Retórica e argumentação/Figuras de estilo/Diálise
A diálise consiste em um argumento dedutivo no qual se demonstra que todas as alternativas convergem para a mesma conclusão.
Exemplo 1: "Por que eu deveria criticar-te? Se fores um homem correto, não mereces crítica. Se fores maligno, não serás comovido." (Ad Herennium)
Exemplo 2: "Por que eu deveria me vangloriar de minhas realizações? Se te lembras delas, aborrecer-te-ei. Se as esqueceste, fui ineficiente na minha ação. Logo, como serias afetado por minhas palavras?" (Ad Herennium)
Exemplo 3: "Se devemos filosofar, devemos filosofar; e se devemos não filosofar, devemos filosofar. Em qualquer caso, consequentemente, devemos filosofar. [Pois] se filosofia existe, certamente devemos filosofar, porque filosofia existe; e se ela não existe, ainda assim devemos examinar porque ela não existe, e ao fazê-lo, filosofaremos; pois o exame é o que faz a filosofia." (Aristóteles, Protéptico)
Exemplo 4: "Nas montanhas da verdade, nunca escalarás em vão: ou chegarás mais alto hoje, ou exercitarás tuas forças de forma que serás capaz de chegar mais alto amanhã". (F. Nietzche, Humano, Demasiadamente Humano)
Exemplo 5: "[Euclides de Megara] rejeitou os argumentos por analogia declarando que estes são tomados ou por similares ou por dissimilares [ao tópico original]. Se estes forem construídos por similares, então é com esses [o tópico original] que o argumento deveria lidar. Se por dissimilares, é arbitŕario colocá-los lado a lado." (Diogenes Laërtius, Vidas dos Filósofos Eminentes)
Uso na retórica: A diálise permite provar uma tese sem se comprometer com qualquer alternativa ou possibilidade. Isto é útil para trabalhar em terreno comum com a audiência ou interlocutor. Também serve para compensar falta de informação ou incerteza; ou ainda para tratar de uma multiplicidade de coisas. Deve-se tomar cuidado para não negligenciar alternativas, o que consistiria falácia da falsa dicotomia.