Civilização Aruaque/Cultura: diferenças entre revisões
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[[File:Kumara.jpg|thumb|Batata-doce (''Ipomoea batatas'')]] |
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<ref>http://www.scribd.com/doc/32602934/Os-Aruaques-uma-contribuicao-ao-estudo-do-problema-da-difusao-cultural</ref>O termo "aruaque" significa "comedor de farinha", denunciando que a base de sua alimentação era a farinha de mandioca, a qual era assada para se fazer pão. A mandioca, assim como o mamão, o abacaxi, o abacate, o chuchu, a acerola, a batata-doce, o cará, o algodão, o tabaco, diferentes variedades de pimenta, pimenta-da-jamaica, abóbora, feijão, milho, fruta-de-conde, girassol e graviola, era plantada em montes de terra da altura de um homem conhecidos como ''conuco''. |
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Os ''conuco'' propiciavam um solo aerado para as plantas, exercendo o mesmo papel que o arado na agricultura convencional<ref>http://www.elboricua.com/history.html</ref>. As aldeias, ou ''yucayeque'', eram formadas por cabanas, ou ''bohío'', dispostas ao redor de uma grande praça central, o ''batey''. O ''batey'' também era utilizado para jogos de bola, provavelmente por influência cultural dos maias e astecas. Tais jogos de bola continuam a ser praticados até hoje pelos parecis e pelos enauenê-nauês, que confeccionam a bola com o látex da mangabeira (''Hancornia speciosa Gomez'')<ref>http://www.funai.gov.br/indios/jogos/novas_modalidades.htm#006</ref>. As aldeias se localizavam sempre próximo a cursos d'água. Ao redor das aldeias, se localizavam as plantações, ou seja, os ''conuco''. O algodão era utilizado para se produzir redes de dormir (as ''hamaca'', que foram incorporadas pelo idioma castelhano) e tangas. |
Os ''conuco'' propiciavam um solo aerado para as plantas, exercendo o mesmo papel que o arado na agricultura convencional<ref>http://www.elboricua.com/history.html</ref>. As aldeias, ou ''yucayeque'', eram formadas por cabanas, ou ''bohío'', dispostas ao redor de uma grande praça central, o ''batey''. O ''batey'' também era utilizado para jogos de bola, provavelmente por influência cultural dos maias e astecas. Tais jogos de bola continuam a ser praticados até hoje pelos parecis e pelos enauenê-nauês, que confeccionam a bola com o látex da mangabeira (''Hancornia speciosa Gomez'')<ref>http://www.funai.gov.br/indios/jogos/novas_modalidades.htm#006</ref>. As aldeias se localizavam sempre próximo a cursos d'água. Ao redor das aldeias, se localizavam as plantações, ou seja, os ''conuco''. O algodão era utilizado para se produzir redes de dormir (as ''hamaca'', que foram incorporadas pelo idioma castelhano) e tangas. |
Revisão das 00h15min de 22 de junho de 2024
[1]O termo "aruaque" significa "comedor de farinha", denunciando que a base de sua alimentação era a farinha de mandioca, a qual era assada para se fazer pão. A mandioca, assim como o mamão, o abacaxi, o abacate, o chuchu, a acerola, a batata-doce, o cará, o algodão, o tabaco, diferentes variedades de pimenta, pimenta-da-jamaica, abóbora, feijão, milho, fruta-de-conde, girassol e graviola, era plantada em montes de terra da altura de um homem conhecidos como conuco.
Os conuco propiciavam um solo aerado para as plantas, exercendo o mesmo papel que o arado na agricultura convencional[2]. As aldeias, ou yucayeque, eram formadas por cabanas, ou bohío, dispostas ao redor de uma grande praça central, o batey. O batey também era utilizado para jogos de bola, provavelmente por influência cultural dos maias e astecas. Tais jogos de bola continuam a ser praticados até hoje pelos parecis e pelos enauenê-nauês, que confeccionam a bola com o látex da mangabeira (Hancornia speciosa Gomez)[3]. As aldeias se localizavam sempre próximo a cursos d'água. Ao redor das aldeias, se localizavam as plantações, ou seja, os conuco. O algodão era utilizado para se produzir redes de dormir (as hamaca, que foram incorporadas pelo idioma castelhano) e tangas.
Os aruaques eram polígamos e o número de mulheres de cada homem era proporcional a sua importância social. Os territórios aruaques eram divididos em cacicados, cada qual comandado por um cacique. Os caciques tinham alguns privilégios: moravam em uma casa quadrada, diferente das casas redondas dos demais; se sentavam em bancos de madeira nas recepções a outros chefes e nas festas (outra tribo de língua aruaque, a dos tariana, que habita o noroeste da Amazônia, também era famosa pela qualidade de seus bancos de madeira[4][5]) e usavam pingentes dourados no pescoço, chamados guanin. O poder religioso era detido pelos bohike.
A religião aruaque centralizava-se no culto a deuses e antepassados (chamados zemí na cultura taina), os quais eram representados sob a forma de objetos de madeira, cerâmica, conchas, algodão ou pedra, ou sob a forma de desenhos na rocha (petroglifos). Nas lendas e histórias tradicionais dos povos aruaques, um tema frequente é o sofrimento: seja o sofrimento causado pela chegada do homem branco[6], seja o sofrimento relacionado à origem mítica da mandioca, que teria se originado a partir do sepultamento de uma filha ainda viva que então teria se transformado na raiz da mandioca[7], seja o sofrimento de uma visita à casa do sogro[8] etc. Os tainos desenhavam pictogramas nas cavernas, contando histórias através dos desenhos. Isto demonstra que estavam chegando próximos à descoberta da escrita. Muitos líderes tainos que foram mortos pelos espanhóis se tornaram heróis nacionais de nações caribenhas atuais.
Por exemplo: Hatuey, em Cuba; Anacaona, no Haiti e Enriquillo, na República Dominicana. Os tainos comerciavam com os astecas e maias. Produziam argolas para o nariz e anéis de ouro e prata. Tatuavam a pele por motivos religiosos. Periodicamente, se reuniam para celebrar festas, celebradas nos batey. Muitas palavras de origem aruaque se incorporaram aos idiomas dos colonizadores europeus, como "iguana", "cayman" ("jacaré", em inglês), "canoa", "tomate", "batata", "barbecue" ("churrasco", em inglês), "manatí" ("peixe-boi", em espanhol), "cacau", "maíz" ("milho", em espanhol), "maní" ("amendoim", em espanhol), "goiaba", "canibal", "furacão"[9], "anaconda" ("sucuri", em inglês), "tabaco", "yucca" ("mandioca", em inglês), sabana (que significa "planície" e passou a designar as savanas africanas), cay (que significa "pequena ilha" e deu origem ao espanhol cayo e o inglês key) etc.
Isto se deve ao fato de os colonizadores europeus terem encontrado primeiramente povos de línguas aruaques quando começaram a colonizar a América, no século XV. Com isto, grande parte dos animais, vegetais e artefatos de origem americana passaram a ser conhecidos mundialmente por termos de origem aruaque. Os banivas, que vivem no noroeste do estado do Amazonas, no Brasil, são famosos pela tradição da captura e consumo de cupins e saúvas. Os cupins são consumidos in natura, puros ou com biju e pimenta. As saúvas são socadas em um pilão com farinha d'água e pimenta, para fazer paçoca[10].
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Cará (Dioscorea alata)
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Algodoeiro (Gossypium spp)
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Milho (Zea mays)
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Acerola (Malpighia emarginata)
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Chuchu (Sechium edule)
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Abacate (Persea americana)
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Pimenta-da-jamaica (Pimenta dioica)
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Pimenta-malagueta (Capsicum frutescens)
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Fruta-de-conde (Annona reticulata)
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Graviola (Annona muricata)
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Girassol (Helianthus annuus)
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Reconstrução de uma aldeia taina em Cuba
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Mangabeira (Hancornia speciosa)
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Petroglifos tainos no Lago Enriquillo, na República Dominicana
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Pictogramas tainos nas cavernas Pomier, na República Dominicana, escritos em 1510 e descrevendo a chegada de missionários cristãos à ilha
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Mulher aruaque com argola de prata adornando o nariz
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"Goiaba" vem do termo aruaque guaiaba[11]
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Iguana-verde (Iguana iguana) em Cuba. "Iguana" vem do termo taino iwana[12].
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Canoa. "Canoa" vem do termo homônimo aruaque.[13]
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Batatas. "Batata" vem do termo homônimo taíno.[14]
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Tabaco (Nicotiana tabacum). "Tabaco" vem do termo homônimo taino que designa o tubo em forma de "y" que os índios usavam para assoprar o tabaco moído nas narinas uns dos outros[15].
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Danos causados pelo Furacão São Ciríaco em Porto Rico em 1899. "Furacão" vem do termo taino hurakán[16].
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Estátua de Enriquillo em Santo Domingo, na República Dominicana
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Monumento a Hatuey no local de sua morte, em Baracoa, em Cuba
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Foto de índios aruaques do Suriname
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Grupo aruaque no Suriname
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Gravura representando aruaques surinameses
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Índia aruaque surinamesa com seu filho
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Adorno feminino aruaque surinamês
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Banco de madeira aruaque surinamês
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Banco de madeira aruaque surinamês
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Chocalho aruaque surinamês
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Adorno masculino aruaque surinamês
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Cabaça para guardar água aruaque surinamesa
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Índios terena na festa de encerramento da nona edição dos jogos Indígenas, em 2007, em Olinda, em Pernambuco, no Brasil
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Menina da etnia terena
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Escola baniva no Rio Içana
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Cupins (ordem Isoptera)
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Saúvas (Atta cephalotes)
Referências
- ↑ http://www.scribd.com/doc/32602934/Os-Aruaques-uma-contribuicao-ao-estudo-do-problema-da-difusao-cultural
- ↑ http://www.elboricua.com/history.html
- ↑ http://www.funai.gov.br/indios/jogos/novas_modalidades.htm#006
- ↑ CRULS, G. Hileia amazônica. Quarta edição. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1976. p. 265
- ↑ http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tariana
- ↑ SILVA, A. C. (org). Lendas do índio brasileiro. Rio de Janeiro: Tecnoprint. p.9
- ↑ SILVA, A. C. (org). Lendas do índio brasileiro. Rio de Janeiro: Tecnoprint. p.27
- ↑ SILVA, A. C. (org). Lendas do índio brasileiro. Rio de Janeiro: Tecnoprint. pp.48-52
- ↑ http://www.filologia.org.br/filologo/55.htm
- ↑ http://globoruraltv.globo.com/GRural/0,27062,LTO0-4370-343896,00.html
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 855
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 915
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 337
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 239
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 1637
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 822