Culinária gaúcha/A Cozinha do Pescador do Mar
O gaúcho campeiro não vem pescar no mar, no extenso litoral marítimo do Rio Grande do Sul. Quem pesca no mar é o morador da região, muitas vezes pescador profissional (mas que come, também, de sua mercadoria) e o gaúcho de cidade grande, o veranista, que pesca por esporte, ludicamente. Pesca-se no mar com caniços, na beira da praia e nas plataformas, enormes, várias e caras. Pesca-se de redinha e com rede de arrastão, grandes, mar adentro. E pesca-se, claro, nos grandes barcos. Come-se de tudo: tatuíra frita, mexilhões, mariscos, siri, caranguejo, arraia-de-mar (que dá quatro filés, muito bons), camarões de tudo que é tipo (7 barbas, pistola, miudinho) em vário pratos diferentes. De peixes, mesmo, frita-se o papa-terra, o peixe-rei, as pequenas corvinas e o resto dos incontáveis tipos de peixe abundante no litoral, que vem no anzol ou nas redes, serve para tudo, até para churrasco no espeto, como as tainhas e as grandes corvinas, assados de forno, frituras, ensopados, escabeches e mil coisas mais. Um detalhe: pescador profissional de mar não come siri (porque sempre que tira um afogado d'água, ele vem coberto de siris, bichos necrófagos) e tampouco come os cefalópodes, como lulas, calamares, polvos.
Há quem goste de preparar pratos a base de dois peixes de mar: tainha e linguado. Com bons exemplares desses peixes, um bom cozinheiro pode preparar um lauto banquete, muito variado e, claro, muito saboroso.