Aprendizagem e Medias Sociais/Aprendizagem em redes
Capítulo 5
[editar | editar código-fonte]APRENDIZAGEM NAS REDES
[editar | editar código-fonte]A maior parte da aprendizagem não é consequência do ensino. É antes, o resultado da participação sem entraves num ambiente propício à aprendizagem. A maioria das pessoas aprendem melhor estando integradas nesse ambiente, mas a escola faz com que o seu desenvolvimento cognitivo resulte de elaboradas formas de planeamento e manipulação.
Ivan Illich, Deschooling Society
Neste capítulo vamos mergulhar numa discussão detalhada sobre a forma social das redes, focando as oportunidades de aprendizagem e os desafios associados a esta forma de interação social. As redes são um modelo social centralizador nas sociedades humanas. A sociologia, antropologia, empresas e outras áreas têm estudado a sua função e modelo há muitas décadas, havendo muita literatura sobre as redes sociais numa grande variedade de comunidades. Contudo, as redes têm sido utilizadas em menor escala na educação formal, pelo menos em parte, porque sua forma livre, muitas vezes gera conflitos e pode ser prejudicial às estruturas institucionais. As redes não estão vinculadas a processos, papéis, ou a uma arquitetura deliberada. Elas podem ser formalizadas, mas não formalmente constituídas. No entanto as redes são um dos canais do conhecimento primário do mundo; ao longo de nossas vidas, nós aprendemos com as pessoas que conhecemos. A propagação de conhecimento através de uma rede assemelha-se à propagação de uma infecção: a aprendizagem é contagiosa (Kleinberg, 2007), para o bem ou para o mal.
Recentemente, o desenvolvimento a baixo custo de dispositivos portáteis que permitem a expansão da rede e a ligação em qualquer lugar / a qualquer momento, acelerou o interesse e a utilização das redes no ensino a distância. No capítulo anterior, viu-se que as normas e costumes dos grupos evoluíram em grande parte em contextos face-a-face, em que a presença, confiança e o ambiente compartilhado criou o contexto de fundo. No entanto, as redes de aprendizagem de hoje em dia, desenvolvem-se e funcionam principalmente num contexto mediático. Os novos avanços tecnológicos nas redes assim o permitem, coisa a que era difícil ou impossível chegar antes do advento do ciberespaço. Neste capítulo detalhamos as potencialidades subjacentes das redes, como fundo para examinar os processos de aprendizagem e os contextos que esperamos que venham a prosperar sob estas condições.
DEFININDO A REDE
[editar | editar código-fonte]Uma rede, no sentido mais amplo, é formada por nós (os pontos da rede) e laços (as conexões entre os nós). As redes não estão apenas presentes nas interações entre seres humanos: na natureza, ecossistemas, sistemas químicos, sistemas geológicos, galáxias e sistemas de energia solar podem ser vistos como redes. Da mesma forma, também outros sistemas físicos, tal como a Internet, os sistemas de transporte, as redes de energia, e estradas podem também ser vistos como redes. Em sistemas que envolvam os seres humanos, as redes podem ser encontradas, onde haja relações sociais entre as pessoas (Wellman, Boase, & Chen, 2002), num tipo de relacionamento entre atores e atuantes, dentro de um sistema dinâmico (Latour, 2005), partindo por exemplo do padrão epidemiológico de interação e difusão de uma doença (Watts, 2003) que poderá ocorrer dentro de uma cidade (Alexander, 1988; Hillier, 1996). Os sistemas humanos têm muito em comum com os seus homólogos inanimados e regem-se de forma semelhante pelas mesmas leis dinâmicas (Watts, 2003). O nosso objetivo, no entanto, não é tanto o abstrato ou mesmo na estrutura física da rede, mas sobre as estruturas sociais que permite a aprendizagem através da rede.
As redes e a interação entre as pessoas
[editar | editar código-fonte]É possível encontrar redes em qualquer forma de aprendizagem que envolva pessoas, inclusive dentro de, através de, ou para além da periferia de um grupo. As redes formam-se através de conexões e não necessariamente como processos formais ou informais: são ontologicamente diferentes de um grupo. Pertencer a um grupo implica por definição, pertencer a uma rede, mas isso não invalida que não compreendamos o grupo como distinto da rede: são diferentes tipos de coisas. Embora preocupada com a interação humana, a visão centrada do mundo das redes sociais está, talvez ironicamente, fortemente focada no indivíduo. Com efeito, Rainie e Wellman (2012) descrevem expressamente essa forma de envolvimento como "individualismo em rede”. É possível para um investigador, formal ou informalmente, examinar a topologia das redes explorando os seus nós e laços, e para realizar esta análise da forma da rede, consideram estes, como se fossem entidades distintas. No entanto, a falta de um projeto de estrutura ou um conceito de adesão, a partir da perspectiva de qualquer membro individual de uma rede é considerado de uma forma egocêntrica, com as pessoas com quem tem uma ligação de qualquer tipo. Nós não fazemos as coisas para o bem da rede, como fazemos para o bem do grupo, porque isso não faz sentido não é essa a finalidade. É simplesmente um conjunto das nossas muitas conexões com os outros e com os limites visíveis destas conexões.
As redes são irregulares
[editar | editar código-fonte]Os diagramas e mapas das redes sociais mostram tipicamente várias linhas, ligando nós da rede ou membros a estruturas complexas. As estruturas hierárquicas dos grupos dão lugar a estruturas mais fluidas, complexas, e que evoluem para criar novos vínculos como os antigos e sem atrofiamento. As forças desta estrutura que é a rede, assim como os recursos disponibilizados para as pessoas e outras sub-redes, leva a um envolvimento no processo de tomada de decisão responsável por si mesmo, em vez de depender de terceiros para tomar decisões ou filtrar o fluxo de informações. Reunidas, as pessoas de uma rede tomam decisões e movem-se em direções específicas, mas a direção e foco deste movimento normalmente não pode ser ditada por qualquer membro individual. Pelo contrário, nas interações de redes, as direções dos membros, estratégias e ideais são criadas e promulgadas. É, no entanto, uma simplificação sugerir que as redes são estruturas topologicamente planas, onde todos têm um papel de igual para igual. As redes nos nossos pequenos mundos, são uma forma muito comum em sociedade, com partes de diferentes redes fortemente unidas por nós e super nós que têm tipicamente uma grande importância relativamente às que têm menos conexões, pelo menos quando estamos a olhar para os fluxos de informação ou sentimentos. No entanto, esta é uma área de estudo complexa que está em curso: enquanto os nós fortemente ligados com muitos laços, são importantes para a difusão do conhecimento através de uma rede, eles não são necessariamente os nós mais influentes num sistema humano, nem eles realizam de forma eficaz conexões com outros nós. Pelo contrário, são canais necessários através dos quais o conhecimento flui e pode ser filtrado ou transformado. A irregularidade das redes diz respeito não apenas à sua topologia, mas às suas características temporais. A atividade e aglomeração dentro de redes ocorrem em rajadas, muitas vezes esporadicamente, como fluxos e refluxos de difícil previsão. Isso não é surpreendente dado que, ao contrário do grupo, não existe uma coordenação intencional de comportamento numa rede. Tópicos de interesse emergem por um grande número de razões, e isto gera a conversa. Às vezes um post especial num blog, um artigo nos média, uma notícia importante ou um programa de TV pode agir como um catalisador para uma conversa. Por vezes, a dinâmica interna das próprias redes propoaga ideias e diálogo. A propagação de memes (1), replicando ideias, frases, ou, muito frequentemente no ciberespaço moderno, imagens de gatos, é facilitada por meio das redes.
(1) Imagem, informação ou ideia que se espalha rapidamente através da internet, correspondendo geralmente à reutilização ou alteração humorística ou satírica de uma imagem. "meme", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/meme [consultado em 18-02-2015].
As redes são incertas
[editar | editar código-fonte]A aprendizagem em rede é qualitativamente diferente da interação baseada em grupo, porque introduz elementos de alguma incerteza e oportunidade. O apelo para a comunicação em rede está relacionado com a heterogeneidade dos membros dessa rede que podem partilhar alguns valores, interesses e qualidades em comum, mas para além da razão para a conexão em primeiro lugar, é improvável que partilhem mais alguma coisa. Os grupos partilham metas homogéneas e normas, ao passo que as diferenças entre as pessoas e o seu interesse nas redes proporcionam oportunidades para o surgimento de novas amizades, para o desenvolvimento de um “capital” social, para surgimento de conflitos e de outras instâncias imprevistas.
É esta abertura ao possível que tanto atrai e repele da rede potenciais alunos. Para alguns alunos de ensino a distância, a falta de interação face-a-face que significa confiança, só pode ser construída após um exposição considerável e um interação dentro do grupo, eles ganham também a compreensão pessoal e profissional dos outros, isto combinado com a confiança gerada pelo contexto e pelas normas que nascem de pertencerem a uma instituição ou a uma turma. Para outros, a homogeneidade do grupo cria monotonia e tédio, com constrangimentos restritivos decorrentes da necessidade de trabalhar em horários semelhantes e a um ritmo semelhante aos dos outros elementos do grupo; eles procuram a rede pela sua capacidade de lhes apresentar oportunidades de aprendizagem de coisas desconhecidas.
As redes são variadas
[editar | editar código-fonte]Nós estamos normalmente ligados a pessoas diferentes, por razões diferentes. Essas pessoas, podem ser amigos, podemos encontrá-los em conferências, partilhar grupos com eles, interesses locais, comprar coisas, encontrá-los numa festa, conhecer a sua tia: as possibilidades são infinitas. O que define uma rede é o conjunto das pessoas com quem temos uma ligação por qualquer motivo. A falta de homogeneidade nas redes significa que os problemas que são partilhados com essas pessoas são vistos de múltiplas perspectivas, aumentando o alcance potencial de soluções e ideias criativas que podemos aproveitar (S. E. Page, 2008).
As redes estão agrupadas
[editar | editar código-fonte]A consequência de haver múltiplas razões para estarmos conectados com os outros é que é possível agrupar pessoas que conhecemos em sub-redes diferentes e tipicamente sobrepostas. As sub-redes são caracterizadas por Google+ como "círculos", que é um termo útil e que geralmente usamos para distinguir diferentes partes da nossa rede. Temos diferentes círculos de amigos, pessoas que compartilham interesses profissionais, contatos casuais, etc. Estes subconjuntos de redes tornam mais fácil identificar aqueles que nos podem ajudar em diferentes contextos de aprendizagem. Se temos os meios tecnologicamente mediáticos, significa que para encontra-los, podemos concentrar-nos nas perguntas ou coisas que partilhamos com aqueles que são mais propensos a ter um interesse ou conhecimento sobre eles.
As redes desenvolvem a cooperação
[editar | editar código-fonte]A rede oferece um contexto ideal para a partilha de informações, ideias e perguntas, ao contrário de trabalho colaborativo, onde os papéis e as regras são mais apropriados. Mas o partilhar em si não é um conceito unitário e tem muitas dimensões definidas culturalmente, contextualmente, e individualmente. Talja (2002) extraiu da literatura sobre as comunidades de pesquisa académica quatro tipos de atividade de partilha:
1. Partilha estratégica: partilha de informações como uma estratégia consciente de maximizar a eficiência.
2. Partilha paradigmática: partilha de informações como uma forma de estabelecer uma nova e distinta abordagem ou área.
3. Partilha direcionada: partilha de informações entre professores e alunos, ou empregados e empregadores ou outros utilizadores da rede que a procuram para realizar um tarefa específica.
4. Partilha Social: Partilha de informações como um relacionamento e como atividade de desenvolvimento comunitário.
As redes em contextos de aprendizagem são utilizadas para cada um destes quatro tipos de atividade de partilha, e os ganhos da rede em valorização, quando qualquer um deles der frutos, será demonstrado pela satisfação e uso dos utilizadores da rede.
As redes são ilimitadas
[editar | editar código-fonte]Como Milgram (1967) famosamente mostrou e outros confirmaram desde então, estamos todos ligados uns aos outros através de uma pequena cadeia de pessoas. Em "Six Degrees: The Science of a Connected Age ", Watts (2003) relata experiências que confirmam a ligação entre uma pessoa e outra é de seis ou menos, sejam eles quem forem, ou onde quer que estejam no mundo. Verdadeiramente, visto de cima, o mundo pode ser visto como uma rede enorme de pessoas.
As redes não são constituídas tecnologicamente
[editar | editar código-fonte]As redes são constituídas por ligações entre pessoas, mas embora as tecnologias as suportem e melhorem, não há regras definidas ou consistentes, processos ou métodos numa rede, quer de forma implícita ou através de códigos de conduta. As redes não são, em si mesmas, tecnologias. É claro que as pessoas podem sobrepor-se a todos os tipos de processos, numa análise caso a caso, esta é muitas vezes a forma como as redes se transformam numa amálgama de grupos: alguma forma de codificação (??) foi criada, sendo isto que as distingue de uma construção mais indefinida, incluindo a criação de nomes, propósitos, regras básicas, horários, etc. As redes em si mesmas são difusas de baixo para cima e têm perímetros indefinidos. Embora muito capacitadas tecnologicamente e beneficiando dessas tecnologias, que mostram, nenhuma tecnologia para além da linguagem (pelo menos na maior parte casos) é necessária, para as formar.
A falta de tecnologia ou de uma arquitetura de rede propositada significa que, se a rede for utilizada numa aprendizagem intencional, mais esforço é necessário por parte do aluno. Os papéis, processos e métodos consagrados nos grupos foram projetados para tornar as coisas mais fáceis, mas não estão disponíveis para o aluno que utiliza a rede. Enquanto um aluno, baseado num grupo, pode estar ativamente empenhado na construção social do conhecimento, ele ou ela raramente estão envolvidos na construção do processo para conseguir isso. Para aprender deliberadamente é preciso reunir os meios e métodos para fazê-lo. Nos grupos, eles estão organizados para si. Nas redes, é necessário organiza-los você mesmo. A aprendizagem em rede, como o Conetivismo sugere, é muito mais que a aquisição de meta-especializações em aprendizagem, é sobre a própria aprendizagem. A falta do papel de professor, normalmente significa que o aluno em rede deve descobrir fontes de inspiração dentro da rede através de modelos, ou descobrir o projeto de aprendizagem de alguma outra maneira. Normalmente, o processo de fazê-lo significará descobrir recursos de aprendizagem, no sentido mais amplo da palavra, deixando o aluno em rede numa posição híbrida: empregando ferramentas behavioristas / cognitivistas, mas ao mesmo tempo empenhar-se em autêntica prática social.
MUITOS ALUNOS ESTÃO POUCO LIGADOS
[editar | editar código-fonte]Investigadores da Internet têm escrito sobre a distinção entre " grupos densos e delimitados " e " redes dispersas e ilimitadas"(Wellman et al., 2002). Este trabalho surgiu a partir do estudo de organizações informais, em comunidades ligadas por fio (nota: entenda-se “fio” como cabo elétrico, em oposição a “sem fio” ou por onda eletromagnética), mas outros investigadores estão a trabalhar nos modos de socialização, encontrados em grupos baseados em redes. Wellman et al. (2002) constataram que o relacionamento entre grupo e rede são comuns em ambos os contextos de trabalho e da comunidade. Eles observam que os grupos estão mais frequentemente associados, com as comunidades ligadas localmente, onde as relações evoluem através de proximidade, mesmo na ausência de escolha. Somos forçados a interagir com aqueles com que vivemos, trabalhamos e assistimos às aulas, independentemente de qualquer afeição ou interesse. Nas redes distribuídas, é claro, esta limitação é eliminada permitindo-nos formar redes e grupos com pessoas que podem estar amplamente e fisicamente distribuídos.
Além da proximidade física, as redes são favoráveis à criação de ligações fracas (Granovetter, 1973) que servem como ponte de ligação com outros grupos e redes. As redes, muitas vezes têm maiores percentagens de ligações fracas do que os fortes, mas cada tipo tem vantagens e desvantagens. Ligações fortes estão associadas com a proximidade, multiplexidade (várias formas de interacção) e níveis mais altos de intimidade, o imediatismo e frequência de interação. Estes são geralmente atributos positivos, mas as ligações fortes também pode levar uma "reciprocidade amplificada", onde a liberdade do indivíduo é limitada devido a obrigações de apoio mútuo, a inércia e falta de interesse na construção de relacionamentos fora do grupo (Gargiulo & Benassi, 2000). As redes e outros modelos de organização humana associadas a ligações fracas oferecem maior diversidade, fornecem fontes de informação e de opinião mais amplas e menos redundantes e aumentam as formas individuais e comunitárias de ligação entre grupos heterogéneos (bridging capital) (Ellison, Steinfield, & Lampe, 2007).
Gargiulo e Benassi descobriram que o desenvolvimento do capital social (valor implícito das conexões internas e externas de uma rede social) não está diretamente relacionado com a criação de ligações fortes, estáveis e seguras; em vez disso, "os gestores com redes de comunicação coesas eram menos propensos a se adaptar a estas redes na mudança de requisitos de coordenação, motivadas pelas suas novas atribuições, que por sua vez põe em causa o seu papel de facilitadores" (2000, p. 183) (? confuso?). Em contextos que mudam rapidamente, a criação de capital social continua a ser importante, mas a mudança requer flexibilidade e diversidade frequentemente associada a ligações fracas, em vez de, relações estáveis e fortes. Além disso, Burt argumenta que essas ligações fracas promovem "buracos estruturais" (buraco estrutural é uma relação não redundante entre dois contactos) ou desconexões, permitindo que os mais ágeis explorarem essas oportunidades "para intermediar o fluxo de informações entre as pessoas e controlar a forma dos projetos que reúnem pessoas de lados opostos do buraco" (1997, p. 340). Aqueles que têm mais extensas relações na rede têm, portanto, "um maior risco de encontrar e desenvolver boas ideias, por causa do que eles gostam tem mais compensação do que seus pares, com avaliações mais positivas e promoções mais rápidas" (Burt, 2009, p. 46), dando-lhes mais oportunidades para criar conhecimento, capital social, e riqueza.
As redes, com as suas pontes entre buracos estruturais, podem, em princípio, reduzir a propensão para o negativo (?), inibindo comportamentos de grupo e cultura. No entanto, a falta de estrutura também significa que o compromisso pode ser mais baixo, ou pelo menos ad-hoc e de natureza imprevisível. Muita diversidade também pode ser contraproducente, levando ao caos ou à aleatoriedade (SE Page, 2011). Sem alguma redundância, a natureza dinâmica e de mudança das redes pode deixar lacunas quando aqueles que preenchem um nicho específico deixem a rede ou migrem para os limites exteriores de sua fronteira.
LIBERDADE DE COOPERAÇÃO NAS REDES
[editar | editar código-fonte]O grau de liberdade obtido num contexto de aprendizagem baseado em rede é tipicamente muito elevado (ver figura 5.1). Isto tanto pode ser uma coisa boa como má, porque escolher não é equivalente a controlar (Dron, 2007a). Há muitas opções, especialmente em num contexto de aprendizagem em que podemos ter poucas ideias sobre as ferramentas adequadas, métodos, conteúdos, ou pessoas para aprender, pode tornar-se muito difícil escolher entre um caminho ou outro, e pode deixar o aluno numa posição pior de controlar se ele ou ela não tiver outra escolha. A teoria dos arquétipos (?) de aprendizagem em rede, o Conetivismo, mostra isso de forma acentuada. De muitas maneiras, os métodos conetivistas estão preocupados com a meta nível de aprendizagem: aprender a aprender, num mundo agitado e em constante mudança e incerteza.
Tempo
[editar | editar código-fonte]Em comparação com as formas de aprendizagem baseadas em grupos, a liberdade temporal na aprendizagem em rede é tipicamente elevada, apesar de haver muitas vezes dependências em relação à disponibilidade e atividades de outras pessoas na rede. Se um caminho de aprendizagem é induzido por um post especial de um blog, ou envolve a interação com os outros, a disponibilidade dessas pessoas determina quando e como os participantes podem aprender. Isto está muito dependente do contexto, porém: alguns tipos de conversa relacionadas com a aprendizagem numa rede pode espalhar-se ao longo dos anos, enquanto outros, como aqueles sobre um tópico de notícias recentes, pode ser espalhar-se em horas ou dias. Uma das características mais marcantes da aprendizagem baseada em rede, como sugere o modelo Conetivista, é aquela que normalmente auto-induz em vez de ser imposta por um orientador, por isso não só pode começar com uma inspiração a partir de uma interacção com os outros, como pode também surgir a partir de uma pessoa. A aprendizagem muitas vezes começa com um processo de criação, seja ele um post num blog, vídeo, discussão post, uma pergunta num fórum, ou simplesmente um comentário a outro post.
Lugar
[editar | editar código-fonte]Tal como acontece com toda a aprendizagem no ciberespaço, a liberdade de mudar de lugar é muito elevada na aprendizagem baseada em rede. Existem algumas exceções onde a localização pode ser importante, por exemplo quando uma rede se desenvolve por meio de aumento de um espaço físico por geo-referenciação(?) ou montes de pedras (marcas ?)virtuais deixadas por outras pessoas numa rede (Platt & Willard, 1998), mas estes são relativamente raros.
Conteúdo
[editar | editar código-fonte]A liberdade de escolha de conteúdo é, por definição, alta num modelo de aprendizagem em rede. A aprendizagem baseada em rede está muitas vezes preocupada com a descoberta, traçando caminhos para o conteúdo através de uma rede, por exemplo, na sequência de hiperligações postadas no Twitter, LinkedIn ou Academia.edu e dando a escolher livremente o que e de quem aprender. Tem alguns constrangimentos subtis. A visão de um indivíduo da rede é sempre limitada e localizada. A informação filtrada e preparada por máquinas (computadores) ou pessoas, filtrando tudo mas confirmando as fontes de dados, pode emergir, onde anexos (dos emails?) preferenciais conduzem a determinados recursos, e em particular a conteúdo criado por uma gama limitada de nós da rede que é mais popular e muito mais provável que seja selecionada. (Enquanto a rede poder alargar-se vagamente para fora, para abranger quase nada disponível no ciberespaço, a organização emergente de uma rede pode enfatizar fortemente algum tempo deixando outros fora dela, apenas um pouco conectado e com pouca possibilidade de ser encontrado. ???) Certamente isso não é necessariamente uma coisa má, a gama e diversidade de conteúdos de aprendizagem na rede será sempre muito maior do que em um contexto de aprendizagem orientada para o grupo, e exponencialmente maior do que numa orientação instrutivista. No entanto, existe uma preocupação de que "popular" não é necessariamente igual a "útil": o que atrai um conjunto diversificado de pessoas que têm alguns objectivos aprendizagem partilhada, mas não outros, pode realçar a sem graça, o atraente, o poderosamente afirmado, o facilmente digerível, etc. Isto é particularmente arriscado porque os modelos conectivistas colocam muita ênfase nos membros de uma rede sendo contribuintes e criadores em vez de consumidores. O conteúdo é muitas vezes organizado, desfeito, reapresentado, e construída ou montado pelos utilizadores da rede. Este é um recurso maravilhoso quando visto como um padrão de co-construção e emergente da construção do conhecimento, mas sem o controle editorial que um professor ou um guia em grupo fornece, ela pode levar a forma de pensar em rede, a uma bolha filtrada no qual o capital social, em vez de pedagogia torna-se o princípio orientador. Assim, enquanto a liberdade for alta, ainda existem padrões que moldam a seleção de conteúdos, e ao contrário dos ambientes de grupo mais limitados, estes não podem alinhar bem, com as necessidades de aprendizagem. Além disso, a riqueza de conteúdo que nos é proativamente oferecida através dos nós dos sistemas das redes sociais podem levar a um excesso de escolha, e, portanto, à diminuição do controle (Schwartz, 2004).
Delegação
[editar | editar código-fonte]Enquanto as formas agrupadas de aprendizagem incluem o papel reconfortante de um professor para quem se pode delegar o controlo, com o risco concomitante de que o professor pode ter mais controle do que se poderia desejar, a forte ênfase num caminho de aprendizagem individual baseado na aprendizagem em rede, tendo especialmente em conta o modo de leitura / escrita esperado dos alunos em rede, torna muito mais difícil de delegar o controlo noutro. As redes têm uma forma social, e não uma forma cognitiva, e a orientação emergente que é inerente à forma não nos pode levar a lugares úteis. Porque se o caminho da aprendizagem conetivista não for cuidadosamente planeado, não é possível voltar atrás para um caminho predeterminado, e o aluno em rede deve, portanto, contar com a boa vontade e disponibilidade de outros se precisar de deixar de ir no controlo da aprendizagem, isto para uma sequência particularmente complexa ou desafiadora de atividades de aprendizagem. O problema é exacerbado pelo facto de que os alunos, por definição, não saberem do assunto que estão tentando aprender suficientemente bem e, portanto, não podem saber como fazer as perguntas certas, mesmo se alguém na sua rede conhecer as respostas. É claro que os alunos devem encontrar a pessoa certa para ajudar na sua rede, pode muito bem ser possível delegar as decisões sobre o caminho da aprendizagem que eles devem ter; neste ponto, torna-se o ensino de um para um, em vez de uma função de rede, com todos os benefícios que isso implica.
Relacionamento
[editar | editar código-fonte]A liberdade de relacionamento em contexto de rede é maximizada. Dentro de uma rede nós escolhemos como e quando se envolver com os outros, sem qualquer restrições para além daqueles com que nos envolvemos porque tem que ser, o que por definição, parte da rede. Mais uma vez, as redes baseiam-se na interacção local, não no sentido geográfico, mas no sentido de que elas só são percebidas em relação a um nó individual e aos seus vizinhos: as redes podem conectar-nos com outras pessoas apenas onde as relações entre nós adjacentes estão disponíveis para cada um de nós. Enquanto um grupo pode ser visto como um todo, uma entidade distinta para além das pessoas dentro dele, uma rede é apenas constituída pelas ligações locais entre as pessoas.
Meio
[editar | editar código-fonte]A escolha do meio de aprendizagem em rede é tipicamente muito elevada. O aluno em rede é normalmente capaz de selecionar uma grande variedade de meios adequados para si ou para as suas necessidades e pode aderir deliberadamente a redes que apresentam um ou outro meio de forma mais significativa. Por exemplo, nas redes de pessoas no YouTube, o vídeo é a sua forma dominante, enquanto aqueles que pertencem a uma rede social que gostam de livros, como Goodreads.com ou mesmo Amazon, a tendência já é mais texto ou imagens.
Tecnologia
[editar | editar código-fonte]As únicas restrições sobre a escolha da tecnologia na aprendizagem baseada em rede estão relacionadas com as ferramentas e processos que usamos, basicamente devem facilitar a conexão. Eles devem diretamente ou indirectamente, estar ligados com a rede. Também reconhecemos, no entanto, que muitas destas ferramentas são caras, e assim, existe um constrangimento inerente, especialmente em pessoas com pouco ou nenhum rendimento disponível.
Método
[editar | editar código-fonte]Embora não existam restrições específicas sobre os métodos que podem ser utilizados, como consequência de estar num contexto de aprendizagem baseada em rede, a natureza desta forma social impede um tipo pedagogias controladas, estimuladas e formalizadas que podem ser a norma num contexto de aprendizagem baseada em grupo. As redes são muito boas para surfar nas ideias, seguindo caminhos a onde quer que eles possam levar, fazendo tangentes, e conectando ideias díspares e habilidades, mas para seguir caminhos mais intencionalmente focados, elas são mais limitadas. Dito isto, não há nada que impeça um aluno de usar a rede para descobrir grupos específicos ou recursos behavioristas / cognitivistas tendo em vista seguir um caminho estruturado para a aprendizagem, mas a própria forma da rede é, por definição emergente e com falta de pedagogia distintiva. O conetivismo, como sendo a mais completamente formada das teorias de aprendizagem em rede, é mais uma meta-pedagogia, especificando um abordagem para a prospecção e exploração, em vez de projetar um caminho de aprendizagem.
Ritmo
[editar | editar código-fonte]A aprendizagem baseada em rede tipicamente oferece um grande nível de controlo de ritmo a nível macro, mas a interdependência entre a aprendizagem com os outros pode, como em formas aprendizagem baseadas em grupos, levar a dependências sobre a disponibilidade e interesse dos outros. Quando se começa uma conversa tendo em vista uma aprendizagem em torno de, digamos, um blog ou uma mensagem no Twitter, é importante o envolvimento em tempo útil, a fim de fazer parte do diálogo de aprendizagem. Esta dependência da disponibilidade dos outros, é no entanto compensada, nomeadamente pela natureza persistente da maior parte da comunicação em rede. Por exemplo, alguém pode responder a um post num blog meses ou mesmo anos depois que foi postado, revivendo interesse e atividade depois de um longo período de acalmia. O ritmo das interações e de expectativa relativamente a uma mensagem ou fluxo de informação oportunos, faz com que isso seja menos provável de ocorrer no Twitter ou tecnologias semelhantes de tipo micro-blog.
Divulgação
[editar | editar código-fonte]A maioria dos sistemas baseados em computadores com oferta de redes sociais proporciona uma quantidade significativa de controlo sobre o que é revelado e para quem, apesar da constante batalha do Facebook para remover tal controlo. Assumindo que a tecnologia o permite, o aluno em rede é livre para revelar muito ou pouco como ele ou ela quer. Como já referimos, há benefícios limitados para a rede social se é tudo mantido escondido. A inerente falta de estrutura e normas de uma rede significa que, com a facilidade de replicação digital que a maioria dos sistemas de redes sociais oferece, a informação fornecida a uma pequena gama de indivíduos pode espalhar-se através da sua rede para os outros.
DISTÂNCIA TRANSACIONAL E CONTROLO NAS REDES
[editar | editar código-fonte]A teoria de Moore sobre a distância transacional (1993) apresenta-se num contexto formal de aprendizagem em que um único professor ou a sua presença está envolvida numa aprendizagem transacional com apenas um aluno. Vimos que, na aprendizagem baseada em grupo, o papel do professor pode ser aproveitado por outros alunos, o que pode levar a uma redução de distância transacional, quando medida como uma comunicação ou pedido de ajuda (?), mas a um aumento da distância, medida em termos de controlo.
Num contexto de aprendizagem em rede, o papel do professor é distribuído indefinidamente, resultando num grande número de presenças de ensino, a partir de blogues pessoais, nós importantes da rede até a comentários sobre posts em discussão. Um indivíduo pode ser professor e aluno simultaneamente. A forma de negociar o controlo nas redes está em constante mudança, como fenómeno emergente em que o aluno está envolvido em vários relacionamentos, cada um com a sua própria dinâmica de controlo e distância psicológica, mas, no total, a distância transacional é baixa no controlo em ambas as dimensões (?). Do ponto de vista do aluno, o controlo pode aumentar e a comunicação / distância psicológica pode diminuir. No entanto, isso tem uma condição forte: um aumento do número de opções pode, sem a possibilidade de escolher entre opções, reduzir o controlo do aluno. Ter muitas escolhas não é o mesmo que ter controlo (Dron, 2007a; Schwartz, 2004).
Analisando mais de perto, se há apenas duas pessoas numa rede, então a distância transacional pode ser maior ou menor, dependendo da força da ligação da rede, tendo em conta que, como já foi observado, uma díade pode ser vista igualmente como um grupo, rede, ou agregado. Se, por exemplo, postarmos um tweet sendo respondido por um seguidor que nós seguimos, então a distância de comunicação é baixa, mas a distância psicológica pode ser bastante elevada: nós necessariamente não os conhecemos nem sabemos quais as suas motivações e percebemos pouco sobre o contexto em que estão escrevendo. Se o amigo que nos liga em seguida, responde, isso não só necessariamente reduz a distância global psicológica agregada, mas também a distância psicológica entre nós e seu autor, porque o seu post ganhou maior validade pela resposta do nosso amigo, ajudando-nos a compreender mais do contexto e do valor da sua contribuição original.
FERRAMENTAS DA REDE
[editar | editar código-fonte]Nesta seção, vamos descrever algumas das funcionalidades da atual geração de tecnologias de rede, relacionando-as com as necessidades dos alunos que as utilizam na aprendizagem. Muitas destas funções estão contidas em alojamentos (suites) com as respetivas ferramentas de rede, tais como aqueles que encontramos no Facebook, Ning, Elgg, entre outros. No entanto, seja por meio de normas de agregação, tais como RSS e Atom, arquiteturas baseadas em serviços, sistemas baseados em pequenas aplicações (widgets), ou até mesmo por incorporação de quadros (framsets), os alunos muitas vezes também personalizam (mashup) suas próprias ferramentas de rede para criar ambientes de aprendizagem pessoal. Estas formas de personalização (mashup) podem estar mais ou menos integradas.
Muitas pessoas mantêm mais de um canal de rede nos seus telemóveis, tablets e computadores, com aplicações de mensagens instantâneas, ferramentas de rede sociais e agregadores de informação (feeds) que fornecem um fluxo constante de tráfego a partir deles. Estes estão muitas vezes unidos e ligados por meio de ferramentas que os integram em aplicações para tablet, websites e outros dispositivos: por exemplo, um grande número de aplicações iOS ou Android permite que o conteúdo seja partilhado com outras aplicações, como o Twitter, Facebook, Google+ que já são elas próprias aplicações orientados para a rede. Dada a sua diversidade, é portanto, difícil descrever o sentido exato das funções das ferramentas de rede, uma vez elas estão constantemente transformando-se no olhar, sentir e função (?), por isso a nossa classificação é ampla e flexível. Em termos gerais, e de acordo com uma orientação individualista do trabalho em rede, a maioria das ferramentas de rede fornece um ou mais meios de representar o próprio, através de perfis, ferramentas de presença, avatares, e assim por diante. As redes não teriam nenhum valor sem os meios para comunicar com os outros. Como resultado, as ferramentas de rede também fornecem um meio de criar conteúdo e partilhá-lo com outras pessoas. Essas ferramentas, normalmente, também oferecem facilidades para a construção e sustentação de redes de ligações. Explicaremos essas principais características e algumas das suas consequências nas subseções que se seguem.
Ferramentas do perfil
[editar | editar código-fonte]O componente central da maioria dos sistemas de redes sociais é o perfil, é um meio de exibir informações sobre uma pessoa sendo usado por outros para encontrar e adicionar essas pessoas às suas redes. Os perfis geralmente contêm imagens (avatares) e uma quantidade variável de outras informações sobre a pessoa, que pode ser apenas um nome e talvez localização para um curriculum vitae completo, bem como o conteúdo partilhado, registos das interações com os outros, detalhes de contactos e outras informações, como indicadores de reputação gerados coletivamente e distintivos (badges) (vamos explorar estes em profundidade mais tarde). Os perfis servem como servidores (proxies) para a identidade, ajudando os alunos a identificarem aqueles com interesses ou habilidades na sua rede de correspondentes, e ajuda-os a descobrir mais sobre as pessoas antes de conectá-las às suas próprias redes.
Criação de conteúdo e ferramentas de partilha
[editar | editar código-fonte]Os que aprendem em rede, através da participação em redes que materializam as suas interações, são quase sempre “prosumidores” (prosumers) - pessoas que produzem e consomem conteúdo da rede (Bruns, 2008). Blogs, posts , mensagens instantâneas, tweets, partilha de ficheiros, partilha de vídeo, partilha de fotos, podcasts e muitas outras ferramentas para partilha de conteúdo, são uma parte essencial de um sistema de rede social moderno, proporcionando o meio e a convergência para que maior interação ocorra. A criação de conteúdo é um dos principais requisitos das pedagogias de aprendizagem conetivista, e os meios para criar esse conteúdo partilhado são, portanto, fundamentais oferecendo ferramentas para a construção do conhecimento e ferramentas para partilhar e expandir esse conhecimento.
Ferramentas de comunicação
[editar | editar código-fonte]Nas ferramentas orientadas para a rede, há uma linha muito ténue entre a partilha de conteúdo e as ferramentas de criação, e aquelas cuja finalidade principal é a comunicação. A facilidade para comentar está em todo o lado, sendo encontrada em tudo, desde fotos e vídeos até blogues partilhados, itens de ajuda e marcadores, assim, em certo sentido, a quase totalidade dos media sociais modernos facilitam a comunicação. No entanto, algumas funções orientadas da rede têm como preocupação o diálogo direto: correio electrónico, mensagens instantâneas, videoconferência, telefonia IP, SMS, ferramentas de mensagens diretas em sistemas de redes sociais, fóruns de discussão, e assim por diante, tudo isto fornece os meios para entrar em contato com uma ou mais pessoas numa rede, geralmente geridas através de uma lista de contatos ou lista de endereços. Os meios de comunicação para um diálogo sustentado com uma ou mais pessoas numa rede facilitam muitas pedagogias sociais, tanto no construtivismo social e tradições de conectivistas de aprendizagem. A principal diferença entre essas ferramentas e o diálogo associado que rodeia os blogues, por exemplo, é a flexibilidade do efeito. Embora os comentários sobre postagens num blogue possam divergir, frequentemente não divergem do tema do post original, o post atua como uma zona de atração, um objeto de diálogo que acomoda a conversa, e geralmente persiste ao longo do tempo, enquanto as ferramentas orientadas para comunicação estão mais preocupadas com o processo relacionado com conversas rápidas.
Ferramentas de presença e de estado
[editar | editar código-fonte]As redes permitem que os alunos marquem a sua presença abertamente ou então de forma dissimulada, tanto de forma assíncrona (normalmente através das configurações do perfil) como de forma síncrona (por exemplo, através dos indicadores de status das mensagens instantâneas). A notificação de presença, pode apoiar a presença no espaço físico, como é providenciado pelas ferramentas de rede social móvel, ou para ajudar a identificar aqueles que estão em proximidade social e que partilham um interesse comum relacionado com um interesse educativo ou disciplinar. Os indicadores de presença também podem ser adicionados a texto, áudio, comunicação através de vídeo e ferramentas de conferência, que nos permitem ver qual dos nossos amigos ou colegas estão disponíveis para respostas instantâneas, feedback e interação. Naturalmente, esta sensação de presença deve estar sob o controlo de quem aprende individualmente; há momentos em que damos as boas vindas à presença da nossa "alma gémea ", enquanto há outros momentos em que precisamos de liberdade para proteger e manter nossa privacidade e anonimato.
Muitas vezes, relacionados com as ferramentas de presença são os indicadores de status que revelam atividades atuais, interesses ou humores. Estes podem ser tão simples como, "em reunião" ou indicadores “emoticons”, ou podem ser breves mensagens de texto. O autor Dron, por exemplo, viaja muito e por isso geralmente indica a sua localização na sua mensagem de status. Algumas ferramentas integraram-se com outras, de modo que, por exemplo, uma mensagem de status indica que peça da música uma pessoa está ouvindo. Esta informação importante, aumenta o sentido da presença social e conectividade, que por sua vez reforça os laços fracos e sustenta uma consciência das atividades da outra pessoa, tornando-a mais fácil de alcançar e permite efetivamente lubrificar mais as engrenagens sociais, de modo que a interação é mais fácil quando as pessoas numa rede, se envolvem esporadicamente numa conversa mais interessante. Muitas vezes, essas atualizações de status dão origem a um tema de conversa para uma rede mais alargada, permitindo a criação de novas conexões e que as redes individuais sejam alargadas.
Ferramentas de notificação
[editar | editar código-fonte]A natureza esporádica e de rajada (que ocorre muitas ao mesmo tempo), de interações na rede, significa que é vital para todos os membros ser informado de forma proativa, quando as pessoas na rede estão tentando estabelecer uma conexão. Contribuir para uma rede de aprendizagem e não receber feedback ou reconhecimento dessa contribuição, desencoraja rapidamente a uma maior participação. Um bom software de rede fornece formas de notificação tanto empurrar (criar pressão) como puxar. Utilizando ferramentas de pressão, tais como RSS, mensagens instantâneas, ou mesmo e-mail, fornecem notificação para o aluno quando um novo conteúdo ou comunicação é inserido num espaço de aprendizagem. As ferramentas das redes de qualidade também permitem o histórico, exibição persistente e busca nestes espaços, de modo que o espaço de aprendizagem pode ser pesquisado e percorrido por períodos de tempo significativos.
Ferramentas de referência
[editar | editar código-fonte]Alguns dos softwares de maior sucesso comercial de rede sociais, como LinkedIn, MeetUp, e Facebook, baseiam-se no fornecimento de referências seletivas a outras pessoas, tendo em vista motivações sociais ou comerciais e encontros positivos. A maior parte destes sistemas de referência assumem que as pessoas que considera como amigos, são mais susceptíveis de se tornarem amigos úteis e interessantes mutuamente e não apenas por uma seleção aleatória de indivíduos. Assim, a análise das conexões tanto fracas como fortes permite familiarizar-se com, e, eventualmente, trabalhar ou aprender em conjunto com os outros, com uma maior probabilidade de desenvolver um intercâmbio rentável. Uma variedade de ferramentas de rede, tornam a descoberta de outros mais fácil, mais notável e omnipresente, "amigo de um amigo", funcionalidade que recomenda pessoas que talvez conheça. Este é um exemplo de uma aplicação colectiva utilizada pela rede. No entanto, o encaminhamento é muitas vezes mais direto e manual: muitos sistemas de redes sociais fornecem os meios para sugerir pessoas que os outros possam conhecer, e alguns permitem sugerir grupos ou conjuntos que podem ser de interesse. A referência pode estar relacionada com outras pessoas, ou comunidades de interesse. Um dos grandes pontos fortes das redes reside na capacidade de explorar laços fracos e indirectos na rede, um assunto de grande importância quando a informação que um aluno procura, não pode ser encontrada dentro de seu círculo de amigos e conhecidos. Como, aparentemente, todos estão potencialmente ligados a todos os outros por uma pequena cadeia de nós de rede e laços (Watts, 2003), verifica-se que alguém não demasiado distante, em termos de rede pode vir a ser um dos principais especialistas do mundo sobre o que deseja saber.
Informação de encaminhamento
[editar | editar código-fonte]Um dos papéis fundamentais de um professor numa sala de aula convencional é chamar a atenção da informação e dos recursos que são importantes para os alunos. A Internet está inundada com informações, algumas extremamente relevantes para nós, mas a maioria das quais é irrelevante e apenas cria ruídos indesejados no nosso ambiente de rede. Através do reencaminhamento, enviamos informações relevantes para nossos colegas das várias redes, servindo de filtro de uns para os outros, tornando-nos instrumentos críticos da gestão de informação em rede.
Suporte emocional
[editar | editar código-fonte]As redes foram anteriormente concebidas como ferramentas instrumentais para que as empresas realizassem as suas tarefas e dessem suporte às comunidades da prática. Mas como as ferramentas de rede têm conjuntos evoluídos e que se dedicam a um cada vez maior e mais diversificado número de utilizadores, a sua função como ferramentas para o apoio emocional de outras pessoas tem crescido. Por exemplo, a maioria das redes sociais pode ser configurada para alertá-lo sobre o aniversário de alguém da sua lista de amigos. Ao contrário das ferramentas anteriores, para apoiar este tipo de notificação, o Facebook oferece uma variedade de ferramentas que o utilizador pode usar para expressar os seus desejos numa rede de amigos: "dia especial". Podemos, é claro, compor um e-mail tradicional; enviar um cartão eletrónico; inserir um post na sua parede (virtual), dando um contributo semi-público na Web pessoal do destinatário, espaço que é visível para ele e seus "amigos"; "Picar" a pessoa indicando que não foram esquecidos; postar as informações num grupo ou rede à qual o destinatário pertence; envolver-se num gravação de áudio, vídeo ou chat de texto, ou mesmo compor uma saudação de áudio ou vídeo. Assim, as redes permitem que os seus membros se reconheçam e apoiem uns aos outros numa variedade de formas, a maioria das quais são totalmente gratuitas e de muito fácil realização.
Freixo Nunes
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VALOR DAS REDES NA EDUCAÇÃO FORMAL
[editar | editar código-fonte]Como revela o nosso breve resumo sobre algumas das principais ferramentas, as redes podem ser valiosas para os alunos, especialmente num contexto de aprendizagem ao longo da vida, mas também dentro de um maior contexto estruturado e orientado. Uma observação muito citada diz que os cidadãos devem ser eternos aprendizes, a fim de manter o seu dinheiro, o emprego e relevância no contexto de uma sociedade baseada no conhecimento que muda rapidamente. Ao contrário da imersão no estudo em tempo integral num conjunto de anos pré-profissionais de educação de nível superior, conselheiros políticos e educadores argumentam agora, que os alunos precisam desenvolver habilidades, atitudes e conexões que irão permitir a sua participação em muitas formas de aprendizagem ao longo das suas vidas. A maioria dos grupos educacionais, especialmente aqueles que estão organizados institucionalmente e liderados por professores profissionais, acabam muito abruptamente na sua graduação. As redes, no entanto, persistem e podem ser usadas como base da educação profissional e aprendizagem ao longo da vida, enquanto os participantes permanecerem neste relacionamento. Além disso, as redes formadas por profissionais do mundo e estudantes pré-profissionais servem para ligar o estudo teórico, muitas vezes de sala de aula, com os problemas do quotidiano e desafios da vida real. As redes oferecem oportunidades para tutoria (orientações), recomendações e postagens de consultas, sendo que os pedidos de ajuda são ouvidos para além dos ambientes de aprendizagem protegida baseada em grupo. A capacidade de agregar valor e ganhar reconhecimento dentro de uma rede também ajuda os alunos quando eles completam os seus estudos. Eles não estão apenas estabelecidos como membros de um conjunto existente de redes, para além disso o mais importante é que eles tenham experimentado e praticado as habilidades necessárias para usar efetivamente as redes ao longo de suas carreiras profissionais.
Colaborações Globais
[editar | editar código-fonte]As redes apoiam as aprendizagens ligadas à escala local e global. Preocupações recentes sobre o aquecimento global ilustram a crescente consciencialização da conetividade de todos os que habitam o nosso planeta. Muitos dos problemas globais não serão resolvidos com a falta de diálogo internacional e de esforços coordenados. As redes propiciam oportunidades para os alunos associar, negociar, planear e executar projetos numa escala global com os outros. Por exemplo, o Centro para a Inovação em Engenharia e Ciências da Educação (www.ciese.org/collabprojs.html) coordena uma série de projetos que permitem que os alunos de todo o mundo partilhem recolha de dados e análise em áreas como a da água e a qualidade do ar, condições meteorológicas do tempo em tempo real, as variações genéticas relativamente ao tamanho do corpo humano, para além de outros estudos desafiadores e intrinsecamente interessantes das ciências da vida. Um outro projeto semelhante e de enorme sucesso, Earthducation, que conectou redes de escolares em todo o mundo a uma equipa de pesquisadores, para os envolver ativamente no que Doering (2006) descreve como "aprendizagem aventura", seguindo-os a eles e aos seus colegas através da Internet em expedições ecologicamente inspiradas em todo o mundo.
Redes como Locais de Trabalho
[editar | editar código-fonte]Embora mais comumente associada com a aprendizagem informal e não-formal, as redes oferecem flexibilidade, exposição e os meios para construir capital social que garante uma consideração mais séria para a sua adopção na educação formal. Existem lições importantes a tirar da utilização moderna das redes no local de trabalho. Estas aplicações (usos) mantém objetivo e funcionalidade orientada para tarefa, necessária tendo em vista o sucesso das organizações, enquanto que representa uma mudança no pensamento, longe do hierárquico e tradicionalmente constituído por departamentos e centros. A pesquisa mais amplamente conhecida relacionada com as redes em contextos de trabalho é o trabalho de Etienne Wenger sobre o que ele chama de comunidades de prática (COP). As COPs geralmente são constituídas por colegas de trabalho localizados num local de trabalho comum que desenvolvem e partilham os seus conhecimentos, conforme necessário, criando soluções para problemas comuns. No processo de concluir essas tarefas, eles desenvolvem identidades mutuamente definidoras, partilham uma linguagem própria (jargão) e "discurso partilhado refletindo uma certa perspectiva sobre o mundo" (Wenger, 1998, p. 125).
As redes de aprendizagem, no entanto, não são definidas tanto por uma localização partilhada ou tipo de trabalho, mas sim pela necessidade de um indivíduo no desempenho de tarefas, aprendizagem, conselho ou apoio interpessoal. O tipo de apoio ou ajuda requerida faz com que a rede de aprendizagem transforme constantemente sua estrutura, taxa de interação entre os membros e o tom de comunicação em resposta a essas tarefas. Uma gama de ferramentas e ambientes de apoio à aprendizagem orientada para grupo específico dentro de um contexto em rede, permite que os grupos se ramifiquem a partir de redes com fins de aprendizagem específicas. Por exemplo, o CoolSchool, apresentado principalmente como uma aplicação do Facebook, junta alunos e professores no Facebook, proporcionando um sistema para a execução de aulas em tempo real com pedidos ou ofertas de aulas, juntamente com um subsistema de agendamento.
Existem inúmeras actividades de aprendizagem que podem ser importadas a partir de contextos de grupos familiares, bem como a partir de métodos instrutivistas baseados em modelos cognitivistas/behavioristas de ensino. Em muitos casos, discussões, debates, críticas e apresentações beneficiam quando a audiência é alargada para além de um grupo específico. É comum vermos isto nas redes que se espalham a partir de MOOCs, com grupos do Facebook, com hashtags (#palavra_chave) do Twitter , e outros focos fornecendo os meios para que as redes se desenvolvam para além do grupo formal e se conectarem com os outros. Estas contribuições menos homogêneas acrescentam autenticidade e divergência de opinião que é muitas vezes a base para uma maior motivação e aprendizagem. Mesmo quando a fonte básica de aprendizagem é o grupo fechado, as redes podem ser utilizadas de forma eficaz para expandir a aprendizagem para além dele. Esta expansão inclui facilmente alunos recrutados de programas que já tenham concluído o curso de estudos, sendo que estes alunos adicionam experiência e diversidade para deliberação em rede. A expansão de grupos profissionais é talvez mais valiosa em faculdades profissionais, mas mesmo os estudos gerais podem beneficiar da experiência dos profissionais que são, na prática, aposentados, ou escolheram demitir-se da vida profissional. Como destacado anteriormente, a conectividade global da Web e capacidade de recolha de dados pode ser usada para projetar novas actividades de aprendizagem. Os dados recolhidos, partilhados e analisados em contextos globais criam um contexto expandido que é inerentemente mais valioso, fascinante e motivador, que atividades semelhantes em locais únicos.
A aprendizagem informal em rede constitui simultaneamente um desafio e uma oportunidade para as instituições de educação formal. Enquanto mais abertos e livremente utilizados os recursos educacionais se tornam acessíveis, o monopólio das instituições formais sobre conteúdo e aprendizagem é enfraquecido. Da mesma forma, visto que os alunos são capazes de se conectar com o outro sem a mediação de funcionários de uma instituição de ensino formal, eles ganham a capacidade de colaborar, partilhar, estimular e apoiar a cooperação individual e formas colaborativas de aprendizagem informal. O interesse por parte dos governos, grupos de profissionais e os empregadores, em medir e acompanhar competências, em oposição a credenciais, ameaça fundamentalmente este último monopólio remanescente de ensino em instituições formais (ver, por exemplo, Richards, Hatala, & Donkers, 2006).
As Redes de aprendizagem informais atuam como tecnologia profundamente disruptiva para as instituições de ensino formal. Christensen descreveu as tecnologias disruptivas como aquelas que são "tipicamente mais baratas, mais simples, menores, e frequentemente, mais conveniente de usar "(1997, p. xv). Desde que a maior parte da aprendizagem informal em rede seja totalmente gratuita para o aluno, é obviamente mais barata do que oportunidades de aprendizagem institucionalmente prestadas. A aprendizagem informal é fragmentada, sequenciada, e programada pelos próprios aprendizes, criando assim oportunidades de tamanho apropriadas para se envolver na aprendizagem. O facto de que as redes estão centradas no aluno, e não sobre processos e métodos de grupos em instituições, significa que eles ignoram os controles cuidadosos da instituição. O Facebook, por exemplo, é comumente usado por redes de estudantes para apoiar suas actividades de aprendizagem formais em grupos de estudo que, de vez em quando, se transformam em mecanismos de engano (tapeação): pelo menos, é assim que as universidades percebem (e, em alguns casos, estão corretos).
O Curso Hero, por exemplo, um site que dispõe de soluções para mais de meio milhão de problemas de livros didáticos, possui mais de 265 mil fãs no seu grupo no Facebook (Young, 2010). A capacidade das redes para possibilitar aos alunos partilhar e colaborar facilmente, está forçando as instituições e os professores a repensar radicalmente as atitudes tradicionais em relação avaliação e reconhecimento. Dado o seu papel fundamental nos sistemas educacionais, que por sua vez, pode significar uma reestruturação drástica no propósito e métodos em toda a educação tradicional, uma questão que nós retornaremos no último capítulo deste livro.
Já observamos que as redes podem ser lugares assustadores para os professores que as utilizam para estar no controle. A rede de ensino eficaz envolve alguma permissão, mas também o reconhecimento de que um professor pode agregar valor, seja como especialista no assunto, um guia reconfortante, ou um moderador do processo de estudo. E assim, ele está preocupado com um equilíbrio entre um baixo e alto controle. Em um grupo, comunicação rica e uma hierarquia de identificação permite que um professor dialogue para possibilitar a aprendizagem, embora seja provável que a estrutura é, na melhor das hipóteses, ténue. Está assim confortavelmente dentro das noções da Distância Transacional de Moore. Numa rede, o facto de o professor ser apenas uma miríade de sinais nos recursos do ambiente, o potencial de diálogo que ajuda a orientar alunos menos autónomos é diluído ou perdido em uma cacofonia de vozes que lutam para serem ouvidos. É muito fácil para um estudante acostumado com ás certezas confortáveis e cuidados do tradicional grupo institucional de instrução orientada sentir-se fora do seu ambiente e forçado a tomar muitas decisões sobre o que, e em quem prestar atenção.
Algumas destas questões podem ser abordadas através de um projeto mais estruturado do ambiente de rede. Muitos sistemas de redes sociais, como o Elgg, criam a possibilidade de aplicar uma estrutura e aparência em um site que suporta uma determinada rede, permitindo que o proprietário de uma comunidade controle a experiência do aluno em maior grau do que as redes sociais mais livres. No entanto, este espaço controlado é apenas um dos muitos que o estudante pode habitar em seu espaço de aprendizagem pessoal ou em rede.
Devido à diversidade de redes em que os alunos participam, as ferramentas são de importância crucial para gerir, filtrar e controlar as informações, de modo a tornar a aprendizagem em redes eficaz. As recomendações específicas incluem:
• Usar, sempre que possível, um conjunto de ferramentas abertas de alta qualidade para encontrar (descobrir), participar, formar e apoiar novas e redes e seus arquivos existentes;
• Desenvolver e disponibilizar (estender) ferramentas para apoiar o controle individual sobre filtros de rede;
• Apoiar a implantação de rede em contextos que são tão abertos quanto possível;
• Utilizar ferramentas para apoiar a identificação, avaliação e registo de recursos através de membros de redes individuais e colaborativas;
• Criar perfis ligados e outras ferramentas sofisticadas de pesquisa de modo que a rede de utilizadores possam vir a conhecer uns aos outros e as contribuições para a rede sejam reconhecidas e valorizadas;
• Utilizar meios de gestão de identidade, como OpenID para permitir a persistência de identidade entre sistemas;
• Permitir que os membros transformem, parcelem e combinem redes como necessidade de evoluir;
• Usar ferramentas ou processos, tais como a branda segurança das wikis, que promovem confiança tanto de artefatos (objetos) de rede quanto das pessoas dentro deles.
Modelos conectivistas de aprendizagem são deliberadamente livres de resultados de aprendizagem fixas. Porque a rede construída de cada aluno é diferente, e as trajetórias são baseados em trocas e necessidades emergentes, a aprendizagem em rede não leva facilmente para a formalização dos resultados de aprendizagem que sustenta cursos tradicionais. Isso não significa que esses resultados não se podem afirmar com antecedência; em vez disso, eles são decididos a nível individual e estão constantemente sujeitos a reexame e modificação de acordo com a progressão do aluno, especialmente em uma trajetória mais longa. Num mundo académico, que é definido por resultados de aprendizagem, cursos equivalentes e avaliação com base em tais resultados, apresenta dificuldades para aqueles que tentam permitir a aprendizagem em rede em um contexto formal. A abordagem em duas vertentes de contratos e portfólios de aprendizagem pode ajudar a superar esses obstáculos. No Mapa sobre Redes de Trabalhos alguns dos tópicos abordados no texto.
Contratos de Aprendizagem
Uma solução simples e eficaz para o problema dos resultados variáveis é usar um contrato de aprendizagem, no qual o aluno especifica com antecedência quais os resultados pretendidos e planeia um caminho de aprendizagem, a fim de alcançar a avaliação pretendida. Se for para ter valor, é importante que este contrato seja negociado (combinado) direto com um especialista ou dentro de um conjunto de ferramentas, que possam garantir que, pelo menos, a competências mínimas serão cobertas. Se um aluno deseja, por exemplo, tornar-se um médico praticante, então seria importante para garantir que a aprendizagem realizada seja suficiente para suportar esse papel e, assim, limitar os riscos potenciais para os pacientes . O uso de quadros de competência podem ser úteis aqui, especialmente quando são projetados por uma variedade de especialistas num campo.
Portfolios
Embora os contratos de aprendizagem forneçam um mecanismo adequado para credenciamento de aprendizagem em rede, em alguns casos, eles têm limitações. Em primeiro lugar, muita aprendizagem em rede tem probabilidade de cair fora dos parâmetros definidos para o contrato, e, portanto não ser reconhecido. Isto é verdade para quase toda a aprendizagem, desde o modelo instrutivista mais formal até com métodos baseados em problemas, e isso significa apenas que existem ineficiências na avaliação: nem tudo o que é aprendido é avaliada. A maior dificuldade é que uma abordagem baseada no contrato que não permite facilmente comparação direta dos indivíduos, nem facilmente se encaixam com requisitos de acreditação profissional. Quadros de competência e orientação especializada podem ajudar de certa forma, mas, especialmente onde os alunos já são competentes em alguns aspectos de um campo, portfólios podem desempenhar um papel importante na montagem da prova de competência para o reconhecimento.
A EMERGÊNCIA DOS GRUPOS E O CRESCIMENTO DAS REDES
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O papel fundamental da facilitação, propriedade e outras questões relacionadas com liderança diferencia grupos de redes. Educadores, como outros atores em organizações hierárquicas, são utilizados para a criação de ambientes de aprendizagem em que os alunos, como consumidores, desempenham o seu papel atribuído. Assim, muitos educadores desenvolvem na primeira abordagem da rede uma tarefa em que as atividades de aprendizagem são precisamente delineadas e os alunos são frequentemente avaliados pelo professor em sua rede de participação. Muitos pesquisadores, no entanto, observam a exigência de emergência na rede de modelos de aprendizagem. Veja-se, por exemplo, a edição especial da IRRODL em emergência (www.irrodl.org/index.php/irrodl/issue/view/49). Isto implica que os membros da rede têm as ferramentas e autoridade para recriar formas e função de suas redes em resposta as alterações no ambiente.
Dron (2007b) enfatiza a necessidade de se projetar para esta mudança, através do uso das teorias de mudança evolutiva (sobrevivência das atividades mais ajustadas, modos de partilha e criação de conhecimento), e da percolação (filtragem) de redes em novos casos, ou grupos mais ajustados. Dron também observa a necessidade de projetistas de redes para delegar muito do controle, através da rede, para os utilizadores; no entanto, também deve permitir que o controle central da rede tenha suficiente capacidade para aplicar restrição apropriada para reduzir abusos por spammers ou outros utilzadores mal intencionados.
A conveniência de facilitação, promoção e ativismo envolvido na liderança é uma questão muito polêmica entre os teóricos da rede. Teóricos de comunidade de prática têm argumentado (Wenger, 1998), que não se pode intencionalmente ou artificialmente criar uma comunidade de prática, mas elas são, por definição, auto-organizáveis. Mas, ao mesmo tempo, Wenger e outros falam de pessoas que jogam funções chave de "desenvolvimento comunitário" que fornecem liderança para as redes emergentes. Eles vão discutir estratégias pelas quais os desenvolvedores de comunidade saem das funcções de liderança na comunidade de prática quando atinge níveis não especificados de tamanho, participação e suficiência na administração. O poder de um indivíduo numa rede vem de influência, não de projetar (design).
A Nossa noção de redes de aprendizagem tem muito em comum com as redes de trabalho discutido por Nardi, Whittaker e Schwarz (2002), referido como redes intencionais. Eles apontam que, cada vez mais, são as redes e não grupos que definem as características de muitas atividades no local de trabalho, o que sugerimos refere-se com o trabalho e estudo relacionado com a aprendizagem formal. Eles argumentam que "redes intencionais são as redes sociais pessoais e de trabalhadores colaborando para concluir um trabalho" (2002, p. 207). Estas redes são ativadas com base em oportunidades ou requisitos para a produção. Isso pode estar diretamente associada a atividade de aprendizagem formal, mas mais frequentemente surgem quando um indivíduo transforma-se em sua rede pessoal a fim de realizar alguma atividade de aprendizagem sozinho. De acordo com Nardi et al. redes intencionais, redes de aprendizagem são como as que o aluno se matriculou diretamente em um curso formal.
Elas também são constituídas por colegas, familiares, amigos, ex- colegas de trabalho, vizinhos e outras pessoas que possam ser chamados a apoiar a atividade de aprendizagem. Embora as redes de aprendizagem possam ser estáveis e utilizadas pelos estudantes para uma série de atividades ou cursos de aprendizagem, elas também podem ser temporárias e chamadas à existência para buscas de aprendizagem pontuais. Nardi et al. afirmam que "redes intencionais não são feixes de propriedades estáticas. Elas pulsam de forma dinâmica como refluxos de atividade e de fluxos, como versões diferentes da rede ganham vida" (2002, p. 238).
Semelhante a Nardi et al. a noção de redes intencionais é o conceito de redes de aprendizagem com fins específicos transitórios (Berlanga et al, 2008; Sloep et al, 2007), que estão focadas em aprendizagem ao longo da vida, que é aluno intensamente dirigido. Koper, Rusman, e Sloep (2005) definem uma rede de aprendizagem como "um conjunto de atores, instituições e os recursos que são mutuamente conectadas pelo aprendizado e apoiados através das tecnologias de informação e comunicação, de tal forma que a rede se auto-organiza e, assim, dá origem a aprendizagem eficaz ao longo da vida" (p. 18). Uma rede transitória para um determinado fim de aprendizagem fornece ferramentas que permitem aos alunos o acesso para se envolver e avaliar as atividades de aprendizagem, muitas vezes, mas não necessariamente como indivíduos em redes com propósitos. Eles, assim, incentivam os desenvolvedores a se mover para além da classe e curso familiar na educação formal e de projetos de aprendizagem que permitem apoio aos alunos para criar suas próprias atividades de aprendizagem, metas e resultados.
Ao contrário de Nardi et al. (2002), Koper et al. (2005) são claros sobre as exigências tecnológicas para essa coordenação, e sua equipe na Universidade Aberta dos Países Baixos (OUNL) desenvolveu uma série de ferramentas on-line que facilitam a sua formação. Em algum lugar entre um grupo tradicional e uma rede informal, a rede de aprendizagem transitória para fins determinados juntou livremente redes de pessoas com interesses comuns que se reúnem através da utilização de conjuntos de ferramentas para auxiliar sua formação. A equipe do OUNL enfrentou desafios para construir sistemas e projeto de implementação que ajudam os alunos a encontrar o conteúdo adequado em rede de aprendizagem e caminhos para a aquisição de conhecimento, conectar-se com os alunos, iniciaram atividades de aprendizagem semelhante ou relacionadas, avaliar as suas próprias competências, desenvolver objetivos de aprendizagem personalizados, bem como avaliar e autenticar os resultados da aprendizagem auto-dirigida.
As tecnologias baseadas em computador que sustentam as redes de aprendizagem específicas representam algumas das funções ocupadas por professores tradicionais e do aparelho circundante da aprendizagem formal: os alunos que se inscrevem, gestão de contatos, permitindo que a co-criação, curadoria de conteúdo e auxiliando na gestão do caminho da aprendizagem, embora, ao contrário de uma abordagem baseada em grupo tradicional, o foco (network-like) permanece no aluno individual e os seus objetivos, em vez da finalidade de um grupo compartilhado. A utilização de tais ferramentas coloca os sistemas utilizados por Koper, Sloep, e outros na geração holística do ensino à distância, movendo-se para além das redes soltas de aprendizagem conectivista para algo mais orientado e estruturado, mas ainda beneficiando-se das forças emergentes de indivíduos em uma multidão.
O VALOR DA DIVERSIDADE
[editar | editar código-fonte]Aprendizagem e conhecimento reside na diversidade de opiniões.
George Siemens, "conectivismo: uma teoria de aprendizagem para a Era Digital"
Para um aluno em uma rede, normalmente há maior valor a ser encontrado em diversas redes do que naquelas que são auto-similares. Se a rede é composta de muitas pessoas diferentes com diferentes habilidades e interesses, então há uma chance muito maior de que alguém na rede terá as habilidades e interesses necessários para ajudar em um objetivo particular de aprendizagem. A diversidade incentiva o crescimento, tornando a probabilidade muito maior de diferentes visões do mundo conflitantes e desafiantes. Tais desafios exigem dos alunos a analise de suas estruturas de conhecimento, refletindo sobre as suas posições e articulando as suas crenças e opiniões, conectando assim, e construindo um sistema de conhecimento mais profundo e significativo.
Há muitas maneiras diferentes de medir a diversidade num sistema. S. E. Page (2011) identifica três categorias principais de diversidade: variação, a diversidade em todos os tipos e diversidade da composição da comunidade. A variação pode ocorrer entre pessoas semelhantes do mesmo tipo: por exemplo, pesquisadores em e-learning podem ter diferentes noções de como melhor avaliar uma operação de aprendizagem. Diversidade em todos os tipos preocupa-se com um sistema que contém vários tipos de entidades tais como a espécie, tópicos ou linhas de produtos, mensuráveis em termos de entropia, distância da rede, ou atributos. O que define um tipo está contextualmente situado: por exemplo, o sexo pode diferenciar os tipos de algumas formas de rede, como as que amamentaram(?), mas pode ser completamente irrelevante em outros, como aqueles que pesquisam e-learning. A diversidade da composição da comunidade, mensurável pela população, está em causa com as formas que diferentes combinações dos mesmos podem levar a coisas, entidades diferentes, como as muitas e variadas combinações de carbono, hidrogênio, oxigênio, e nitrogênio usado para fazer proteínas. Qual a forma de diversidade que será de maior valor depende, em certa medida, do contexto e tarefa de aprendizagem. Como regra geral, o tipo diversidade vai oferecer mais oportunidades para garantir que alguém dentro da rede terá as competências relevantes. Por exemplo, se nós estamos aprendendo sobre o aquecimento global, então será importante ter filósofos, cientistas do clima, economistas, e poetas dentro da rede. No entanto, especialmente quando a rede é aquela que gira em torno de uma área de especialização, por vezes pode ser mais valiosa para encontrar variação: por exemplo, um principiante que está a fazer uso de uma rede de aprendizagem de especialistas em tecnologia, a fim de aprender mais sobre essas coisas, pode ganhar mais a partir de uma gama de habilidades relevantes nessa área do que da presença de físicos de partículas ou poetas. Por outro lado, o potencial para a travessia da fronteira das conexões criativas e aprendizagem transformadora pode ter possibilidades melhores com um público mais diversificado, incluindo físicos e poetas.
Muita diversidade pode ser esmagadora: os benefícios da diversidade são aplicáveis somente se o leque de opções para escolher é administrável. Um dos mais notáveis benefícios de várias redes (especialmente aquelas que são sem escala ou raramente conectadas) é que elas são, do ponto de vista de qualquer nó, limitadas no seu âmbito. Além de atuar como um freio natural da diversidade, essa característica também permite variação, especiação (processo evolutivo) e diversidade para ocorrer dentro de uma grande rede. Se todos podem ver o que todo mundo está fazendo, com conectividade máxima, então existe um padrão evolutivo de conjuntos onde só os mais fortes sobrevivem, porém capacidade pode ser medida. Por exemplo, imagine um pesadelo como uma rede hipotética distorcida que funciona um pouco como Twitter, onde com uma volta todo mundo está seguindo todos os outros. Em outras palavras, cada tweet de cada um de suas centenas de milhões de usuários seria enviado para todos os outros. Imagine-se então que, ao contrário do Twitter real, esta rede não oferece nenhum meio de filtrar conjuntos de mensagens por tópico (hashtag), nem existe qualquer conceito de idade ou envelhecimento de tweets, mas este sistema mantém o recurso orientado a rede de permitir retweets. As chances de um novo tweet sobreviver a existência de um ataque de retweets seria mínimo. Quase tudo o que ninguém jamais veria seria retweets, o que significaria que praticamente os únicos post retweeted seria aqueles que já haviam sido reenviados. A menos que outros mecanismos para limitar expansão forem introduzidas ou for extrínseco ao sistema (por exemplo, algumas manchetes de notícias pode ter um grande efeito suficiente para colidir), em um exemplo desenfreado do Efeito Mateus (Merton, 1968) estes logo seriam reduzidos para alguns que seriam inteiramente dominados pelo resto.
Se tudo estiver em concorrência directa com a atenção em tudo o resto, sem diversificação temporal ou espacial, haverá apenas uma ou, na melhor das hipóteses, um número muito pequeno de vencedores dentro de um determinado nicho. Isto é verdade se estivermos a falar sobre unidades de memória (memes), ideias, padrões de comportamento, ou expressões culturais. Felizmente, é improvável que tal hiperconectividade de natureza descontrolada seja encontrada, embora redes de maiores aplicações que não levam em conta essas questões podem e sofrem de problemas causados por conectividade excessiva entre os membros da rede, como qualquer pessoa com mais do que algumas centenas de amigos no Facebook provavelmente já está ciente. A atenção é um recurso limitante para que muitos posts competem. S.E. Page (2011) observa que, num sistema como este que envolve replicação, variação e competição pela sobrevivência, existem quatro formas principais para que este caos de conectividade indiferenciado seja evitado: "heterogeneidade geográfica (allopatry), isolamento de uma pequena subpopulação (peripatry), nichos divergentes vizinhos (perapatry) e diversos nichos um ambiente comum (sympatry) "(p. 95).
Esses fatores permanecem significativos num ambiente virtual tanto como num espaço físico. A limitação de objetivo (allopatry and peripatry), mesmo artificialmente induzida, a formação de grupos ou emergindo ao longo das linhas geográficas, é um benefício da diversificação das pequenas comunidades, que inerentemente parceladas num conjunto de indivíduos e, em muitos casos, impõe ou implica um conjunto de valores comuns que se desenvolvem de forma diferente de outros ao seu redor. Perapatry (nichos vizinhos divergentes) é um mecanismo primordial que salva redes de excesso de conexões (overconnection) graças aos limites inatos de conectividade entre os indivíduos e os efeitos de grupos que se concentram as conexões, o que significa que a maioria das redes estão longe de serem uniformes. Esta diferenciação é assistida e incentivada por limites de velocidade com a qual as ideias, padrões, unidades de memória (memes) e a disseminação de conhecimento entre os nós das redes e agrupamentos dentro delas. A diversidade na rede pode também beneficiar de diversos nichos (sympatry), tais como aqueles introduzidos através de mecanismos de grupo-orientado como Twitter hashtags ou através de indivíduos que dividem uma rede em grupos de indivíduos (círculos) que se relacionam com os seus diferentes interesses.
CONTEXTO EM REDES
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Intimamente ligado à diversidade está o contexto da rede. Embora o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg tenha famosamente proclamado que a privacidade está morta (O'Brien, 2010), não deixa de ser verdade que as pessoas apresentam identidades diferentes em contextos diferentes e não são participantes de uma única rede, mas de muitas (Dron, Anderson, e Siemens, 2011; Rainie & Wellman, 2012). Isto é particularmente importante no contexto da aprendizagem onde as redes que se relacionam com os nossos projetos de aprendizagem académica ou pessoal podem ser muito diferentes daquelas que se relacionam com, digamos, os nossos hobbys ou amigos, e onde pode haver muitos sub-contextos que nos interessam, como diferentes classes, cursos, disciplinas,etc. Se recebemos um fluxo de informações e atualizações via um site de rede social, é muito conveniente dividir o fluxo em diferentes áreas de interesse. Em muitos casos podemos escolher diferentes redes sociais espaços para redes diferentes que pertencem ao Facebook para fazer amigos, LinkedIn para contatos de negócios, academia.edu para contatos académicos,etc. Cada uma vai fornecer algo diferente, muitas vezes sobrepondo-se ao contexto. Alternativamente, um número crescente de sites que utilizam redes sociais fornecem ferramentas para divisão de redes em pedaços mais geríveis: Listas do Facebook, Google+ Circles, Formas variadas do LinkedIn de especificar relacionamentos, Listas do Twitter, coleções de Elgg, e assim por diante. Estes mecanismos irão de alguma forma permitir gerir a diversidade, embora ao custo de ter que levar tempo e esforço para administrar os nossos círculos, listas ou coleções.
A POSSE DE ARTEFATOS (OBJETOS) DE REDE
[editar | editar código-fonte]O debate sobre a posse do conteúdo digital provou ser uma tema muito disruptivo (que causa rompimento) na rede e fornece combustível para o surgimento de muitas formas diferentes de produtos digitais. Os editores e produtores de multimédia viram os seus lucros atacados, e em alguns casos, anulados pelas ferramentas e técnicas desenvolvidas por ambos os consumidores e produtores de multimédia, que muitas vezes distribuem os seus produtos sem nenhum custo para o utilizador. Na educação vemos rupturas e oportunidades equivalentes provocadas pelos Recursos Educacionais Abertos (OERs).
A escola ou entidade corporativa que patrocinou a sua criação, tem na maioria das vezes, mantido a posse do conteúdo educacional especificamente projetado. Este modelo institucional de propriedade, no entanto, tem sido contestado em contextos universitários, onde professores muitas vezes reivindicam a posse do conteúdo do curso como um direito tradicional de liberdade académica. Este argumento muitas vezes leva a questões de propriedade e disputas que provaram ser muito difíceis de resolver. No pior dos casos, essas divergências levam a "acumulação de patentes", em que a ameaça de propriedade e cerco por um ou mais dos criadores do conteúdo torna impossível para qualquer um legalmente beneficiar dele (von Hippel, 2005).
IDENTIDADE NAS REDES
[editar | editar código-fonte]Quando caminhamos para além do circulo da amizade familiar do grupo para uma rede aberta, a gestão eficaz da identidade de uma pessoa torna-se extremamente importante. Antes de discutir as ferramentas específicas fornecidas, tanto para revelar e esconder o que é pessoal, é útil rever a lógica e os meios pelos quais os utilizadores se apresentam para o mundo exterior. As pessoas estão constantemente andando numa trave de equilíbrio, onde elas tentam revelar o suficiente de si para obter os benefícios da interação social, de discurso e de comércio. Ao mesmo tempo, eles tentam proteger-se da multidão, para que tenham lugares e momentos em que suas ações e ideias possam desenvolver-se na privacidade. O objetivo é de todos, mas os mais reclusos eremitas entre nós não permitem maximizar a nossa privacidade. Na verdade, o máximo de privacidade, como o isolamento solitário é utilizado como uma punição em muitos sistemas criminais. Nem é o objetivo a abertura completa, onde ações, ideias ou palavras são mantidas fechadas do mesmo ou partilhadas com apenas um pequeno número de confidentes.
A Internet tem irremediavelmente interrompido este equilíbrio, levando a casos de "Roubo de identidade" onde ambas são percebidas como invasões reais de privacidade . Por exemplo, A. Smith e Lias, observam que "normalmente as vítimas nos EUA podem gastar em média 1500 dólares em despesas do próprio bolso e uma média de 175 horas, a fim de resolver muitos problemas causados por esses ladrões de identidade "(2005, p. 17). Além disso, a imprensa popular e os pais ficam horrorizados com a quantidade de divulgação pessoal exercidas pelos jovens e utilizadores mais maduros da Internet. Por outro lado, o ciberespaço tem sido fundamental para o desenvolvimento de inúmeras novas amizades pessoais, colaborações, e até mesmo casamentos. Nós muitas vezes solicitam que levantem as mãos quando realizamos palestras, consultando o público para ver quem conhece alguém que se tenha casado com outro e que se tenham conhecido no ciberespaço. Invariavelmente, a questão revela que muitos de nós encontramos camaradagem, amor e luxúria utilizando os affordances (recursos) do ciberespaço e, especificamente, várias ferramentas de software social.
Conhecemo-nos uns aos outros através da apresentação de nós mesmos nos espaços da rede. No seu trabalho de seminários em 1959, Erving Goffman definiu um novo campo da sociologia que ele chamou de sociologia dramatúrgica (1959). Ele magistralmente juntou metáforas amarradas no palco e aos seus atores para descrever como as pessoas administram as suas "apresentações" ou jogam para o benefício de si e dos outros. As peças de Goffman ocorreram em tempo real e na interação face-a-face. No entanto, os avisos, configurações, de para frente, voltar, casa (home), etiqueta, audiência e interações com ator também são realizadas no ciberespaço, e são muitas vezes amplificadas.
Goffman descreve dois tipos de impressões que usamos durante o curso das apresentações de nós mesmos. A primeira é aquela cuidadosamente preparada e apresentada ou disponibilizada para o público. A segunda são aquelas demonstrações de nós mesmos (self) que são "desprendidas" (emitidas) muitas vezes, inadvertidamente, por meio de palavras, atos, gestos ou expressões. Estas desagregações ou despedidas (das cortinas?) quando baixa o pano, desperta na platéia "um intenso interesse nestas perturbações que passam a desempenhar um papel significativo na vida social do grupo "(Goffman, 1959, p. 14). Na interação face-a-face, desagregações exibidas incluem estilo de se vestir, o sotaque, a linguagem corporal, a escolha do tema e qualidade do discurso. Eles incluem as muitas maneiras pelas quais podemos tropeçar, tanto física quanto metaforicamente, e como podemos responder ao inesperado. No ciberespaço, essas pistas são um pouco constrangedoras e muitas vezes se concentram em discurso escrito. No entanto, como Walther (1996) e outros já apontaram, uma série de ferramentas e técnicas compensatórias são usadas, mesmo em redes com uma largura banda de baixa velocidade, para criar formas de hiper-comunicação compensatórias e, de certa forma criar contextos enriquecidos para a evolução do mesmo que excedam as quantidades disponíveis em contextos face-a-face. Como o ciberespaço se desenvolve para apoiar imersão, videoconferência, e outras formas ricas de interação, nós continuamos a ver meios pelos quais os participantes adicionam novos canais de comunicação e apresentação.
Assim, o ciberespaço proporciona aos seus atores um poderoso conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas para se apresentarem. Mas o que exatamente eles estão apresentando? Higgins (1987) lembra três entidades psicológicas bastante distintas que atores apresentam para os outros. O primeiro é o "eu real", o conjunto de atributos que o ator, indivíduo possui e exibe para ser percebido pelos outros. O segundo é o "eu ideal", os atributos que o ator deseja possuir, e que define as suas esperanças e aspirações. Finalmente há o "dever ser eu (ought self )", aqueles atributos que pertencem tanto ao ator e aqueles de importância para ele, que definem o que os outros percebem e esperam deles. Nós veremos que o ciberespaço oferece ampla oportunidade para a apresentação de cada um desses sentidos do eu próprio (self) - o desafio para ambos, atores e plateia, é diferenciar contexto, tempo e espaço, em que cada um é apresentado.
Um atributo final da fase em que nos encontramos é o papel dos outros - ambos os atores e platéia. Goffman entra em algum detalhe no desenvolvimento de sua metáfora de palco para incluir interações entre público e atores e o discurso de bastidores entre as equipes de atores. As redes também sustentam estas interações. Como vimos na interação do grupo, o discurso e atividades colaborativas o envolvimento dos membros da equipe é fundamental para a aprendizagem e a produção de artefatos de aprendizagem.
Na interação em rede, o intercâmbio entre ambos os membros de rede ativas e potenciais são muito mais complicadas. As complicações surgem mais obviamente em resposta ao tamanho e natureza fluida de atores da rede. Mas da mesma importância é a certeza diminuída quanto à natureza do público. Os membros da rede partilham interesses semelhantes no tema, ideias, ou atividades que motivam a sua adesão e participação na rede. No entanto, eles também têm ideias adicionais, culturas, costumes e atividades que não são partilhadas, e alguns podem estar repletos de dissonância entre outros membros da rede, especialmente quando considerado em conexões além das de primeira ordem - amigos de amigos e semelhantes.
PARTICIPAÇÃO EM REDES
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Ao contrário dos grupos, para que as redes operem de forma eficaz, a participação deve ser tão livremente e amplamente acessível possível. Por esta razão, a Fundação P2P usa o termo "equipotência", o que implica que cada membro da rede tem o potencial e poder de participar na rede (p2pfoundation.net/Peer_to_Par). Os participantes da rede têm ampla oportunidade de testemunhar a dependência da rede e na participação de populações maiores e mais diversificadas. A cultura evolui no interior, portanto, a rede enfatiza abertura e convida a contribuições de uma população tão grande quanto possível. Além disso, as redes incentivam os membros para participarem em outras redes, proporcionando assim condutas e cruzamentos para polinizar e revigorar as já existentes.
A participação no nível físico está aberto a todos os que têm acesso ao cyberspaço - uma capacidade quase universalmente disponível nos países desenvolvidos, mas, infelizmente, desigualmente distribuído em alguns países em desenvolvimento na atualidade. No entanto, com o desenvolvimento de equipamento de custo muito baixo, o aumento dos portáteis, dos dispositivos móveis e desenvolvimento de redes em malha, pode-se esperar que as restrições de acesso físico diminuirão rapidamente num futuro próximo.
No entanto, o valor da rede também está restrita para aqueles que são capazes de se adaptar com uma cultura fluída, as línguas e as indicações linguísticas que são usados para sustentar as culturas das redes. Aqueles cujas habilidades técnicas são muito limitadas, que abrigam uma profunda desconfiança das tecnologias de rede, ou que ficam confortáveis apenas em organizações hierárquicas altamente visíveis e definidas podem achar contextos de redes frustrantes e suspeitos.
A equipotência também se refere ao poder dos membros da rede para definir a extensão de sua participação numa rede particular. Desde que as redes ofereçam uma grande variedade de papéis participativos, os membros devem decidir por si mesmos quais papéis que desejam para desempenhar e ser capaz de alterá-los como desejarem. Eles são livres para definir a extensão de sua participação, e adotar papéis de liderança, apoio, incentivo, ou o silêncio, conforme necessário. A equipotência assume um profundo respeito pelos ideais democráticos, nestas redes os membros são livres para definir suas próprias expectativas e práticas, respeitando os direitos dos outros de fazê-lo também. Entretanto essa liberdade não é anárquica. A participação na rede requer um compromisso partilhado com um interesse comum, objetivo ou uma atividade na rede. Os membros da rede compreendem, através da observação, que a realização de seu objeto de cooperação vai acontecer quando coordenarem e distribuírem as suas atividades, habilidades e talentos de maneira efetiva. Assim, organização, liderança, planeamento e coordenação evoluem dentro da rede e são vistos como meio legítimo de atingir as metas da rede.
REDES E CAPITAL SOCIAL
[editar | editar código-fonte]O capital social tem sido visto como um facilitador importante e indicador de boa vontade para a atividade social. Através de interação colaborativa, ação e discurso, grupos e redes constroem capital social. Resnick observa que "o usar ou não usar tanto faz (?) ; quando um grupo baseia-se em seu capital social para agir coletivamente, frequentemente vai gerar ainda mais capital social" (2001, p. 2). O capital social assim criado fortalece os indivíduos e sua(s) rede (s), dando-lhes mais oportunidades, capacidade e um senso de eficácia que são usados para ações individuais e sociais subsequentes. Burt (2009) centra-se no valor acumulado para o indivíduo pela exploração e crescimento do seu capital social. Ele discute o papel de um intermediário, alguém que abrange dois grupos ou redes e serve como um facilitador introdutório para mais extensão social e, muitas vezes, transações económicas. Enquanto o trabalho de Burt é mais relevante especialmente em matéria de redes de negócios, tais como LinkedIn, também aponta para o papel do professor como aquele que é intermediário de conexões, não somente para o conteúdo, ideias e fatos, mas para grupos individuais, redes e coletivos que podem ser chamados para expandir e aplicar as ideias estudadas.
PROJETANDO APLICAÇÕES DE REDE
[editar | editar código-fonte]Existem muitos livros, sites e artigos que se propõem fornecer fórmulas e técnicas para a criação de sites de redes sociais bem-sucedidas. Enquanto nós destacamos algumas das características comuns mais óbvias das redes, a nossa intenção aqui é centrarmo-nos naquelas que são significativas num contexto de aprendizagem. O Sucesso da aprendizagem baseada em rede não é apenas sobre a construção de um grande número de conexões (como, por exemplo, Facebook ou LinkedIn), embora o número seja importante (Rainie & Wellman, 2012). É mais sobre a construção de sistemas que tornam possível obter o maior valor num contexto de aprendizagem particular. Uma pequena rede de pessoas certas é muito mais valiosa do que uma grande rede de aqueles que não irão fornecer muita ajuda, embora seja verdade que as chances de encontrar aquela pequena rede (de pessoas certas) são maiores se nós estivermos mais ligados às redes em geral.
A agregação livre de redes comparada com os grupos conduz ao seu próprio conjunto (set) de problemas de design. As redes, por definição, não envolvem os mesmos níveis de compromisso e propósito que definem os grupos, não têm as mesmas hierarquias sociais e estruturas que trazem conforto e segurança nos grupos, e são menos rigidamente controladas e definidas. Na verdade, a maioria não tem sequer um nome e, quando o fazem, é um rótulo mais de que um termo de definição.
Design para incentivar a participação
[editar | editar código-fonte]Ao contrário dos grupos, raramente existem estruturas externas e agrupamentos sociais que impulsionam a participação em redes de aprendizagem. Embora a participação num grupo pode ser o precursor para a formação de um sistema baseado em computador para a apoiar, as redes tendem a surgir através da participação de baixo para cima. Certamente é possível intencionalmente criar uma rede, mas geralmente não é tão fácil de definir a sua composição antecipadamente. É, portanto, importante para qualquer software e sistemas envolventes, projetados para suportar redes, prestar muita atenção para tornar a participação (bem como acabar com participação) tão fácil e sem esforço dentro do possível.
Alguns aspectos para incentivar as pessoas a participar de uma rede são, principalmente, preocupação com o marketing: se a intenção é a de divulgar o seu crescimento, o objetivo da rede deve ser claramente indicado, bem-anunciada nos lugares certos e, mais do que tudo, pessoas certas devem ser incentivadas a participar, lembrando tanto a lei de Reed como a lei de Metcalfe: as pessoas devem ser bem relacionadas, bem conhecidas, ou ambos. Alguns aspectos são uma questão de projeto para aplicações de apoio à rede:
• Faça o processo de adesão claro: tornar o processo de ingresso e login simples e bem sinalizado;
• Torne o processo de adesão simples: uso de OpenID, Facebook Connect, formas simples, ou envolvimento progressivo (Porter, 2008, p. 93).
Projeto para incentivar as pessoas a permanecer
[editar | editar código-fonte]Embora grande parte da dinâmica de uma aplicação de rede é determinada pelas interações de pessoas dentro dela, há muitas coisas que podem ser feitas para tornar mais provável a persistência e prosperidade das redes. Técnicas como o envio de lembretes via e-mail instigando sobre novos conteúdos, as notificações quando o conteúdo de um usuário foi "curtido" ou comentado, ferramentas como sistemas de recomendação ou referência para sustentar o crescimento da rede, e, acima de tudo, tornar o conteúdo atraente e fácil para encontrar podem ajudar.
Projeto para a Mudança
[editar | editar código-fonte]A evolução ocorre tanto em grupos como nas redes, mas, geralmente, a evolução de grupos é um processo intencional que passa pelo menos através, se não for derivado, de níveis hierárquicos mais elevados de controle interno. Na rede, o significado da palavra "evolução" começa a mudar e aproxima-se muito mais perto da noção darwiniana e especializada do termo.
CONCLUSÃO
[editar | editar código-fonte]Neste capítulo, vimos que, embora algumas das ferramentas podem ser partilhadas em comum com os grupos, as redes são uma forma social muito diferente, que é confusa, explosiva, emergente e sem limites. O ponto central para essa diferença é o fato de que as redes impõem menos estruturas e métodos diferentes sobre os seus membros, o que significa que eles desempenham um papel muito mais importante na determinação do seu próprio curso de aprendizagem. Talvez ironicamente, esta forma social mais central é focada quase que inteiramente sobre as relações desse indivíduo com os outros no individual e em rede.