O Holandês Voador/Fatos Reais Sobre o Holandês

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Em antigos documentos podem-se encontrar registro de um navio real que zarpou de Amsterdã, capitaneado por Hendrick Van der Decken em 1680, rumo à Batavia, um porto holandês na Índia Ocidental. e foi alcançado por uma tormenta no Cabo da Boa Esperança.

O navio chamado de Holandês Voador é conhecido pelas muitas aparições fantasmagóricas; aparecendo na escuridão ou na neblina e depois desaparecendo, sempre apavorando os marinheiros que o avistam.

Um ponto de vista interessante partilhado por muitos livros e artigos escritos sobre o Holandês Voador é que todos listam os mesmos avistamentos do navio; mas todos são terríveis, porque não há menor possibilidade e nem razão para que a testemunha possa identificar o famoso Holandês. Eles viram ou acreditam que viram, navios de madeira não identificados navegando.

O navio norueguês Christian Radich 2007

Navios com mastros altos ainda são comuns através do mundo, e assim foram desde a primeira vez que foram lançados na água. Mesmo as marinhas modernas mantêm navios com muitos mastros e velas quadradas para treinamento e diversos propósitos, como o norueguês Christian Radich, o americano USCGCEagle, e o japonês Nippon Maru II.

Oman também está lançando um novo navio de três mastros e velas quadradas, em 2014. Combine isso com centenas de outros navios parecidos navegando pelo mar mundo afora, é bastante possível hoje imaginar que você esteja vendo o Holandês Voador.

Muitos pesquisadores passaram pente fino na literatura e duas identificações são comuns, dois capitães holandeses, Bernard Fokke e Hendrick Van der Decken, são candidatos ao posto de Holandês Voador.

Então voltando à fonte original, a primeira vez que a frase Holandês Voador foi usada em publicações, em referencia ao navio ou seu capitão.

Em 1790, o ladrãozinho irlandês George Barrington foi enviado para a prisão na Austrália por seus crimes. Ao ser libertado pouco anos depois, ele publicou um livro, em 1795, chamado Uma Viagem a Nova Gales do Sul, onde ele contava a história de dois navios holandeses, um dos quais afundou numa tempestade próximo ao Cabo da Boa Esperança com a perda de todas as vidas.

O outro navio retornou à Inglaterra em segurança, mas na viagem seguinte, fazendo a mesma rota, uma tempestade se ergueu e eles viram seu navio irmão (que havia afundado) ao seu lado por um breve momento.

Barrington não deu nomes aos barcos e nem datas, mas disse que os marinheiros sempre se referiam ao navio fantasma como o Holandês Voador. Esse é o primeiro registro impresso do nome do navio, até onde se sabe.

Bernard Fokke é um personagem da história. Ele era capitão de um navio holandês empregado pela Companhia das Índias Ocidentais Holandesas, famoso por suas rotas entre a República Holandesa e Java, rota que passava pelo Cabo da Boa Esperança. Fokke é conhecido por usar yardarms (madeiras ou longarinas presas aos mastros a partir das quais se penduram as velas) o que permitia a ele navegar a todo pano quando os navios de madeira mais frágeis tinham que achar um local protegido para ancorar.

Ele nasceu em 1600, mas seu tempo mais rápido registrado numa viagem foi em 1678, o que indica uma carreira de fato muito longa. Foi dito que ele desapareceu no mar, mas as informações são insuficientes e não sabemos quando e nem onde.

Livros sobre lendas náuticas contam que ele era o homem que afundou durante uma tempestade contornando o Cabo da Boa Esperança, mas não há registros para confirmar isso, menos ainda registros de qualquer tipo de juramento que ele tenha feito antes de afundar, e também nenhum registro dele ter sido chamado de Holandês Voador durante sua vida.

De qualquer maneira, ele morreu um século antes que Barrington usasse a frase pela primeira vez numa publicação, portanto parece bem certo que a identificação de Fokkes como o Holandês Voador foi feita apenas por contadores de histórias.