Civilização Egípcia/Período dinástico antigo/Dinastias do Período dinástico antigo
Faraós da primeira dinastia
[editar | editar código-fonte]A lista abaixo certamente não está completa, nem da primeira nem das outras dinastias, longe disso, porque há muitas controvérsias a respeito.
Na listagem de faraós, Narmer, chamado o unificador do Egito, surge como rei do período pré-dinástico ou dinastia 0 ou dinastia de Naqada. Mas, ele também pode ser o primeiro rei da primeira dinastia. Vamos colocá-lo então na primeira dinastia, uma vez que, do período pré-dinástico não temos uma lista de reis confiável.
Muitas vezes a grafia dos nomes dos faraós é diferente, depende da fonte até mesmo pelo desconhecimento da pronúncia, alguns estudiosos usam os nomes gregos retirados da lista de Mâneton.
- Narmer
- Aha
- Hórus Djer
- Hórus Djet
- Hórus Den
- Hórus Anedjib
- Hórus Semerkhet
- Hórus Qaa
- Narmer (Narmeru, Merunar, Meni)
Esse rei é tido como o unificador do Egito, se tornando o verdadeiro faraó. Também é possível que Narmer tenha começado a unificação e Menés (?) a tenha terminado. Para confundir mais um pouco, alguns estudiosos acreditam que o rei Escorpião pode ter sido Narmer, mas não há nenhuma evidência ou prova para essa teoria.
A teoria mais comum é de que Narmer na verdade, seria Hor-Aha, embora a lista de antigos reis encontrada nas tumbas dos faraós Den e Qa´a, da primeira dinastia registre Narmer como fundador da dinastia e registre também Hor-Aha. Menes não é mencionado em nenhuma lista.
Acredita-se que ele casou com uma princesa do Baixo Egito chamada Neithotep, cujo nome aparece em inscrições nas tumbas que se presume sejam de Hor-Aha e de Djer. De onde se deduz que ela poderia ser a mãe ou mesmo a esposa de Hor-Aha, nada está definido, até pela antiguidade e dificuldade de pesquisa.
Alguns objetos de seu reinado já foram encontrados, como fragmentos de cerâmica e selos na tumba de Den em Abidos. O nome de Narmer e do seu possível antecessor, Escorpião, foram encontrados em cerâmicas descobertas em Minshat Abu Omar ao leste do Delta. Também foi recuperada uma estátua de um babuíno com o nome nome de Narmer, a cabeça de maça e a paleta.
São atribuídas a esse faraó, as tumbas B17 e B18 (são ligadas entre si) em Umm El-Qa´ab, Abidos.
Heródoto o nomeia Min, mas isso é passível de dúvida.
Antes de falar sobre o faraó Aha vamos fazer um comentário sobre Menes:
Menes pode ter sido o próprio Narmer ou seu successor. Talvez filho da rainha Neithotep, que tomou como segundo nome real Men, que significa estabelecido, o que deu origem ao nome Menes. O fato é que existe um selo de marfim vindo da tumba da rainha Neithotep em Naqada, que mostra o nome Hor-Aha com o nome Men na frente. Afinal é impossível ter certeza porque se está discutindo o nome de um homem que viveu por volta de 5 000 anos atrás. É preciso ter em mente que a maior parte da história que sabemos a respeito de Menes foi escrita mais de 250 anos depois de sua morte.
Pode ser que novas descobertas nos permitam saber mais, porém é praticamente impossível acreditar que um dia, vamos descobrir quem foi, de fato, Menes.
- Hor-Aha (o falcão lutador)
Pode ter sido o filho de Narmer e sua rainha Neithotep. Na tumba da rainha, ele está representado, num fragmento de marfim, fazendo a cerimonia de união do Alto e Baixo Egito.
Tomou o nome de trono de Men (estabelecido) e fragmentos encontrados em tumbas de reis do período, se referem a rebeldes na Núbia e campanhas militares fora do Egito.
É possível que tenha erigido o Templo da deusa Neith (parte do nome de Neithotep sua provável mãe) em Sais. Também pode ter sido ele quem fundou Mênfis (Men Nefer que significa estabelecida e bela).
Lendas contam que ele morreu atacado por um hipopótamo. Foram encontradas tumbas para o rei Hor-Aha tanto em Saqara quanto em Abidos e, embora não fossem decoradas e tivessem sido saqueadas e destruídas pelos ladrões e pelos escavadores (não havia ainda nada que lembrasse a arqueologia de hoje), alguns selos e fragmentos foram recuperados.
Acredita-se hoje que Hor-Aha foi sepultado em Abidos, que é considerado o local real. Numa pequena tumba próxima foram encontrados selos onde estava escrito Berner-ib (querida) que talvez fosse referência a sua rainha e que também aparecem na tumba da rainha Neithotep.
Alguns estudiosos sugerem que Neithotep poderia ter sido sua esposa, e que eles casaram para cimentar a aliança entre o Alto e Baixo Egito. Certamente Hor-Aha veio do Alto Egito e Neithotep veio do Baixo Egito, mas não há provas de seu relacionamento familiar. De qualquer maneira o filho desse faraó, seu sucessor, Djer, era filho de uma outra esposa secundária.
Nomes:
- Mâneton o chama Menes o primeiro rei ou Athothis, na lista dele o segundo rei.
- Heródoto o chama Min (há dúvidas)
- Nome de Hórus - o falcão lutador
- Listas de reis – Men, Meni, Teti, Ity
- Djer (Hórus que socorre)
Era, provavelmente, o rei que Mâneton chama de Athothis e descreve como sendo um grande estudioso, porque escreveu textos de anatomia que ainda eram usados na época do domínio grego.
Fragmentos de selos em marfim vindos de Abidos relatam viagens a Sais e Buto, no Delta.
Presume-se que sua tumba seja a de número 0 em Abidos, que é uma das maiores e mais complexas da 1ª dinastia. No inicio do século XX, Flinders Petrie descobriu tumbas das primeiras dinastias e, na tumba de Djer foi encontrado um braço de mulher cortado e envolvido com panos de linho, decerto abandonado por um ladrão. Dentre as bandagens havia quatro pulseiras de ouro, ametista e turquesa, um magnífico trabalho de ourivesaria que deveriam pertencer a uma rainha ou princesa.
O faraó Djer também construiu duas mastabas em Saqqara e um templo para a deusa Neith em Sais.
Inscrições em Wadi Halfa registram uma campanha military na Núbia e talvez ele tenha feito também campanhas na Libia e no Sinai. Talvez tenha feito até mais, militarmente pois um dos anos de seu reinado foi chamado de O Ano da Destruição da Terra de Setjet (Siria-Palestina). Essa atividade militar torna Djer, o primeiro faraó a registrar campanhas militares fora das fronteiras egípcias.
Poderoso e inteligente, Djer, infelizmente está ligado a sacrifícios humanos. Um selo de madeira encontrado em Saqara traz seu nome, junto de uma cerimônia que parece estar ligada a sacrifícios humanos e sua tumba em Abidos está rodeada de sepultamentos de trezentos serviçais que foram enterrados ao mesmo tempo que o faraó.
Não se pode afirmar mas também não há outras explicações para o fato.
Nomes:
- Mâneton o chama de Athothis (embora alguns digam que ele era Kentekenes)
- Listas de reis – Meni, Teti, Iti.
- Djet (Hórus cobra ou Hórus que ataca)
É muito provável que fosse o filho de Djer, embora não existam evidencias de que a rainha Merneith tenha sido sua esposa, é praticamente certo que ela foi a mãe de seu sucessor, Den.
Este faraó deixou poucos registros de sua existência, a não ser por sua tumba em Abidos, onde foi encontrado um belo serekh trazendo o nome do rei. Parece que sua tumba (juntamente com outras da mesma dinastia) foi queimada intencionalmente em algum ponto da história do Egito e mais tarde foi recuperada por causa da associação ao culto de Osíris.
Nomes:
- Mâneton o chama Wenefes
- Nome de Hórus - Hórus que socorre
- Listas de reis – Itiu, Itiui, Ata, Iti
*Rainha Merneith (a amada de Neith)
Uma das personagens mais discutidas do período dinástico antigo. De certo ela foi a mãe de Hórus Den, conforme se vê num selo encontrado na tumba T de Umm El Qa´ab. Seu nome está ao lado do nome de Den e é possível que ela fosse a esposa de Djet.
Sua tumba em Abidos (Y) fica perto da de Djet (Z), do lado de fora desta tumba foi encontrada uma estela, em 1900 por Fliders Petrie, que, a principio se acreditou fosse de um governante masculino.
A mastaba 3503 em Saqqara é a única que pode ser, de fato, atribuída a ela, os selos trazem o nome de Den.
Se de fato ela reinou, foi a primeira mulher a governar o Egito, não se sabe se governou sozinha ou se junto com Djet (caso ele fosse seu marido) e depois da morte dele ficou como regente do filho Den.
Seu nome não consta das conhecidas listas de reis, além da lista de Den, mas Mâneton registra oito faraós na 1ª dinastia, o que confere se adicionarmos Merneith, mas não fica correto se Narmer for o primeiro rei da 1ª dinastia.
De qualquer maneira não há um serekh que possa atestar sua posição como governante, se ela está na lista de Den, uma lista similar datada do reinado de Qa´a omite a rainha.
- Den (Hórus que golpeia)
Foi um dos governantes mais importantes deste período. Seu reinado é marcado por um grande desenvolvimento na arquitetura funerária e pelo progresso do estado, na administração, economia, artesanato, religião. Mais de 30 mastabas foram erguidas em Saqqara e Abu Rawash durante o seu reinado, por funcionários de todos os tipos, isso é sinal de uma administração próspera e forte.
Assim como Djer, parece que Den também foi médico e um dos estudos que se acredita seja de sua autoria, versa sobre o tratamento de fraturas.
Den está registrado em numerosos objetos e fragmentos. Um selo de marfim encontrado em Abidos, mostra Den atacando um prisioneiro asiático. Seu nome aparece no serekh encimado por Hórus, mas há na frente da cena a representação de Seth como animal (chacal).
Este faraó foi o primeiro de uma série de eventos como, o primeiro a adotar o nome Nebty ou Duas Senhoras, o primeiro a ser representado usando a coroa dupla, o primeiro a incorporar uma longa escadaria em sua tumba e foi o criador da posição de vizir para o Baixo Egito (ocupada por um homem de nome Hemaka, cuja tumba, muito rica, está em Saqqara). Também é creditado a ele o primeiro censo no Egito, contando todas as pessoas do norte, leste e oeste para determinar os impostos.
Nomes:
- Mâneton o chama Usaphaidos
- Listas de reis - Septi, Semti, Kenti, Udimu
- Nome de Hórus - Hórus que golpeia
- Nome Nebty - Nebty Khasti, Nebty Chasti, Nebty, o homem do deserto
- Anedjib (valente é o seu coração)
Assim como seu pai, Den, este faraó também usou a coroa dupla que representa o poder sobre as duas terras, o Alto e o Baixo Egito. Porém, há dúvidas se ele de fato controlou o norte do país, há evidencias de rebeliões.
Como maneira de legitimar seu poder, ele começou a usar o título Os Dois Senhores, talvez para reforçar o fato de reinar sobre todo país ainda que o povo se dividisse entre Hórus e Seth. Esse título reúne os dois antagonistas na pessoa do rei.
Anedjib casou com a rainha Betrest que era descendente da linha de reis menfitas, o que deu a ele a legitimidade. Pode ser que ele não fosse filho legítimo de Den, então precisasse casar com uma princesa de sangue real. Há teorias de que ele foi um usurpador e por esse motivo, seus monumentos tiveram seus títulos e nome raspados pelo seu sucessor.
Nomes:
- Mâneton o chama Meibidos, Neibais, Miebis, Miebidos
- Nome de Hórus - Valente é o seu coração
- Nome Nebty - Nebty Mer... ou Mer-spt-bja
- Listas de reis – Merbap, Mer-bja-pen, Mer-bja-pe
- Semerkhet (amigo considerado ou companheiro dos deuses)
De acordo com as anotações de Mâneton, Semerkhet deve ter enfrentado muitos problemas, mas ele alega que isso ocorreu porque este faraó era um usurpador. Não existem indícios de que isso seja verdade porque ele consta da lista de reis, mas o certo é que ele raspou nomes anteriores e mandou inscrever seu próprio nome no lugar.
Sua tumba é bem maior que a de seu antecessor, Anedjib, e é o único dos primeiros reis que não tem uma mastaba correspondente em Saqqara (ou pelo menos ela ainda não foi encontrada), pode ser porque seus ministros e oficiais sobreviveram a ele e permaneceram servindo ao faraó seguinte.
Nomes:
- Mâneton o chama Semempses, Mempses
- Nome de Hórus - amigo considerado, companheiro dos deuses
- Nome Nebty – Iri (não confirmado) um símbolo que pode ser lido como Aquele que guarda ou ainda Aquele a quem as duas senhoras guardam (ele pode ter sido sacerdote antes de ser faraó).
- Listas de reis - Semsem, Hu, Semsu
- Qa´a (seu braço está erguido)
É considerado o último rei da 1ª dinastia e como já se sabe existem poucas informações a seu respeito. O que temos vem de sua tumba em Abidos e sepultamentos em Saqqara. Um selo com uma lista de todos os reis da 1ª dinastia (não consta Merneith) foi encontrado em 1990 e ajudou a ratificar os reis desta dinastia.
As escavações feitas por alemães em 1990 também foram bem sucedidas em encontrar objetos que haviam passado despercebidos pelas buscas mais antigas. Na tumba havia duas estelas funerárias com o nome do rei. Dentro da tumba encontraram o nome de Hotepsekhemwy o rei seguinte, de modo que, se acredita que tenha sido ele a terminar o túmulo após a morte de Qa´a.
Este faraó foi o último a ser sepultado junto com serviçais, em sepultamentos conjuntos.
Nomes:
- Mâneton o chama Bieneches
- Nome de Hórus - seu braço está erguido
- Nome Nebty – sn nb.tj, Sen-Nebti, Irmão das Duas Senhoras
- Listas de reis - ...beh (incompleto), Qebeh, Qebehu
Faraós da 2ª dinastia
[editar | editar código-fonte]É estranho descobrir que há menos registros sobre os reis da 2ª dinastia do que sobre os reis mais antigos. Os primeiros reis dessa dinastia são praticamente desconhecidos, conhecemos seus nomes e nada mais do seu reinado. Os nomes Hotepsekhemwy, Raneb e Ninetjer foram inscritos na parte de trás de uma estátua (hoje no Museu de Antiguidades Egípcio) de um sacerdote chamado Hotep-dif (ou talvez Redjit).
Os mais tardios já são mais bem documentados, mas além de Peribsen e Khasekhemwy, não temos túmulos, nenhum grande sepultamento e não há fontes confiáveis, um dia talvez, uma nova descoberta nos apresente a esses reis que mal conhecemos.
É possível que durante essa dinastia, no reinado de Ninetjer, o Egito tenha novamente se dividido, assim haveria dois ou mais reis no Alto e Baixo Egito. Pode ser que a rivalidade entre Hórus e Seth tivesse continuado, com os seguidores de cada deus lutando entre si, partindo o país. Há indicações de que assim ocorreu e de que tenha sido Peribsen, o rei a unir novamente o Egito, como veremos abaixo.
- Hotepsekhemwy
- Raneb ou Nebra
- Ninetjer
- Peribsen
- Khasekhemwy
- Hotepsekhemwy (os dois poderosos estão em paz)
Não se sabe como ele chegou ao poder, é possível que através do casamento, portanto ele seria genro de Qa´a.
Dentre as histórias a respeito de Hotepsekhemwy, através de seu nome de Hórus já se pode deduzir que os dois poderosos (Hórus e Seth) ainda dividiam a sociedade e a política, mas deveriam ter se acalmado. Além disso, ele teve problemas com um terremoto em Bubastis, no Delta e com seu irmão, que estava liderando uma revolta para se apropriar do trono (caso se confirme que o sucessor tomou o poder graças a um golpe militar, seria o irmão).
Foi esse rei quem mudou a tradição dos sepultamentos, abandonando a necrópole de Abidos e construindo seu túmulo em Saqara, afinal Saqara era uma grande necrópole de Mênfis, a capital. A mudança pode ter sido uma jogada política mas, de fato, ele construiu um novo tipo de tumba, um complexo de galerias subterrâneo cortado na rocha, com mais de vinte câmaras. Sua tumba foi encontrada por acaso em 1902, estava praticamente vazia mas, o nome do rei foi encontrado em diversos lugares. Não se sabe se havia alguma edificação sobre a tumba uma vez que foi encontrado somente o complexo subterrâneo. Imagina-se que não havia nada em cima, porque uma parte das galerias fica sob a Pirâmide de Unas (5ª dinastia) portanto é de crer que os construtores da pirâmide não sabiam que havia algo embaixo.
Na tumba de seu antecessor Qa´a foi encontrado o nome de Hotepsekhemwy, poderia ter sido ele a terminar a tumba do pai ou do sogro.
Foram encontrados selos de Hotepsekhemwy e de seu successor Raneb, não se sabe se os selos de Raneb foram ali colocados quando do fechamento do túmulo ou se a tumba foi usurpada por Raneb.
A tumba foi medida, depois fechada e assim permanece.
Nomes:
- Mâneton o chama Boethos, Bochos, Bochus
- Nome de Hórus – Os dois poderosos estão em paz
- Nome Nebty – As duas senhoras estão satisfeitas
- Hórus dourado - desconhecido
- Nome de trono - Hotepsekhemwy
- Nome de nascimento - Bedjatau
- Listas de reis - Bedjataw, Bedjaw, Baw-netjer, Neter-Bau
- Raneb ou Nebra (o senhor do sol)
Não sabemos se o antecessor era seu pai ou seu irmão, mas parece que Raneb deu um golpe militar e tomou o poder, nesse caso ele poderia ser o irmão de Hotepsekhemwy.
Podemos observar que ele foi um dos primeiros, senão o primeiro, a incorporar o nome do deus sol Ra ou Re em seu nome, tradição que seria seguida pela maioria dos faraós. O nome Nebra ou Raneb significa Ra é meu senhor ou o senhor do sol, em qualquer um dos casos ele começou a cultuar o deus sol Ra ainda que, como conta Mâneton, ele tivesse introduzido o culto ao sagrado bode de Mendes.
Uma estela de granito encontrada em Mit Rahina (perto de Mênfis) faz com que a maioria dos pesquisadores acreditem que seu túmulo está em Saqara. A estela deveria ter ficado do lado de fora de sua tumba, que deveria ficar nas grandes galerias sob o complexo funerário de Djoser. Seu nome
apareceu numa tumba muito complexa, que pertence ao faraó anterior e também foi registrado na estatueta do sacerdote comentada anteriormente e até num grafiti próximo a Armant, no deserto, perto de uma rota de comércio que ligava o Nilo ao oásis do oeste.
Nomes:
- Mâneton o chama Kaiechos, Kaichoos, Choos, Chechous
- Nome de Hórus - o senhor do sol, Ra é o senhor
- Nome Nebty - desconhecido
- Hórus dourado - desconhecido
- Nome de trono – deve ter sido Raneb, Reneb ou Nebra, Nebre
- Nome de nascimento - Kakaw, Kakau
- Listas de reis - Kawkaw, Kaukau
- Ninetjer (aquele que pertence ao deus)
É um faraó bastante conhecido e atestado. Reinou a partir de Mênfis. A maior parte dos registros a seu respeito estão gravados na Pedra de Palermo.
O nome de Ninetjer está escrito sobre os eventos anuais, festivais e cerimônias a que ele compareceu, mas também é encontrado em diversas mastabas de Saqara, que provavelmente pertenceram a seus funcionários.
Três belas tumbas na necrópole da elite, no norte de Saqara, contêm selos de Ninetjer, assim como na necrópole de Heluã (Helwan). Foram encontrados cinco tipos diferentes de tampas de jarras com o símbolo do rei numa grande mastaba perto de Giza.
Em Abidos, foi encontrado o nome de Ninetjer, num fragmento de pedra, na tumba de Peribsen (um rei que veio mais tarde). Também seu serekh está inscrito num vaso de pedra, ao lado de Hotepsekhemwy encontrado na Pirâmide de Degraus.
É possível que um rei de nome Weneg e Ninetjer sejam a mesma pessoa, Weneg não poderia ter reinado antes dele, porque na estátua do sacerdote os nomes dos três faraós são os três primeiros da dinastia.
Sua tumba em Saqqara é pequena e parece que não foi terminada, foi como se o trabalho tivesse parado quando o faraó morreu e então, foi selada. Essa tumba é próxima à de Hotepsekhemwy e continha centenas de múmias que devem ter sido colocadas lá por falta de outro local. Não há certeza de que seja a tumba de Ninetjer.
No final de seu reinado houve problemas sérios, talvez uma guerra civil. A Pedra de Palermo registra o ataque de várias cidades, incluindo uma, cujo nome significa terra do norte ou Casa do Norte (outra cidade era Shem-Re). Alguns interpretam isso como um registro de que Ninetjer tenha debelado uma rebelião no Baixo Egito, no norte.
Infelizmente a Pedra de Palermo termina no 19º ano do seu reinado, mas há evidencias de que ele governou por mais tempo. Na Coleção Georges Michailides há uma estátua de alabastro do faraó Ninetjer que não se sabe a procedência mas é uma bela obra de arte, o primeiro exemplo de estátua com três dimensões, completa.
É possível que o sucessor de Ninetjer não tenha sido diretamente Peribsen, talvez tenha havido alguns outros governantes entre os dois (Weneg, Sened and Nubnefer), que podem ter governado todo o Egito ou dividido o poder.
Nomes:
- Mâneton o chama Binothris, Tlas, Biophis
- Nome de Hórus - aquele que pertence ao deus
- Nome Nebty - Ninetjer Nebti
- Hórus dourado - Ren Nebu
- Nome de trono - desconhecido
- Nome de nascimento - desconhecido
- Listas de reis - Ba-en-Netjer , Ba-netjeru, Banteru, Netern
- Peribsen (esperança de todos os corações)
Como já foi visto, havia uma batalha constante entre os adoradores de Hórus e de Seth, era algo como a batalha entre o Bem e o Mal com a intenção de governar o Egito. Mas Seth não deve ter sido assim tão terrível, é que no curso da história, Hórus venceu e o perdedor é sempre visto de maneira ruim.
Em diversas etapas da História do Egito vamos ver conflitos entre o norte e o sul, representados pelos dois deuses e sempre uma batalha para manter ou tornar o Egito um só país. Isso torna Peribsen notável, porque foi provavelmente, o primeiro faraó a quebrar uma das regras religiosas mais importantes do Egito – ele trocou o nome Hórus por Seth, e talvez tenha sido o primeiro reformador da religião no país.
É possível que ele tenha se tornado rei após uma guerra civil, talvez mesmo contra Sened e seus sucessores (que constam em algumas listas de reis mas não são confiáveis). Assim Peribsen teria unido novamente o país e se tornado o único governante.
Ele subiu ao trono como Sekhemib, que significa poderoso é o seu coração. Depois ele associou seu nome ao deus Seth e se tornou Seth-Peribsen. Há dúvidas se houve uma reforma religiosa, se houve uma guerra interna que os aliados de Seth venceram ou se apenas esse faraó mudou seu nome como jogada política no intuito de assegurar a ordem e a paz no país.
É quase certo que tenha havido conflitos que foram pacificados pelo successor Khasekhemwy, porque este traz em seu serekh ambos os deuses, o chacal de Seth e o falcão de Hórus.
Este faraó não deve ter governado imediatamente após Ninetjer, talvez tenha havido outros reis entre eles. Sabemos que ele governou as terras até Elefantina graças a selos encontrados com seu nome, aparentemente foi erguido um templo dedicado a Seth nessa ilha. A pequena tumba (P) em Abidos atribuída a Peribsen é uma construção quadrada e tradicional, não há sepultamentos em volta, apenas duas estelas com o nome do rei.
Peribsen foi o primeiro rei a inscrever seu nome num cartucho que foi encontrado num selo cilíndrico em Saqara.
Nomes:
- Mâneton o chama Sethenes, Sened
- Nome de Hórus - Sekhemib coração poderoso, Hórus Sekhemib, Per-en-maat Hórus, coração poderoso, aquele que vem da ordem cosmológica
Mudou o nome Hórus para Seth Peribsen – esperança de todos os corações
- Nome Nebty - Nebti Sekhemib Per-en-maat e depois Nebti Peribsen
- Hórus dourado - desconhecido
- Nome de trono - desconhecido
- Nome de nascimento - Sekhemib
- Listas de reis - Peribsen
- Khasekhemwy (os dois poderosos surgiram)
Este faraó é colocado como o sucessor de Peribsen, embora Mâneton registre três reis entre eles, Sendji, Neterka e Neferkara. O fato é que não há nenhuma evidencia que comprove a existência desses reis. Assim também, há quem pense que Khasekhem foi um antecessor de Khasekhemwy.
Na verdade, este é um faraó bastante bem registrado e, na falta de provas a respeito de reis anteriores vamos partir do fato que, Peribsen (seu antecessor) enfrentava revoltas, talvez uma guerra civil. Parece que ele não conseguiu controlar o país por inteiro, porque Khasekhemwy enfrentou e debelou uma grande rebelião. Portanto foi ele quem terminou o trabalho de Peribsen em unir o Egito.
Após reunir o país outra vez, talvez ele tenha mudado o seu nome de Khasekhem para Khasekhemwy que significa os dois poderosos surgiram. Pela primeira e única vez na história do Egito temos um serekh ostentando os dois animais sagrados: o falcão de Hórus e o chacal de Seth.
O faraó deve ter usado os dois deuses como um ato político, um ato de reconciliação e de união do país, ele não escolheu nenhum dos lados escolheu os dois.
É provável que ele tenha casado com uma princesa do norte chamada Nemathap (Nimaatapis) para selar a união do Egito. Esta princesa está registrada em tampas de jarras como, aquela que gesta o rei. É possível que ela tenha sido a mãe dos três primeiros reis da 3ª dinastia, incluindo Djoser.
Foi encontrado um vaso de pedra onde está gravado o ano da luta contra o inimigo, direto da cidade de Nekhet. Parece que houve uma batalha feroz e dramática entre as duas terras (o norte e o sul). Na base de duas estátuas de Khasekhemwy há uma inscrição dizendo que 47 209 pessoas do norte foram mortas, considerando a pequena população do Egito na época, podemos imaginar uma luta terrível.
Depois da unificação o faraó mudou a capital para Nekhen (Hieracômpolis) e esta foi a primeira e única vez em que o Egito foi governado a partir desta cidade.
Khasekhemwy deve ter sido um grande comandante militar porque há registros de campanhas suas até Biblos na Síria, é o primeiro faraó a ter seu nome registrado nesse local.
No Egito ele fez obras que ainda existem, logo após a unificação. Foram muitas construções em pedra em Nekhet, Nekhem e Abidos.
Sua tumba, em Abidos foi a última tumba real construída nessa necrópole (tumba V). Ela é uma mistura entre as mastabas do norte e as construções quadradas do sul, seria uma diplomática mistura de ambas. Sua área é dividida em 58 câmaras e nela foram encontrados alguns objetos esquecidos ou abandonados pelos ladrões de tumbas. O cetro real feito de coralina negra e ouro, belos potinhos com tampa de ouro em formato de folha. Flinders Petrie fez um inventário do número de objetos que foram removidos da tumba durante as escavações de Amelineau (definitivamente a arqueologia na época não era nada séria). Havia ferramentas e vasos de cobre, vasos de pedra e de cerâmica cheios de grãos e frutas, objetos vitrificados, contas de cornalina, trabalhos de cestaria e uma grande quantidade de selos.
Próximo a Nekhen (Hieracômpolis) fica uma imensa construção chamada A Fortaleza que embora destruída hoje em dia, deve ter sido impressionante, não se sabe para que o faraó a construiu. A oeste, em Saqqara há uma área delimitada muito grande e retangular chamada Gisr El-Mudir, que já foi escavada nos anos 90, não há registros de prédios em seu interior e nem se sabe para que foi delimitada.
Finalmente temos Shunet el-Zebib, não muito longe de Abidos, que foi construído sobre uma área delimitada mais antiga. É uma espécie de palácio com um muro duplo de tijolos e parece ter sido o precursor da pirâmide de degraus, porque há no centro uma espécie de elevação. Não se sabe para que foi construído, pode ter sido como túmulo, mas em escavações mais recentes (1991) foram encontrados em volta do muro 14 buracos contendo barcas. Devido ao seu estado muito frágil, por serem de madeira e muito antigas foram novamente cobertas.
As ligações entre Khasekhemwy e Djoser, seu sucessor devem ter sido de pai e filho, uma vez que foram encontrados muitos selos de Djoser no túmulo de Khasekhemwy e foi Djoser o responsável pelos ritos mortuários do faraó.
Nomes:
- Mâneton não menciona esse rei
- Nome de Hórus - Khasekhem , Hórus o poderoso surgiu;
*Este é o único rei a possuir um nome Hórus-Seth - Khasekhemwi, Nebwi-hetep-imef Hórus e Seth, os dois poderosos surgiram e os dois senhores estão em paz nele
- Nome Nebty - Nebti Khasekhemwi, Mebwi-Hetep-Imef, também Nebti Khasekhemwi Nebu-khet-sen, as duas senhoras, os dois poderosos surgiram, seus corpos são de ouro
- Hórus dourado – desconhecido
- Nome de trono - desconhecido
- Nome de nascimento - desconhecido
- Listas de reis - Djadjay, Bebi, Bebti