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A evolução tecnológica/Técnicas agrícolas e descobertas de novos metais

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(Antiguidade — 4.000 a.C. ao século V, em 476 d.C)

Esse período tem como ponto marcante a descoberta de importantes metais — cobre, bronze e ferro, respectivamente — que são fundamentais para o desenvolvimento de novos instrumentos. Esses contribuíram muito para o transporte — agora com tração animal —, e, principalmente, para a agricultura — revolucionada pelos canais de irrigação e, essencialmente, pelo arado.

Idade do Cobre

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Esse primeiro período da Antiguidade caracterizou-se em viabilizar a agricultura o máximo possível. Para esse desenvolvimento, primeiramente, passa-se a gerar um excedente dos produtos agrícolas. Para tal excedente houve grandes mudanças sociais (maior relação entre pessoas de uma mesma região, ou de lugares mais distantes) e econômicas. Implicando também em mudanças tecnológicas.

Implicações tecnológicas foram cruciais para que pudesse ocorrer importantes transformações no modo de produção. Assim, canais de irrigação foram usados para tornar terras áridas e montanhosas propícias para o cultivo — onde antes não era possível chegar com água —, além de tornarem-se adequadas para habitação. Antes da implantação desses canais, era possível apenas o cultivo de produtos agrícolas perto das margens dos rios. Em oposição às áreas desérticas e montanhosas, onde basicamente não havia água, temos os locais que se caracterizam-se por terrenos alagados. Esses locais precisavam de técnicas para a drenagem da água, e assim tornar possível o cultivo.

A forma de construção das casas não se caracteriza mais por galhos e argila, passa agora a ser construída de tijolos moldados, estes feitos de barro seco ao sol, e que posteriormente passaram a ser feitos em fornalhas. Nessas novas moradias, começou a domesticar-se animais, como o cavalo e o boi.

Exemplo de pictograma.

A escrita que aparece nas sociedades dessa época era uma forma de se transmitir o conhecimento, muito limitada e dificultosa. Eram feitos desenhos, não muito detalhados, para poder retratar algum ser, objeto ou tarefa do homem. Embora não fazia-se desenhos muito detalhados, era uma forma relativamente demorada para se retratar algo. Esse tipo de escrita, caracterizada pela representação em desenhos, era chamada de pictográfica.[1]

Exemplo de ideograma.

Essa dificuldade de transmitir o conhecimento implicou no aperfeiçoamento da escrita, ou seja, na sua simplificação. Assim, o aperfeiçoamento da escrita consistiu em atribuir significados arbitrários às coisas representadas; agora não retratavam apenas coisas, mas também idéias. Essa nova maneira de se escrever, caracterizada pela representação através de símbolos, chama-se ideografia. Essa nova maneira de representar coisas e idéias foi adotada pela sociedade chinesa.

Porém, esse tipo de escrita ideográfica não foi adotada igualmente em todas regiões. Sendo assim, os sumerianos começaram a adotar um tipo de escrita que incluía palavras de uma única sílaba para representar a maioria das coisas e idéias, apesar de apresentar também ideografias. E, com o passar do tempo, os símbolos utilizados começariam a diminuir cada vez mais. Este tipo de escrita, porém, deu-se de forma mais efetiva na Idade do Bronze.

Os instrumentos feitos de pedra, osso e madeira ainda continuam sendo utilizados nessa primeira fase da Antiguidade, embora relativamente em pouca quantidades: dependia da região e de seu respectivo nível tecnológico. Esse período é caracterizado pelos implementos feitos de cobre — como por exemplo os machados. Sendo que agora, passam a ser fundidos.

A metalurgia, nesse período, caracterizou-se pela descoberta de um novo material: o cobre. E consequentes descobertas de sua maleabilidade, poder de fundir-se, e suas ligas. O cobre, quando aquecido, permite que através de um molde assuma as formas que desejam ser moldadas, e após seu esfriamento torna-se bastante duro, além de ser possível fazer no material moldado um fio de corte. O molde para cobre era um recipiente geralmente de argila no qual coloca-se o cobre aquecido — ou seja, em estado líquido —, e espera seu esfriamento.

Os limites para a moldagem de um material e as vantagens em relação aos materiais usados anteriormente — pedra, sílex, etc. — são comentadas a seguir: o limite ao tamanho do molde depende da habilidade técnica que uma determinada pessoa tem conhecimento. Isso também se aplica às formas que definem um objeto, sendo, portanto, também ilimitadas. Além disso, após ser moldado e resfriado, o material pode ser novamente modificado com golpes de martelo, tendo em consideração que o cobre é maleável. Os materiais de cobre são mais duráveis do que os de pedra ou de osso, não por que seu fio de corte é mais durável — eles tem o mesmo tempo de durabilidade —, nem por que tem maior poder de corte. Mas sim pelo fato de que o cobre pode ser restaurado — fundindo-o —, caso quebre, ou mesmo pelo fato de sua lâmina — quando não tiver mais fio de corte — poder ser amolada. [2]

A utilização do cobre como metal para a fabricação de diversos instrumentos, implicou no aperfeiçoamento das fornalhas para o aquecimento deste metal, devido ao fato de precisar de fornalhas que produzam altas temperaturas, sendo que isso era necessário para a fusão. Além da utilização de cadinhos (recipientes), para receber o material fundido; pinças, para levantar os moldes quando com o metal aquecido; e moldes, para determinar a forma e tamanho do objeto a ser moldado.

Chegando ao final deste período, o homem — devido às influências de crenças, onde utilizava o cobre devido à sua cor e brilho para a produção de talismã — descobriu que podia misturar carvão de lenha (de diferentes classes) com elementos mais comuns, como pedra e terra, para obter uma substância semelhante ao cobre quanto à cor. Implicou, então, no interesse de misturar cobre com outros metais — prata, chumbo e estanho —, chegando à descoberta de uma nova liga formada por cobre e estanho, denominada de bronze. E isso, foi de enorme importância para o surgimento de uma nova Era. Novos implementos foram concretizados.

Idade do Bronze

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A descoberta da mistura de cobre e estanho origina uma liga de melhor qualidade, esta denominada bronze. Foi uma revolução para a metalurgia, pois passa a constituir a concretização para a expansão dos implementos feitos de metais.

O conhecimento das técnicas metalúrgicas difundiram-se à medida que as pessoas migravam. O incentivo à utilização dos metais devem-se à suas características: maior dureza, em comparação aos instrumentos de pedra — muito mais eficazes em uma luta, por exemplo, pois os instrumentos de pedra poderiam se quebrar facilmente, já os de metais não; e embora escasso na maioria das regiões, havia uma maior facilidade de transporte desses metais.[2]

Exemlplo de escrita cuneiforme.

A escrita, a partir deste período, começa a assumir caráter mais simples. Algumas consequências da simplificação da escrita foram devido à rapidez da escrita e sua comodidade, os símbolos eram feitos com tanto descuido que não apresentavam, muitas vezes, características semelhantes com o objeto retratado. A escrita deixa de ser delineada, e começa a ser produzida através de um estile com forma de cunha: a chamada escrita cuneiforme. Essa escrita — que teve seu início na Idade do Cobre — foi idealizada pelos sumerianos, para aperfeiçoamento de sua escrita baseada em uma única sílaba. Inicialmente esse novo tipo de escrita foi aplicada para a transcrever os nomes de reis semitas, e logo depois para a escrita de documentos oficiais e comerciais.

Exemplo de escrita hieroglífica.

Já no Egito, um novo tipo de escrita foi consagrado, a escrita hieroglífica, na qual ainda conserva-se a utilização de desenhos característicos da escrita pictográfica — esta que permaneceu durante mais de 3.000 anos. Após esse longo período, essa escrita assuma caráter ideográfico. Sendo assim, esse tipo de escrita não apresenta maior aperfeiçoamento do que a dos sumerianos (apesar de ser caracterizada pela utilização de uma sílaba, apresentava também características ideográfica). Pois a variedade de símbolos não é menor, assim não pode se considerada mais prática e simples. Essa escrita apresenta uma variação que era mais corrente: a hierática. A escrita hieroglífica apresenta relação à escrita dos sumerianos quanto a utilização de designações. Mas ao invés de uma sílaba, eram apenas consoantes. Dessa forma, apesar de os egípcios terem todas as consoantes para constituir um alfabeto, continuaram — como outras civilizações — a utilizarem símbolos.

Além da escrita, era necessário o desenvolvimento de um sistema numérico para acompanhar a evolução que estava ocorrendo nos mais variados setores, do período da Antiguidade. O sistema numérico então presente estava muito precário e ineficiente. Esse precário sistema consistia em fazer a contagem de determinada coisa, marcando respectivos riscos em uma tábua de madeira. Não mais correspondia às praticas comerciais para contabilidade e para a contagem do rebanho, por exemplo. Dessa forma, desenvolveu-se um novo sistema numérico. No qual os números inferiores a dez são expressados igual à maneira antiga — semicírculos feitas com uma careta. Porém, cada grupo de dez números passou a ser expressado de uma forma simbólica diferente: um círculo feito pela pressão de uma vareta na argila ou madeira.

Foram desenvolvidos dois tipos de sistema numérico: o sistema sexagesimal e o sistema decimal. No sexagesimal, foi introduzido um novo símbolo para designar o número 60, que consistia num semicírculo feito com uma vareta maior do que o utilizado no sistema descrito acima. E, no sistema decimal — utilizado para medir grãos — o mesmo símbolo que designava o número 60 (sistema sexagesimal), era aqui utilizado para designar o número 100. Na Suméria, depois de 2.500 a.C., o sistema decimal foi abandonado, passando a ser utilizado somente o sexagesimal.

As grandiosas obras e templos realizados através de trabalho cooperativo, exigiam a padronização de pesos e medidas. Isso é necessário pois, levando em consideração que eram realizadas por grandes contigentes de pessoas, não mais era possível utilizar membros do corpo — braço, perna, pé, nariz, dedo, etc. — para servir de medidas. Nem outros materiais — grãos, por exemplo — para servir de peso. Antes, era possível pois não eram construídos grandes obras, consequentemente não havia necessidade de grande quantidade de pessoas. Mas com inúmeras pessoas trabalhando, isso seria algo desastroso, pois cada pessoa tem uma determinada medida de seus membros, e não convêm utilizar grãos para determinar o peso de um objeto.[2]

Para padronizar as unidades de medidas, convencionou-se a utilização de varas de metal ou de madeira, onde era marcado o tamanho de determinado objeto que se desejava medir. Assim, em uma construção, todos os trabalhadores poderiam ter a medida quase exata de um objeto. Quanto a padronização de unidades de peso, passou a determiná-lo cortando determinados materiais, principalmente a hematita que era frequentemente encontrada por pessoas que escavavam metais. Sendo assim poderia ter medidas mais aproximadas, e, muito provavelmente, a balança fora inventada antes desses padrões, para que fosse possível determinar o peso de algo.

Hematita

Com o surgimento de uma camada urbana na sociedade, foi necessário a criação de um calendário mais adequado. Esse calendário, primeiramente utilizado pelos sumerianos, dividia a parte do dia mais a da noite em 24 horas. Além disso criaram instrumentos específicos à marcação do dia e da noite: relógio de água (ou clepsidra) — baseado na ampulheta — e um relógio solar (espécie de quadrante solar). Este último era constituído por um círculo com uma espécie de triângulo retângulo que forma uma sombra ao lado oposto em que o sol reflete, sendo que o tamanho desta sombra, mostra aproximadamente a respectiva hora. Quanto à marcação dos anos, era feita através da simples observação da lua, o que se designa calendário lunar. Isso era feito por pessoas que tinham o conhecimento, pela observação do céu, da extensão do ano sideral. Às vezes, havia necessidade de se corrigir essa observação, pois era incerta.

Além do calendário idealizado primeiramente pelos sumerianos (calendário lunar descrito acima), foi realizado pelos egípcios um outro tipo: o calendário solar — precursor do utilizado atualmente na civilização ocidental. Esse tipo de calendário foi desenvolvido a partir de observações das cheias do rio Nilo. Assim, funcionários do faraó constataram — depois de 50 anos de observação — que o intervalo médio das cheias do rio Nilo eram de 365 dias; e que havia um dia de tolerância entre este intervalo. Desse modo, criaram um calendário oficial, que se tornou eficaz à agricultura, pois indicava aos camponeses quando deviam iniciar as operações agrícolas. Embora fora descoberta que havia um erro de aproximadamente 6 horas ao ano no calendário (devido a isso há atualmente os anos bissextos), já era muito tarde para poder corrigir.

Ilustração de um arado puxado por bois.

A invenção do arado foi um importante progresso para a agricultura, sendo que através de um animal — o boi — foi possível adaptar uma espécie de enxada às costas do animal. Antes utilizado apenas como fornecedor alimentício, passa a ser utilizado também como meio para a preparação da terra, facilitando o trabalho humano, além de agilizá-lo. Sua utilização data por volta de 3.000 a.C., sendo as primeiras regiões a utilizá-lo, Egito e Mesopotâmia.

O transporte estava começando a se difundir de maneira mais generalizada. Tal como o trenó, já conhecido no período da Pré-história em algumas regiões da Europa, e talvez na Ásia Menor. Uma importante e indispensável revolução nos meios de transporte foi a invenção da roda, datando seu uso em carroças de duas e quatro rodas, de forma generalizada, em 3.000 a.C. A roda consistia em três peças de madeira sólida, estas encaixavam-se umas nas outras e eram revestidas com pregos de cobre; giravam juntamente com o eixo, e estes podiam ser fixados no corpo do veículo com tiras de couro.

Quanto a utilização de animais como meios de transporte, podemos considerar o asno — um animal de carga —, como o animal mais antigo utilizado como meio de transporte. Provavelmente já era empregado no Egito em 3.000 a.C., e certamente utilizado Síria e na Mesopotâmia; em relação às cargas, este animal as carregava no lombo. O boi, embora não-adequado à isso, também serviu de meio de transporte. Esse animal — ao contrário do asno — puxava a carga, ou seja, a carroça. O cavalo, por ser um meio de transporte rápido, era utilizado para estabelecer relações comerciais; seu uso é mais provável a partir do ano de 2.000 a.C. Temos também a utilização do camelo na região desértica da Ásia Menor, desde 1.000 a.C.

O transporte por meio marítimo começa a surgir, de modo geral, antes do ano 3.000 a.C. Embora fora utilizado em algumas regiões no período pré-histórico, não se deu de forma efetiva, ou seja, não disseminou-se às várias regiões. Caracterizou-se primeiramente, por jangadas e canoas. Logo depois, começou a utilizar o vento como força motriz em barcos à vela.

A roda também foi revolucionária para o artesanato. Nesse sistema, colocava-se um bloco de argila numa roda que gira sobre um eixo vertical. Esse processo revolucionou a prática do artesanato na cerâmica.

Considerando a abundância da argila podemos dizer que: o ceramista não estava limitado a uma determinada região. Ele poderiam facilmente pegar sua roda de fazer cerâmicas e sua família, e assim viajar de região em região. Produzindo peças de cerâmica de acordo com um determinado local que ficaria por algum tempo. Isso dava a esses artesãos maior flexibilidade do que trabalhadores de outros ofícios.[2]

Nos últimos séculos desse período, o bronze começou a ser mais utilizado para produzir diversos instrumentos, principalmente armamentos. E, além de disponibilizar aos soberanos o poder bélico, iniciou-se um período de expansão das terras, onde as sociedades que detinham maior poderio tomavam territórios alheios. Porém, quanto à abertura de terras fechadas pelas matas, que poderiam ser utilizadas para cultivo, não foi possível através das enxadas e arados de bronze — como aconteceria na Idade do Ferro.

As carroças passaram a ser utilizadas para invasões de territórios. Estas foram aperfeiçoadas, sendo constituídas, agora, com rodas raiadas — ao invés das rodas de madeira maciça —, e a força de tração — que era, geralmente, asnos ou bois — passou a ser os cavalos, permitindo, assim, uma viagem mais veloz. Em Creta, essas carroças começaram a ser usada em fins desse período.

O transporte marítimo começou a ser bastante utilizado, devido ao seu relativo baixo custo. Uma região onde era propícia a isso, foi no rio Nilo, onde até produtos de consumo popular eram vendidos. Assim, passou a ser utilizada uma caravana, que atingia pouco mais de 2 km/h.

Algumas realizações foram significativas para o avanço a um novo período — Idade do Ferro. Essas foram: o progresso da Matemática babilônica; a descoberta do vidro, no Egito; a criação do alfabeto Fenício; e a viabilização de pesquisas para a exploração do ferro, por uma tribo não identificada na Armênia.

Cálculo de √2 com matemática babiloônica.

O desenvolvimento da Matemática babilônica — da qual a matemática moderna surgiu — foi essencial para uma determinação mais precisa dos cálculos. Essa nova Matemática pode corresponder às necessidades da classe média. Ela simplificou os símbolos utilizados, sendo que o aperfeiçoamento mais significativo foi a possibilidade de executar cálculos com frações; porém ainda não haviam introduzido o símbolo do zero e da vírgula decimal.

A produção do vidro é descoberta pois egípcios — e também sumerianos e hindus — conheciam a química para a fabricação de uma pasta opaca de areia revestida com verniz: a faiança. Devido a semelhança com a química do vidro, os egípcios acabaram descobrindo a forma de produção do vidro transparente. Este podia ser fundido como o metal, assim, colocando varetas tubulares, podia ser moldado quando ainda quente, e até receber a forma de vasos. Além disso, foi aplicado à imitação de pedras preciosas, que poderiam ser vendidas a um preço mais acessível à classe média. Esta técnica foi também logo adotada na Fenícia.

Exemplo de faiança.
Alfabeto fenício.

Tal como o vidro, que disponibilizou à classe média algo mais acessível, a criação do alfabeto fenício também. Isso, pois, os fenícios necessitavam ampliar seu comércio à classe média, e não mais só aos poucos privilegiados especializados. Assim, a escrita fenícia caracterizada pela sua simplificação (selecionaram apenas 29 símbolos dos caracteres cuneiformes), foi tão próspera que se firmou, acabando por difundir e popularizar-se na Idade do Ferro.

O último passo que desencadearia na Idade do Ferro — acontecido no período que o antecedeu —, fora a descoberta de um novo metal: o ferro. Esse novo metal apresentava uma vantagem em relação ao bronze e ao cobre: era encontrado facilmente, assim não implicaria em seu alto custo. Para a moldagem do ferro — isto é, para fundi-lo — necessitava de uma fornalha que apresentasse temperaturas muito mais elevadas do que as disponíveis na Antiguidade: desenvolvida somente após muitos séculos. Assim foi constituído um novo processo para sua moldagem: o ferro forjado, no qual era executado submetendo-o a um aquecimento — não ao seu derretimento, como para a fundição —, e depois moldado a golpes de martelo.

Assim, devido aos eficientes e econômicos métodos de se trabalhar o ferro, e este mais barato e acessível, tornou-se popular aos implementos da agricultura, da indústria e também da guerra. Com isso, qualquer camponês podia dispor de um machado de ferro — para cortar os matagais — e de um arado de ferro — para afofar a terra —, e assim torná-la utilizável. Artesãos podiam dispor de ferramentas necessárias ao seu trabalho, tornando independente às casas dos nobres ou reis. A camada pobre podia, agora, enfrentar os cavaleiros. E os povos que antes se mostravam em desigualdade em relação a outros — quando o bronze era privilégios de alguns —, agora podiam enfrentá-los, já que não existia mais uma enorme desigualdade das condições de armamentos.[2] Assim constituía bases para o novo período: a Idade do Ferro.

Idade do Ferro

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O início dessa fase foi marcado por sucessivas invasões de territórios entre os diversos povos. Assim, neste período inicial — que durou aproximadamente cinco séculos — não houve uma evolução significativa. Mas após essa limitação, começou um período de evoluções nunca visto antes.

Uma importante inovação nesse período foi a iniciação de uma sistema fabril de cerâmica, nos séculos V e VI a.C. Este sistema fabril era executados por empregados, cada um responsável por um ofício: um pintor, no início incumbia ao próprio mestre de cerâmica, mas posteriormente passou a ser a uma pessoa específica; um forneiro; quatro modeladores; e também o proprietário. Provavelmente, esse tipo sistema fabril não foi somente aplicado à indústria de cerâmica, como também às outras indústrias. Essas indústrias utilizavam, em grande escala, trabalhadores escravos. Apesar de também existirem, embora muito pouco, artesão livres.

Tendo em consideração que os escravos constituíam grande parte da população, e recebiam um salário que com o qual não podiam se alimentar direito. Esses não poderiam comprar os produtos que eles próprios produziam. Essa situação desencadeou na decadência da indústria, e desse modo os industriais passaram a não mais investir no setor industrial, começando a investir nos setores da agricultura e empréstimos a juros.

No campo da Matemática, foram descobertas muitas propriedades interessantes e importâncias dos números. Um dos fatores que limitavam os cálculos nesse período, era o não-conhecimento do sistema de notação numérica — onde utiliza-se letras para descobrir valores interligados, ou seja, as equações. Para a resolução de cálculos de contabilidade usava-se o ábaco (recurso inventado provavelmente pelos fenícios). Foram aprimorado cálculos geométricos, onde atribuiu-se a Pitágoras o Teorema de Pitágoras, dentre outras propriedades. Descobriram, com ajuda dos gregos, os valores aproximados do números irracionais — até então não-descoberto por nenhuma sociedade—, e também como resolver equações de segundo grau — onde foi concedida ajuda dos babilônios. Essas descobertas de novas propriedades da geometria, ajudaram a localizar planetas no céu, naves no mar e a dividir com mais precisão os relógios solares.

Além disso, no século III a.C., os matemáticos babilônicos estabeleceram, finalmente, um símbolo para o número zero, aperfeiçoando, assim, o sistema babilônico. Entretanto, foi no campo da Geometria que a matemática teve maior significado: foi sistematizada teoricamente; aplicou-se os estudos anteriores sobre superfície curvilínea; e, principalmente, fora aplicadas aos objetos reais feitos pelo homem — tal como para traçar a parábola dos projéteis das catapultas, e as hipérboles traçadas pelas sombras no relógios de sol. Nesse século também foram trabalhados com equações do terceiro grau e produzido aproximações, embora pequenas, de razões trigonométricas, como números irracionais e o valor de PI. Assim, astrônomos passaram a dedicar-se a calcular as distância entre os planetas, seus tamanhos, etc.

A artilharia recebeu uma revolucionária invenção: as catapultas. Estas eram muito mais eficazes do que arcos e flechas, fundas (um tipo de estilingue para arremessar pedras), aríetes (espécie de máquina para derrubar muralhas), etc.

Os moinhos eram máquinas complexas, que consistia na inovação de mecanismos. Assim, convertiam movimentos horizontais em rotatórios, e aumentavam a energia diminuindo a velocidade. Eram feitos de madeira — como todas as aparelhagens da moenda. Havia também alguns que apresentavam rodas dentadas (feitas de metal).

As indústrias secundárias desenvolveram-se segundo os padrões clássicos. E houve uma maior especialização dos operários, como na região de Delos. Comumente empregavam de dez a vinte trabalhadores. Na indústria de moagem houve uma verdadeira evolução. Essa evolução consiste no emprego de moinhos rotativos puxados a burro (cerca de 330 a.C.), ou por força hidráulica (depois de 100 a.C.) — primeira renovação do emprego da força motriz.

Para a drenagem das águas, inicialmente foi inventado uma máquina de madeira na qual podia-se elevar a água de dois a quatro metros e, geralmente, impulsionada por uma força motriz humana. O processo baseava-se na rotação de um moinho de roda — este adaptado de baldes que giravam junto com o moinho — retirando a água do local desejado. Posteriormente, no século III d.C., foi inventado um máquina que apresentava bombas de drenagem d’água. Estas eram constituídas com válvulas, cilindros e pistões, num processo semelhante ao princípio pneumático da bomba manual. Porém, não há registro da utilização dessas invenções no período da Idade do Ferro, somente registros posteriores. Isso deve-se, provavelmente, à deficiência dos canos de chumbo ou do alto custo dos canos de bronze; o ferro nesse período, só alcançara a técnica de ser forjado, ainda não havia recursos para executar a sua fundição, por isso não podia ser utilizado.

A navegação ficou dependente da Astronomia (ciência que estuda os astros), onde os navegadores guiavam-se pela posição das estrelas (não havia ainda instrumentos para navegação). O estudo das estrelas foi feito pelos gregos, que aproveitaram o conhecimento dos babilônios e egípcios. Os navios tornaram-se maiores e mais rápidos, sendo seus mecanismos de direção e controles, aperfeiçoados. Foram também mais freqüentemente utilizado para atravessar o alto mar, ao invés de navegar no litoral. Uma verdadeira revolução para a navegação, foi a construção do farol: tinham o objetivo de sinalizar aos navegantes. Este constituía uma torre de mais de 160 metros de altura, e no seu ponto mais elevado havia fogo de uma madeira resinosa (substância inflamável). Além disso, outro importante melhoramento foi o dos portos, onde as contribuições dos romanos — cimento hidráulico, ensecadeira (tapume feito em volta das construções que estão submersas na água, para trabalhar em seco) e colocação de pilastras embaixo d’água — foram importantes.

O transporte terrestre também teve seus melhoramentos, se tornando mais rápido. O sistema de estradas dos persas foi ampliado e aperfeiçoado. Os romanos, ao unirem a Itália sob sua hegemonia, começaram a ligar estradas, com objetivos militares. Esse tipo de transporte enfrentava problemas como a poeira — embora incomodo, não impossibilitava o tráfego — e o barro — ao contrário da poeira, impossibilitava o tráfego. Assim, tornava-se lento e caro.

Nessa época, não era conveniente enviar produtos de um lugar a outro por meio do transporte terrestre, ou mesmo marítimo. Desse modo, foi a indústria que passou a se expandir para os mercados.

Com essas invenções, aperfeiçoamentos e desenvolvimentos de novas técnicas, objetos e máquinas úteis ao homem, preparava-se o fim da Idade do Ferro e inícios da Idade Média. Por parte da agricultura, esse período que chegava ao fim, apenas introduziu os objetos que seriam aperfeiçoados no período seguinte; assim como aconteceu com os moinhos, e com os outros inventos. A Idade do Ferro deu início aos implementos que seriam aperfeiçoados na Idade Média. Esse novo período, porém, foi bastante caracterizado pelo aperfeiçoamento dos instrumentos já existentes.

Referências

  1. Rainer Sousa; Mundo Educação. Origem da Escrita. Página visitada em 19 de fevereiro de 2011. "[...] as primeiras inscrições eram feitas por meio de desenhos que visavam reproduzir de forma simplificada os conceitos ou coisas a serem representadas. Esse tipo de escrita é usualmente conhecido como escrita pictórica ou hieroglífica. [...] Com o passar do tempo, os sistemas de escrita foram ganhando maior complexidade quando os símbolos passaram a representar sons."
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 Dutra, Waltensir. O que Aconteceu na História. Rio de JaneiroZahar, 1966. 80;81;83-85;90;113;114;191;192 p.