Experiência religiosa/Ponto de vista científico
Capítulo 4 - Ponto de vista científico
[editar | editar código-fonte]Neuroteologia
[editar | editar código-fonte]Neuroteologia, também conhecida como bioteologia ou neurociência espiritual[1], é o estudo da base neural da espiritualidade e emoção religiosa. A meta da neuroteologia está em descobrir os processos cognitivos que produzem experiências religiosas, relacioná-los com padrões de atividade no cérebro, descobrir como evoluíram nos seres humanos e os benefícios dessas experiências para o ser humano. Existem várias áreas de estudo dentro da neuroteologia. Algumas delas são:
- estudo sobre como o cérebro humano pode ter evoluído para produzir essas experiências (alguns chamam esta área de neuroteologia evolutiva).
- Estudo do desenvolvimento espiritual e do sentido de Deus, do nascimento até a morte (alguns chamam esta área de neuroteologia desenvolvimental).
- Estudo do comportamento espiritual e religioso da raça humana por toda a história e de ancestrais de humanos como o Homo erectus e outras espécies como o homem de neanderthal (alguns chamam esta área de neuroteoantropologia).
- Estudo do comportamento religioso de primatas e outros mamíferos (alguns chamam esta área de zooneuroteologia)
Psicologia transpessoal
[editar | editar código-fonte]A psicologia transpessoal é uma área da psicologia que estuda o transpessoal, o transcendente ou o aspecto espiritual da experiência humana. Dentre os assuntos estudados na psicologia transpessoal, estão as experiências religiosas.[2]
A psicologia transpessoal tem entre seus objetos de trabalho e pesquisa os estados não ordinários de consciência que abrangem das experiências com alucinógenos (Grof, Huxley) aos estados místicos das tradições religiosas mundiais. Ken Wilber, um dos seus principais teóricos, em O espectro da consciência, propõe uma cartografia do ser que abrange do físico ao psíquico e deste ao espírito. Assim, a psicologia transpessoal abrange o ego, como as demais escolas de psicologia, e os estados além do ego (transpessoal).
De acordo com a psicologia transpessoal, existem cinco níveis de consciência, sendo eles:
- a sombra - aqui o homem tem seu self distorcido. A sombra acumula porções da psique que causam incongruências, incompatibilidades. É um nível negativo e patológico.
- Ego - é o nível superficial da consciência, onde o homem se identifica com uma imagem criada, seu self individual, sem se interessar profundamente em questões sociais ou ecológicas, ou seja, pensando em si próprio.
- Biossocial - neste nível, o homem tende a ter uma preocupação com o outro, enxergando também o que o rodeia. Ele aceita uma responsabilidade perante os outros e pelo ambiente natural.
- Existencial - o homem encontra, neste nível, a ligação entre corpo/mente, que tende à auto-organização. É ligado a um alto grau de desenvolvimento e auto-realização. É o grau perfeito para a filosofia e o humanismo. Emoção e razão se unem para o crescimento.
- Transpessoal - este é o nível que a psicologia transpessoal estuda. É o nível mais profundo a que, atualmente, se consegue chegar. É o nível aproximado das experiências místicas, onde tudo está imerso no todo, o Tao, como uma gota d'água no oceano, mas não de uma forma linear, cartesiana. Os limites do ego são ultrapassados. É possível entrar em contato com o inconsciente coletivo, entre outros fenômenos relacionados.
Psicologia da religião
[editar | editar código-fonte]A psicologia da religião é a área da psicologia que estuda as experiências, crenças e atividades religiosas. A psicologia da religião também estuda enteogénos e meditação. Entre os psicólogos mais famosos que já escreveram sobre a psicologia da religião estão Sigmund Freud, Carl Jung, William James, Rudolf Otto, Erik Erikson, Erich Fromm, dentre outros.
O trabalho de Carl Jung consigo mesmo e com seus pacientes convenceram-no de que a vida tem um propósito espiritual que vai além das buscas materiais. Nossa principal tarefa, ele acreditava, era a de descobrir nosso mais profundo e incondicionado potencial, como a capacidade de uma lagarta de virar borboleta.
Baseado no seu estudo sobre o cristianismo, hinduísmo, budismo, gnosticismo, taoísmo e outras tradições, Jung percebeu que esta jornada de transformação está no coração de todas as religiões.
É uma jornada para encontrarmos a nós mesmos e ao mesmo tempo encontrarmos o divino. Paralelamente a Sigmund Freud, Jung pensava que a experiência espiritual era essencial para nosso bem estar.[3]
Base genética para as experiências religiosas
[editar | editar código-fonte]A hipótese do gene divino propõe que alguns seres humanos carregam um gene que lhes dão a predisposição para episódios interpretados por algumas pessoas como revelação religiosa. A ideia foi postulada e promovida pelo geneticista Dr. Dean Hamer, diretor da unidade de estrutura e regulação do gene, no instituto nacional do câncer dos Estados Unidos. Hamer escreveu um livro sobre o assunto intitulado: O gene divino: como a fé é pré-programada dentro dos nossos genes (The God Gene: How Faith is Hardwired into our Genes).
De acordo com a hipótese, o gene divino (VMAT2) não é “codificado” para a crença em Deus, mas é arranjado fisiologicamente para produzir sensações associadas, por alguns, com a presença de Deus ou outras experiências místicas, ou mais especificamente, espiritualidade como um estado da mente.
Que vantagens evolutivas isso pode levar e de que esses efeitos vantajosos são efeitos colaterais são questões que ainda estão para serem totalmente exploradas.
Dr. Hames teorizou que a transcendência faz as pessoas ficarem mais otimistas, o que leva elas a ficarem mais saudáveis e com mais probabilidade de terem muitos filhos.[4][5]
Partes do cérebro relacionadas a experiências religiosas
[editar | editar código-fonte]O Sistema límbico e responsável pela memória e emoção. Ele e uma parte importante para experiências religiosa. Quando o sistema límbico estimulo eletricamente ele causa sentimentos de transcendentalismo, em pacientes com epilépticos em que a convulsão se origina no sistema límbico dizem ter profundas experiências de revelação espiritual.[6]
- Lobo parietal: Diminuição de neuro-sinapses levando a sensação de união como o universo.
- Lobo frontal: Concentração ampliada (meditação) bloqueia outros impulsos neurais.
- Lobo temporal: Ativa intensa emoção, como prazer e medo
- Lobo occipital: Processa imagens que facilitam praticas espirituais (velas, cruzes, etc.)
Origem evolutiva das experiências religiosas
[editar | editar código-fonte]As experiências religiosas são tipicamente complexas, envolvendo emoções, pensamentos, sensações e comportamentos. De acordo com cientistas, essas experiências são muito complexas para acontecer apenas em um local no cérebro. É possível que a evolução da capacidade do ser humano (e de outras espécies próximas aos seres humanos) de ter experiências religiosas seja sub-produto da evolução de várias partes do cérebro. Sendo isso verdade poderíamos descartar a hipótese de que a experiência religiosa evoluiu por ela ajudar na sobrevivência da espécie.[7] Alguns cientistas teorizam que a experiência religiosa tem relação com o orgasmo humano e dizem que o orgasmo e a experiência religiosa evoluíram juntas, baseado em estudos feitos no cérebro durante experiências religiosas e experiências de orgasmo e a semelhança entre áreas ativadas no cérebro durante essas experiências.[8] [9]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Searching for God in the Brain 2007-10-07
- ↑ What is Transpersonal Psychology?
- ↑ Vivianne Crowley, "Jung: A Journey of Transformation:Exploring His Life and Experiencing His Ideas" (2000)
- ↑ "'Nature Magazine Book Review - The God Gene: How Faith is Hardwired Into Our Genes" Nature Magazine
- ↑ "'Is God in Our Genes?" Time Magazine
- ↑ New Scientist - Light at the end of the tunnel (17 October 2006)
- ↑ Exploring the biology of religious experience
- ↑ Sex and Religious Experience
- ↑ Neurologically they are quite different, but “mystical prayer and sexual bliss use similar neural pathways.”