História da Europa/Era das Revoluções
Tensões sociais e políticas
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O início do século 19 foi dominado pelas consequências da Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas.
Embora Napoleão tenha sido derrotado em 1815 e a monarquia Bourbon tenha sido restaurada na França, muitas nações europeias foram transformadas por 25 anos de conflitos.
Estados como a Prússia, Áustria e os Países Baixos tiveram uma expansão pelo Acordo de Paz de 1815, em compensação, a Polônia foi dissolvida nesse processo de consolidação dos países.
Os levantes nacionais foram acompanhados por um sentimento forte de nacionalismo entre a população de muitas nações, que foram encorajadas pelas ideias do iluminismo que se espalharam pela Europa com as conquistas de Napoleão.
Nas décadas que se seguiram à Paz de 1815, muitos países europeus foram sacudidos por conflitos sociais, conforme a população procurava afirmar seus direitos contra os governantes, em geral autocráticos de seus países. Foi isso que produziu, aquilo que o historiador Eric Hobsbawn apelidou de A Era das Revoluções, isso é, as tensões entre as nações entravam em erupção com frequência, eram convulsões políticas em larga escala, como as revoluções na França em 1830 e 1848.
A Europa na Era das Revoluções
[editar | editar código-fonte]A Europa era um continente turbulento no período que se seguiu às Guerras Napoleônicas.
Embora o Congresso de Viena tenha procurado restaurar muitas nações europeias ao estado em que estavam antes da guerra, a influência dos anos de guerra foram significativos, em especial pelo fato que as ideias do iluminismo se espalharam pela Europa através dos exércitos de Napoleão Bonaparte.
O resultado foi uma era de revoluções. Um fato marcante foi a maneira como as ondas revolucionárias varreram a Europa, especialmente em 1830 e 1848, quando as revoltas populares na França influenciaram os povos de outros países, a se rebelar contra seus governantes.
Bélgica - antes do século 19, a parte sul dos Países Baixos havia sido dominada por potências estrangeiras, especialmente os Estados Habsburgos da Espanha e Áustria. Contudo a posição geográfica crítica da área, levou os governos mais poderosos da Europa, no Congresso de Viena, a ceder o território para formar o Reino dos Países Baixos, sendo a Bélgica submetida à Holanda.
Isso causou ressentimento na região; os liberais locais não gostavam da natureza autocrática do rei da Holanda, enquanto católicos conservadores não gostavam da predominância do protestantismo holandês.
Essas tensões levaram a eclosão da revolução de 1830, quando a região se declarou independente, tomando o nome de Bélgica em referência às tribos celtas que tinham vivido na área em tempos antigos.
A resposta do governo holandês veio em agosto de 1831, quando o exército holandês declarou a chamada Campanha dos Dez Dias. Foi uma ação muito bem sucedida, o exército holandês entrou até o coração da Bélgica em poucos dias, capturando a cidade chave de Antuérpia.
No entanto, após a Bélgica pedir, desesperadamente, ajuda à França, as tropas francesas atravessaram a fronteira da Bélgica. A Rússia estava muito ocupada para dar apoio à Holanda, e ambos os lados concordaram com o cessar fogo.
Em 20 de dezembro de 1830 as poderosas nações européias reconheceram a independência da Bélgica do Reino dos Países Baixos. Mas, só com o Tratado de Londres em 19 de abril de 1839, assinado pelos grandes poderosos da Europa (incluindo os Países Baixos) é que a Bélgica foi reconhecida como um país independente e neutro.
França - o Congresso de Viena restaurou a monarquia Bourbon no país. Embora o primeiro rei após a restauração tenha gerido o país bem, seu sucessor, Carlos X se mostrou impopular.
Governante autocrático, Carlos aprovou uma série de atos que arrancaram do povo, o poder prometido por Luís. Isso culminou com as Ordenações de Julho, que dissolveram o parlamento. O resultado foi a revolta do povo que ficou conhecida como a Revolução de Julho, trocando Carlos X por Luís Felipe Orleans no movimento chamado a Monarquia de Julho.
Em fevereiro de 1848, os cidadãos se revoltaram novamente, dessa vez formando um governo provisório liderado por dois homens, Lamartine um político republicano que defendia o mercado livre e por Louis Blanc um social republicano que defendia o socialismo. Blanc criou um sistema conhecido como associações profissionais, que produziram empregos para o povo na França.
A Assembléia Nacional de 1848 estabeleceu o voto masculino universal e o povo naquele ano, não elegeu um socialista. O novo governo abandonou as associações profissionais, resultando na revolta popular.
O povo, buscando a antiga glória da França, instalou no governo Louis Napoleon Bonaparte, parente de Napoleão Bonaparte.
Como presidente, ele reconstruiu o centro de Paris, construiu novos prédios, abriu ruas retas, longas e amplas, esgoto e saneamento. Também ampliou as ruas de Paris, numa tentativa de subverter as futuras revoluções, uma vez que, no passado, os revolucionários usavam as ruas para fazer barricadas e se proteger.
Eleito pelo voto como presidente, deu um bem sucedido golpe em 1851 que permitiu a restauração imperial em seu favor.
O imperador Napoleão III é chamado de imperador socialista porque criou muitos programas sociais para os cidadãos. Construiu hospitais, socializou a medicina, deu o direito de sindicalização e de greve, menos horas de trabalho, lares para trabalhadores inválidos, remodelou o sistema penitenciário e fez muito mais.
No entanto, Napoleão III não era um bom militar. Escolheu se envolver em guerras que não devia, tentando ressuscitar as glórias de Napoleão I. Ele foi derrotado em seu envolvimento na unificação da Itália, quando mandou tropas para Roma, para proteger o Papa.
Novamente derrotado em seu envolvimento com o Império Mexicano de 1862-1867, e também na guerra franco-prussiana de 1870-1871, durante a qual foi capturado pelos exércitos prussianos e morreu no exílio.
Grã-Bretanha - enquanto a reforma em muitas nações da Europa, era somente conseguida com o auxílio de revoluções sangrentas, a democracia parlamentar britânica trabalhou para combinar a reforma com a modernidade, em relativa paz.
O grande exemplo disso foi o Ato da Reforma de 1832, que reformulou os assentos na Casa dos Comuns para atender às novas cidades industriais, e aumentar o número de votantes de 500 mil para 800 mil homens.
Isto foi seguido, trinta anos depois pelo Ato da Reforma de 1867 que garantia o voto a 1/3 dos homens, incluindo os trabalhadores urbanos.
A Grã Bretanha foi palco de outras reformas, como em 1833 o Ato da Fábrica, que vetava o emprego para crianças abaixo de 9 anos e limitava os dias de trabalho de todas as crianças.
O Ato das Minas de 1842 era uma peça similar da legislação reformista e formalmente proibia mulheres e crianças de trabalharem nos subterrâneos.
Uma das partes mais divertidas das reformas políticas durante essa era, não estava relacionada com a vida no trabalho, mas, com a gestão da Grã Bretanha.
As Leis do Milho eram impostos sobre os bens importados de modo a proteger o mercado britânico. Forçava o povo a comprar os grãos mais caros e inferiores aumentando a taxação dos grãos franceses, que tendiam a ser mais baratos e de melhor qualidade. A ideia era que o dinheiro da Grã Bretanha lá permanecesse ao invés de ser gasto importando grãos franceses.
As Leis do Milho foram aprovadas pelos membros do partido Tory no parlamento. Os Tories eram conservadores da aristocracia rural. Os Whigs, representavam a classe trabalhadora, comerciantes, donos de fábricas e eram contra as Leis do Milho, mas como os Tories controlavam o parlamento, eles não conseguiam impedir a aprovação das Leis do Milho.
O preço alto dos grãos britânicos fazia com que os donos de fábricas tivessem que aumentar os salários. David Ricardo, por exemplo, era forçado a pagar altos salários para que seus empregados pudessem comer. Assim ele concluiu que as Leis do Milho, simplesmente redistribuíam a riqueza dos industriais para os donos das terras.
Em 1819, 80 mil pessoas se reuniram em Manchester exigindo o fim das Leis do Milho. Os soldados britânicos abriram fogo, matando 11 manifestantes, naquilo que ficou conhecido como o Massacre de Peterloo.
O resultado disso é que foi criada a liga contra as Leis do Milho em Manchester. Os manifestantes usavam panfletos, manifestações de massa e desfiles de tochas para protestar.
Em 1846, as Leis do Milho foram abolidas pelo Primeiro Ministro Robert Peel. O governo ainda era comandado pelos Tories, mas a Grande Fome na Irlanda falou mais forte, demonstrando um novo poder para os industriais na Inglaterra.
Espanha - durante a era das revoluções, foi um país em constante tumulto. Ocupada por Napoleão de 1808 até 1814, uma brutal guerra de independência explodiu contra os ocupantes, o que levou a um emergente nacionalismo espanhol.
Uma era de reações contra as ideias liberais associadas à França revolucionária, seguiu-se à guerra, personificada pelo governante Ferdinand VII e – em menor escala – por sua filha Isabella II. No governo de Ferdinand VII se inclui a perda das colônias espanholas no novo mundo, exceto Cuba e Porto Rico, em 1810 e 1820.
Uma série de guerras civis estouraram na Espanha colocando os espanhóis liberais e depois os republicanos contra os conservadores, culminando nas Guerras Carlistas entre a moderada rainha Isabella e seu tio o reacionário infante Carlos.
O descontentamento com o governo de Isabella vinha de diversas partes, levando ás repetidas intervenções militares nos assuntos políticos e a vários atentados revolucionários contra o governo.
Duas dessas revoluções foram bem sucedidas, a moderada Vicalvarada ou Revolução Vicálvaro de 1854 e a mais radical Gloriosa (Revolução Gloriosa) em 1868. A última marca o fim da monarquia de Isabella. O breve governo do rei liberal Amadeo I de Espanha, termina com o estabelecimento da Primeira República Espanhola, apenas para ser substituída em 1874, pelo governo popular e moderado de Alfonso XII de Espanha, que finalmente levou o país a um período de estabilidade e reformas.
1848 as revoluções no resto da Europa
[editar | editar código-fonte]Na Itália, o desemprego, as lutas por terras, os altos salários levaram à revoltas. O rei Charles Albert conduziu uma campanha militar contra a Áustria, enquanto Garibaldi tentava organizar uma república em Roma. O movimento falhou estrondosamente porque os grupos diferentes de nacionalistas não conseguiam entrar em acordo com relação aos objetivos. A Áustria derrotou a campanha e Napoleão Bonaparte mandou tropas para Roma.
Na Alemanha, os revoltosos começaram pacificamente a exigir mais direitos liberais, mas os objetivos logo foram sacudidos por sentimentos nacionalistas. A Assembleia Constituinte, sob a direção de 800 delegados dos estados alemães, ofereceu a Frederick William IV, rei da Prússia, a coroa da Alemanha unificada. Embora o movimento tenha fracassado, uma vez que a Assembléia Constituinte não tinha poder para essa decisão e Frederick não aceitaria uma coroa enfiada pela garganta abaixo. As tropas da Prússia dominaram os revoltosos em Berlim e também outras revoltas através da Alemanha.
Na Áustria as exigências pelas reformas políticas e o nacionalismo, criaram desejo de autonomia. Metternich decidiu pelo lado da Inglaterra e o imperador Ferdinand foi a favor de Franz Joseph. Revoltas ocorreram em Viena, Praga e Hungria.
Um congresso eslavo foi criado em Praga, os húngaros exigiam um governo autônomo. Afinal com a ajuda da Rússia, a Áustria conseguiu suprimir as revoltas.
Antes de 1848, o idealismo e a razão estavam na vanguarda, era isso o que fazia a cabeça das pessoas. No entanto, após 1848, o conceito de Realpolitik e ação tomaram vulto. Esse novo pensamento rejeitava a ideologia da mente esclarecida e marcou o fim do iluminismo.
À direita, Otto von Bismarck da Alemanha agia de acordo com a Realpolitik, manipulando o Despacho de Ems, de modo a estimular a guerra com a França (guerra franco-prussiana) e ainda ajudar no processo da união alemã. O imperador Napoleão III fez o mesmo, alargando as ruas de Paris, durante a reconstrução da cidade, para impedir as barricadas no caso de revolução. Finalmente, Cavour da Itália é um excelente exemplo de praticante da Realpolitik, uma vez que conseguiu que Napoleão III atacasse a Áustria através de Lombardia-Veneza.
À esquerda, Marx era praticante da Realpolitik, defendendo as revoluções violentas entre o proletariado para poder instalar um novo sistema comunista.
Revolução Industrial
[editar | editar código-fonte]A mudança que precipitou muitos conflitos do inicio do século dezenove foi a Revolução Industrial. O crescimento industrial, base de muitos países europeus encorajava a urbanização, muitas vezes em detrimento das condições de vida dos trabalhadores.
Acrescente-se a isso as novas tecnologias agrárias que necessitavam de menos pessoas para trabalhar nos campos, produzindo um rendimento agrícola muito maior. Em alguns países isso precipitou uma revolução industrial, onde as industrias urbanas tiveram um papel cada vez mais dominante na economia.
Esse processo ocorreu primeiro na Grã Bretanha, Prússia e nos Países Baixos, no final do século 18 e início do século 19, enquanto outros países, como a França, Itália e os Estados Unidos da América só se tornaram industrializados no final do século 19.
Algumas nações como a Rússia e a Áustria, fracassaram na industrialização durante esse período, um fator que as levou a ter grandes dificuldades mais tarde, durante a Primeira Guerra Mundial. A primeira evidência da produção industrial pode ser encontrada nas grandes cidades da jovem Europa moderna. Mesmo as capitais europeias de tamanho modesto, no inicio do período moderno possuíam uma especialização no comércio, conforme as cidades cresciam a produção aumentava e mudava de lugar, passava a ser feita em oficinas especializadas.
Comerciantes que antes tinham um ou dois aprendizes, começaram a contratar grupos maiores de funcionários, um processo que se transformou em emprego remunerado de mão de obra numa empresa industrial.
Mudança similar ocorreu nas áreas rurais, naquilo que ficou conhecido como indústria artesanal, onde os trabalhadores rurais usavam a matéria prima dos contratantes e com ela produziam bens para vender.
Contudo, todo esse desenvolvimento não poderia ir em frente sem um sistema de transporte apropriado, que permitisse carregar as mercadorias e colocá-las a venda. No início do século 18 o custo do transporte de mercadorias via terrestre era proibitivamente caro, só sendo usado para pequenas distâncias.
A era da industrialização na Europa começou com pequenos progressos nos anos 1780, A parte oeste da Europa tendia a avançar mais rápido que os países do leste.
Inicialmente a Grã Bretanha tomou a frente, mas o progresso foi lento até por volta de 1850, porque grande parte do povo continuava a usar os velhos métodos e o aumento da população reduzia os benefícios da industrialização. O resultado foi que a era industrial só começou na Europa continental após 1815 e não se completou na Grã Bretanha até 1850.
Em 1750, a Grã Bretanha estava pouca coisa na frente da França em produção industrial. Por volta de 1830, sua industrialização era duas vezes a da França e em 1860 era três vezes mais. Outros países estavam um pouco atrás; muito do progresso europeu foi retardado pelas agitações políticas e sociais assim como pelo constante estado de guerra.
A industrialização também foi limitada pela falta de transporte adequado, pela relutância de abandonar as práticas comerciais tradicionais e pela falta de tecnologia.
Mais as coisas estavam mudando. O foguete de Stephenson, (the rocket) foi um protótipo de locomotiva criado por George Stephenson que alcançava mais de 50 km por hora. Assim, puxava os vagões pelos trilhos de forma rápida permitindo o transporte de matéria prima, bens, pessoas e transformava a comunicação. A população crescia rapidamente através da Europa e finalmente foi inventada a máquina a vapor, que foi amplamente aprovada e permitiu a mecanização da indústria.
Por volta de 1815 a Europa continental começou a ver o progresso. Sua industrialização foi facilitada por uma mão de obra qualificada, governos fortes e pelo fato de não precisar desenvolver novas ideias, uma vez que, a Grã Bretanha já tinha testado e aprovado tudo, bastava que as outras nações a seguissem.
Os governos europeus se tornaram mais e mais envolvidos na industrialização, construindo infraestrutura para as ferrovias e canais. O governo alemão criou o Zollverein, uma união de comércio livre de impostos, que permitia que os bens circulassem dentro dos estados alemães sem ficarem prejudicados pelas taxas.
Os governos também tiveram seu papel com relação aos bancos permitindo que estes se tornassem corporações, como o Crédit Mobilier of Paris.
Por volta de 1851, a Grã Bretanha era a oficina do mundo. Possuia 2/3 de todo o carvão do mundo, e ½ do ferro. Centros de industrialização no continente incluíam a Bélgica, França e Alemanha.
O impacto social da revolução industrial
[editar | editar código-fonte]Esse movimento resultou em sérios problemas para as cidades porque a vida urbana estava cada vez mais difícil e não havia saneamento. O crescimento urbano e industrial se agigantou escapando do controle do governo.
Uma das reações ao estilo de vida sombrio foi o excesso de bebida do povo nas ruas, as cidades eram imundas e as condições de vida duras. A expectativa de vida era muito pequena, as doenças se espalhavam. A qualidade de vida piorou para a maioria, com baixos salários e preços altos, as condições terríveis de trabalho e o uso das crianças como mão de obra. Havia uma pequena parcela de pessoas, particularmente da classe média industrial e de trabalhadores urbanos que viviam bastante bem em meio a tudo isso. Percebendo as condições deploráveis dos trabalhadores pobres nas cidades superlotadas, muitos economistas expressaram suas predições pessimistas para o futuro da sociedade industrial.
Thomas Malthus (1766–1834) - foi um economista inglês que fez uma previsão terrível para o futuro. Um ensaio sobre o principio da população, afirmava que a população iria crescer mais do que o suprimento de alimentos, e que isso iria causar inevitavelmente uma grande fome, ou uma enorme falta de comida.
Malthus sugeriu, como solução para esse problema, que os casamentos se dessem tardiamente de modo a diminuir o aumento da população, mas não tinha esperanças que isso fosse se tornar realidade.
David Ricardo (1772-1823) - economista inglês nascido em Londres, criador da teoria da lei de ferro dos salários. Ele predizia que os salários dos trabalhadores permaneceriam abaixo ou apenas ao nível da subsistência, a despeito de qualquer tentativa de aumentá-los.
A resposta das classes trabalhadoras à industrialização foram movimentos populares.
Ludismo - os ludistas eram um grupo de trabalhadores que se opunham aos efeitos da mecanização da indústria, particularmente das têxteis. O advento em larga escala das máquinas de fiação e tecelagem, significava que os tecidos poderiam ser produzidos a custos mais baixos que antes. Isso significava dificuldades para a indústria artesanal dos tecelões de teares manuais.
Os ataques dos ludistas começaram em 1811 e se dirigiram às fábricas de maquinário e aos proprietários delas. As campanhas dos ludistas eram, em geral, dirigidas a formas específicas de maquinário e, apesar das conotações modernas do nome, o grupo não se opunha, em princípio, ao progresso.
O nome do grupo era derivado de seu líder fictício, Ned Ludd. Essa figura foi usada como ponto central para as manifestações, e para distrair a atenção dos líderes reais dos vários protestos.
Os ludistas foram seguidos, anos mais tarde pelos desordeiros Swing, que seguiam um líder mítico, o Capitão Swing, que se opunha à mecanização da agricultura. Os baderneiros Swing deram trabalho durante o inicio de 1830 e diversas vezes foram dominados de maneira vigorosa.
Sindicalismo - os ludistas foram, em essência, parte de um movimento reacionário, lutando contra a modernização dos métodos de produção. Uma alternativa e um método efetivo de ação, foi a organização dos trabalhadores em sindicatos, onde seus direitos podiam ser assegurados em negociações coletivas e ameaças de greve.
Embora esse tipo de movimento não fosse sempre ilegal, algumas de suas ações o eram. Por exemplo, era considerado crime que um trabalhador quebrasse seu contrato e grevistas podiam ser culpados por crimes relacionados a conspirações ou por perturbar a ordem pública.
Apesar de tudo isso, havia uma necessidade sustentada por parte dos trabalhadores, para que seus direitos fossem reconhecidos e suas campanhas persistentes, eventualmente conseguiram o reconhecimento legal dos governos.
Cartismo - foi o primeiro movimento político em larga escala da classe trabalhadora. A Associação Geral dos Operários de Londres escreveu metas de reforma numa carta, com seis pontos:
- Sufrágio universal masculino (o direito de todos os homens ao voto);
- Voto secreto através da cédula;
- Eleição anual para a Casa dos Comuns;
- Igualdade entre os direitos eleitorais;
- Participação de representantes da classe operária no parlamento;
- E que os parlamentos fossem remunerados.
Embora o Cartismo não apresentasse sucesso imediato em suas exigências, todos os pontos principais da carta, com exceção das eleições anuais, foram adotados no inicio do século 20.
Sociedade e cultura
[editar | editar código-fonte]Tantas mudanças que afetavam profundamente a vida das pessoas, eram motivo de estudo e novas teses. A cada instante surgiam novas máquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas e paralelo a isso novas ideias econômicas e novos anseios de liberdade, nacionalismo e igualdade.
Capitalismo - a indústria na Grã Bretanha, no oeste da Europa e nos Estados Unidos se desenvolveram com um sistema chamado capitalismo. O capital era um meio de troca por bens ou serviços que eram valorizados. O sistema capitalista precisa do principio do laissez-faire, ou seja, da mínima intervenção do governo.
Republicanismo - defende a liberdade, fraternidade e igualdade, além de ser a favor das constituições, parlamentos e democracias. É o completo oposto da monarquia, aristocracia e da igreja. Os republicanos tendem a ser estudantes, escritores, membros da inteligentsia e também trabalhadores. Eram partidários da Revolução Francesa e seus ideais.
Liberalismo - ou liberalismo clássico, na época defendia o comércio livre, laissez faire, as constituições, parlamentos e a não violência. Não defendia a democracia, mas uma monarquia constitucional. Os liberais tendiam a ser comerciantes da classe média e profissionais.
Conservadorismo - surgiu como reação às ideias liberais que começaram com a violência e o terror, com a desordem social da Revolução Francesa. Era a tendência apoiada pela classe governante tradicional assim como pelos camponeses. Os conservadores acreditavam na ordem da sociedade e do estado, baseados na fé e na tradição. Metternich era o campeão do conservadorismo e tentou preservar seus ideais e o Velho Regime através do Sistema de Congresso. Os conservadores eram contra o iluminismo e seus efeitos, e eram anti revolucionários, anti democráticos e anti nacionalistas. Eles preferiam a tradição, reformas graduais e a manutenção do Velho Regime.
Socialismo - é em teoria um sistema de organização social, no qual a produção e a distribuição de bens é coletiva ou feita por um governo central. A ideia era combater a sociedade industrial que permitia que milhões trabalhassem sem descanso, enquanto uns poucos proprietários ficavam com os benefícios do trabalho.
Os socialistas argumentavam que o liberalismo estava fragmentando a sociedade e que o socialismo iria reuni-la. Após 1815, o socialismo se tornou uma nova doutrina radical, especialmente na França. Os socialistas lutavam para proteger os interesses dos trabalhadores e não dos capitalistas e argumentavam que a riqueza estava mal distribuída, que os trabalhadores mereciam uma parte maior. O socialismo era uma filosofia política diferente e abrigava pontos de vista de pensadores variados, como Saint Simon, Fourier e Owen.
Henri de Saint-Simon - acreditava que a elite da sociedade não tinha habilidade necessária para ser tão valorizada. Ele acreditava que as recompensas deveriam ser proporcionais para cada contribuição social, e que a sociedade deveria ser comandada por tecnocratas qualificados ou por uma elite tecnicamente habilitada.
Charles Fourier - era um comerciante francês, cujas experiências com a Revolução Francesa o levou a crer que o mercado livre e o capitalismo em geral, e a especulação em particular, eram danosos para o bem estar de todos. Sua solução foi sugerir uma economia planejada, baseada na ideia de comunidades conhecidas como falanstérios ou habitações de falanges. Seria um único prédio onde viveriam 1620 pessoas rodeado por 5 mil acres de terra. Centralizando a produção, as pessoas teriam uma agricultura eficiente assim como uma indústria. Embora seus planos nunca tivessem sido postos em prática, seu socialismo utópico foi de grande influência entre os próximos pensadores.
Robert Owen - era um industrial escocês. Em suas fábricas em New Lanark na Escócia, ele provou que investir no bem estar dos empregados podia ser rentável. Ele construiu escolas, acomodações e a primeira cooperativa, para seus empregados. Com isso Owen foi recompensado com a lealdade e o trabalho duro dos empregados que estavam satisfeitos com a melhoria de vida. Suas fábricas se tornaram as mais produtivas e rentáveis da Grã Bretanha.
Owen, mais tarde investiu na comunidade de New Harmony nos Estados Unidos, mas eles não acreditaram na liderança de Owen e logo a experiência naufragou. Embora as comunidades de Owen não tivessem sobrevivido a ele, suas ideias foram de grande influência entre os seguintes socialistas, e o termo comunista foi originalmente cunhado para descrever os seguidores de Owen.
Karl Marx (1818-1883) - provavelmente o mais importante pensador socialista do século 19. Escritor alemão, a ascensão de Marx à fama começou no Ano das Revoluções, em 1848 com a publicação do Manifesto Comunista, um volume que ele escreveu com a ajuda de Frederick Engels.
O livro era uma tentativa de criar tensão política entre as classes econômicas pelo mundo afora. Ele também escreveu O Capital, uma critica ao capitalismo, que explica porque Marx acreditava que o capitalismo fracassaria. Ele procurou incitar a violenta revolução do proletariado contra a burguesia. O proletariado seria a classe trabalhadora, enquanto que os burgueses seriam as classes média e alta que detinham os meios de produção. Essa revolução seria causada pelo que Marx descrevia como a luta de classes entre esses dois grupos. Após essa revolução, Marx queria uma sociedade sem classes, na qual a propriedade privada, religião e governo não existissem.
Também defendia o conceito do materialismo dialético. A teoria diz que a história é dirigida pelas condições econômicas e pela falta de igualdade com relação à propriedade material privada. Essa teoria foi baseada na teoria dialética de Hegel, na qual a tese e a antíteses são resolvidas pela síntese. O final do conceito da história dialética de Marx é a síntese do comunismo, porque a propriedade privada é proibida. Marx acreditava que a ascensão do proletariado era inevitável, mesmo que ele nunca tivesse existido e nem escrito seu livro. Isto é o que separa o marxismo do socialismo utópico – o socialismo utópico exigia a rendição benevolente e pacífica dos meios de produção pelos capitalistas.
Utilitarismo - proposto por Bentham, sugeria que a melhor forma de governo era aquela que faça o melhor pelo maior número de pessoas. Sua doutrina é:
Agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar (Princípio do bem-estar máximo).
Nacionalismo - foi gerado pelo império de Napoleão Bonaparte e enfatizava o orgulho pela língua, tradição, cultura e religião de cada nação. O nacionalismo causou conflitos relacionados com as fronteiras na Europa. Os nacionalistas estavam sempre procurando em contos folclóricos, poemas, cantigas, gramática e dicionários pelas fontes da cultura tradicional de uma nação. O nacionalismo cresceu de maneira especial na Alemanha, Itália, Irlanda, Polônia e Hungria.
Culturalmente, temos o movimento chamado romantismo, nas artes. Surgiu no final do século 18 e se estendeu pelo século 19, enfatizava a emoção, a imaginação, o drama, desordens e cores escuras.
A arte romântica cria obras com uma atmosfera de comunhão mística entre a arte e a natureza. Nas obras dos românticos, havia fantasia e heroísmo, valorizavam a emoção e a liberdade inclusive quando retratavam um fato real.
A Europa estava sob os efeitos das revoluções e das mudanças e nesse tipo de arte temos uma visão emotiva do mundo.
Francisco Goya (1746-1828) - Francisco José de Goya y Lucientes, foi um pintor espanhol muito importante do período romântico. Talvez seu trabalho mais famoso seja Três de Maio, 1808 - A Execução dos Defensores de Madrid. Nele retrata as Guerras Napoleônicas na Espanha, com um exército francês sem rosto atirando e matando os membros da resistência espanhola.
Delacroix (1798-1863) - Ferdinand Victor Eugène Delacroix foi o líder do romantismo francês na pintura. Suas técnicas influenciaram os outros pintores assim como o uso de cores, num trabalho profundamente marcado e expressivo do impressionismo e simbolismo. Seu trabalho mais famoso é A liberdade guiando o povo. Esse quadro é um dos marcos do romantismo e retrata a Revolução Francesa. Ele acreditava que a forma, e a imaginação, eram mais importantes que a razão.