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Bélgica/História

Origem: Wikilivros, livros abertos por um mundo aberto.
Mapa da Europa mostrando o território de origem dos celtas (em verde-escuro) e sua expansão no primeiro milênio antes de Cristo (em verde-claro)
Caldeirão celta
Estátua de Ambiorix, gaulês belga que chefiou uma revolta contra os romanos em 54 a.C.. A estátua fica na cidade de Tongeren, na província de Limburgo.
Tapete belga do século XV intitulado Júlio César e Serviçais
Extensão máxima do Império Franco, em verde, sob Carlos Magno (768-814)
Estátua de Carlos Magno em Liège
Mapa do condado de Flandres (em laranja) por volta de 1400. Também podem ser observados outros domínios feudais que se tornariam parte da futura Bélgica: o ducado de Brabante e os condados de Namur e Hainaut (Hennegau, em alemão)

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Durante o primeiro milênio antes de Cristo, o atual território belga foi invadido pela tribo celta dos belgas. Em 56 a.C., o general romano Júlio César venceu os belgas e anexou o território à república romana[1]. Na narrativa clássica de Júlio César sobre a conquista romana da Gália, COMENTARII DE BELLO GALLICO (Comentários sobre a Guerra Gaulesa), os belgas são descritos como os mais fortes gauleses (os celtas eram chamados pelos antigos romanos de gauleses).

Com o colapso do Império Romano em 476, o território belga passou a ser controlado pela tribo germânica dos francos. O Império Franco expandiu-se e chegou a abranger grande parte da Europa ocidental. Porém, com o tempo, fragmentou-se e permitiu a ascensão política dos senhores feudais locais. No norte do atual território belga, surgiu, no século X, o Condado de Flandres. Flandres desenvolveu-se baseado na manufatura de tecidos e no comércio. Tornou-se a principal região comercial europeia, junto com a região francesa de Champagne.

No século XV, o condado de Flandres foi anexado, por via matrimonial, ao ducado de Borgonha. No século seguinte, passou para domínio dos Habsburgos espanhóis. Em 1619, foi construída, por Jerôme Duquesnoy o velho, em Bruxelas, uma estátua representando um garoto urinando. A estátua, batizada pela população como Manneken Pis (traduzido do neerlandês, significa Urinar de Garoto), tornou-se um dos principais símbolos nacionais.

No século XVIII, o controle da Bélgica passou para os Habsburgos austríacos. Foi invadida e anexada pela França revolucionária de Napoleão Bonaparte em 1795. Porém, com a derrota de Napoleão na batalha de Waterloo, na Valônia e o posterior Congresso de Viena, em 1815, Flandres passou a fazer parte do reino dos Países Baixos.

Em 1817, a estátua manneken pis foi despedaçada por um ladrão. Foi então substituída por uma réplica.

A Bélgica conquistou sua independência em 1830, quando separou-se do reino dos Países Baixos e constituiu uma monarquia constitucional sob o reinado de Leopoldo I. A revolta popular contra o domínio dos Países Baixos começou quando o governo quis impor o neerlandês como a única língua do país, o que gerou a revolta das províncias francófonas do sul. As províncias de maioria católica e falantes de neerlandês aderiram também à rebelião, pois se identificavam com as províncias francófonas, que também eram de maioria católica. Como herói nacional e símbolo da identidade belga, foi escolhido o chefe gaulês Ambiorix.

Ao longo do século XIX, a Bélgica tornou-se o segundo país do mundo a passar pela revolução industrial, logo após a Inglaterra. A região da Bélgica que mais se desenvolveu industrialmente foi a Valônia, que contava com expressivas reservas minerais de carvão que puderam ser usadas como fonte de energia para as indústrias nascentes. Visando a adquirir matérias-primas de baixo custo para suas indústrias, a Bélgica, assim como outras nações europeias, começou a enviar expedições exploradoras à África. Tal movimento, a princípio revestido de caráter humanitário e civilizador em relação à população africana, motivou a criação, pelo rei Leopoldo II da Bélgica, em 1876, durante a Conferência Geográfica de Bruxelas, da Associação Internacional Africana, órgão internacional de ajuda humanitária à África central. A Associação Internacional Africana mudou seu nome para Comitê de Estudos Alto Congo, posteriormente para Associação Internacional do Congo e, em 1884-1885, durante a Conferência de Berlim, para Estado Livre do Congo.

O Estado Livre do Congo converteu-se em uma fonte de borracha e marfim, que eram explorados financeiramente pelo rei belga às custas do trabalho do povo congolês. Diante das denúncias internacionais de violação dos direitos humanos, o parlamento belga assumiu, em 1908, o controle do Estado Livre do Congo, mudando seu nome para Congo Belga.

Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1914-1918, a Bélgica foi invadida pela Alemanha. Com o final da guerra e a derrota alemã, a Bélgica passou a deter a tutela das colônias alemãs de Ruanda e Burundi na África, segundo mandato da liga das Nações[2]. Em 1920, os jogos Olímpicos voltaram a ser realizados após a paralisação causada pela Primeira Guerra Mundial. A sede que havia sido escolhida para 1916, Berlim, foi trocada pela cidade belga de Antuérpia, como uma punição aos alemães, vistos como causadores da guerra e como compensação ao povo belga pelos sofrimentos durante a mesma. Foi a primeira olimpíada em que foi hasteada a bandeira olímpica dos cinco anéis representando os cinco continentes.

No início da década de 1930, atendendo a reivindicação dos flamengos, foi reconhecida oficialmente a existência de duas línguas oficiais no país: o neerlandês, no norte e o francês, no sul. Em 1940, a Bélgica foi novamente invadida pela Alemanha, desta vez por ocasião da Segunda Guerra Mundial. Com a derrota alemã, a Bélgica recuperou a independência e Ruanda e Burundi passaram para a tutela da Organização das Nações Unidas recém-formada.

Após a Segunda Guerra Mundial, surgiram dois novos líderes mundiais: os Estados Unidos e a União Soviética. Visando a se fortalecer economicamente diante desses dois países de dimensões continentais, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo decidiram criar uma união alfandegária, o Benelux, em 1948[3]. O sucesso do Benelux motivou a criação, em 1957, da Comunidade Econômica Europeia, que acrescentava Alemanha Ocidental, França e Itália ao Benelux. O período a partir da Segunda Guerra Mundial marcou também o declínio econômico da Valônia devido ao esgotamento de suas minas de ferro e carvão e a ascensão econômica de Flandres que, com suas indústrias de alta tecnologia, passou a liderar economicamente o país[4].

Em 1958, Bruxelas realizou a Feira Mundial de Bruxelas. Como símbolo da feira, foi construída uma gigantesca estrutura metálica chamada Atomium representando um cristal elementar de ferro. O Atomium tornou-se, desde então, um símbolo nacional[5].

Em 1960, o Congo Belga conquistou sua independência em relação à Bélgica. Na década de 1970, reformas constitucionais reconheceram três comunidades linguísticas oficiais no país: a neerlandesa, ao norte, a francesa, ao sul e a alemã, no leste. Na década de 1980, a capital belga Bruxelas passou a ser uma unidade administrativa própria. Com isso, passou a haver três unidades administrativas na Bélgica: Flandres, Bruxelas (a capital do país) e Valônia.

Em 1992, formou-se a União Europeia, que objetivava integrar a Europa não apenas a nível econômico, como desejava a Comunidade Econômica Europeia, mas também a níveis jurídico e de política externa. A União Europeia passou a ter três capitais: Bruxelas, Estrasburgo e Luxemburgo.

Em 2002, a Bélgica adotou a moeda única da União Europeia, o euro, ocasionando o fim do franco belga.

No início do século XXI, cresceu o movimento em prol da independência da região de Flandres[6], que é formada pelas províncias de Antuérpia, Brabante Flamengo, Flandres Ocidental, Flandres Oriental e Limburgo. Já a região da Valônia é formada pelas províncias Brabante Valão, Hainaut, Liège, Luxemburgo (não confundir com o grão-ducado de Luxemburgo, que é um país independente) e Namur. A capital, Bruxelas, possui maioria francófona na região central e maioria de língua neerlandesa nos bairros periféricos. Isto tem sido causa de atrito político, pois os flamengos (termo que designa os naturais de Flandres) reivindicam que os bairros periféricos da capital sejam anexados à região de Flandres[7].

Em 21 de julho de 2013, o rei Alberto II abdicou em favor de seu filho Philippe por motivos de saúde.[8]

Referências