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Civilização Egípcia/Período pré-dinástico

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Período pré-dinástico


4500-3000 a.C.
estatueta de cachorro

Como foi visto no capítulo anterior, por volta de 4500 a.C. já existiam pequenas aldeias nas margens do rio Nilo. Afinal, o local era protegido, as terras eram férteis e o clima quente.

Essas pequenas comunidades ficaram conhecidas como Nomos (palavra grega) ou Spats.

Essas tribos primitivas ao se unirem em grupos maiores e estáveis, os Nomos, se fixaram definitivamente à terra e passaram a ter chefes governantes, chamados Nomarcas.

recriação de um sepultamento pré-dinastico

Como a maioria dos povos primitivos, esses habitantes dos nomos possuíam um grande respeito pelas forças da natureza (que eram incompreensíveis para eles) e pelos animais. Já vimos que o rio Nilo era tido como Hapi, um deus, e o sol era o deus Ra. Assim, a maior parte dos seus deuses era representada por algum animal, isso inclusive ocorreu durante a maior parte da história do Egito.

Os deuses primitivos eram zoomórficos (tinham forma de animais).

As formas dos deuses começam a mudar quando os homens percebem que já compreendem e estão aptos a enfrentar os fenômenos da natureza. Então, eles passam a fundir num só deus, o homem e o animal (antropomorfismo).

Desde os primórdios, os egípcios deveriam crer numa vida após a morte porque, foram descobertas sepulturas da era neolítica, já com instrumentos e víveres para servir ao morto, se presume. Se assim for, esta era uma crença já arraigada profundamente no povo egípcio. Essas sepulturas, eram cobertas de pedras, para proteger o corpo dos chacais e das intempéries.

escada de acesso ao nilômetro

Quanto a agricultura, já havia um certo desenvolvimento agrícola, de modo que o cultivo de cereais como o trigo e a cevada, além do linho se tornou uma fonte de riqueza. Todo o excedente era trocado entre os nomos.

Havia trabalho coletivo em prol da comunidade de acordo com as necessidades, como a construção de reservatórios de água e um primoroso trabalho de irrigação, que levava as águas do rio para as regiões mais distantes do seu curso. Também construíram diques para controlar as cheias do Nilo e os nilômetros para medir as cheias.

Os habitantes dos nomos já criavam animais, teciam o linho, trabalhavam pedra e cobre, fabricavam cerveja e construíam casas de adobe (espécie de tijolo cru, feito com argila e palha).

Organização política

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Ao longo do tempo, já havia um grande número de nomos que foram se reunindo, através de tratados e conquistas. Acredita-se que as crenças tiveram papel preponderante para unir as comunidades sob determinado deus assim evitando guerras.

objetos de marfim, Naqada

Alguns estudiosos dividem esse período em outros quatro períodos, chamados de Primitivo, Naqada I, Naqada II e Naqada III. Este último pode ser chamado também, por alguns de Dinastia 0.

Naqada II é o início do desenvolvimento de centros populacionais, os nomos mais organizados , como, Tinis, Naqada, Buto (associada a Per-Wadjet) e Nekhen, começaram a se destacar dos demais. É o começo da organização do Egito como estado e a definição de uma fronteira política.

O período chamado Naqada III é o embrião do futuro país unificado e existem registros de governantes e de alguns eventos específicos.

Parece que, nesse período houve governantes que controlaram partes significativas do território, esses governantes podem ter sido chamados de reis.

Na realidade, chamar esse período de Dinastia 0 não parece muito apropriado, uma vez que, como veremos mais tarde, as dinastias agrupavam uma família de governantes, ou pelo menos aqueles que reinavam de um local específico. E, no período Naqada isso não ocorreu. Não há como estabelecer uma linha sucessória nessa fase.

figura em osso, Naqada I

O povo egípcio

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Por volta de 3400 a.C. registra-se a entrada de outros povos na região, especialmente no delta. Na verdade não sabe ao certo qual a etnia do povo egípcio e aqui vamos fazer um parêntese para além da época pré-dinástica.

Através da região em foco, passaram os núbios, judeus, líbios, fenícios, acadianos, hititas, assírios, hicsos, persas, árabes, gregos, romanos, que com toda certeza de alguma forma deixaram sua marca nos genes do povo. Assim, não vamos presumir que os egípcios tivessem essa ou aquela característica porque não há consenso.

Porém, esses povos estrangeiros tanto podem ter trazido novas idéias, como também podem ter parecido uma ameaça futura, tornando mais urgente a unificação dos nomos.

Nessa altura o povo egípcio já possui uma aritmética simples, usada para medir as terras e calcular as colheitas. Sabiam o movimento de algumas estrelas e calculavam as cheias do Nilo. Já possuíam um calendário bem sofisticado. Sua escrita foi desde o ínicio baseada nos hieróglifos (grafia sagrada) e nunca mudou.

Os egípcios já haviam superado a infância e adolescência de um povo e estavam preparados para entrar na idade adulta com um grande futuro!

Reis de Naqada III

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Reinaram nos anos de formação do Egito, antes que o país fosse unificado.

Embora até hoje não se tenha decifrado com exatidão os nomes desses reis de Naqada III, é possível pesquisar partindo de pequenos detalhes e supor que determinadas peças ou túmulos pertenceram a esses reis.

paleta com relevos de hienas, girafas e íbis. Naqada III

Já foram encontradas diversas pistas, ainda por serem compreendidas, serekhs (cartuchos com o nome Hórus do rei encimados por um falcão) gravados em vasos e pedras, alguns com inscrições muito destruídas, outros com a grafia dos primórdios, ainda não decifrada.

Um dos artefatos mais conhecidos desse período que precede a Primeira Dinastia, é a cabeça de uma maça (arma de guerra) que pertenceu a um rei geralmente chamado de rei Escorpião. É possível que este rei tenha existido e reinado antes de Narmer. Embora nada se tenha encontrado sobre esse possível rei em Abidos, há especulações de que uma tumba de quatro aposentos encontrada sem nenhuma inscrição possa ter pertencido a ele.

Embora, também a existência de um rei “Crocodilo” não seja aceita pelos egiptologistas em geral, a cabeça da arma do Escorpião é um argumento forte para, pelo menos, se discutir sua existência como um rei do final da era pré-dinástica.

Através dos estudos das camadas da terra nas tumbas reais de Abidos, e das peças de cerâmica encontradas, é provável que o antecessor de Narmer como governante em Abidos tenha sido um rei chamado Ka. Seu nome Hórus mostra um par de braços. Ele foi sepultado numa tumba dupla (B7/9) que está localizada entre as sepulturas de outros reis da época pré-dinástica, no cemitério U.

Antes de Narmer ele é o rei mais bem registrado e pode até ser que tenha reinado sobre um Egito unido.

Seu nome foi encontrado tanto no alto quanto no baixo Egito, inclusive em Helwan, que era a necrópole de Mênfis. Portanto é possível que Mênfis tenha sido fundada até mesmo antes de Narmer e de Aha.

De acordo com Jimmy Dunn (e fontes citadas por ele em ligações externas), é preciso ter atenção com as listas que existem dos reis da Dinastia 0, como: rei Crocodilo, Iry-Hor, Ka, Escorpião e Narmer. Esses nomes e a ordem em que governaram não estão comprovadas e Narmer é considerado da 1ª dinastia.

Alto e Baixo Egito

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Hedjet
Deshret
Sejemty

No final do período pré-dinástico, o Egito possivelmente já possuía ligações comerciais com outros povos, foram encontradas provas disso no Sinai e no sul da Palestina. Se a escrita também foi influenciada por outros povos não se sabe, podem ter havido invasões, talvez imigração, tudo aquilo que não deixa vestígios arqueológicos é suposição.

Portanto o que se tem é que da união dos nomos primitivos surgiram dois reinos:

  • O reino do Alto Egito, no Sul, tinha por capital Nekhen, como era chamada pelos egípcios, em grego o nome é Hieracômpolis, a cidade do falcão, seu soberano usava uma coroa branca, Hedjet.
  • O reino do Baixo Egito, no delta, fixou sua capital em Buto, seu soberano usava uma coroa vermelha, Deshret.
  • E quando o soberano dominava os dois reinos, ele usava a coroa dupla, Sejemty.

O mais provável é que esses dois territórios, alto e baixo Egito, tenham se unificado de maneira gradual devido até mesmo à uniformidade cultural do país, não há informação histórica precisa a esse respeito.

Da união entre o Alto e Baixo Egito é que vai surgir o grande império.