Determinismo, liberdade e responsabilidade moral/Compatibilismo
Esta posição tenta reconciliar as duas teses fundamentais, sustentando que o problema surge em decorrência de uma confusão em relação a noção de liberdade. É equivocado pensar, dirão compatibilistas, que determinação causal implica ausência de liberdade. Para os defensores dessa teoria, são as restrições e/ou coações que comprometem a liberdade de decisão. Assim, quando um agente S é impelido ou restringido em suas ações (físicas ou mentais), de modo a ser obrigado a fazer o que não quer ou impedido de fazer aquilo que quer, ele não é livre. Tal argumento permite a ideia conjunta de que tudo é causalmente determinado, mas, ainda assim, podemos agir voluntariamente. Há basicamente duas estratégias compatibilistas fundamentais. A primeira, clássica, defendida por filósofos como Hobbes, Locke e Hume, toma liberdade por voluntariedade, mas desconsidera os impedimentos e coações ao nível mental. A segunda, mais recente, defendida por Harry Frankfurt, define a liberdade voluntaria de forma hierárquica.
Na visão clássica, a escolha ou ação é livre quando é fruto da vontade do indivíduo. Não há liberdade quando o indivíduo escolhe ou age segundo a vontade alheia, ou segundo outros fatores externos. Também não há liberdade quando o indivíduo escolhe ou age com ignorância.
Na visão hierárquica de Frankfurt, o indivíduo é livre quando quer em segunda ordem aquilo que quer em primeira ordem. Por exemplo, quando um fumante quer parar de fumar (desejo de primeira ordem), e esse desejo é desejado por ele (desejo de segunda ordem), ele livremente escolhe parar de fumar e pára de fumar. Mas se ele quer parar de fumar (primeira ordem), mas não quer (segunda ordem) tal desejo, ele não é livre, pois não consegue vencer a própria resistência de segunda ordem ao desejo de primeira ordem.
Gary Watson propõe uma visão hierárquica na qual o indivíduo é livre quando o sistema avaliativo do mesmo governa seu sistema motivacional. O sistema avaliativo é o que o indivíduo considera bom ou mal, certo ou errado. O sistema motivacional são os desejos e emoções do indivíduo. Assim, o indivíduo é livre quando deseja o que considera certo.
Leitura
[editar | editar código-fonte]- Costa, Claudio F. "Free Will and the Soft Constraints of Reason." Ratio 19, n. 1 (2006): 1-23.