Comunicação online e aprendizagem/Conclusões
Durante muito tempo, e ainda hoje para os menos conhecedores das potencialidades da Internet, a comunicação mediada pela tecnologia é percebida como uma forma menos complexa e impessoal de se comunicar. No entanto, cada vez mais, com o aprimoramento das tecnologias disponíveis, a comunicação mediada pela tecnologia mostra-se capaz de gerar interações tão ricas e complexas como as que se teriam em uma comunicação face-a-face.
Diante de tudo que foi debatido ao longo destes capítulos e, como afirma Shin (2002), hoje a educação mediada pela tecnologia apresenta como desafio problemas relacionais e não mais de interatividade. É neste aspeto que se devem focar as discussões sobre as diferenças entre a comunicação face-a-face e a comunicação online, pois os aspetos de interatividade, diante das inúmeras possibilidades oferecidas pelas redes, já não são questões relevantes para marcar qualitativamente a diferença entre estes tipos de comunicação.
No decurso deste trabalho foi possível abordar a Teoria da Riqueza dos Media e a Teoria da Comunicação Hiperpessoal. Sobre o modelo de Comunicação Hiperpessoal, salienta-se a potencialidade que este tem de promover interações significativas, que ocorrem no bojo de uma espécie de identidade social que leva os envolvidos a criarem uma imagem positiva de si e a apresentarem receptividade em relação ao outro. Este efeito pode vir a constituir-se um fator que venha a contribuir positivamente para relações e resultados de sucesso na educação a distância.
Neste contexto, é oportuno referir-se uma experiência vivenciada em dada unidade curricular, oferecida em nível stricto sensu, voltada para ambientes virtuais de aprendizagem. Nesse caso, constatou-se uma incomensurável interação ocorrida entre diversos parceiros, no ambiente virtual Second Life, inclusive em encontros virtuais para além de estudos. Registaram-se interações sociais como jogar, dançar, beber vinho, passear a pares ou em grupos, o que permite afirmar que tal interação muito contribuiu para a permanência de muitos estudantes no projeto a despeito de dificuldades pessoais, profissionais ou institucionais que naturalmente se apresentaram no percurso. Tal vivência parece convergir com os estudos aqui apresentados sobre o Modelo de Comunicação Hiperpessoal, que num processo de comunicação pode muito aproximar os parceiros e que se expressa tão ou mais intimista que a Comunicação Face-a-Face.
Exatamente porque a interação na comunicação mediada por computador se revela tão intensa e dinâmica, é fundamental pensar esta questão de forma central e profunda aquando da definição de um trabalho de aprendizagem desenvolvido neste contexto. Teorias como as dos três tipos de interação, de Moore, ou da equivalência da interação de Anderson focam a atenção do designer instrucional e do professor precisamente neste eixo pedagógico: é preciso encontrar um equilíbrio entre os diferentes tipos de interação e perceber que a eficácia e eficiência comportam mais do que a soma das partes. A todo o momento as escolhas no que respeita à ativação de interações válidas e equilibradas, quer em termos de tempo, quer em termos de dinheiro, representam a diferença entre processos de construção de conhecimento bem ou mal sucedidos, sedutores ou aberrantes, viáveis ou totalmente inexequíveis.