Livro base - Curso de fotografia/Composição/regra do espaço
A gente já discutiu um pouquinho sobre espaço negativo, agora a gente vai entrar um pouco mais em como usar esse espaço, essa "regra" (é só um nome) é normalmente aplicado para para coisas vivas ou objetos em movimento.
"Regra" é tão simples que muitos fazem intuitivamente, criar espaços negativos para dar a sensação de movimento ou ação, induzir a audiência a olhar pra certo ponto "vazio". Mas como estamos falando de composição, não vamos deixar ao léu, temos que saber trabalhar com essa regra.
Vamos começar pelo mais simples, objetos em movimento:
Veja que o fotógrafo deixa um espaço entre o bico do carro e o limite do quadro, isso é proposital, o carro está indo da esquerda pra direita, é interessante então que deixemos esse espaço na direita pra dar essa sensação de movimento e não causar estranheza pelo fato de o carro estar indo para um local que não tem espaço para ir, ou simplesmente parecer que o carro parou. Como na figura abaixo:
Então a ideia é trabalhar o espaço negativo buscando encaixá-lo onde aquele objeto possa possivelmente ir, logo depois o instante que você registrou. Isso trará movimento, mesmo que você não tenha utilizado outras técnicas.
Para rostos, como veremos em contato visual, os olhos têm um importante papel de influência, pode até brincar com isso para testar, fique no meio da rua olhando pra cima, e mesmo com as mãos nos bolsos, várias pessoas tentaram ver o que você está observando. Esse elemento de curiosidade que os olhos trazem também fica presente na fotografia, assim se esses não estiverem diretamente apontados para a câmera, é interessante deixar um espaço negativo pra onde os olhos estão direcionando sua atenção. Gerando espaço para essa curiosidade, alias, como estamos falando em criar espaços negativos, muitos desses olhares irão para lugares que ficará a cargo do receptor interpretar, se os olhos estivessem apontados para um objeto, por exemplo, já não estamos falando da mesma coisa, e não teríamos nenhum fator de curiosidade.
Esse monstrinho, que era pra ser um arminho, está olhando para o mesmo lugar que a Cecilia, reforçando a necessidade do espaço negativo, já que ser humano ou não, olhos causam os efeito citados, até mesmo em objetos que tenham olhos.
Quando não utilizamos a regra, e aproximamos demais o olhar ao limite do quadro, criamos uma certa estranheza:
Lembre-se que não há certo ou errado em fotografia, cada caso é um caso.
A linguagem corporal influem bastante, e o balanço de quanto os olhos vão influir ou o corpo depende de como fora fotografado, e o momento.
Sim, não funciona apenas para direita ou para esquerda, "para frente" e "para trás" a "regra" também vale. E nesse caso apenas o corpo está mostrando a direção do movimento. Há ainda situações em que os olhos podem estar apontando para um ponto focal diferente do que o restante do corpo sugere, é interessante que deixamos espaço negativo para ambos.
Como tudo que ensinamos aqui, claro que pode quebrar essa "regra", um dos motivos seria para deixar a ideia de rastro do passado.
O quanto de espaço negativo você vai deixar é relativo, e não dá pra saber o quanto é necessário, use o quanto for necessário pra passar a mensagem pensada no clique. Veremos outras regras de composição que vão de encontro com essas métricas de quantificação de espaço negativo, mas muito mais com propósitos geométricos do que com questões de mensagem.