Logística/Embalagem/Embalagem biodegradável
No tratamento de resíduos de embalagens nomeadamente embalagens biodegradáveis a compostagem é uma das melhores soluções. A compostagem é realizada sob condições controladas, através de microorganismos aeróbios que se concentram na degradação das partes biodegradáveis dos resíduos de embalagem o que leva á produção de resíduos orgânicos estabilizados como o nome de composto (Figura 1), tais como : dióxido de carbono, biomassa e água. No âmbito da reciclagem orgânica podemos considerar outro tratamento alem da compostagem, a biometanização que difere da compostagem por se realizar em condições anaeróbicas tendo com produto final o metano (Poças et al., 2003, p. 35-39).
Os microorganismos são os principais responsáveis pelo processo de compostagem visto que estes actuam sobre a fracção orgânica do lixo quando este é devolvido à terra. Depois de realizado o processo os resíduos são recolhidos e preparados para serem usados como fertilizantes. Mas, se ter a certeza que o fertilizante é de boa qualidade, é imperativo que o resíduo compostado seja constituído somente por matéria orgânica não podendo conter nenhuma parte de resíduos tóxicos ou matérias não orgânicas. Para que isso se verifique, é da maior importância a existência de uma triagem na fonte com recolha selectiva posteriormente. A utilização extensiva da compostagem para a produção de fertilizante agrícola serve de travão na utilização de adubos que tem vindo a crescer ao longo do tempo, adubos esses que são responsáveis pela a eutrofização dos rios e lagos um fenómeno importante de realçar. O aproveitamento das componentes orgânicas dos resíduos sólidos é bastante importante num país como Portugal visto que tem sofrido ao longo do tempo significativos fenómenos de desertificação e esqueletização de solos. De acordo com os dados fornecidos pelo INR (2000) cerca de 5% dos resíduos sólidos produzidos em centros urbanos em 1999 foram direccionados para a compostagem.
Existem limitações nos resíduos que podem ser transformados por compostagem, visto que o processo de compostagem é um processo de transformação orgânico por microorganismos, consequentemente os resíduos têm que ser biodegradáveis. Logo, as embalagens valorizáveis sob a forma de composto têm que ser embalagens biodegradáveis e consequentemente têm que recolhidas separadamente de maneira a prevenir que embalagens não biodegradaveis impeçam o processo de compostagem no qual são inseridos. Nos últimos anos tem se verificado um interesse crescente nas embalagens biodegradaveis que levou ao nascimento de vários exemplos comerciais, mas também foram apresentados alguns argumentos negativos;
- A possibilidade de ocorrer degradação prematura (principalmente no caso de materiais foto-degradáveis) o que pode resultar em diminuição da performance da embalagem.
- A hipótese aquando da triagem as embalagens degradáveis não serem correctamente separadas e serem incluídas nos resíduos para reciclagem, o que irá por em risco qualidade dos reciclados vindos da compostagem.
- Certos pontos relacionados com a eficiência da degradação e aos produtos formados como resultado da degradação dos materiais.
Existem algumas aplicações na área da embalagem, de resíduos de embalagens biodegradaveis que podem ser tratadas por compostagem mas a grande maioria dessas aplicações surgem em plásticos para agricultura, (Figura 3) e em itens que normalmente surgem dispersos nas natureza como maços de tabaco, tees para golfe, anéis para agrupamento de latas de bebidas, entre outros. As embalagens biodegradaveis mais comuns encontram-se nos sectores de de restauração/catering e fast-food ou sacos para lixo e outro tipo de aplicações em que o tempo de utilização da embalagem é bastante curto por regra geral, e consequentemente no que toca às normas exigidas nestas áreas em termos de protecção e de conservação do produto são bastante reduzidas.
Embora se reconheça que as embalagens degradáveis e biodegradáveis não fornecem uma solução total para acabar com os resíduos sólidos ou mesmo para o próprio “lixo” (Figura 2), tem se verificado de qualquer forma uma desenvolvimento nesta área ao longo dos anos, com um quantidade considerável de aplicações comerciais. Os requisitos e os procedimentos para determinar a compostabilidade e a biodegradabilidade das embalagens são definidos na norma europeia EN 13432.2000. Como foi referido anteriormente, existem limitações no tratamento de resíduos de embalagem. Mas, a sua aplicabilidade no tratamento de resíduos domésticos orgânicos é da mais alta importância, visto que dos resíduos domésticos 40% é biodegradável, tais como: resíduos alimentares, papel, entre outros.
Hoje em dia existem cinco centrais de compostagem a operar dentro de Portugal, mas visto que a diferenciação dos resíduos só e feita à posteriori, conseguir a completa ausência de substâncias estranhas ou impróprias para compostagem, torna-se numa missão impossível, o que por sua vez irá produzir um produto final qualidade baixa. Existem unidades que tratam de transformar o lixo orgânico em composto fertilizante (Figura 4) destinado ao uso no sector agrícola. Mas, para que se consiga cumprir os objectivos estipulados de redução comunitários, os quais se pretende atingir o objectivo de se reduzir em 25% a quantidade de matéria orgânica destinada ao deposito em aterros, tem que ser pondera a construção de mais duas ou três unidades. A realização do processo de compostagem é uma acção de grande valor, visto que apresenta aspectos de grande positividade que devem ser ponderados devidamente, visto que permite a redução do lixo depositado em aterro e que não representa grandes problemas a nível de impacto ambiental.