Português/Classificação das palavras/Pronomes/Pessoais

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Os pronomes pessoais possuem as funções de substituir o nome de um ser e, ao mesmo tempo, situá-lo em relação a pessoa gramatical do discurso; ou seja, indicar quem fala (1.ª pessoa), com quem se fala (2.ª pessoa) ou de quem se fala (3.ª pessoa), tanto no singular quanto no plural.

Subdividem-se os pronomes pessoais em três tipos: pronome reto e pronome oblíquo (que dependem da função sintática que exercem); e pronome de tratamento:

  • Pronome reto: exerce função de sujeito.
Eles caminharam no deserto por anosEles atua como sujeito da oração (os pronomes retos, quando aplicados, serão sempre o sujeito de algum verbo que o acompanha e estarão, muitas vezes, oculto na frase).
  • Pronome oblíquo: exerce a função de complemento ou de objeto (direto ou indireto).
Entregue-me o que é seu → o pronome oblíquo me é o objeto indireto do verbo entregar (regido por preposição, pois entrega a alguém)
Venha comigo para o sul → o pronome oblíquo comigo atua como complemento do verbo vir, regido pela preposição com
Enterre-o no jardim → no terceiro exemplo, o pronome átono "o" é objeto direto (sem a presença de preposição, pois enterra algo ou alguma coisa);
  • Pronome de tratamento: são certas palavras e locuções (com formas próprias) aplicadas em casos especiais e considerando a importância do ser a que se quer dirigir a comunicação. São usados tanto como sujeito como objetos verbais.
Vossa Excelência é um exemplo de honestidade.

Os pronomes retos e oblíquos podem assumir as seguintes formas, conforme tabela abaixo:

Pronomes pessoais
Número Pessoa Retos Oblíquos
Átono Tônico
Singular 1.ª eu me mim, comigo
2.ª tu te ti, contigo
3.ª ele, ela o, a, lhe ele, ela, se, si, consigo
Plural 1.ª nós nos nós, conosco
2.ª vós vos vós, convosco
3.ª eles, elas os, as, lhes eles, elas, se, si, consigo

Pronomes retos[editar | editar código-fonte]

Os pronomes retos são, por excelência, pronomes substantivos, portanto, servem de substitutos dos substantivos e para representar a pessoa da oração:

Eu sou um ótimo estudante → o pronome eu substitui o nome do ser (ou seja, o substantivo) que é um ótimo estudante, por exemplo: Marcos é um ótimo estudante;
Nós partiremos nesta noite → os seres que partirão esta noite estão, resumidamente, representados pelo pronome nós;

Formas[editar | editar código-fonte]

Os pronomes pessoais retos podem mudar de forma (flexionar), dependendo do número (singular ou plural) e da pessoa gramatical (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa) do discurso, conforme abaixo:

Pronomes retos
Singular Plural
1.ª pessoa Eu Nós
2.ª pessoa Tu Vós
3.ª pessoa Ele, Ela, Você Eles, Elas, Vocês
Observação: É possível contrair as formas ele(s), ela(s) com as preposições de e em, formando as formas: dele(s), dela(s), nele(s) e nela(s). Essas formas costumam ser aplicadas quando exercem a função de predicativo do sujeito, normalmente indicando pertencimento ou localização, como por exemplo: O brinquedo é dele. Entretanto, quando o pronome exerce a função de sujeito de um verbo, a preposição não se une ao pronome: A culpa de ela quebrar o vaso é minha.

Uso[editar | editar código-fonte]

Não se deve usar os pronomes retos de maneira indiscriminada; pois, no português, a desinência verbal, normalmente, é suficiente para indicar o número e a pessoa gramatical do sujeito da ação verbal.

Como o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito a que se refere (nesse caso, sob a forma de um pronome reto) é possível, por meio da concordância verbal, deduzir a forma do pronome, mesmo que ele não esteja visível na frase (formando um sujeito oculto ou elíptico). Exemplos:

Sou um ótimo estudante → a forma que o verbo ser se apresenta é suficiente para deduzir que o sujeito da frase é o pronome reto eu, que está oculto;
Partiremos nesta noite → a desinência verbal emos do verbo partir indica que o sujeito da frase é o pronome reto Nós;

Os principais usos do pronome reto são as seguintes:

  • Quando se deseja dar ênfase ao sujeito, mas sem revelar o seu nome (ou sem determiná-lo); geralmente repetindo-o ou, simplesmente, não o ocultando:
Eu, mesmo doente, sobrevivi, mas ela não resistiu;
Ele entrou silencioso. Ele não sabia onde estava.
  • Quando se deseja opor duas pessoas, ou quando há contraste entre elas:
Eu vou naquela direção, tu vais para esta;
No fim, eu choro e ela ri;
Ambos estávamos doentes. Eu, sobrevivi. Ela não resistiu.
  • Quando se deseja representar um substantivo já anteriormente mencionado:
O Presidente é uma pessoa simpática. Ele não se cansa de abraçar o seu povo
Observação 1: Como o pronome ele e ela pode representar qualquer substantivo já mencionado, deve-se evitar ambiguidades quando o pronome se referir a dois sujeitos diferentes, por exemplo:
Cláudia pediu para Maria que ela saísse primeiro → é ambígua a frase, pois não se sabe quem deve sair primeiro, Cláudia ou Maria.

Observação 2: Quando se quer dar ênfase ao pronome-sujeito, costuma-se usar as palavras mesmo e próprio anterior ou posteriormente ao pronome. Esse mecanismo serve apenas para realçar o sujeito, imprimindo-lhe uma importância diferenciada:

  1. Ela própria assumiu o controle;
  2. Mesmo eu não pude detê-lo

Função sintática[editar | editar código-fonte]

Os pronomes retos, por serem os substitutos dos substantivos, podem exercer algumas funções sintáticas próprias de substantivos, conforme abaixo:

  • Exerce função de sujeito:
Ela é uma garota insensata;
Lutarei até o fim (com o sujeito Eu elíptico).
Ainda é ele em cada palavra;
Ele será tu em poucos dias.
  • Exerce função de vocativo (apenas nos pronomes tu e vós):
Ó vós, Senhor do Mundo, que és o possuidor do poder divino;
Ó tu, sim, és o filho perdido.
Observação: Pelo fato de os pronomes retos exercerem a função de sujeito, em frases onde há a presença do verbo, deve-se utilizar os pronomes retos. Onde não há a presença do verbo, utiliza-se os pronomes oblíquos. Por exemplo:
  1. Esse dinheiro é para eu gastar → o pronome eu (pronome reto) é o sujeito do verbo gastar, portanto, é errada a construção: "Esse dinheiro é para mim gastar", pois o mim (pronome oblíquo) jamais será sujeito, e sim complemento (lembre-se de que é a função sintática que separa os pronomes retos dos oblíquos);
  2. Esse dinheiro é para mim → nesse caso, o mim exerce a função que é própria dos pronomes oblíquos (de complemento do verbo), portanto, essa construção está correta.

Como regra, deve-se observar se há a presença de verbo acompanhando o pronome (o que exigiria que esse pronome fosse o sujeito desse verbo). Se o pronome em questão precisa ser o sujeito, então este será um pronome reto, se não houver verbo, o pronome assumirá a forma oblíqua.

Na língua falada, é muito comum o uso dos pronomes retos ele e ela na função de objeto, como por exemplo, quando se diz: Vi ele passar, Deixei ela pra trás, enquanto o correto seria o uso das formas oblíquas o, a, os, as (Vi-o passar; Deixei-a para trás)

Valores especiais[editar | editar código-fonte]

Os pronomes retos (em especial na linguagem formal), podem ser empregados para imprimir um determinado valor emotivo, dependendo da ocasião e para quem é direcionada a mensagem, segue algumas dessas aplicações:

  • Plural de modéstia → ocorre quando há o emprego da forma da 1.ª pessoa do plural (nós) ao invés da 1.ª pessoa do singular (eu), com o objetivo de fazer parecer que o mensageiro expressa uma opinião compartilhada por todos os ouvintes, ou representa a opinião coletiva, ao invés de suas próprias opiniões individuais.
Nós apoiamos as decisões do sindicato
  • Plural de majestade → termo pouco utilizado no Brasil, ocorre quando se aplica do pronome no plural "nós", mesmo referindo-se a um sujeito na 1.ª pessoa do singular, como sinal da grandeza do cargo que ocupa.
Nós, Henrique II, em nome do Reino da Inglaterra, declaro guerra à França.
  • Fórmula de cortesia → é a forma utilizada em requerimentos, onde referimos-nos a nós mesmos em 3.ª pessoa, como sinal de respeito e humildade para quem encaminhamos a requisição.
João da Silva, funcionário público, residente em Brasília, requer a V. S.ª liberação para ausentar-se do serviço...
  • Modéstia do pronome eu → pode-se expressar modéstia na posição do pronome sujeito eu quando na presença de sujeito composto. O uso indiscriminado desse pronome, causa a sensação de valorização da própria personalidade, ou da própria posição em relação aos demais; por isso, a aplicação desse recursos requer atenção em dois detalhes:
  1. Pedro, Marcos e eu saímos vitoriosos → quando indica algo agradável, vitória, conquista, ou coisas positivas, deve-se colocar o pronome ao final do sujeito composto, indicando modéstia de participação no evento positivo.
  2. Eu, Pedro e Marcos cometemos muitos erros → quando indica algo desagradável, derrota, perda, ou coisas negativas, deve-se fazer o oposto da situação anterior e se posiciona na frente em sinal de humildade e cortesia, não se esquivando da responsabilidade do evento negativo (até desejando assumir mais responsabilidade que os demais).

Pronomes oblíquos[editar | editar código-fonte]

Ver também: Colocação Pronominal e Colocação Pronominal nas Locuções Verbais

Os pronomes oblíquos, no exercício de suas funções sintáticas (que é de ser objeto direto, indireto ou complemento), podem fazê-lo indicando reflexibilidade ou não reflexibilidade da ação verbal sobre o sujeito. Quanto às formas que os oblíquos podem assumir, essas formas dependem da tonicidade que possuem, apresentando-se sob duas formas: átonas e tônicas

Tonicidade[editar | editar código-fonte]

  • Pronomes átonos: são os que possuem tonicidade fraca, por isso apoiam-se na tonicidade de um verbo, unindo-se a ele por intermédio de um hífen. Por exemplo:
Leve-a para casa → a força tônica de leve-a está na sílaba le (le-ve-a), as demais sílabas são átonas, inclusive a última (que representa o pronome a);
Vesti-a para um filme → a sílaba tônica de vesti-a está em ti, sendo átona as demais sílabas (ves-ti-a).
  • Pronomes tônicos. por apresentar tonicidade forte, não se unem ao verbo por meio do hífen. Os pronomes oblíquos tônicos estão sempre acompanhados por uma preposição. Por exemplo:
Gosto de ti mais que de mim → os pronomes ti e mim possuem suas forças tônicas separadas da tonicidade do verbo que acompanham (gos-to-de-ti), porém precisam da presença da preposição de para terem sentido;
Venha comigo → perceba que em comigo, contigo, conosco e convosco, a preposição com é parte integrante do pronome migo e ainda possui força tônica própria (ve-nha-co-mi-go)

Reflexibilidade[editar | editar código-fonte]

Quando na função de objeto ou complemento, classifica-se os pronomes oblíquos em dois tipos distintos: reflexivos e não reflexivos. Todos os pronomes oblíquos assumem uma dessas duas posições; porém, o uso do pronome para indicar reflexibilidade é menos ocorrente do que para indicar a não reflexibilidade, por isso nomeia-se apenas estes de pronomes reflexivos devido a função que exercem e não a forma que possuem (apesar de que os reflexivos na 3.ª pessoa possuem formas próprias (se, si e consigo) e formas átonas nas demais pessoas).

  • Pronomes reflexivos: são os pronomes que, ao mesmo tempo, são o objeto e a representação do sujeito que praticou a ação expressa pelo verbo, ou seja, ocorre quando o pronome representa a pessoa da ação verbal que, reflexivamente, praticou a ação sobre si mesmo (ocupando, simultaneamente, o polo ativo e passivo da ação verbal).
O criminoso entregou-se a tempo → note que a ação verbal entregar (verbo transitivo direto) partiu do substantivo-sujeito criminoso e recaiu sobre o pronome-objeto se.
Defenda-se se for capaz → o verbo ordena que o sujeito tu (oculto na frase) defenda a pessoa que o pronome se representa, ou seja, o próprio sujeito.
  • Pronomes não reflexivos: são os pronomes que fazem o papel do objeto que recebeu (do sujeito) a ação expressa pelo verbo, ou seja, ocorre quando o pronome representa uma pessoa diferente da pessoa que, ativa ou passivamente, praticou a ação verbal.
Joguei-a na cama → o sujeito oculto eu jogou alguém, representado pelo pronome a, na cama, ou seja, são pessoas completamente diferentes: uma pessoa joga, a outra é jogada; uma pratica a ação verbal no polo ativo, a outra recebe ação verbal no polo passivo.

Formas dos oblíquos[editar | editar código-fonte]

Os pronomes oblíquos não reflexivos mudam de forma em função da pessoa, do número e do gênero gramatical, bem como em função da acentuação que possuem (átona ou tônica). Os pronomes oblíquos reflexivos são os mesmos que os não reflexivos nas formas átonas da 1.ª e da 2.ª pessoa gramatical, e apresentam três formas próprias quando indicam alguém na 3.ª pessoa gramatical.

Pronomes oblíquos
Não reflexivos Reflexivos
Átono Tônico
Singular Plural Singular Plural Singular Plural
1.ª pessoa me nos mim, comigo nós, conosco me nos
2.ª pessoa te vos ti, contigo vós, convosco te vos
3.ª pessoa o, a, lhe os, as, lhes ele, ela eles, elas se, si, consigo

A identificação da função de um pronome oblíquo requer a percepção de algumas variáveis, tanto nas formas átonas quanto nas formas tônicas, sendo que cada forma possui suas peculiaridades.

Formas átonas[editar | editar código-fonte]

Os pronomes átonos normalmente estão ligados a um verbo por meio do hífen, o que limita as funções que esses tipos de pronomes podem exercer, portanto, eles geralmente são o objeto desse verbo. Há oblíquos átonos que exercem função sintática exclusiva (como os pronomes átonos da 3.ª pessoa o, a, os, as, lhe e lhes), mas há oblíquos quem podem exercer tanto a função de objeto direto como a de objeto indireto, tudo vai depender da transitividade do verbo em cada caso (como os pronomes me, te, nos, vos).

  • Pronomes o, a, os, as: esses pronomes somente podem ter a função de objeto direto.
Convidei-a para sair → objeto direto do verbo convidar na colocação enclítica;
Não a convidei para sair → objeto direto do verbo convidar na colocação proclítica.
  • Pronomes lhe, lhes: esses pronomes somente podem ter a função de objeto indireto, porém a preposição é anulada.
Obedeça-lhes ou ficará de castigo → objeto indireto do verbo obedecer na colocação enclítica;
Não lhes obedecerei mais → objeto indireto do verbo obedecer na colocação proclítica.
  • Pronomes me, te, se, nos e vos: esses pronomes podem ter a função de objeto direto ou de objeto indireto e, ao contrário dos pronomes anteriores, não é possível identificar se o verbo transita direta ou indiretamente apenas olhando a forma do pronome, para isso é fundamental o conhecimento da regência do verbo.
Ouviu-me cantar → objeto direto, pois quem ouve, ouve alguém;
Chamou-me com urgência → objeto indireto pois quem chama, chama a alguém;
Observação: Entretanto, há alguns casos em que os oblíquos átonos podem exercer a função de sujeito, contrariando uma das características fundamentais dos oblíquos (que é servirem de objeto ou de complemento). Esses casos são uma exceção à regra geral (pois é erro tomar o oblíquo por sujeito), mas é possível (e lícito) apenas se os oblíquos átonos forem o sujeito de um verbo (que consequentemente estará no infinitivo) que complementa o sentido de outro verbo (o qual o mesmo átono serve de objeto). Isso ocorre com os verbos causativos (deixar, mandar e fazer) e sensitivos (ver, ouvir e sentir).
Deixaram-no ficar mais um pouco

Causativos são os verbos que expressam ação que leva a uma consequência.

Sensitivos são os verbos que indicam a presença de um dos sentidos.

Flexão dos átonos da 3.ª pessoa[editar | editar código-fonte]

As formas átonas o, a, os, as sofrem variações próprias em função da posição que ocupam e da terminação das formas verbais a que se ligam. Essas mudanças, no entanto, não mudam as características próprias desses oblíquos átonos, que é indicar a 3º pessoa gramatical e ser objeto direto do verbo ao qual estão unidos. Se diz que o pronome é clítico por ser átono e unir-se ao verbo. A posição do pronome em relação ao verbo não é fixa, podendo este aparecer antes do verbo (enclítico), muitas vezes antes depois do verbo (proclítico), e, até mesmo, no meio do verbo (mesoclítico). Portanto, não é de regra a união do pronome ao verbo pelo hífen para percebê-lo como um pronome átono, principalmente no que se refere às suas funções sintáticas, que serão as mesmas independentemente da posição que ocuparem. Ver o estudo completo desse tema no tópico específico sobre Colocação pronominal.

  • Pronomes antepostos ao verbo (posição proclítica): nessa posição, usa-se as formas normais o, a, os, as.
Não os entendo, o que querem?
  • Pronomes pospostos ao verbo (posição enclítica): deve-se observar a terminação dos verbos aos quais os pronomes se relacionam:
1. Permanecem na forma normal o, a, os, as se o verbo terminar em vogal ou ditongo oral:
Vejo ele na televisão ou Vejo-o na televisão → o verbo ver nessa conjugação termina em vogal, portanto, o oblíquo átono assume a forma normal (o).
Entregarei ele para a polícia ou Entregarei-o para polícia → deve sempre observar a terminação verbal considerando o tempo e o modo do verbo apresentado, pois é possível que em algumas conjugações a terminação verbal não seja uma vogal ou um ditongo oral.
2. Mudam a forma para lo, la, los, las se o verbo termina nas consoantes r, s, z, sumindo a terminação no processo;
Preciso ver ele ou Preciso vê-lo → o verbo, na forma infinitiva (portanto, com terminação em r), modifica a forma normal do pronome de o para lo.
Entregaremos ele para a polícia ou Entregaremo-lo para a polícia → a terminação do verbo em s some e a forma átona muda para lo.
3. Mudam a forma para no, na, nos, nas se o verbo terminar em ditongo nasal (verbos terminados em m, n, ão).
Coroaram ele rei ou Coroaram-no rei
  • Pronomes no meio do verbo (posição mesoclítica): deve-se assumir as formas lo, la, los, las quando relacionados a um verbo na terceira pessoa do futuro do presente ou futuro do pretérito do indicativo, pois, nessa posição, os pronomes estão pospostos a um verbo que quando retirada a desinência, em r (obedecendo a regra da terminação r, s, z).
Entregarei ele ou Entregá-lo-ei

Formas tônicas[editar | editar código-fonte]

Os pronomes tônicos sempre estão acompanhados por preposição, o que, na maioria dos casos, lhes dão a função de objeto indireto ou complemento. Para os pronomes tônicos é preciso que se analise sintaticamente as demais funções da oração pois eles podem ocupar tanto a posição de termo integrante como de termo acessório.

Sou o pior inimigo de mim.
  • Objeto indireto:
Olhe para mim com carinho.
  • Objeto direto (preposicionado pela preposição a):
Amou a si em primeiro lugar.
A separação será sentida por mim.
Ele viajou conosco. (adjunto adverbial de companhia com a presença da preposição com integrada ao pronome nosco)

Aplicação das preposições[editar | editar código-fonte]

Ver também: Preposições

As formas oblíquas tônicas sempre são regidas por preposição, ou seja, elas sempre estarão lá antepostas aos pronomes. Contudo, há casos em que algumas preposições, pelo sentido que exprimem, possuem uma relação especial com o pronome do qual são antecessoras. Essa relação pode ser tanto para modificar a forma do pronome, como para dar a ele valor enfático. As formas pronominais mim, ti, ele, ela, nós, vós, eles, elas, podem ser antecedidas de diversas preposições (como as preposições para, de, a, por, em, entre); mas, em casos especiais, a aplicação tanto do pronome quanto da preposição requer algumas observações:

  • Preposição a: pode-se aplicar essa preposição caso se deseje enfatizar o objeto que está na forma átona e já mencionado anteriormente. Para isso, utiliza-se um pronome na forma tônica (antecedido da preposição a) a fim de retornar enfaticamente o mesmo objeto.
Dava-lhe a ela uma outra oportunidade → a forma pronominal tônica a ela enfatiza o objeto indireto do verbo dar, (que é o pronome átono lhe).
Presenteei-me a mim mesmo com essas flores → a forma pronominal tônica é retornada por outra forma verbal átona, já expressa anteriormente.
  • Preposição com:
1. Normalmente essa preposição já está integrada às formas pronominais migo, nosco, vosco, porém, quando em relação com os pronomes ele(s) e ela(s), mantem-se distintos as formas de cada um.
Esteja com ele quando nos encontrarmos;
Com ela ninguém pode.
2. Em casos de exceção, a integração da preposição com nos pronomes comigo, conosco, convosco é desfeita se, após esses pronomes, vierem as palavras reforçativas outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou qualquer numeral.
Eles não poderão conosco (sem reforçativos) → Eles não poderão com nós três (acompanhado de numeral);
Resolveremos conosco esses problemas Resolveremos com nós mesmos esses problemas
  • Preposições acidentais afora, fora, exceto, menos, salvo (ou salvante, uso raro), segundo, conforme, tirante (e não tirando, uso informal), durante, consoante, mediante, visto, senão: após essas preposições, utiliza-se as formas eu, tu, ele(s), ela(s) que, nesse caso, são tratados como oblíquos e não como pronomes retos.
Puniram todos, exceto eu, que fui polpado;
Fora tu, ninguém mais pode.
  • Preposição entre: deve-se utilizar, obrigatoriamente, as formas tônicas após essa preposição.
Entre mim e você, não há mais nada. → portanto, desaconselha-se usar a forma entre eu e você...
Essas brincadeiras são entre eles.eles também é uma forma oblíqua da 3.ª pessoa.
  • Preposição até:
1. Usa-se as formas oblíquas mim, ti e si quando a preposição denotar que o pronome é o limite, a chegada ou o destino.
Venha até mim, pois eu sou a luz.
2. Usa-se as formas retas eu, ele, tu quando a preposição denotar que o pronome está incluso naquilo de que se fala, equivalente às palavras mesmo, também, inclusive, já que, nestes casos, o pronome exerce função de sujeito.
Até eu já beijei aquela garotainclusive eu já beijei aquela garota;
Como pode? Até tu me abandonastemesmo tu me abandonaste?.

Pronomes reflexivos e recíprocos[editar | editar código-fonte]

Ver também: Conjugação Reflexiva

Os pronomes reflexivos são os que, no papel de objeto direto e ou indireto, representam a mesma pessoa que o sujeito da oração. O entendimento dos pronomes reflexivos está intimamente ligado ao entendimento dos verbos reflexivos. Quando se deseja expressar a reflexibilidade da ação verbal, indicando que o sujeito praticou a ação sobre si mesmo, o verbo fica na voz reflexiva.

Não é exclusivo o uso do pronome para indicar reflexibilidade, há casos em que o pronome indica também reciprocidade, que, apesar de menos ocorrentes, possui sentido diverso. Portanto, subdividi-se os pronome reflexivos quando na função reflexiva e na função recíproca, que diferenciam-se justamente por causa da ambiguidade que podem causar:

  • Pronomes reflexivos: por expressarem reflexibilidade (no singular ou no plural), pode-se normalmente complementar o sentido dessa oração com as expressões: a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo. São eles: me, mim, tu, ti, nos, vos, se, si, consigo.

Na conjugação pronominal reflexiva, a ação reflete sobre o próprio sujeito.

Enganei-me → significa o mesmo que enganou a mim mesmo.
Iludiu-se → significa o mesmo que iludiu a si mesmo.
  • Pronomes recíprocos: por expressarem reciprocidade (com os pronomes na 3.ª pessoa, ou quando em sujeito plural), pode-se normalmente complementar o sentido dessa oração com as expressões: um ao outro, uns aos outros, entre si, ou os advérbios reciprocamente, mutuamente.

São eles: nos, vos, se.

Feriram-se → significa o mesmo que feriram entre si, mutuamente, uns aos outros.
Mataram-se → significa o mesmo que mataram-se reciprocamente.
Observação: Frequentemente, na presença do sujeito plural, as funções reflexivas e recíprocas se confundem, havendo risco de ambiguidade, não sendo possível diferenciar um do outro. Nesse caso, recomenda-se complementar essas orações com expressões de reforço. Todo pronome recíproco é um pronome reflexivo, mas nem todo pronome reflexivo é um pronome recíproco.:
  • João e Maria amaram-se → pode, reflexivamente, significar que João amou a si mesmo, enquanto, paralelamente, Maria também amou a si mesma; ou, reciprocamente, pode significar que João amou a Maria, enquanto, simultaneamente, Maria amou a João, pois eles amaram-se um ao outro.
  1. João e Maria amaram-se a si mesmos no fim do relacionamento → a expressão reforçativa a si mesmo indica reflexibilidade;
  2. João e Maria amaram-se um ao outro na noite de núpcias → a expressão reforçativa um ao outro indica reciprocidade, assim como outras expressões como entre si ou advérbios como reciprocamente ou mutuamente.

Função reflexiva[editar | editar código-fonte]

A função dos pronomes reflexivos depende da natureza do verbo reflexivo com o qual se relaciona, portanto, perceber qual é a natureza do verbo é fundamental para entender qual a função do pronome. Os reflexivos podem exercer suas funções típicas (objeto ou complemento), ou não possuírem função alguma! Quando o pronome serve de recipiente da ação verbal (portanto, quando acompanham verbos transitivos) exerce a função de reflexibilidade pronunciada; quando o pronome indica reflexibilidade, mas não há transitividade na ação, exerce a função de reflexibilidade atenuada.

  • Reflexibilidade pronunciada: é a função que os pronomes reflexivos exercem quando são, normalmente, objeto direto da ação verbal (podendo também ser objeto indireto). Chama-se de reflexibilidade pronunciada pelo fato de que o pronome relaciona-se com verbos pronominais acidentas, ou seja, a ação verbal transita para um pronome reflexivo. Quando o pronome é aplicado dessa forma, a sua pronúncia ganha força, por exemplo, quando se diz: "Cortei-me", torna-se muito mais evidente a relação objetiva do pronome com o verbo. O pronome anuncia-se na força da sua pronúncia, indicando que há transitividade da ação verbal.
Atingi-me no peito;
Atirou-se pela janela.
  • Reflexibilidade atenuada: ocorre nos casos em que o pronome é parte integrante de verbos pronominais essenciais, pois o sentido do verbo não pode ser concebido de outra forma que não seja reflexivo. Nesse caso, os pronomes não possuem função nenhuma, apesar de aparentemente exercerem a função de objeto, não o são, pois não há transitividade. Não há uma pessoa passivamente recebendo a ação verbal, portanto, a pronuncia do pronome é atenuada (suavizada, enfraquecida); quando se diz: "Arrependi-me", o sentido do verbo já revela que a ação verbal ocorreu no próprio sujeito pelo o que o verbo é, e não porque o pronome indicou esse fato.
Espelhou-se em seu pai;
Observação: Pelo fato dos verbos reflexivos sempre necessitarem da presença de um pronome reflexivo para indicar-lhes a reflexibilidade, chama-os de verbos pronominais, pois, como se pode perceber facilmente, a reflexão não seria possível sem a presença do pronome oblíquo apropriado. Os verbos pronominais dividem-se em dois tipos: os pronominais essenciais e os pronominais acidentais.
  • Verbos pronominais essenciais: são os que possuem o pronome reflexivo como parte integrante do verbo, pois não é possível, para esses verbos, que a ação verbal seja praticada em um objeto que não o próprio sujeito, semelhantes aos verbos intransitivos, porque a ação não transita a um objeto, ela simplesmente acontece no âmago do próprio verbo. Por exemplo:
  1. Indignou-se com os políticos → não é possível alguém "indignar" outra pessoa. Pelo sentido inato do verbo, a ação é desenvolvida exclusivamente no interior do ser do sujeito do verbo, sendo impossível fazer essa mesma ação ocorrer fora desse ser por uma vontade impositiva.
  2. São exemplos de verbos pronominais essenciais: arrepende-se, indigna-se, abster-se, comportar-se.
  • Verbos pronominais acidentais: são os verbos que representam uma ação capaz de ser dirigida tanto para uma outra pessoa (diferente do ser que a pratica), como para o próprio ser que a pratica. Diferentemente do pronominal essencial, a ação reflexiva dos pronominais acidentais é possível de ocorrer se assim agir o sujeito da ação verbal; por isso os pronominais acidentais são, geralmente, verbos transitivos, pois é possível que a ação transite para um objeto, seja esse objeto uma outra pessoa do sujeito, ou o próprio sujeito.
  1. Atirou-se pela janela → o sujeito foi o agente da ação na sua iniciativa e, ao mesmo tempo, foi o paciente dessa ação nas suas consequências.
  2. Feri-me profundamente → ficaria incompleta a frase do tipo: eu feri profundamente, portanto, verbo exige a presença do objeto para ter sentido, pois a ação precisa, necessariamente, transitar; o que no exemplo (feri-me), foi o próprio sujeito o objeto da ação.

Função recíproca[editar | editar código-fonte]

Ao contrário da função reflexiva, em alguns casos o pronome não está indicando que o objeto da ação é o mesmo que o sujeito que a praticou. Pode ocorrer casos onde o sujeito seja composto, ou o pronome indica uma pluralidade de pessoas, e a ação ocorre entre essas pessoas simultaneamente. Esse não é o caso reflexivo porque o objeto e o sujeito não são os mesmos.

Pedro e Caio abraçaram-se na despedida → nesse caso, Pedro abraçou Caio (sujeito = Pedro; objeto = Caio), e ao mesmo tempo, Caio abraçou Pedro (sujeito = Caio; objeto = Pedro), demonstrando que a ação foi recíproca.
Eles se atropelaram na saída → uma primeira pessoa foi agente da ação praticada na segunda pessoa e paciente da ação que essa segunda pessoa praticou, simultaneamente, ocorrendo o mesmo na segunda pessoa.

Pronome de tratamento[editar | editar código-fonte]

Ver módulo: Pronomes de tratamento