Matias Aires/Visão geral das obras

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O primeiro período (1752-1761)[editar | editar código-fonte]

Inicialmente, como era tradição na era elisabetana, Matias utilizou a língua lusófona formal. Nas edições seguintes, Matias fez uso de um português alterado, substituindo consoantes e propondo uma língua diferente da lusófona. Era sua recusa para com a língua materna.

Matias concebe que, as vaidades podem, portanto, ser construtivas ou destrutivas; quando são construtivas, fundam-se no afeto, que em si mesmo é positivo, só se deturpandoo pela orientação vaidosa que recebe da inteligência; as vaidades destrutivas são as vaidades da inteligência orgulhosa, que levam o homem a uma pseudo-sabedoria e se reduzem a posturas pretensiosas. A vida social também está fundada na vaidade. O contato entre os homens faz emergir a corrupção latente em todo homem, dando origem ao ódio, à soberba, crueldade e inveja.

As múltiplas vaidades que Matias Aires enumera podem, ser reduzidas a modalidades das vaidades positiva ou negativa, e distribuídas do seguinte modo:

A) Vaidades positivas ou construtivas
a) vaidade dos místicos – é a de se sentirem superiores aos outros por causa das boas obras que realizam. É construtiva, porque leva o homem a realizar benefícios aos outros e a si próprio;
b) vaidade da ascese – que Matias Aires distingue da vaidade dos místicos – é a recusa do consôlo e procura da solidão para obter a admiração do mundo. É construtiva porque pode conduzir a uma real ascese e porque apresenta um modêlo de santidade que, mesmo não sendo subjetivamente verdadeiro, o é, para todos os efeitos, aos olhos do não asceta, servindolhe de exemplo;
c) vaidade da honra – é a maior preocupação com a honra que com a vida: em conseqüência, maior preocupação com a opinião ou conceito que os outros têm da pessoa ou que a pessoa tem de si próprio que com a vida, dom maior, existência no ser. É construtiva na medida em que apresenta um código de conduta, orientado por certos valôres morais, que serve para a grande maioria, permitindo, dêste modo, a vida em sociedade;
d) vaidade da ação heróica – é o desejo de imortalidade, pelas ações valorosas. É uma vaidade inútil, porque, como diz Matias Aires, sempre houve combates e batalhas, vencidos e vencedores, na história no mundo. Pouco sabemos, no entanto, das maiores civilizações e seus heróis – no mundo tudo é fluxo, tudo está em contínua mudança, e os feitos se perdem num contôrno nebuloso e pouco preciso29. É uma vaidade construtiva, porque leva os homens a realizarem obra civilizadora;
e) vaidade do reconhecimento – é a daquêles que por confessarem o recebimento de um benefício, já consideram paga a dívida pela própria confissão. É construtiva, porque torna público o merecimento de alguém;
f) vaidade da origem – surgiu da distinção entre o sangue vil e o sangue nobre, fundada não no sangue, mas no dinheiro. A vaidade da nobreza é a vaidade do luxo, é uma superstição formada de muitas vaidades. O sangue de todos os homens é igual, e as distinções estabelecidas entre sangue vil e nobre são pura vaidade. A nobreza é vã enquanto se funda em mitos, brasões e só pode merecer respeito, diz Matias Aires, quando é uma nobreza resultante da nobreza das ações. Neste caso, é qualidade pessoal, não hereditária, e depende do heroísmo de cada um. A vaidade da origem é uma vaidade construtiva enquanto fôr uma primeira sugestão, através das lendas, brazões e mitos do passado heróico, para a nobreza fundada na virtude individual e no espírito, conquistada pouco a pouco em cada um; sangue de todos os homens é igual, e as distinções estabelecidas entre sangue vil e nobre são pura vaidade. A nobreza é vã enquanto se funda em mitos, brasões e só pode merecer respeito, diz Matias Aires, quando é uma nobreza resultante da nobreza das ações. Neste caso, é qualidade pessoal, não hereditária, e depende do heroísmo de cada um. A vaidade da origem é uma vaidade construtiva enquanto fôr uma primeira sugestão, através das lendas, brazões e mitos do passado heróico, para a nobreza fundada na virtude individual e no espírito, conquistada pouco a pouco em cada um;
g) vaidade do conquistador – é a daquêle que procura reunir, sob suas ordens, tôdas as terras, homens e países, como se apenas nêle estivesse plenamente realizada a natureza humana, cabendo-lhe, dêste modo, por direito, o domínio do mundo. É construtiva porque permite a unificação de povos diferentes, promovendo a fecundação recíproca de culturas, enriquecendo-as; As vaidades positivas, embora subjetivamente não sejam virtudes, têm a possibilidade de apresentar certos valores e certos modelos de conduta virtuosa perfeitamente aceitáveis como tais.
B) Vaidades negativas ou destrutivas – são as seguintes:
a) vaidade da sabedoria – é a daquêles que acreditam saber mais que os outros, enganando-se, porque “o que buscam é a utilidade e o aplauso” (ibid., p. 175) e o seu valor se mede pela extensão e não pela qualidade das obras que escrevem. Além disso, “o que a ciência nos traz é sabermos errar com método” (ibid., p. 166) – isto se prova pelo desacôrdo entre os filósofos e entre os sábios em geral. Por outro lado, não conhecemos as coisas tais quais elas são mas apenas os efeitos que produzem em nós. Por isso, tôda ciência é vaidade e se perde tentando compreender aquilo que a inteligência não pode penetrar30.
b) vaidade dos letrados – que pode ser:
I. vaidade metafísica – quando tem por objetivo as discussões vãs, as opiniões mal fundadas mas que impressionam as pessoas não iniciadas nos temas abordados;
II. vaidade da obstinação – é a de insistir no erro;
III.”vaidade de adquirir nome” – é a de mostrar-se sábio aos olhos dos outros; ostentação de ciência para obter reputação.[1]

O segundo momento (1778)[editar | editar código-fonte]

Com licença da mesma Real Meza. De acordo com Moraes, "os exemplares datados 1778 são muito raros". Abaixo do título: demonstrado por Mathias Ayres Ramos da Silva de Eça, Provedor, que foi da Caza da Moeda desta Corte: e autor da Reflexoens sobre a Vaidade dos Homens, que dedica, e offerece ao senhor Gonçalo Jozé da Silva Preto, Fidalgo da Casa de Sua Magestade, do seu Conselho.



  1. CÉSAR MARCONDES, Constança (2015).; Olhares Luso-Brasileiros. pdf DG-EdiçõesMIL: Movimento Internacional Lusófono.