Civilização Egípcia/Último período/Dinastias do último período/26ª Dinastia
26ª Dinastia
[editar | editar código-fonte]- Nekau I (Necho I)
- Psammetichus I (Psam-tik)
- Nekau (Necho) II
- Psammetichus II
- Apries
- Amasis
- Psammetichus III
- Nekau I (Necho I)
Ele era um príncipe ou governador da cidade de Sais.
Seu pai foi um príncipe assírio de Sais que governou na 24ª dinastia, chamado Bakenranef.
Nekau I foi casado com Istemabet e seu filho foi Psammetichus I.
Não sabemos quase nada a respeito do rei Nekau I, ele é registrado em documentos assírios e numa estela de doação.
Esse rei foi instalado no trono de Sais por Assurbanipal e foi morto pelos exércitos kushitas sob Tantamani pelo fato de ser aliado dos assírios.
A invasão dos núbios no Delta foi rechaçada pelos assírios que prosseguiram avançando sobre as terras do Egito até saquear Tebas.
Seu filho viria a ser o grande rei que deu nome ao período, Saíta e conseguiu dominar o Egito.
- Psammetichus I (Psam-tik)
Seu nome de trono era Wah-ib-re, que significa Constante é o coração de Ra.
Ele é considerado como o primeiro governante da 26ª Dinastia e seu reinado se sobrepõe aos reis da 25ª Dinastia. Parece que no seu nono ano de reinado ele conseguiu controlar o país inteiro.
Esse período é chamado de Saíta porque o centro do poder estava em Sais, no Delta.
Seu nome era Psam-tik I mas ele ficou conhecido pelo nome grego Psammetichus I. O fato é que ele reinou durante uns cinqüenta anos, levando o Egito de volta a estabilidade depois de uma fase caótica de vários governantes.
Psammetichus I e seu pai, Nekau I de Sais, foram envolvidos numa confusão qualquer na época dos governantes Kushitas da 25ª Dinastia. O governante era Taharqa e alguma coisa ele fez que colocou Nekau e Psammetichus em maus lençóis com os assírios, que capturaram os dois e os fizeram prisioneiros. Durante esse tempo foram doutrinados pelos seus captores, inclusive recebendo nomes assírios, Psammetichus era Nabu-shezibanni.
O pai e o filho voltaram ao Egito, preparados para estar do lado dos assírios. O pai, Nekau I retomou o poder no Delta.
Quando Nekau I faleceu, morto pelas forças núbias por ser aliado dos assírios, Psammetichus foi reconhecido pelos Senhores Assírios como Rei do Egito, embora fosse apenas um título sem maiores poderes. Ele governava Mênfis e Sais e a maior parte do país era controlada ainda pelos vizires dos reis da Núbia (que já haviam voltado para o seu país).
Na verdade, Psammetichus soube preparar o caminho para o poder numa fase bem difícil, ele precisava controlar os príncipes rebeldes e os pequenos reis do Delta, mas principalmente era necessário recuperar o poder em Tebas. Para isso, ele se aliou à filha de um nobre tebano, chamado Mentuemhet. Essa moça era a Adoradora de Amon ou Esposa do deus Amon.
Assim, Psammetichus introduziu sua própria filha Nitokris no templo, criando laços religiosos e seculares de modo a fortalecer a união egípcia.
Afinal, Psammetichus I preparou seu exército, inclusive com mercenários estrangeiros (gregos e cários).
Além disso, casou-se com Mehtemweskhet, que era filha de Horsiese, Alto-Sacerdote de Heliópolis. Até então ele era aparentemente leal aos senhores assírios, mas assim que encontrou oportunidade, se libertou do comando externo e se tornou governante absoluto do Egito.
Finalmente o Egito tinha novamente um faraó, um governante do país unificado. Psammetichus I mandou construir fortalezas no Delta, em Naucrátis e Daphnae, assim como em Elefantina e ampliou o Serapeum em Saqqara.
Provavelmente para desencorajar os reis kushitas, Psammetichus voltou com as campanhas militares na Núbia. Também fez alianças com seus antigos senhores assírios para combater a Babilônia e controlou a costa palestina. Combateu os líbios na fronteira de modo que eles fugiram do Delta deixando o território livre.
Nas artes, o faraó recuperou as tendências das dinastias anteriores, tornando difícil hoje para os arqueólogos saber de que época são certas obras.
Acredita-se que tenha sido sepultado em Sais.
- Nekau (Necho) II
Seu nome de trono foi Wah-em-ib-re que significa Sendo o portador dos desejos de Ra para sempre. Seu nome de nascimento era Nekau mas ele ficou conhecido pelo seu nome grego, Necho.
Sucedeu a seu pai Psammetichus I e prosseguiu com as conquistas paternas de modo que a Palestina se tornou outra vez possessão egípcia. Ele governou a Síria (pelo menos uma parte dela) e recebeu tributos de Jerusalém.
Mais tarde, Nekau II perdeu a Síria para os babilônios, que perseguiram os egípcios e os derrotaram.
Este faraó é conhecido pelos monumentos em homenagem ao Boi Ápis em Mênfis e inscrições nas pedreiras das colinas Mokattam .
Nekau II foi um visionário que mandou construir um canal navegável mais de 2500 anos antes do Canal de Suez. Esse canal ligava a margem do Nilo onde estava localizada a fortaleza de Pelusium e o Mar Vermelho. Isso criou uma grande cidade portuária, Per-Temu-Tjeku (a casa de Aton de Tjeku) hoje Tell el-Mashkuta.
Nekau também criou uma Marinha Egípcia, para aproveitar a expansão do comércio com a Grécia. Embora os egípcios não fossem muito chegados ao mar e essa marinha não fosse uma verdadeira força armada, ela trouxe benefícios como a criação de uma nova rota de comércio com a África, e isso foi algo revolucionário na época.
Acredita-se que Nekau II foi sepultado em Sais.
- Psammetichus II
Seu nome de trono era Neferibre que significa Belo é o coração de Ra.
Era filho de Nekau II, possivelmente com a rainha Chedebnitjerbone I. Sabe-se que casou com a rainha Takhout ou Takhut de Atribis, que lhe deu uma filha chamada Ankhnesneferibre. De seus filhos também se conhece a princesa Herynebti Menekhoubaste e Apries que o sucedeu no trono.
É possível que ele tenha governado por um curto período de tempo, talvez seis anos mas no seu reinado, as pedreiras nas colinas Mokattam próximo ao Cairo foram exploradas.
Psammetichus II fundou o templo de Hibis no Oásis El-Kharga e talvez seja hoje a construção mais preservada do período, é o único situado nesse local. O templo foi decorado pelo conquistador persa Dario I e na 30ª dinastia foram feitos acréscimos.
Também, as ruínas mais antigas de Philae são de seu governo. É possível que Psammetichus II tenha feito adições ao templo de Neith em Sais, construído monumentos em Leontópolis e o templo de El-Mahalla el- Kubra. Blocos de seu reinado foram encontrados em Abidos, Karnak (onde ele usurpou o quiosque de Taharqa) e Elefantina.
Seu monumento mais famoso foi um obelisco erigido em Heliopólis que foi levado por Augusto para Roma e hoje está na Piazza di Montecitorio.
Na Núbia foi encontrado um grafiti rabiscado na perna esquerda da colossal estátua de Ramsés II em Abu Simbel, que confirma que lá estiveram aqueles que navegaram junto com o rei Psammetichus quando ele foi a Elefantina.
Foi o primeiro confronto entre Egito e Núbia desde o reinado de Tantamani. Parece que foi uma campanha para desbaratar a rebelião núbia liderada por Anlamani um rei Kushita tentando reviver o reino de Napata.
O exército egípcio talvez tenha chegado até Napata, onde saquearam templos e destruíram as estátuas Kushitas. Parece que não conquistaram terras embora tenham obrigado os núbios a removerem sua capital mais para o sul e tenham acabado de vez com as idéias de conquistas dos núbios.
Psammetichus II deve ter sido sepultado em Sais.
- Apries
Seu nome de nascimento era Wah-ib-re que significa Constante é o coração de Ra. Seu nome de trono, Haa-ib-re, Jubiloso é o coração de Ra para sempre.
Apries é seu nome grego pelo qual é mais conhecido. Seu pai era Psammetichus II e Heródoto conta que a esposa de Apries era Nitetis. Algumas fontes dizem que esse faraó é o Hophra da Bíblia.
Ele deixou obras como templos em Atribis (Tell Atrib) no Oásis Baharya, em Mênfis e Sais.
Apries prosseguiu com a política intervencionista de seu pai na Palestina, mas sofreu muitos reveses tanto em casa quanto fora. Ele sofreu uma invasão no Egito mas também liderou campanhas bem sucedidas contra Chipre e Fenícia.
Em seu reinado as tropas egípcias em Elefantina (hoje Assuã), se amotinaram mas foram contidas.
Apries ajudou os governantes do Levante contra o Império babilônico que estava cada vez mais forte. Foi durante o reinado de Apries que ocorreu o Cativeiro da Babilonia, com a deportação dos judeus após a captura de Jerusalém. Muitos judeus fugiram para o Egito, principalmente para Elefantina onde se fixaram.
Em 570 esse rei ajudou o governante de Cyrene contra os gregos, mandou seu general Amasis debelar uma revolta no exército egípcio e ele, liderando as tropas, se declarou rei. Apries foi para o exílio, mas voltou com o exército babilônio só que foi derrotado.
O rei Apries foi morto mas seu ex-general Amasis o sepultou com as honras de rei, em Sais. Portanto, Amasis se tornou o novo rei.
Apenas uma estátua de Apries sobreviveu, embora outras, que trazem o nome de Amasis podem ter sido usurpadas e terem pertencido a Apries.
- Amasis
Seu nome de nascimento era Ahmose II que significa A lua nasceu, Filho de Neith. Seu nome de trono era Khnem-ib-re, Ele que abraça o coração de Ra. Amasis, nome pelo qual ficou conhecido, é grego.
Amasis deveria ser filho da Senhora Takheredeneset, e casou com duas esposas, Tentheta e Nakhtsebastetru. Talvez Khedebneithireretbeneret também fosse sua esposa, era ela filha de Apries.
Dessas duas esposas ele teve um grande número de filhos, incluindo seu sucessor Psammetichus III. Outro filho conhecido foi o general Ahmose, que foi sepultado junto com sua mãe Nakhtsebastetru, na tumba LG 83 em Gizé.
Através de Heródoto ficamos sabendo que ele foi um governante popular, querido pelo povo, Amasis gostava muito de beber, algumas vezes deixando os deveres em troca da bebida.
Lendo a respeito de Apries, acima, ficamos sabendo que Amasis era general do exército egípcio e foi enviado pelo faraó para debelar a revolta dos soldados egípcios. Mas ele foi escolhido pelos próprios soldados para ser o governante, o faraó. Assim, marchou na frente do exército e destronou Apries.
Existem algumas versões do episódio, alguns dizem que Apries fugiu do país, outros que ele continuou a governar o sudeste do Egito a partir de Mênfis, outras dizem que ele foi morto.
Agora, Amasis era realmente o faraó, controlava todo o Egito. Mas, há uma outra história que conta, que em 567 Apries voltou ao Egito liderando um exército da Babilônia. Amasis novamente o derrotou e o capturou. Conta Heródoto que o faraó entregou Apries ao povo, que o estrangulou.
Seja como for, Amasis devia guardar respeito por aquele que um dia foi seu faraó e talvez ele fosse também seu sogro, e deu a Apries um funeral com todas as honras reais na necrópole de Sais.
Como faraó, Amasis mandou erguer dois colossos de granito e um templo para Isis em Philae, fez obras em Mênfis, Elefantina, Edfu, Abidos, Karnak, além de muitas outras incluindo locais do Delta e sua tumba em Sais.
Ainda que essa tumba nunca tenha sido descoberta, Heródoto conta que era uma grande construção isolada, feita de pedras, decorada com pilares esculpidos imitando folhas de palmeiras e outros enfeites caros. Havia uma câmara com portas duplas e atrás das portas ficava o sepulcro.
O reinado de Amasis foi muito próspero para o Egito, sabemos que a agricultura alcançou um nível espetacular de desenvolvimento e as cidades, de acordo ainda com Heródoto chegavam a ter mais de vinte mil habitantes.
Amasis consolidou a política de Psammetichus I ao encorajar os gregos mercadores a viverem no Egito, na cidade de Naucratis. Isso facilitava o controle sobre eles e criava taxas bem lucrativas para o tesouro.
Quando da morte de Amasis, depois de reinar por volta de quarenta e quatro anos, os persas já tinham conquistado a Babilônia e estavam nas fronteiras do Egito.
- Psammetichus III
Seu nome era Psamtek que significa Marido de Metek e o nome de trono Ankhaenre, Ra dá vida a sua alma.
Ele foi o último rei da 26ª Dinastia, reinou apenas durante alguns meses antes de ser derrotado pelos persas e provavelmente morto pelo fundador da 27ª Dinastia, Cambises.
Conta a história que Psammetichus III foi inicialmente traido por seus aliados e forçado a se retirar para Mênfis. A cidade ficou sob o cerco dos persas durante alguns meses e finalmente se rendeu. Mas, Psammetichus III continuou a insuflar rebeliões contra os conquistadores, de modo que, Cambises mandou matá-lo.