Logística/Localização/Selecção de locais/Avaliação e ponderação linear (LSR)
A avaliação e ponderação linear, linear scoring rule (LSR), permite avaliar factores de carácter quantitativo e qualitativo que, ponderados, permitem determinar se uma localização se destaca das restantes, em relação aos factores considerados. A qualidade da avaliação depende desses factores e respectivos pesos serem ou não adequados e do rigor da avaliação das alternativas. Em resumo, a LSR pode abranger um grande leque de factores, usando uma matemática simples.
Este método desenvolve-se em quatro passos, sempre com o objectivo de informar a decisão de seleccionar uma localização. Para começar, é necessário identificar os vários factores relevantes para a tomada de decisão entre as várias alternativas, tendo como preocupação, por um lado, incluir, sempre que possível, os factores de maior importância, possibilitando, posteriormente, uma observação de diferenças significativas entre as várias localizações e, por outro lado, evitar considerar factores de menor importância que, à partida, tenham um impacto menor na tomada de decisão.
O segundo passo é afectar, a cada factor, uma ponderação, com uma ou duas casas decimais, numa escala de zero a um. Estas ponderações devem ser proporcionais à sua importância na tomada de decisão, isto é, um factor com um peso de 0,4 é quatro vezes mais relevante na tomada de decisão que um factor com um peso igual a 0,1. O somatório dos pesos atribuídos aos vários factores deve ser igual a um.
De seguida, analisando um factor de cada vez, deve-se classificar todas as localizações em relação a esse mesmo factor, numa escala de zero a dez ou zero a cem, em que a classificação deve apresentar também uma lógica de proporção, ou seja, uma localização que tenha 4 de classificação deve ser duas vezes melhor que uma outra classificada com 2. Caso o factor em análise seja custos, uma localização classificada com 4, é uma alternativa duas vezes pior que outra classificada com 2. Um aspecto importante nesta fase da análise, é o facto de não utilizar classificações ordinais, tais como 10 para a melhor localização, 9 para a segunda melhor e assim sucessivamente, uma vez que médias ponderadas de classificações ordinais não têm nenhum significado.
Por último, é necessário obter uma classificação final de cada localização, multiplicando a classificação relativa a cada factor pelo peso desse mesmo factor e somando os valores obtidos.
Suponha-se, agora, um caso em concreto, de uma empresa de hipermercados que pretende avaliar qual a melhor localização de entre três alternativas (A, B, C) para a construção de um novo hipermercado. Será que, fazendo toda a análise segundo o método anteriormente descrito, a empresa pode considerar o resultado da decisão fiável e definitivo?
Pode afirmar-se, desde já, que o resultado obtido pode não ser a melhor localização. Supondo que a alternativa B é a que surge como a melhor classificada, mas apresenta uma diferença mínima em relação a uma outra, o decisor terá de efectuar uma análise mais detalhada das opções disponíveis, no sentido de obter um conhecimento mais aprofundado das localizações disponíveis, os prós e contras de cada alternativa e, até mesmo, prever a importância de todos os factores. Em suma, é necessário estudar a razão de uma alternativa ter sido melhor classificada do que as restantes, identificando quais os pontos fortes e fracos de cada alternativa. Ao fazer esta análise, recolhem-se novos dados e reavaliam-se as opções tornando o processo de decisão iterativo e confiável, pois informa-se melhor a decisão.
Associado a este processo de avaliação está a análise de sensibilidade, que procura determinar o efeito da variação do peso de um determinado factor, no valor total do local, determinando-se, assim, a importância de uma variável sobre o resultado final. Desta forma, é possível identificar onde é necessário recolher novos dados ou aplicar avaliações mais precisas. Muitas vezes, este tipo de análise aplica-se quando existe uma discordância ou incerteza em relação aos pesos atribuídos aos factores.
Na prática, para tomar uma decisão pode ser necessário analisar muitos factores. Assim, alguns governos e serviços de utilidade pública fornecem formulários para se efectuarem estudos de localização. Estes formulários incluem centenas de factores e permitem criar tabelas de análise. Assim, as empresas conseguem avaliar o máximo de factores que consideram importantes e, além disso, este tipo de formulário proporciona um guia para a recolha de dados.
Quando se recorre ao método LSR, está-se a assumir algumas suposições, que não necessitam de ser satisfeitas exactamente para que o método seja útil. Têm, no entanto, que ser satisfeitas razoavelmente, para que os resultados sejam válidos. Um factor que apresente uma boa classificação pode compensar outro com uma má classificação. Assim, pode afirmar-se que todas as alternativas são no mínimo aceitáveis em todas as dimensões. Caso uma alternativa seja inaceitável em relação a algum factor, essa alternativa é excluída do processo de avaliação (Martinich, 1997, p. 272-275).