Retórica e argumentação/Falácias/Profundice
Uma profundice consiste em uma sentença ambígua na qual um dos sentidos é verdadeiro, mas banal; enquanto outro sentido é falso ou vazio de conteúdo.
Esta ambiguidade faz a sentença soar profunda, mesmo que ela não passe de uma bobagem. O conceito (‘deepity’ no original em Inglês) foi cunhado pelo filósofo americano Daniel Dennett.
Exemplo 1: ‘Amor’ é só uma palavra.
Análise do exemplo: Se o sujeito da sentença se refere a sequência de letras (‘a’, ‘m’, ‘o’, ‘r’) ou fonemas, então a sentença é verdadeira, o que não passa de uma banalidade. Contudo, se estivermos falando do sentimento, a sentença é falsa.
Exemplo 2: A imaginação é parte da realidade.
Análise do exemplo: Em uma interpretação trivial da sentença, ela é verdadeira, pois a imaginação é um fenômeno da mente humana e humanos estão inseridos na realidade. Contudo, na interpretação da sentença segundo a qual os elementos da imaginação se concretizam na realidade, ela é falsa (ao menos para a maior parte dos elementos da imaginação).
Exemplo 3: Não existe ‘eu’ em ‘equipe’.
Análise do exemplo: Neste caso, talvez o sentido não banal da sentença — que devemos por interesses pessoais de lado ao trabalhar em equipe — não seja falso. O problema é que a sentença é utilizada para exortar as pessoas sem oferecer qualquer argumento ou evidência além do fato de que o ditongo ‘eu’ não ocorre na palavra ‘equipe’. Ou seja, vazio de conteúdo.
Discussão e exceções: O problema com as profundices ocorre quando as pessoas, ao invés de apresentar argumentos e evidências para suas posições, utilizam meros jogos de palavras acreditando serem profundos ou sagazes. Nenhum problema jogos de palavras serem utilizados para fins literários.