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Guia dos Trouxas para Harry Potter/Livros/O Enigma do Príncipe/Capítulo 3

Origem: Wikilivros, livros abertos por um mundo aberto.


Capítulo 3
Querer é Poder

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Aviso: Seguem detalhes do enredo

Na casa dos Dursleys, Harry está encostado na janela adormecido. Espalhados pelo quarto, diversos exemplares do Profeta Diário. O jornal agora saúda Harry como “O Escolhido”, aquele que acreditam, será o instrumento da queda do recém retornado Voldemort. Dumbledore chega para buscar Harry. Embora Harry tenha recebido a carta do diretor, marcando a hora, e tenha ficado ansioso esperando a chegada de Dumbledore durante a semana inteira, ele fica atônito e impressionado porque Dumbledore está indo buscá-lo depois de apenas duas semanas nos Dursleys; e fica mais surpreso ainda quando Dumbledore chega, de fato, assim como tio Vernon e tia Petúnia, porque Harry não havia contado sobre a visita. Dumbledore simplesmente ignora sua consternação e fica muito à vontade oferecendo aos Dursleys e a Harry copos de cerveja. Harry percebe que a mão de Dumbledore está preta e encolhida, mas Dumbledore diz apenas que ele vai explicar mais tarde.

Dumbledore explica que Sirius Black deixou para Harry todas as suas posses, incluindo o número 12 de Grimmauld Place, Monstro e Bicuço. Tio Vernon logo se interessa porque Harry agora tem uma casa em Londres. No entanto Dumbledore continua, um feitiço pode existir, que, automaticamente deixe a herança para o mais velho sobrevivente Black do sexo masculino ou impeça que ela passe para as mãos de um bruxo que não seja de sangue puro. Uma vez que Sirius era o último Black sobrevivente do sexo masculino, a herança passaria para o parente do sexo feminino mais velho, que seria Bellatrix Lestrange (prima de Sirius). Para testar se Harry é o verdadeiro herdeiro, Dumbledore chama Monstro, o fiel elfo doméstico da família Black. Quando Monstro obedece ao comando de Harry, embora contra a vontade, fica confirmado que Harry é o herdeiro verdadeiro. Sem saber o que fazer com esse elfo imundo no carpete imaculado de tia Petunia, Harry aceita a sugestão de Dumbledore para que ele vá trabalhar em Hogwarts. Bicuço teria agora o nome de Witherwings ou Asafugaz e ficaria sob os cuidados de Hagrid.

Dumbledore diz aos Dursleys para aguardarem uma breve visita de Harry dentro de um ano. O feitiço mágico que havia protegido Harry de Voldemort desde que ele era criança vai expirar quando ele fizer dezessete anos. Contudo, ele deve fazer uma última visita aos Dursleys no próximo verão para manter o feitiço, depois todos os laços com sua família materna podem ser permanentemente cortados. Antes de partir, Dumbledore recrimina os Dursleys por suas maneiras horríveis, maltratando Harry, e mimando Dudley.


A vingança de Harry e Dumbledore na conclusão do último livro antes desse, resulta em Harry novamente sendo celebrado; embora não visto muito aqui, mas de alguma forma sentimos o desconforto de Harry em ser novamente saudado como herói. Embora Harry tenha agido heroicamente baseado nas informações que possuía, e alertado o mundo mágico sobre o retorno de Voldemort, ele se sente iludido e indiretamente responsável pela morte de Sirius. Dumbledore com certeza pode notar essa ambivalência em Harry, e embora perceba que a Rua dos Alfeneiros é o lugar onde ele não poderá se curar emocionalmente, ele também sabe que a proteção de Harry depende de voltar para lá a cada verão. Dumbledore provavelmente calculou o tempo mínimo que Harry precisa ficar na Rua dos Alfeneiros para manter a proteção de sua mãe, e arranjou outro lugar mais apropriado, certamente na Toca. E embora Harry não acredite, nós vemos que Dumbledore tira Harry da casa dos Dursleys tão rápido quanto o possível. Os leitores poderão imaginar as razões por trás de Harry ter sido elevado ao papel de herói em treinamento. Claramente, Harry vai ser aquele que terá que enfrentar Voldemort novamente, como sabemos através da Profecia, mas o Ministério parece querer manter o conteúdo da Profecia em segredo. Portanto, deve haver outro motivo para o Ministério e seu braço de marketing (como sabemos que se tornou o Profeta Diário), decidirem endeusar Harry. A razão específica nunca ficou clara, mas sugerimos que a combinação de Harry sobreviver à Maldição da Morte de Voldemort há quinze anos e seu envolvimento com a revelação de que Voldemort havia retornado, são o ponto de partida.

Já vimos que o Ministério é uma organização política, o que significa que ele vive e morre pela opinião pública que eles estiveram enganando, então, acreditamos que agora, eles precisem de um herói para fazer frente a Voldemort. Por causa de tudo o que fizeram, o candidato a herói deveria ser Harry ou Dumbledore, e eles sabem perfeitamente que Dumbledore não aceitaria esse tipo de manipulação de imagem que o Ministério estaria fazendo para transformá-lo em herói. (Além disso, Dumbledore é velho, e não seria uma boa idéia escolher um herói que iria morrer de velho.) Portanto, sem a Profecia, os técnicos de propaganda do Ministério decidiram fazer de Harry o herói de que precisam, não se interessando em saber o que seu herói pensa.

A mão ferida de Dumbledore indica que eventos sinistros podem estar a caminho no mundo mágico, e que Harry ainda não tem conhecimento. Qualquer que seja a razão, Dumbledore segura a informação o máximo possível até agora.

Reparamos que nem Dubledore e nem Harry parecem demonstrar uma reação diferente, com a idéia de Monstro ser considerado um móvel, algo que pode ser transferido através de herança, como parte da casa em Grimmauld Place. Por aí, vemos a dificuldade que Hermione passou no livro anterior, e vai continuar a passar, em seus esforços para conseguir pelo menos, um tratamento equilibrado para os elfos domésticos Certamente, o tratamento aos elfos domésticos foi institucionalizado a um ponto, que mesmo o gentil e justo Dumbledore, não sente dificuldade alguma ao encarar a idéia de Monstro se tornar propriedade de Harry, apesar de pagar ao Dobby, elfo livre, mais do que Dobby aceitaria para trabalhar nas cozinhas de Hogwarts. Hermione quase que certamente não conseguirá vencer os preconceitos e hábitos já cristalizados com relação a isso. Ao mesmo tempo, notamos que embora Harry desejasse libertar Dobby dos Malfoys, ele não parece querer também libertar Monstro. A razão óbvia é que Monstro guarda segredos que ele pode revelar às irmãs Black, caso seja liberto, e que como mais um ajudante na cozinha de Hogwarts, ele não será tratado da forma que Dobby foi. Embora, nada disso seja mencionado aqui, simplesmente parece ficar definido que Monstro é e será propriedade de Harry.

Um pequeno destaque sobre o personagem de Petunia é visto aqui; como parte de sua rotina noturna, Petunia aparentemente limpa e desinfeta a cozinha. Já a vimos dando broncas sobre a limpeza em Harry e Tonks comentou que a casa parecia super limpa. Petúnia pode sofrer de uma desordem obsessivo compulsiva, resultando na necessidade de ter tudo imaculado e livre de germes. Ela também pode estar tentando subconscientemente lavar quaisquer traços de magia que a presença de Harry tenha deixado em sua casa Trouxa. O pensamento de Harry sobre o mal estar dela ao ver Monstro aparecer no carpete de sua sala de estar não nos surpreende; Harry claramente conhece o fetiche de limpeza de Petunia. Já foi sugerido em diversos fan sites que o comportamento de Dumbledore está diferente do personagem, nesse livro. Isso é fica especialmente óbvio nesse capitulo. Embora ainda seja um bruxo pacífico e sábio, as ações de Dumbledore parecem um pouco mais diretas e urgentes do que o normal. Ele empurra os Dursleys para o sofá, dá a bronca neles por causa de suas péssimas maneiras, e critica com dureza a forma como trataram Harry e criaram Dudley. Embora ele seja gentil e civilizado sempre, aqui, ele parece estar no extremo de sua paciência. Como o esperado, os Dursleys, aparentemente ignoram a bronca de Dumbledore e parecem não mudar nunca.

Podemos pensar em porque a autora fez com que Dumbledore oferecesse cerveja de modo tão insistente; os copos de cerveja, na verdade, se tornaram muito incômodos, batendo nas cabeças dos Dursleys quando eles se recusam a tomar conhecimento deles, por exemplo. Isso é chamado de "nut of fun", uma espécie de diversão leve escolhida para manter uma cena séria não ficar por demais opressiva. Nesse capitulo vemos Harry tendo que enfrentar alguns aspectos dos desejos de Sirius, o que, é claro, obrigam Harry a lembrar que seu padrinho está morto. Também somos apresentados a uma mudança no personagem de Dumbledore e ao fato de Harry voltar aos holofotes. Junto com a necessidade de Harry decidir o que fazer com Monstro, essa parte do livro se torna muito sombria e pesada, sem as cervejas animadas que tornassem a cena um pouco mais leve. Desconfiamos que as cervejas e seu comportamento, também foram usadas para ressaltar a falta de graça dos Dursleys, uma característica que dificilmente precisa ser ressaltada.

  1. Por que Harry não terá mais proteção na casa dos Dursleys após seu 17º aniversário? Como ele lida com isso?
  2. Qual o efeito que o 17º aniversário de Harry tem na sua relação com os Dursleys?
  3. O que Dumbledore diz aos Dursleys sobre como eles trataram Harry e criaram seu filho Dudley? Por que ele nunca falou sobre isso bem antes?

Estudos Adicionais

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  1. Como Dumbledore deve ter ferido sua mão? Por que ele não conta a Harry como isso aconteceu?
  2. Por que Dumbledore vai pessoalmente buscar Harry após apenas duas semanas na casa dos Dursleys? Onde será que está levando o rapaz?
  3. O comportamento de Dumbledore e sua atitude estão um tanto diferentes aqui. Por que tudo mudou, qual será a razão?

Visão Completa

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Aviso aos leitores de nível intermediário: Seguem detalhes que vocês podem não querer ler em seu nível atual de leitura.

Alguns teóricos acreditam que Dumbledore usou o “teste Monstro” não apenas para ver se, de fato, o número 12 de Grimmauld Place pertencia a Harry ao invés de a Bellatrix Lestrange (prima de Sirius), mas também foi uma forma de determinar se o irmão mais novo de Sirius, Regulus Black, ainda estava vivo. (Será visto no próximo livro que Regulus é o misterioso R.A.B. que deixou uma nota que foi encontrada no final do livro). Esse teste pode ter sido inconclusivo, uma vez que a tradição é que, uma propriedade, como uma casa, passe direto na linha masculina da família de para cada membro mais velho.

Aconteceu magia nesse capitulo, no entanto, Harry não recebeu correspondência do Ministério da Magia, com relação a isso. Há uma série de possibilidades para isso: talvez Scrimgeour não queira que Harry antipatize com ele, uma vez que ele gostaria que Harry fosse o rosto do Ministério, dando apoio público mais tarde nesse livro; talvez Scrimgeour não queira se indispor com Dumbledore porque acabou de se tornar Ministro e pode precisar dos conselhos de Dumbledore; ou talvez o Ministério esteja tão preocupado com Voldemort e os Comensais da Morte, que magia feita por um menor de idade numa vizinhança Trouxa não traga preocupação. No entanto, a melhor teoria parece ser que o Trace, aquilo que monitora os bruxos menores de idade por uso de magia ilícita, não funcione na presença de bruxos mais velhos, para evitar falsos alarmes, e foi desabilitado na presença de Dumbledore. Enquanto o Ministério está ocupado tornando Harry um herói na imprensa, não os vemos se aproximar diretamente do rapaz para conseguir apoio. Vamos descobrir que o motivo é que eles primeiro se aproximaram de Dumbledore, uma vez que Dumbledore estava protegendo Harry das visitas do Ministério, e o diretor já tinha descartado a todos. O Ministério, na pessoa do Ministro da Magia, Rufus Scrimgeour, vai se aproximar de Harry, diretamente, no Natal desse ano. Dumbledore mais tarde, vai revelar que já tinham havido duas tentativas anteriores, que ele impediu: primeira quando Fudge tentou ligar Harry a sua tentativa de prender ao poder, e agora, no inicio da administração de Scrimgeour, depois do funeral de Dumbledore, mas então, assim como antes, Harry vai rejeitá-los.

A razão para a drástica mudança de comportamento de Dumbledore pode ser atribuída ao fato de ter sido ferido por uma maldição fatal embutida num anel; a maldição era aparentemente uma armadilha para proteger um Horcrux que estava alojado naquele anel. A maldição foi desencadeada quando ele colocou o anel e secou sua mão. Ele conseguiu a ajuda de Snape, que o manteve vivo graças a meios mágicos extraordinários, embora apenas temporariamente. A consciência de que a cada minuto ele está mais perto da morte, resultou num senso de urgência e talvez seja por isso sua mudança de comportamento.

Dumbledore, falando direto com Petunia menciona que eles se corresponderam anteriormente. Houve, na verdade, pelo menos quatro cartas, embora, nessa altura da leitura não há nada que possa ser atribuído como “correspondência”. Dumbledore escreveu uma carta, que ele deixou junto com Harry, na porta de entrada da casa dos Dursleys no primeiro livro, e um Berrador endereçado a Petunia no quinto livro, também ficou claro ter sido de Dumbledore. Não há indicação que Petunia tenha respondido a nenhum dos dois, e, uma correspondência, implica em mensagens serem trocadas; mesmo assim, muitos leitores acreditam que é a uma dessas cartas a que Dumbledore se refere. Ainda assim, ficamos sabendo no último livro, que Petunia há muito tempo atrás, escreveu para Hogwarts implorando para ser admitida, e que Dumbledore respondeu, negando esse pedido porque ela não era capaz de fazer magia. A resposta de Dumbledore então, talvez possa estar incluída na “correspondência”.

Muito poucas nesse capitulo, além de partes da trama (antipatia de Monstro por Harry e outros sangue impuros, a dinâmica da família Dursley, o tratamento do governo para com Harry influenciando a imprensa), podem ser consideradas qualquer tipo de conexão com qualquer outra coisa na série. Ao invés de estar ligado a outros eventos, esse capitulo é de certo modo, uma reintrodução ao mundo mágico e uma exposição do status de Harry , que mudou com as revelações no final do livro anterior.

  • O ferimento de Dumbledore, mencionado no capitulo anterior desse livro, ficará inexplicado até o capitulo 33, no final desse livro.