violenta tempestade de areia se formou e soterrou todos os homens, com seus armamentos e equipamentos e nunca mais se soube deles.
Ainda que muitos egiptólogos vejam essa história como lenda, muita gente procurou e ainda procura restos dos soldados.
Com as escavações em busca de petróleo no deserto ocidental, os geólogos da Universidade Helwan encontraram as dunas próximas ao oásis literalmente cobertas de fragmentos de tecidos, adagas, pontas de flechas e ossos humanos.
Mohammed al-Saghir do Conselho Supremo de Antiguidades a quem os geólogos levaram a descoberta, acredita que podem ter pertencido ao exército desaparecido de Cambises. Caso seja verdade, será uma fonte de pesquisa sobre os guerreiros persas.
Dario I
[editar | editar código-fonte]Era comandante no Egito quando Cambises II governava, embora não fosse o sucessor oficial, quando o rei faleceu ele tomou o trono.
Como guerreiro que era e parente distante de Ciro II, o conselho de nobres o reconheceu como rei.
O inicio de seu reinado foi dedicado a pacificar o grande território e consolidar seu poder. Aliando a força à diplomacia ele fortaleceu seus domínios.
Depois partiu para as conquistas, anexou o território onde hoje é o Paquistão, conquistou a Trácia e invadiu a Grécia mas foi derrotado em Maratona.
Para os egípcios foi um bom governante, o segundo da 27ª dinastia, mas quando os persas foram derrotados em Maratona ficou claro que eles não eram invencíveis. Assim as rebeliões se intensificaram no Egito, isso permitiu aos gregos um descanso, pois Dario I estava ocupado em outra frente. O fato é que Dario I, O Grande, morreu em 480 a.C. e não teve tempo de realizar mais conquistas.
Política, respeito e organização
[editar | editar código-fonte]O império persa, quando governado pelos reis mencionados acima, praticou uma política completamente diferente daquilo que se conhecia na época. Os assírios, por exemplo, dominaram sempre usando a violência.
Na época, o império persa aquemênida, foi o maior e mais poderoso, englobando uma quantidade de territórios, etnias, religiões e costumes que tornavam muito complicada sua administração.
Dario I foi o rei que teve a grande idéia de dividir o imenso território em satrapias.
O número de satrapias vai variar durante o tempo, mas seu principio é a base do governo. O poder é delegado aos sátrapas, que são escolhidos pelo rei.
Uma satrapia, de modo geral, era determinada por região ocupada por um povo específico, por cidades autônomas ou outras características, ou seja, era um governo dentro de outro governo. Por isso, os reis persas eram chamados Reis dos Reis.
Havia respeito pela religião, leis, costumes, língua de cada satrapia. Seu chefe deveria receber os impostos , promover a justiça e zelar pelo território sob sua responsabilidade, inclusive formando um exército para servir às necessidades do rei.
Um sátrapa era auxiliado por um escriba e um general, ambos de confiança do rei e que só obedeciam ao próprio rei.
O rei também elege pessoas enviadas para observar e relatar tudo o que acontece em seu imenso reino. Essas pessoas são chamadas os olhos e ouvidos do rei.
Sua obrigação é prestar contas do que acontece em cada satrapia. Portanto, esse homem de confiança deve observar a política, a justiça e as finanças, mas também a limpeza, a qualidade de vida do povo, a conservação das estradas, enfim o progresso do lugar.
A partir de suas conclusões, o rei tanto podia premiar e elogiar um sátrapa pela boa administração, como punir, até mesmo com a morte, aquele que não estivesse desempenhando bem suas funções ou estivesse tramando contra o trono.
Dario I é ainda o responsável pela construção da Estrada Real, que ligava o império, pela unificação da moeda e além de respeitar as religiões existentes, ele também adotou o zoroastrismo.
Zoroastrismo
[editar | editar código-fonte]Religião fundada por Zoroastro (660-583 a.C) que também é conhecido como Zaratustra (grego).
Zoroastro foi um profeta nascido na Pérsia na região de Ragha.
O Zoroastrismo foi fundado por ele, baseado na existência de um deus único, e a luta eterna entre o bem e o mal. Essa religião veio a substituir o Mazdeísmo praticado pelas tribos que se espalhavam na região.
Pregando a fé num deus supremo que tudo criou e a tudo guia, suas bases são semelhantes as das grandes religiões monoteístas como o judaísmo, cristianismo e islamismo.
Zoroastro foi perseguido, mas manteve sua fé e a difundiu até que ela foi adotada pelos reis persas. No reinado de Dario I foi redigido o livro sagrado do zoroastrismo que se chama Avesta o Zend-Avesta.
Conhecendo outros reis persas
[editar | editar código-fonte]- Xerxes I
era filho de Dario I. Enfrentou uma revolta no Egito assim que subiu ao trono. Conseguiu debelar a revolta mas nunca deu importância ao Egito, deixando o governo por conta de regentes e sátrapas.
Ficou conhecido pelas tentativas frustradas de conquistar a Grécia. Na verdade, ele venceu os gregos na batalha das Termópilas, entrou em Atenas onde saqueou e incendiou os santuários.
Já se vê que esse rei não praticava a política de seu pai, de respeito e diplomacia.
Na batalha de Salamina a frota persa foi destruída e ele abandonou a sede de conquistas.
Xerxes I morreu assassinado junto com seu filho Dario em 465 a.C.
- Artaxerxes I (longímano)
era assim chamado por ter a mão direita mais comprida do que a esquerda, era filho de Xerxes.
Artaxerxes é a forma grega do nome Ardashir o Persa.
Esse rei enfrentou muitas revoltas, sendo que a rebelião no Egito durou por volta de cinco anos.
Ele foi morto na batalha de Papremis mas os persas mantiveram o controle do alto Egito.
No seu governo foram comuns os intercâmbios culturais com a Grécia e ele é lembrado com carinho nos livros de Ezra e Nehemias, porque autorizou a restauração do Judaísmo.
- Xerxes II
filho e successor de Artaxerxes I, reinou apenas durante 45 dias e foi assassinado por seu irmão Sogdianus, que, por sua vez foi morto por Dario II.
- Dario II (Notus)
Notus, do grego, significa bastardo. Ocorre que com a morte de Xerxes II pelo irmão Sogdianus, esse irmão ilegítimo que era sátrapa na Hircânia (ao norte, no Mar Cáspio), se rebela e luta com Sogdianus, o matando.
Ele adota o nome Dario e nos registros de Nippur seu reinado vem imediatamente após Artaxerxes.
- Artaxerxes II
filho de Dario II. Se envolveu em algumas guerras e revoltas, foi bem sucedido contra os gregos, mas teve sérios problemas com os egípcios.
No seu reinado, o Egito recuperou a independência com Amyrtaios e o Império Aquemênida começou a ficar enfraquecido.
- Artaxerxes III (Ochus)
seu reinado coincide com o de Felipe II da Macedônia e com o de Nectanebo II no Egito. Ele foi um sátrapa e comandante do exército antes de reinar.
Infelizmente, Artaxerxes III já não praticava a política dos primeiros governantes, usava de violência e crueldade.
Lançou duas campanhas contra o Egito, foi derrotado na primeira e isso lhe causou uma série de problemas com os distúrbios no oeste do império.
Na segunda investida ele derrotou o faraó, Nectanebo II que fugiu do Egito para a Núbia.
No final do seu governo, a Macedônia de Filipe II já era uma grande ameaça às fronteiras do Império Persa.
È dito que Artaxerxes III morreu envenenado, mas há um tablete no Museu Britânico que registra sua morte de causas naturais.
- Arses ou Artaxerxes IV
Não se sabe muito a respeito, embora exista a possibilidade de que ele tenha morrido envenenado.
Durante seu governo aumentaram as ameaças nas fronteiras com a Macedônia.
- Dario III (Codomano)
Subiu ao trono, dizem que, escolhido pelo vizir que envenenou o rei Arses. Era parente distante da família real.
O rei adotou o nome Dario III e logo se tornou independente, governando por sua própria vontade. O problema é que o momento era de grande perigo por causa do poder macedônio.
O rei Filipe II tomou as cidades gregas que estavam sob o domínio persa, mas foi assassinado e então parou o avanço dos macedônios.
Dario III foi derrotado pelo filho de Filipe da Macedônia, Alexandre Magno. E Alexandre tomou a Pérsia.
Depois disso, em Gaugamela Dario III perdeu o controle da Babilônia. Ele fugiu, foi deposto e assassinado.
O fim do Império
[editar | editar código-fonte]O Império Aquemênida, com seus primeiros governantes foi responsável por uma política até então desconhecida.
Foi o primeiro dos grandes impérios a respeitar os direitos humanos, os direitos dos povos conquistados, sua religião e cultura.
Esses primeiros reis governaram com justiça, paz e diplomacia, procurando crescer dentro de uma visão ampla e mais tolerante.
É claro que não há conquistas sem guerras, sem derramamento de sangue, sem o sofrimento dos vencidos.
Os últimos governantes já não tiveram o mesmo brilho e não havia como resistir ao grande poder que surgia em suas fronteiras, chamado Macedônia.
Em maio de 334 a.C. Alexandre Magno foi vitorioso na batalha de Granico, daí em diante foi dominando as cidades persas até que Dario III, rei da Pérsia, foi enfrentá-lo. Na batalha de Isso (333 a.C.) Alexandre finalmente submeteu por completo o império persa.
Afinal, não havia mesmo como resistir frente a um dos maiores gênios militares da história.