A composição de duas funções injetivas é injetiva. Ou seja, Se e são duas funções injetivas, então , com é uma função injetiva.
- Tome . Portanto h é injetiva.
- onde a implicação 1 ocorre por f ser injetiva e a implicação 2 ocorre por g ser injetiva e a implicação 3 ocorre por h ser bem definida.
O conjunto dos Naturais é infinito.
- Seja , com .
- Tome . Logo f é injetiva.
- Tome , para algum , logo . Assim f é sobrejetiva e portanto bijetiva.
- Assim . Como . Portanto o conjunto dos naturais é equipotente a um subconjunto próprio, e assim ele é infinito.
Todo conjunto equipotente com os naturais é infinito.
- Seja A um conjunto equipotente com os naturais, assim existe uma aplicação bijetiva . Logo . Portanto se A fosse finito, o conjunto dos naturais também seria.
Todo conjunto infinito, possui um subconjunto equipotente com os naturais (e portanto infinito).
- Considere que A seja um conjunto infinito, assim existe uma aplicação função bem definida e injetiva. Tome , com uma restrição de f sobrejetiva.
- Assim g é bijetiva, então . Logo é infinito. Portanto A possui um subconjunto equipotente com os naturais.
Os pares naturais e os impares naturais são equipotentes entre si e entre os naturais.
- Tome , com e , com .
- f é injetiva: Tome .
- f é sobrejetiva: Tome tal que .
- g é injetiva: Tome .
- g é sobrejetiva: Tome tal que .
- Portanto f e g são bijetivas e assim .
Qualquer subconjunto infinito dos naturais é equipotente ao conjunto dos naturais.
- Seja , tal que P é um conjunto infinito.
- Tome uma aplicação bem definida em .
- [construção da enumeração de P]
- [] Como P não é vazio e é subconjunto do conjunto dos naturais, pelo P.B.O.(Princípio da Boa Ordem), existe o menor elemento de P, assim . Assim tomemos .
- [] Se fosse vazio, P seria finito e equipotente com . Como P é infinito, e , pelo P.B.O., existe o menor elemento de . Assim . Logo, tome .
- [] Sucessivamente, temos que para qualquer n=k natural, se fosse vazio, P seria finito e equipotente com . Como P é infinito, e , pelo P.B.O., existe . Assim tome .
- [] Assim, temos que, se fosse vazio, P seria finito e equipotente com . Como P é infinito, e , pelo P.B.O., existe . Assim tome .
- Pelo modo como fizemos a indução sobre , a aplicação é bijetiva.
- Com efeito, f é injetiva: Tome , logo .
- f é sobrejetiva: Tome (garantido pela indução), tal que .
- Assim f é bijetiva e . Portanto P é enumerável.
Prove o Teorema 1.1: A relação de equipotência entre conjuntos é uma relação de equivalência.
Para a relação de equipotência ser reflexiva, qualquer conjunto deve ser equipotente a ele mesmo, ou seja,.
- Considere a função identidade .
- Essa função é sobrejetiva, porque qualquer que seja Contra-domínio da Id, existe Domínio da Id, tal que . Como .
- Essa função é injetiva, porque dado (Pela sobrejetividade da função Id), tal que . Como . Como , temos que .
- Portanto a função é bijetiva. Também temos que A é equipotente a A.
A relação de equipotência é simétrica:
- Vamos tomar como hipótese que A seja equipotente a B, assim existe uma aplicação bijetiva e bem-definida.
- Toda função bijetiva possui inversa, assim seja uma função bem definida por .
- Vamos mostrar que g é sobrejetiva: Tome . Logo g é sobrejetiva.
- a implicação 1 ocorre pela definição de f e a implicação 2 ocorre pela definição de g.
- Vamos mostrar que g é injetiva: Tome , tal que . Suponha, por contradição, que , absurdo, pois havíamos tomado . Logo .
- a implicação 3 ocorre pela definição de g e a implicação 4 ocorre pela definição de f.
- Portanto a função é bijetiva. Logo B é equipotente a A.
A relação de equipotência é transitiva: se o conjunto , então o .
- Como existe uma aplicação bijetiva . E também existe uma aplicação bijetiva .
- Definamos uma aplicação , sendo h a função composta de g com f, ou seja, , onde .
- Vamos mostrar que h é sobrejetiva: Tome , tal que , tal que . Mas . Logo h é sobrejetiva.
- a implicação 1 ocorre pela sobrejetividade de g e a implicação 2 ocorre pela sobrejetividade de f.
- Como f e g são bijetivas, logo são injetivas e pelo lema 1 a sua composição é injetiva, portanto h é injetiva.
- Portanto a função é bijetiva. Logo A é equipotente a C.
Prove o Teorema 1.2: Sejam conjuntos , então:
Se A é infinito, então B é infinito
- Como A é infinito pelo Lema 4, existe um subconjunto , tal que
- Como , por transitividade . Logo B possui um subconjunto equipotente com os naturais e portanto B é um conjunto infinito.
Se B é finito, então A é finito
- Suponha que A seja infinito. Pelo Lema 4, existe um subconjunto , tal que
- Como , por transitividade . Logo B possui um subconjunto equipotente com os naturais e portanto B é um conjunto infinito. Absurdo B ser infinito, pois B é finito, logo foi um absurdo ter suposto que A fosse infinito e portanto A é finito.
Prove o Teorema 1.3 Sejam A, B dois conjuntos equipotentes. A é infinito se, e somente se, B é infinito.
- () Como A é infinito, pelo lema 4, A possui um subconjunto C que é equipotente com os naturais. Logo existe uma aplicação bijetiva .
- Temos que . Vamos mostrar que a aplicação , com é uma aplicação injetiva:
- Tome
- Tomemos , com . Como h e g são injetivas, pelo lema 1, i é uma aplicação injetiva.
- Como A é equipotente a B, logo existe uma aplicação bijetiva . Tome , com . Temos por definição da aplicação j que . Como f e i são injetivas, pelo lema 1, j é uma aplicação injetiva.
- Vamos tomar uma restrição de j sobrejetiva, seja essa aplicação , com , onde k é uma restrição do contradomínio na aplicação j.
- Vamos mostrar que k é injetiva: .
- a implicação 1 ocorre pela injetividade de j e a implicação 2 ocorre pela definição de k
- vamos mostrar que k é sobrejetiva: Tome , tal que .
- a implicação 3 ocorre pela sobrejetividade de j e a implicação 4 ocorre pela definição de k.
- Assim k é bijetiva e portanto . Como
- Portanto B possui um subconjunto que é equipotente com os naturais, logo B é infinito.
- Conclusão da (): dado qualquer conjunto infinito, todo conjunto equipotente a ele também é infinito.
- () Tome , onde B é infinito. Pela conclusão anterior, temos que A é infinito.
Prove o Teorema 1.4: Seja A um conjunto infinito, e , então B é infinito.
- Suponha que B seja finito, logo adicionando ao conjunto B teríamos que seria finito, que é um absurdo, pois A é infinito. Portanto foi um absurdo supor que B fosse finito. Logo B é infinito.
- Com efeito, como A é infinito, logo A possui um subconjunto C que é equipotente aos naturais. Pelo lema 5, .
- Em relação a B e C podemos dizer que eles são iguais ou diferentes.
- Caso B=C, logo B é infinito.
- Caso B possui um subconjunto equipotente aos naturais, logo B é infinito.
- Caso . Tome uma aplicação bijetiva .
- Caso , para algum n natural par, temos que existe uma uma restrição injetiva sobre a função f. Temos que . Como . Assim temos que B possui um subconjunto equipotente aos naturais, logo B é infinito.
- Caso , para algum n natural ímpar, temos que existe uma uma restrição injetiva sobre a função f. Temos que . Como . Assim temos que B possui um subconjunto equipotente aos naturais, logo B é infinito.
Teorema 1.5: A é um conjunto finito se, e somente se, A é equipotente com para algum
- ()
- Tome A um conjunto finito. Caso A seja vazio, uma aplicação não faz sentido, já que A não têm elementos. Logo seja .
- Tome uma aplicação. Se ela fosse bijetiva, A seria infinito. Como A não é infinito, essa função é no máximo injetiva. Assim tome uma aplicação injetiva. Assim
- Tomando , temos que g(A) é um subconjunto dos naturais. Caso fosse infinito, teríamos que A seria infinito, logo g(A) é um conjunto finito.
- Assim tome uma aplicação bijetiva. Logo .
- Seja g uma função construída tomando os elementos dos naturais a partir de 1, assim:
- [construção de g(A)]
- Seja
- Imagem inversa de 1: Como , tal que . Caso .
- Imagem inversa de 2: Caso , tal que . Caso .
- Aplicando o algoritmo acima sobre a imagem inversa de cada natural 1,2,... até que exista um k natural que para algum k natural.
- Pela função ser uma aplicação bijetiva, logo A é equipotente com .
- ()
- Por hipótese, para algum .
- Caso A fosse infinito, pela bijeção seria infinito. Mas é um absurdo, pois é finito. Logo foi um absurdo ter suposto que A era infinito, portanto A é finito.
Prove o Teorema 1.6: Todo subconjunto infinito de um conjunto enumerável, é enumerável.
- Seja A um conjunto enumerável, ou seja equipotente com os naturais. Assim existe uma aplicação bijetiva , com .
- Como B é um subconjunto infinito de A, podemos extrair de f uma função restrição , com .
- Vamos mostrar que a função g é injetiva: Tome , como . Pela g, . Como B é infinito, g(B) é infinito, onde para algum
- Assim tome uma aplicação h:, com uma aplicação restritiva do contradomínio da função g.
- vamos mostrar que h é injetiva: Tome , pela g .
- vamos mostrar que h é sobrejetiva: Qualquer que seja , pela definição de g(B), existe algum tal que .
- Portanto h é bijetiva e assim . Pelo lema 6, . Por transitividade, B é enumerável.
Prove o corolário 1.9: Existem conjuntos não enumeráveis.
O intervalo (0,1) não é enumerável
- Suponha que exista uma aplicação bijetiva entre e , assim .
- Sabendo que .
- Suponha que por construção da enumeração, façamos onde cada .
- Para que f seja bem definida, devemos conseguir relacionar cada n natural com algum número real do intervalo aberto (0,1): .
- Assim tome , para algum t natural, tal que para cada .
- , porque , , porque , e assim sucessivamente. Logo , tal que . Absurdo, pois a função não fica bem definida. Portanto não existe uma função onde podemos relacionar todos os elementos de (0,1) com um natural.
- Portanto (0,1) é um conjunto não-enumerável.
Qualquer intervalo aberto é um conjunto não-enumerável.
- Basta tomarmos (a,b) como um intervalo qualquer, assim tome a função , com é uma função bijetiva, logo .
- Com efeito, se (a,b) fosse enumerável, existiria uma aplicação bijetiva .
- Como f é bijetiva, existe uma aplicação inversa bijetiva e assim a função composta seria bijetiva.
Prove a proposição 2.4: Seja K um corpo e
O elemento neutro de em K, , é único.
- Suponha que o elemento neutro de não é único, assim existem os elementos neutros .
- Logo devem valer que e .
- Como e .
- Em K vale a comutatividade, assim
- a implicação 1 ocorre devida as equações (1) e (2).
O elemento neutro da em K, , é único.
- Suponha que o elemento neutro de não é único, assim existem os elementos neutros .
- Logo devem valer que e .
- Como e .
- Em K vale a comutatividade, assim
- a implicação 1 ocorre devida as equações (1) e (2).
O elemento inverso de em K, "", é único.
- Suponha que o elemento inverso "" não é único, assim existem os elementos neutros .
- Logo devem valer que e .
- Como e .
- Usando em e em teremos que: e .
- Como é o elemento neutro de em K, ou seja, . Logo em e
- Portanto o elemento inverso de em K, "", é único.
(Lei de corte de em K)
- Como , logo logo .
- Pelo elemento inverso de em K, logo .
- Aplicando em , teremos que .
- Pelo elemento neutro de em K, logo .
- Assim aplicando em , teremos que .
, para todo .
- Como , logo .
- Aplicando temos que .
- Pelo axioma da distributividade em K, .
- Aplicando em .
- Pela lei do corte de em K, .
- Analogamente temos que .
O elemento inverso de em K, "" para é único.
- A princípio, caso Como , é absurdo termos que . Logo
- Suponha que o elemento inverso "" não é único, assim vamos supor que existem dois elementos inversos .
- Logo devem valer que e .
- Como e .
- Usando em e em teremos que: e .
- Como é o elemento neutro de em K, ou seja, . Logo em e
- Portanto o elemento inverso de em , "", é único.
Para . (Leis de corte de em K)
- Como , logo tome logo .
- K é associativo, logo .
- Pelo elemento inverso de em K, logo .
- Aplicando em , teremos que .
Pelo elemento neutro de em K, logo .
- Assim aplicando em , teremos que .
ou . (Não existe divisores de )
- Como hipótese temos que
- Suponha que , assim tomemos , logo .
- Como e pela associatividade de K, temos que .
- Como logo .
- Analogamente, supondo que , teremos que .
- Suponha agora que . Isso é verdade para qualquer y em K. Em particular para quando .
- Analogamente suponha que . Isso é verdade para qualquer x em K. Em particular para quando .
- Portanto ou .
(Regra dos sinais diferentes)
- .
- a igualdade 1 ocorre porque , a igualdade 2 ocorre porque , a igualdade 3 ocorre pelo axioma da distributividade em K e a implicação 4 é a conclusão.
- Tome .
- a implicação 5 ocorre por e .
- De modo análogo, conclui-se que .
- Portanto: .
. (Regra dos sinais iguais)
- Assim
- as igualdades ocorrem por .
Prove a proposição 3.3: Sejam K um corpo ordenado, P seus elementos positivos, então:
Se , então .
- Tome ou ou , pela tricotomia definida.
- (caso ) Por definição . Pelo exercício 8.6-b, .
- (caso ) Assim .
- (caso ) Por definição . Pelo exercício 8.6-b,.
- Logo qualquer a em K
.
Prove a proposição 3.6
Prove a proposição 5.4
Seja K um corpo ordenado.
- (a) Usando os axioma de Peano, mostre que existe uma aplicação injetiva , tal que , onde é o elemento neutro de multiplicação em K e satisfaz
- (b) Dizemos que o corpo K ordenado é arquimediano se, para todo , existe tal que . Mostre as seguintes equivalências num corpo ordenado arquimediano K:
- i) o conjunto não é limitado superiormente.
- ii) dados , com , existe tal que .
- iii) Para cada de K, existe
- (c) Prove que todo corpo ordenado completo é arquimediano.