Civilização Egípcia/Primeiro período intermediário
Dinastias 7-11
[editar | editar código-fonte]Oficialmente o Antigo Império termina com a morte de Pepi II, após um longo reinado.
Aparentemente, no decorrer do seu reinado e dada sua idade avançada, o faraó já vinha perdendo o controle sobre os governadores das províncias (nomarcas) e seus oficiais, cada vez mais poderosos.
É possível que a esta situação tenha se juntado o fator clima. Talvez as enchentes do Nilo, nessa época tivessem sido insuficientes, causando pouca colheita e em conseqüência trazendo a fome. Sem um poder centralizado, que controlasse a crise, a fome, com toda a certeza gerou doenças, insatisfação e desordem.
Alguns governadores (nomarcas)conseguiram resolver melhor do que outros, os problemas de irrigação e alimentação em seus territórios. Assim, uns se fortaleciam enquanto outros enfrentavam crises mais sérias.
O Egito dividido
[editar | editar código-fonte]O país estava dividido em três, o delta, o médio Egito (Heracleópolis ou Henen-nesw) e o alto Egito (Tebas ou Waset).
Os reis da sétima e oitava dinastias, se proclamaram reis por conta própria.
Em Heracleópolis (ou Henen-nesw, próximo ao Fayum), alguns nomarcas fundaram as próprias dinastias, nove e dez. Esses governantes expulsaram os invasores líbios e asiáticos que haviam invadido o delta em busca de alimento. Eles eram famosos pela sua crueldade, mas fortificaram as fronteiras e retomaram o comércio.
As dinastias
[editar | editar código-fonte]No período intermediário estão as dinastias sete, oito, nove e dez. A décima primeira dinastia é que vai trazer o novo unificador do Egito, mas parte dela pertence a esse período.
Os reis da sétima dinastia, um grupo de dez reis, estão registrados na lista de reis de Abidos, mas não estão no Cânone de Turim. De todos, apenas três são chamados pelo seu nome de trono, Neferkare II, Sekhemkare e Wadjkare. A seqüência dos reis, portanto, é desconhecida.
Entre a sétima e a oitava dinastias, temos o nome de dezessete reis mas os registrados são Wadjkare, Sekhemkare, Iti, Imhotep, Isu e Iytenu. E deles mais nada se sabe.
A nona dinastia também é bem confusa. Como nas anteriores, havia muitos chefes locais querendo assumir o trono e o título de faraó.
Achthoes (Akhtoy) que governava Heracleópolis e tinha o controle do médio Egito, assumiu o trono e fundou a nona dinastia. Parece que temos quatro reis na nona dinastia mas conhecemos apenas dois e não sabemos a seqüência, Merybre Akhtoy, Neferkare V e dois ou mais reis desconhecidos.
Durante a décima dinastia, os reis de Heracleópolis mantiveram o norte do Egito sob seu controle. Houve quatorze reis heracleopolitanos, que governaram o norte do país e tiveram que dividir seu poder com a décima primeira dinastia de Tebas. Existem seis reis registrados, Meri... re Akhtoy, Nebkaure Akhtoy, Mereikare, Meri-Hathor, Wahkare Akhtoy, Khui.
O Egito em guerra
[editar | editar código-fonte]Os governantes de Tebas (Waset), que fundaram a décima primeira dinastia, não reconheceram e nem aceitaram os governantes de Heracleópolis. Os nomarcas menos poderosos se dividiam entre uns e outros.
Nesse período, o baixo Egito (Heracleópolis), estava mais fortalecido em termos de união do que o alto Egito (Tebas ou Waset).
Os governantes de Heracleópolis usavam o título de faraó, mas, quem realmente começou a unir o país foi Inyotef de Tebas, reunindo o alto Egito em torno de sua autoridade, ele assumiu o título de Grande Chefe do Alto Egito.
Conforme seu poder aumentava, esses governantes também assumiram o título de faraó e após submeterem todo o sul, resolveram conquistar o norte do Egito.
É um período de anarquia e recessão econômica. As dinastias rivais, então, partiram para o conflito armado, desencadeando uma guerra civil.
Um novo poder
[editar | editar código-fonte]A vitória coube à dinastia tebana, ou à décima primeira dinastia.
- Inyotef I (Sehertawy)
- Inyotef II (Wahankh)
- Inyotef III (Nakhtnebtepnefer)
Depois, essa dinastia fica dividida porque o faraó Mentuhotep II é quem dá inicio ao Médio Império. Mas, ele pertence ainda à décima primeira dinastia.
A décima primeira dinastia tinha uma nova capital, Waset a cidade de Tebas. Em Tebas, o deus patrono era Amon e se tornou o principal deus do Egito.
O culto ao sol, o deus-Ra, prosseguia e Amon passaria a ser associado a Ra e inclusive conhecido como Amon-Ra.
Durante o primeiro período intermediário, os nomarcas e outros nobres e oficiais, adotaram os direitos funerários que antes, eram permitidos somente ao faraó e sua família, ter seu corpo mumificado, templos e túmulos preparados para a outra vida. Ou seja, o faraó perdeu o direito de ser o divino. Todos os que pudessem pagar, poderiam ter os mesmos direitos.
Foi um período difícil para as artes, porque, quando há poucos recursos, o importante é alimentar o povo e mantê-lo saudável, assim fortalecendo o governo.
Décima primeira dinastia
[editar | editar código-fonte]*Inyotef I Sehertawy (Hórus, aquele que agrada as duas terras)
- Mâneton o chama
- Lista de reis Antef
É considerado o fundador da 11ª dinastia. Reinando a partir de Tebas ele conseguiu reunir uma boa parte do país mas, os reis heracleopolitanos ainda estavam no poder e isso resultou numa guerra civil.
Seu pai era um líder local chamado de Mentuhotep I, o velho. Quando assumiu o poder, Inyotef I também usou todos os símbolos faraônicos, incluindo escrever seu nome num cartucho. Acreditamos que ele não teve opositores porque o poder estava tão dividido que ninguém reclamou.
Inyotef I conseguiu reunir algumas cidades sob seu governo, como Coptos e Dendera no norte até el-Kab no sul, mas isso foi o máximo de expansão no seu governo.
Ele é mencionado como o Príncipe - no hall dos ancestrais da 18ª dinastia, Thutmose III se refere a ele como Conde e Príncipe Hereditário; uma estela com o nome do faraó traz escrito O Príncipe Hereditário, Conde do Grande Senhor do Nomo Tebano, e outra estela, em Dendera o chama de O Grande Príncipe do Sul.
É possível que ele tivesse parentesco com a antiga linhagem real e isso fosse parte de sua campanha para assumir o trono.
Inyotef I era um homem de meia idade ao falecer e foi sepultado numa tumba encravada na rocha. O desenho de sua tumba é considerado único, porque possui um grande pátio que entra pela montanha adentro e tem diversas tumbas dentro das paredes laterais. Certamente essas tumbas adicionais seriam para as pessoas da família.
*Inyotef II Wah-ankh (Hórus que prolonga a vida)
- Mâneton o chama
- Lista de reis Antef, Intef
Ele era o irmão mais novo de Inyotef I. Sua esposa foi a rainha Neferukayet.
Inyotef II manteve a capital em Tebas e embora tenha reinado durante quase cinqüenta anos, pouco se sabe sobre ele além de suas campanhas militares.
Em seu reinado a guerra civil continuava a debilitar o Egito e ele liderou seus exércitos contra os reis de Heracleópolis em Assiut. Os heracleopolitanos destruíram Tinis e profanaram os túmulos.
Embora Inyotef II tenha conseguido capturar toda a província, ele preferiu assinar a paz com Heracleópolis em troca de manter a segurança no sul do Egito.
Ao norte ele conquistou terras até depois de Abidos e no sul estendeu as fronteiras até a primeira catarata.
Inyotef II foi sepultado numa tumba cortada na rocha em Tebas, próximo à do seu irmão Inyotef I. Na sua capela mortuária foi encontrada uma estela que mostra o rei com seus cães. Essa estela ficou famosa (parte dela está no Museu Egípcio do Cairo) porque é provavelmente a mais antiga representação de cães com seus nomes.
Ali vemos os cães favoritos do rei com seus nomes não egípcios acompanhados da tradução egípcia. Eles são, Behekay (egípcio Mahedj) que significa gazela; Abaqer que significa galgo; e Pehetez (egípcio Kemu) que significa negro.
Inyotef II está registrado no Papiro Westcar.
*Inyotef III Nakhtnebtepnefer (Hórus o vitorioso, Senhor dos bons começos)
- Mâneton o chama
- Lista de reis Antef, Intef
Sua esposa principal foi a rainha Aoh, mãe de seu herdeiro Mentuhotep II.
Em seu reinado manteve a capital em Tebas e defendeu a cidade de Abidos dos ataques dos heracleopolitanos.
Não há registros de que ele tenha conquistado e nem perdido território durante seu reinado para os reis da 9ª e da 10ª dinastias, que reinaram ao mesmo tempo que ele. Mas, consta que Inyotef III reinou apenas por 8 anos e portanto não teve tempo para deixar sua marca na história.
O mais importante com relação a esse rei é que ele foi o pai de Mentuhotep II, que unificou novamente o Egito.
Ele foi sepultado numa tumba em Tebas próxima à de Inyotef II, perto de Deir el-Bahri. Foi próximo a esse local que seu sucessor construiu seu templo mortuário.
Com esses três faraós termina o primeiro período intermediário, porque o próximo faraó, Mentuhotep II, que ainda pertence à essa dinastia, vai dar início ao período conhecido historicamente como Médio Império.