Retórica e argumentação/Modos de Persuasão segundo Aristóteles

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Platão, do qual falamos anteriormente, conviveu com os sofistas, os quais não passavam de professores de retórica que colocavam o estilo acima do conteúdo e a persuasão acima da verdade. Isto levou Platão a ter um completo desdém pelo estudo da arte da persuasão; o que não significa que seus textos eram medíocres ou deselegantes, muito pelo contrário, mas Platão tinha um estilo mais lacônico e menos pomposo ou magniloquente.

Aristóteles (385 AEC - 322 AEC), por sua vez, não via problemas em estudar como ser persuasivo e elegante, contanto que sempre fosse dada prioridade à verdade. Em sua obra, Retórica, Aristóteles descreve três modos nos quais as pessoas são persuadidas.

  • Logos: Persuasão baseada na razão. Neste modo, são utilizados argumentos dedutivos - isto é, argumentos que, segundo a Lógica, garantem que as conclusões são verdadeiras, se as premissas forem verdadeiras. A premissas destes argumentos devem ter sua veracidade sustentada pela razão. Extrapolando o conceito aristotélico para um contexto contemporâneo, argumentos baseados em metodologia científica, probabilidade e estatística também podem ser classificados como logos.
  • Ethos: Persuasão baseada na credibilidade. Apesar do cético radical (ou do cínico) questionar a validade deste modo de persuasão - uma vez que até uma pessoa considerada honesta e capaz pode mentir ou se enganar, enquanto uma pessoa considerada desonesta pode eventualmente dizer uma verdade - o fato, reconhecido por Aristóteles, é que humanos são animais sociais, os quais precisam colaborar e confiar um nos outros para viver. O que não significa que esta confiança deva ser cega. Devemos utilizar o bom senso para saber em quem confiar e em quem desconfiar, e em qual medida. Boa parte da retórica se foca em como fortalecer o ethos.
  • Pathos: Persuasão baseada nas emoções. Devemos evitar sermos demasiadamente emotivos ou piegas em questões melhor abordadas à luz da razão. Ainda assim, este modo de persuasão tem seu lugar, uma vez que as emoções nos conduz à ação. Uma pessoa apática ou desesperada em face dos problemas e adversidades dificilmente executará a ação propícia. O próprio Aristóteles considerava que a pessoa virtuosa tem a reação emocional apropriada às situações; o que legitima o modo pathos.