Utilizador:Nuno Lagartixo/Rascunhos4

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fonte: http://www.esb.ucp.pt/twt/embalagem/MyFiles/biblioteca/publicacoes/Emb.ambiente.pdf

Compostagem e embalagens biodegradáveis A compostagem é um dos tratamentos possíveis no âmbito da reciclagem orgânica para tratamento de resíduos de embalagens. É efectuada sob condições controladas, através de microorganismos aeróbios que promovem a degradação das partes biodegradáveis dos resíduos de embalagem com produção de resíduos orgânicos estabilizados nomeadamente, dióxido de carbono, biomassa e água. Outro tratamento considerado no âmbito da reciclagem orgânica é a biometanização, que difere da compostagem por ser efectuado sob condições anaeróbias e tendo a produção de metano como principal produto final. No processo de compostagem a fracção orgânica do lixo é devolvida à terra para sofrer a acção de degradação dos microrgansimos. Os resíduos obtidos são então recolhidos e tratados para a produção de fertilizantes. No entanto, para que o fertilizante seja de boa qualidade, é necessário que o resíduo compostado seja exclusivamente composto por matéria orgânica não podendo conter resíduos tóxicos ou matérias não orgânicas. Para tal, é determinante haver uma triagem na fonte com posterior recolha selectiva. É importante realçar que a utilização extensiva da compostagem para a produção de fertilizante agrícola pode evitar o crescimento excessivo que se tem vindo a registar na utilização de adubos que provocam a eutrofização dos rios e lagos. Aproveitar a componente orgânica dos resíduos sólidos é importante num país como Portugal que sofre já de significativos fenómenos de desertificação e esqueletização de solos. Segundo dados do INR (2000) cerca de 5% dos resíduos sólidos urbanos em 1999 destinaram-se à compostagem. Figura 11. Matéria orgânica antes da compostagem (Fonte: http://7mares.terravista.pt/quercus-avrsu/ rsu052.htm) EMBALAGEM & AMBIENTE 36 Figura 12. Matéria orgânica depois da compostagem (Fonte: http://7mares.terravista.pt/quercus-avrsu/ rsu052.htm) A compostagem sendo um processo de transformação orgânica por microorganismos apresenta obviamente limitações nos resíduos a transformar já que estes necessitam de ser biodegradáveis. Este facto limita muito a sua aplicação para tratamento de resíduos de embalagens. Como tal, as embalagens valorizáveis sob a forma de composto necessitam de ser embalagens biodegradáveis e necessitam obrigatoriamente de ser recolhidas separadamente de forma a não impedir o processo ou actividade de compostagem no qual são introduzidos. De facto, apesar de nos últimos anos ter havido um interesse crescente nas embalagens biodegradáveis, o que conduziu a diversos exemplos comerciais deste tipo de embalagens, têm sido também apresentados alguns argumentos em seu desfavor: > a possibilidade de degradação prematura (principalmente no caso de materiais foto-degradáveis) que pode por em causa a performance da embalagem; > a possibilidade das embalagens degradáveis não serem triadas adequadamente e serem incluídas nos resíduos para reciclagem, o que põe em risco a qualidade dos reciclados; > aspectos ligados à eficiência da degradação e aos produtos formados na degradação dos materiais. Por isso, os materiais degradáveis, cujos resíduos podem ser tratados por compostagem, têm alguma aplicação na área da embalagem, mas sobretudo em aplicações específicas como plásticos para agricultura e em itens que correntemente são encontrados dispersos nas natureza como maços de tabaco, tees para golfe, anéis para agrupamento de latas de bebidas, etc (Figura 13). Os exemplos mais comuns de embalagens biodegradáveis encontram-se sobretudo no sector de restauração/catering e fast-food ou sacos para lixo e outras aplicações em que o tempo de utilização da embalagem é muito curto normalmente, e por isso as exigências em termos de protecção e de conservação do produto são mínimas (Figura 14). EMBALAGEM & AMBIENTE 37 Figura 13. Aplicações de materiais degradáveis (brinquedos para cães, tees para golfe e plástico para agricultura). Fonte: Shenzhen Greeplas Co. Ltd - www.greenplas.com Figura 14. Aplicações de materiais degradáveis na embalagem (tabuleiro para refeição, saco e espuma para acolchoamento). Fonte: Shenzhen Greeplas Co. Ltd - www.greenplas.com Figura 15. Aplicações de materiais degradáveis na embalagem (revestimento de cartão e saco de lixo). Fonte: Procter & Gamble Co - www.nodax.com EMBALAGEM & AMBIENTE 38 Figura 16. Polietileno degradável D-Grad“ (LLDPE 40% com amido de milho 50%). Material parcialmente degradado (Fonte: Manchester Packaging Company - www.manchesterpkg.com) Figura 17. Polietileno degradável D-Grad“ (LLDPE 40% com amido de milho 50%). Degradação avançada. (Fonte: Manchester Packaging Company - www.manchesterpkg.com) Apesar de ser reconhecido que as embalagens degradáveis e biodegradáveis não são a solução para os resíduos sólidos ou mesmo para o “lixo”, esta é uma área que tem claramente sofrido grandes desenvolvimentos com um número significativo de aplicações comerciais. A norma europeia EN 13432.2000 define os requisitos e os procedimentos para determinar a compostabilidade e a biodegradabilidade das embalagens. Como foi já referido, a compostagem tem aplicação limitada no tratamento de resíduos de embalagem. No entanto, a sua aplicação ao tratamento de resíduos domésticos orgânicos é de grande importância, uma vez que cerca de 40% dos resíduos domésticos é biodegradável: resíduos alimentares, papel, etc. EMBALAGEM & AMBIENTE 39 Existem actualmente cinco centrais de compostagem a funcionar em Portugal, mas como a separação dos resíduos é feita à posteriori, é impossível evitar a completa ausência de substâncias estranhas ou impróprias para compostagem, o que produz à partida um produto final de menor qualidade. São unidades que transformam o lixo orgânico em composto fertilizante para utilização agrícola. No entanto, para tentar cumprir os objectivos de redução comunitários que consistem em reduzir em 25% a matéria orgânica depositada nos aterros, existe a necessidade de construir mais duas ou três unidades. A compostagem é um processo bem cotado pois apresenta aspectos positivos que devem ser devidamente ponderados. É um processo que não apresenta grandes problemas de impacto ambiental e que permite a redução do lixo depositado em aterro.