Marcas nas fotografias de Werner Haberkorn/Avenida São João - São Paulo - Brasil Fotolabor: diferenças entre revisões

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A década de 1950 é marcada pela urbanização massiva da cidade de São Paulo, a partir do Centro Velho. O fotógrafo alemão então elege o Vale do Anhangabaú como principal peça de seus cartões postais da capital paulista, isso porque aquele centro recém urbanizado era o objeto ideal de divulgação da nova fase econômica do país. O centro financeiro era marcado pela forte verticalização e comunicações visuais, reflexo de um governo ultranacionalista regido por Getúlio Vargas, marcado por novas propostas econômicas, abertura das fronteiras e modernização.
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A fotografia vista de cima destaca os edifícios da Avenida São João, enfatizando a ascensão comercial da década através da relativização de estaturas, prédios sendo comparados a automóveis, ignorando a escala humana, até porque o objetivo principal não são as relações humanas, mas as questões urbanas da capital paulista. O único ponto verde na fotografia não é destacado, encoberto pelas sombras dos edifícios em primeiro plano, ressaltando mais uma vez a valorização do cinza e do concreto ante a natureza da cidade.

Além da vista cumeeira, a fotografia é ampla, alongada ao horizonte, trazendo uma São Paulo imponente em quilometragem, criando uma linha entre o primeiro prédio, com a logomarca da 3 Leões e na outra extremidade edifício Altino Arantes (BANESPÃO), as duas construções são os únicos destaques na linha de concreto que divide o céu, isso para mostrar a extensão da Avenida São João e do potencial de São Paulo.

Segundo Etienne Samain: “- Não é possível pensar a imagem se não a situarmos no sistema no qual ela está conectada [...] o contexto, a própria imagem, aquele que a fez, aquele que a contempla, num tempo e num espaço histórico [...]”. Ou seja, só é possível entender o enfoque na comunicação visual publicitária dentro das fotografias de Werner Haberkorn a partir da contextualização histórica de um país recém inserido numa democracia de fronteiras abertas, daquele Brasil pós Getúlio Vargas que era um antro de modernidade e desenvolvimento, compensando os séculos de subdesenvolvimento. Além do contexto de produção das fotografias: exportar a ideia de um país em desenvolvimento, pronto para novas negociações.

“''Alguma coisa acontece no meu coração/ Que só quando cruza a Ipiranga e Av. São João''” (Caetano Veloso e David Byrne – Sampa)

Edição atual desde as 19h06min de 13 de novembro de 2018

Avenida São João - São Paulo - Brasil Fotolabor (metadados).

Lista de marcas identificadas[editar | editar código-fonte]

  • 3 Leões
  • Cerveja Mossoró
  • Biotônico Fontura
  • Companhia Industrial de Conservas Alimentícias (CICA)
  • Cinzano

Pesquisa sobre marcas[editar | editar código-fonte]

3 Leões[editar | editar código-fonte]

A 3 Leões foi uma das maiores lojas de departamento da cidade de São Paulo, como a Mappin foi para o Centro da cidade. Localizada em Pinheiros, na Rua Butantã, onde atualmente, está uma das agências do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), teve seu auge nos anos 1960, quando foi feita a foto de Haberkorn. Grande parte da sua importância para a cidade se dá pela sua localização. A rua onde se encontrava se inicia junto à ponte do Rio Pinheiros e vai até o Largo de Pinheiros, e foi morada de instalações significativas como o “Cine Goiás” e uma das lojas da rede francesa MESBLA.

Referências

http://www.saopaulominhacidade.com.br/historia/ver/5737/Lojas%2BTres%2BLeoes%2Bem%2BPinheiros

Cerveja Mossoró[editar | editar código-fonte]

A Cerveja Mossoró é um produto da Fábrica de Cerveja e Gelo Colúmbia de Campinas, interior de São Paulo. A fábrica iniciou sua produção em 1906, através de seu fundador Ângelo Francesschini, mas a cerveja Mossoró passou a ser comercializada somente em 1930. Sua fábrica no interior paulista ficava num grande edifício em uma das mais conhecidas avenidas da cidade (Av. Andrade Neves) e teve reconhecimento da maior parte dos seus produtos quando recebeu medalhas de ouro e diplomas de honra nas exposições italianas de Turin em 1911.

O nome da marca é homenagem ao primeiro vencedor Grande Prêmio Brasil de turfe, disputado em 1933, um cavalo chamado Mossoró. Essa ainda é a competição máxima da modalidade, em território nacional, e que ocorre até hoje no Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro.

Em 1957 a Fábrica de Cerveja e Gelo Colúmbia foi adquirida pela Companhia Antárctica e a cerveja Mossoró deixou de ser produzida.

Referências

https://tokdehistoria.com.br/2014/05/31/a-cerveja-preta-mossoro-uma-homenagem-galopante/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Exposi%C3%A7%C3%A3o_Universal_de_1911

Biotônico Fontura[editar | editar código-fonte]

O Biotônico Fontoura é um medicamento fortificante e antianêmico criado em 1910 pelo farmacêutico Cândido Fontoura. Desde meados dos anos de 1990, o produto tornou-se marca do portfólio da DM Farmacêutica, que posteriormente foi vendida a Hypera Pharma que ainda produz e comercializa no Brasil.

O nome Biotônico Fontoura foi dado por Monteiro Lobato, escritor e amigo de Cândido Fontoura, que, posteriormente, criou o Almanaque Fontoura apresentando seu personagem Jeca Tatu. Este almanaque divulgava o laboratório e contribuía para a campanha contra à Ancilostomose.

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/Biot%C3%B4nico_Fontoura

https://www.biotonicofontoura.com.br/historia-da-marca

Cinzano[editar | editar código-fonte]

A Cinzano é uma das mais antigas marcas ainda existentes no mundo, criada em 1757 e que, a partir do século XIX, passou a ser comercializada no mundo todo. Incialmente, ainda sob o nome de seu fundador Francesco Cinzano, era utilizada para identificar produtos vinícolas. Com o passar dos anos, o nome foi simplificado para a marca atual. Desde 1992 é propriedade do Gruppo Campari.

A instalação da Cinzano no Brasil ocorreu na cidade de Floresta, no estado do Pernambuco, nos anos 1950, quando a empresa apenas fabricava vermute. Posteriormente, esta unidade industrial foi vendida e transferida para o município de Santa Maria da Boa Vista.

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cinzano_(bebida)

Gustavo Cesário – Marcas: da construção à avaliação de brand equity – São Paulo – 2002

Companhia Industrial de Conservas Alimentícias (CICA)[editar | editar código-fonte]

A Companhia Industrial de Conservas Alimentícias foi apontada como um dos maiores complexos industriais da América Latina, tendo 167 mil metros quadrados de área construída e influenciando profundamente o desenvolvimento da cidade de Jundiaí no interior paulista a partir de suas questões econômicas, sociais e de cultura de consumo de massa.

As famílias fundadoras, Bonfiglioli, Messina e Guerrazzi, com capital e interesse para expandir a indústria, em 1951, contaram com o parentesco de Vasco Venchiarutti, prefeito na época e arquiteto de importantes obras na cidade, para a modernização da empresa.

A empresa foi fundada em 1941 por imigrantes italianos que enxergaram a indispensabilidade de produzir em território brasileiros alimentos característicos de sua terra natal. Os investimentos na mobilidade da cidade de São Paulo, posteriormente, possibilitaram o alcance das vendas para além das fronteiras do Brasil. Tinha localização estratégica, próxima à estação ferroviária e da rodovia Anhanguera, foi essencial na época para a industrialização de alimentos e sua distribuição.

Referências

NOVOS USOS PARA GRANDES ÁREAS INDUSTRIAIS: PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CONTEXTO CONTEMPORÂNEO PEREIRA, EDUARDO CARLOS – 4º seminário ibero-americano – arquitetura e documentação – Belo Horizonte – 27 nov. 2015.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_Industrial_de_Conservas_Aliment%C3%ADcias

Comentários sobre a fotografia[editar | editar código-fonte]

A década de 1950 é marcada pela urbanização massiva da cidade de São Paulo, a partir do Centro Velho. O fotógrafo alemão então elege o Vale do Anhangabaú como principal peça de seus cartões postais da capital paulista, isso porque aquele centro recém urbanizado era o objeto ideal de divulgação da nova fase econômica do país. O centro financeiro era marcado pela forte verticalização e comunicações visuais, reflexo de um governo ultranacionalista regido por Getúlio Vargas, marcado por novas propostas econômicas, abertura das fronteiras e modernização.

A fotografia vista de cima destaca os edifícios da Avenida São João, enfatizando a ascensão comercial da década através da relativização de estaturas, prédios sendo comparados a automóveis, ignorando a escala humana, até porque o objetivo principal não são as relações humanas, mas as questões urbanas da capital paulista. O único ponto verde na fotografia não é destacado, encoberto pelas sombras dos edifícios em primeiro plano, ressaltando mais uma vez a valorização do cinza e do concreto ante a natureza da cidade.

Além da vista cumeeira, a fotografia é ampla, alongada ao horizonte, trazendo uma São Paulo imponente em quilometragem, criando uma linha entre o primeiro prédio, com a logomarca da 3 Leões e na outra extremidade edifício Altino Arantes (BANESPÃO), as duas construções são os únicos destaques na linha de concreto que divide o céu, isso para mostrar a extensão da Avenida São João e do potencial de São Paulo.

Segundo Etienne Samain: “- Não é possível pensar a imagem se não a situarmos no sistema no qual ela está conectada [...] o contexto, a própria imagem, aquele que a fez, aquele que a contempla, num tempo e num espaço histórico [...]”. Ou seja, só é possível entender o enfoque na comunicação visual publicitária dentro das fotografias de Werner Haberkorn a partir da contextualização histórica de um país recém inserido numa democracia de fronteiras abertas, daquele Brasil pós Getúlio Vargas que era um antro de modernidade e desenvolvimento, compensando os séculos de subdesenvolvimento. Além do contexto de produção das fotografias: exportar a ideia de um país em desenvolvimento, pronto para novas negociações.

Alguma coisa acontece no meu coração/ Que só quando cruza a Ipiranga e Av. São João” (Caetano Veloso e David Byrne – Sampa)