Aprendizagem e Medias Sociais/Aprendizagem em agregados

Origem: Wikilivros, livros abertos por um mundo aberto.

Capítulo 6



Aprendizagem em Agregados


Enquanto a rede tem provado ser um princípio estrutural útil e, num ínfimo sentido técnico, está subjacente a todas as formas sociais disponibilizadas pela Internet e outras tecnologias em rede, os seus grupos são bem fundamentados nas práticas e nas literaturas mas nem sempre são a maneira mais útil de olhar para as estruturas sociais que surgem no ciberespaço. Por vezes, não conhecemos as pessoas de maneira significativa, por isso "rede" é uma palavra muito forte para o nosso nível de compromisso. Assim, às vezes, não somos realmente membros de grupos de partilha, ainda que as pessoas possam fazer uma enorme diferença na nossa aprendizagem. Neste capítulo vamos descrever como o agregado, um simples conjunto de pessoas e os artefactos que elas produzem, podem proporcionar oportunidades de aprendizagem significativas e em que medida ele difere do grupo e de outras formas de redes sociais. Ao contrário dos capítulos anteriores sobre redes e grupos, neste não há uma quantidade abundante de literatura a invocar que aborde agregados, porque poucos ou nenhuns investigadores exploraram a sua utilização em contexto educativo. Este é um tema ainda por explorar. Muito do que que iremos escrever será relativamente novo no âmbito da literatura académica uma vez que os agregados nunca foram noticiados na comunidade de “bloggers”, na imprensa popular, nem mesmo por milhões de utilizadores dos media sociais. Eldon (2011), por exemplo, observa que websites de interesse social orientados a agregados como o Twitter, Tumblr e o Pinterest têm tudo um crescimento enorme. Estes são ainda frequentemente referidos de forma imprecisa como "redes sociais baseadas nos interesses" (Jamison, 2012): assim como inicialmente as aplicações orientadas para redes eram denominadas "groupware", existe a tendência a observar os sistemas através dos aspetos com que estamos familiarizados e, nós atualmente, estamos bastante familiarizados com as redes sociais. Apesar de serem pouco investigados enquanto fenómeno social, especialmente para a aprendizagem, os agregados são importantes. Não é por acaso que as tecnologias utilizadas nas bases de dados relacionais para armazenar e recuperar informações sobre as pessoas e todas as outras coisas do mundo são baseados em agregados. As categorias são importantes, tanto para as pessoas como para as máquinas. Em grande medida, a forma como nós categorizamos o mundo molda a nossa experiência nele e representa o que dele sabemos (Hofstadter, 2001; Lakoff, 1987; Wittgenstein, 1965). Nós não nos limitamos a saber. Nós sabemos coisas, que pertencem a categorias e isso é importante. Tal como Lakoff (1987) expõe, "sem a capacidade de categorizar, nós poderíamos não funcionar de todo, tanto no mundo físico como nas nossas vidas sociais e intelectuais" (p. 6). Categorias, de acordo com Lakoff, foram classicamente vistas como coisas “do mundo” que poderíamos simplesmente identificar através das suas propriedades comuns. Wittgenstein (1965), ambos problematizaram a questão e contornara-na ligeiramente, sugerindo que, para algumas das categorias que usamos, simplesmente isso não é verdade. Ao invés, existem semelhanças de família em que as coisas que identificamos através de uma única categoria podem partilhar algumas propriedades, mas nunca todas em simultâneo e as fronteiras que colocamos em torno de determinadas categorias não são fixas, mas sim construídas pela sociedade. Mais recentemente, pensadores como Lakoff e Hofstadter (2001) demonstraram a profunda complexidade psicológica, social e linguística das maneiras como nós categorizamos as coisas, mostrando como os significados metafóricos não são apenas um recurso de linguagem, mas fundamentais para a nossa compreensão, sem os quais não seríamos capazes de construir modelos cognitivos do mundo ao nosso redor. As categorias permitem-nos representar simbolicamente coleções de coisas, de forma a terem significado para as nossas necessidades sociais, intelectuais e práticas. Permitem também alargar a nossa compreensão para além das fronteiras disseminadas fazendo ligações e desenhando analogias a partir das quais construímos o nosso conhecimento. Em muitos aspectos, saber os nomes corretos das coisas é um passo crucial para compreendê-las. Isto tem uma consequência pragmática importante no contexto da atual investigação: quando se procura aprender, especialmente em disciplinas académicas, normalmente começamos por pensar nos tópicos, áreas, ou categorias em que os nossos novos conhecimentos possam ser classificados ou designados.


DEFINIÇÃO DE AGREGADO

Agregados, enquanto forma social, são constituídos por pessoas com atributos partilhados. Existem indefinidamente vários atributos que podem ser partilhados por indivíduos, que podem ser específicos ou estar relacionadas com uma gama de valores: localização, altura, QI, escolha de automóvel e por aí em diante. A maioria destes atributos terá pouco valor para um aluno mas algum em especial pode ter. No ensino, um agregado de atributos particularmente úteis podem envolver um interesse partilhado acerca de um tema, de uma localização, uma apreciação sobre um assunto em particular, ou uma visão partilhada. Para que seja útil, deve ser possível identificar um agregado e interagir ou partilhar com pessoas dentro dele. Neste sentido, existe um requerimento mínimo para um mecanismo partilhar e comunicar com os outros num agregado. Tal como os grupos e as redes, os agregados dependem do substrato no qual se situam e onde são observáveis.


Agregados são sobre tópicos e temas

A noção de agregados une tanto pessoas como coisas. Por exemplo, podemos encontrar recursos que são parte do agregado de escritores sobre a aprendizagem em rede, assim como as pessoas com interesse na aprendizagem em rede. A forma social do agregado refere-se simplesmente a qualquer conjunto de pessoas num ambiente de aprendizagem que está muitas vezes relacionado com artefactos que produzem ou procuram. Nos casos mais típicos, o que nos leva a identificar o agregado é o tema, artefato, lugar ou local em torno do qual eles se agregam. Um exemplo concreto disto é uma página na Wikipédia. Enquanto grupos e redes podem e fazem o desenvolvimento em torno de páginas da Wikipédia, o motivo principal que atrai as pessoas para editar e ler artigos nas páginas Wikipedia é um interesse pelo tema que é abordado. Além disso, não há necessidade de relacionamentos ou compromissos sociais, não há comunicação direta, não há troca de informações, nem mesmo um propósito comum. As fronteiras deste peculiar agregado social são a própria página e além desse limite está tudo o resto. Enquanto as redes e os grupos podem desenvolver em apoio de tópicos e páginas, vários incentivos são produzidos pelo website de forma às pessoas revelarem a sua identidade, invocando a atribuição dos direitos de edição. A capacidade de mover artigos ou a participação nas votações não são uma característica necessária para a criação de compromisso com os outros na Wikipédia. As pessoas podem simplesmente ser identificadas pelo seu endereço de IP que pode também ser completamente anónimo (por exemplo, se uma edição foi feita através da internet dum café). Isto não é um acontecimento raro. Numa sondagem referida na Wikipedia dos próprios editores que fizeram 500 ou mais edições (colocando-os entre os mais prolíficos), 5 em cada 67 editores foram identificados apenas pelo endereço de IP, sem nome (en.wikipedia.org/wiki/User:Statistics#Case_1:_Anon_Surprise.21). Em 2005, Voss descobriu que em websites de diferentes linguagens, edições anónimas representam entre 10% (Itália) e 44% (Japão) de todas as edições realizadas. É de assinalar, no entanto, que é cada vez mais difícil encontrar estas estatísticas em pesquisas recentes. O forte foco académico no trabalho em rede, na maioria das publicações de pesquisa sobre software social, indicam que as edições anónimas são muitas vezes deliberadamente excluídas dos resultados dos estudos (eg Nemoto, Gloor, & Laubacher, 2011; Wöhner, Köhler, & Peters, 2011), que nos diz mais normalmente sobre as tendências dos investigadores do que da natureza da Wikipedia. Similarmente, quando criamos hashtags em posts públicos no Twitter, estamos a criar um sinal que define um agregado para qualquer um que possa vir a ter interesse no tema definido nesse mesmo hashtag. Quando pesquisamos por um hashtag, raramente temos um interesse em particular ou conhecimento da pessoa que o criou: trata-se apenas de um agregado de pessoas que realizou posts no twitter sobre esse assunto. Naturalmente o Twitter suporta outras ferramentas de rede rede mais pormenorizadas tal como o mecanismo de ‘seguir’ mas, a utilização de hashtags é igualmente preponderante como um meio de suporte aos agregados.


Identidades Individuais Raramente são Importantes

As identidades das pessoas que são reveladas em agregados podem estar escondidas, anónimas ou, mesmo quando elas são reveladas, isso é relativamente pouco importante para os outros membros do agregado. Quem se envolve num agregado, está habitualmente mais interessado no tema abordado do que nas identidades das pessoas o constituem. Uma das características que tende a ser um indicador do modo como um agregado interage no ciberespaço são os nomes dos participantes. Se estão completamente visíveis, se são abreviados para nomes de utilizador sem a hipótese de associação ao nome real ou ainda outros perfis encontrados na rede ou na participação em grupos. Isso não significa que todas as pessoas num agregado sejam desconhecidas: agregados sobrepõem-se a redes e grupos. Podemos participar num agregado com pessoas conhecidas e outras pessoas que não conhecemos e que podem vir a ser conhecidas pelos seus pseudónimos habituais. No entanto, a maior parte das vezes, a identidade do indivíduo, mesmo quando conhecida, não é o fator de grande importância quando se estabelece um envolvimento num sistema social orientado a agregados. Os agregados raramente estão vinculados por restrições temporais nem exigem a utilização de ferramentas ou tecnologias específicas, embora ambos possam ser importantes em determinados contextos: sem os meios para descobrir as coisas, seria difícil colocá-las nos agregados. Num sentido lato, os agregados são encontrados dentro de redes e grupos. Na verdade, grupos e redes podem sempre ser vistos como agregados e subagregados. Um grupo é um agregado de pessoas que são membros do grupo e uma rede é um agregado de pessoas que estão de alguma forma ligadas entre si direta ou indiretamente. Similarmente, pode-se encontrar agregados de grupos, agregados de redes e, evidentemente, agregados de agregados.


Agregados não são Tecnologias

Na sua versão mais simples, agregados são simplesmente conjuntos de pessoas com atributos partilhados. Eles têm fronteiras que são definidas pelas categorias que os constituem, mas enquanto o processo de categorização pode ser considerado superficialmente tecnológico, este estende a definição de "tecnologia" mais do que gostaríamos. Portanto, não existem tecnologias inatas que sejam necessários para estabelecer o envolvimento com um agregado. Existem sim variados modos de utilizar as tecnologias de forma a poderem desempenhar um papel estabelecendo, formando e facilitando o agregado, além de simplesmente fornecerem um lugar real ou virtual onde as pessoas com atributos partilhados se possam congregar. Ferramentas como os motores de busca, sistemas de etiquetagem, bases de dados e ferramentas de classificação, por vezes, desempenham um papel fundamental no sentido de tornar os modos de envolvimento nos agregados exequíveis acima de tudo. Tais ferramentas tomam frequentemente o lugar ou aumentar a capacidade de um ser humano organizar e classificar pessoas e coisas.


Por que Distinguir Agregados de Redes?

A razão que leva a distinguir um agregado é dupla. Em primeiro lugar, as formas como interagimos são distintas quando o atributo, ou os vários atributos, que formam o agregado são de maior importância, em detrimento das pessoas com quem nos envolvemos ou a missão geral do grupo. Em segundo lugar, as operações que podem ser executadas em agregados são bastante diferentes daquelas que realizamos em redes e grupos, um fator de grande importância quando falamos de coletivos. Muitos coletivos são o resultado de agregações e transformações baseadas em agregados.


OS BENEFÍCIOS DO ANONIMATO

Em alguns casos, a ausência de uma forma fácil de identificar um dado indivíduo que está a aprender num agregado pode ser benéfica, especialmente quando se lida com temas sensíveis, onde é necessário revelar dados que podem ser desconfortáveis ou constrangedores. Isto pode estar relacionado com a natureza do tema em discussão. Por exemplo, muitos sites médicos, sites de aconselhamento e sites relacionados com aspetos socialmente complexos que nem sempre as pessoas querem revelar às suas redes ou grupos assumem nos agregados a sua vertente social. Isto é verdade mesmo quando o site aparente utilizar as mesmas ferramentas e processos que uma rede ou grupo, simplesmente devido ao amplo uso de mais identidades anónimas. Noutros casos, o valor do anonimato num agregado reside na divulgação seletiva. A teoria da autodeterminação sugere três condições prévias para que exista motivação intrínseca numa dada tarefa de aprendizagem: o sentimento de controlo da situação, o sentimento de competência para a tarefa e o sentimento de estar relacionado com os outros (Deci & Ryan, 1985). Se as pessoas estão preocupadas com o seu nível de competência, então o medo de reações negativas de colegas e professores pode reduzir a sua tendência para partilhar, levando a um círculo vicioso de dúvidas que afeta a confiança, a contribuição e motivação. Num contexto de grupo, um dos papéis do professor é reduzir essa sensação de dúvida, de forma a encorajar e reforçar positivamente para construir confiança. Numa rede, essa segurança é muitas vezes perdida porque as coisas divulgadas podem ser vistas fora do seu contexto original. Os materiais de aprendizagem são geralmente seguros de revelar mas o processo pode não o ser tanto assim. Onde o anonimato é permitido o medo da divulgação será menor. No entanto, isto é uma espada de dois gumes e há um equilíbrio delicado entre o os ganhos e perdas que variam de acordo com o contexto. O anonimato também reduz a importância do capital social (Nemoto et al., 2011) e os benefícios de conhecer os seus pares, bem como o sentimento de orgulho por um trabalho bem feito, que é reconhecido por um grupo de pares, reduzindo, desse modo, a motivação no eixo do relacionamento. Se as contribuições forem verdadeiramente anónimas (como são numa página de Wikipédia editada) ao invés de simplesmente anónimos (como são quando são utilizados pseudônimos num site de perguntas e respostas), então não há oportunidades para ganhar capital social através da fusão de interações baseadas em agregados com interações baseadas em redes.


IDENTIDADE E O AGREGADO: FUNDAMENTOS TRIBAIS

Embora, em muitos casos, a participação num agregado possa não ter impacto significativo sobre um indivíduo, existem muitas formas de ser membro de um agregado, mesmo sem se estar consciente disso, também existem muitas formas de associação do agregado que são fundamentais para a identidade de uma pessoa. Raça, sexo, nacionalidade, (des)habilidade, equipa de desporto favorita, preferências de moda, profissão, religião e assim por diante são cruciais para o sentido dar sentido à vida das pessoas no mundo e, tal como um grupo (e ao contrário de uma rede) aqueles que se identificam com um determinado agregado podem identificar as pessoas do lado de fora como sendo os "outros". Em algumas ocasiões essa identidade tem pouca ou nenhuma consequência: por exemplo, pode-se sentir uma espécie remota de camaradagem que nos faz ir nessa onda ou algo nos alerta quando vemos alguém a conduzir o mesmo tipo de carro ou andar no mesmo tipo de bicicleta. Noutras ocasiões, a identificação com um agregado significa muito mais. O ponto de partida para a compreensão reside, obtusamente, no domínio dos grupos e das suas dinâmicas. E.O. Wilson (2012) sugeriu que a evolução do grupo tem desempenhado um papel muito importante no nosso desenvolvimento como espécie, e, portanto, nós dependemos de nos identificarmos com agregados de outros, ou tribos a que pertencemos. Para Wilson, as duplas forças impulsionadoras que nos formam – sobrevivência individual e as coisas feitas em prol do bem do grupo - determinam a nossa ética e carácter social. A sociabilidade da nossa espécie coloca ênfase na sobrevivência como uma característica da tribo, banda ou grupo, mais que no indivíduo. Nas sociedades modernas, essa característica evoluída do nosso ser tornou-se mais complexa porque nós não nos vemos como parte de um único agregado mas, geralmente, de muitos. Clivagens transversais, diversos agregados que se interceptam em vários eixos (S.E. página, 2011), significa que podemos sentir uma identidade com mais de um agregado de pessoas - uma equipa de futebol, uma nação, um agregado de pessoas com habilidades específicas ou deficiências e por aí em diante. Um fã de heavy metal que vê outra pessoa com uma t-shirt vestida que anuncia a sua banda favorita pode tratá-la como um membro da mesma "tribo", fazer suposições sobre outros atributos comuns que se relacionam com o estilo de vida, preferências e comportamentos, embora essas pessoas possam também ser apoiantes de equipas de hóquei, crentes de uma religião em particular, ou outros agregados que também sejam significativos para a sua identidade e criar um sentimento de lealdade. Da mesma forma, aqueles que usam símbolos religiosos como cruzes, turbantes, véus, ou colares pode significar não apenas participação num agregado de vestuário iconográfico religioso, mas também um plano ético, social, estético, cultural, ontológico, e perspetiva epistemológica, assim como também ser parte de outros agregados. É claro que as tribos religiosas não estão simplesmente relacionadas com a identidade mas muitas vezes derivam em modelos de grupo de organização social, com hierarquias, comportamentos prescritos e regras para membros - as fronteiras são ténues e variáveis. As tribos são igualmente proeminentes no meio académico (Becher & Trowler, 2001): as pessoas são auto categorizados e identificam-se com outros, partilham áreas temáticas, a utilização de metodologias, escolas de pensamento, interesses em determinados tópicos, a filiação derivada do passado das instituições, aulas de capacitação, e muitos outros atributos. Alguns agregados são vistos pelos seus membros como reciprocamente exclusivos apesar de certas clivagens transversais, tais como a participação compartilhada das instituições ou organismos profissionais. O que para uma pessoa de fora pode parecer um aspeto notavelmente parecido, isso pode ser na realidade a causa de divisões nas tribos, na medida em que distintas línguas evoluem em torno delas. Por exemplo, aqueles que fazem uso da teoria da atividade estão geralmente a olhar para as mesmas coisas que usam as mesmas palavras com efeitos muito semelhantes aos que empregam a teoria ator-rede mas raramente as duas tribos se encontram, e se eles fizerem isso, há muitos detalhes que eles não entendem uns dos outros. Os agregados mutuamente exclusivos a que pertencemos, embora se cruzem com outros agregados que cruzam essas fronteiras podem levar a conflitos, criativo ou outro. Se eles estavam completamente isolados uns dos outros, então seria irrelevante, mas as clivagens transversais trazem-nos a justaposição. Os agregados tribais, que envolvem muitos atributos diferentes e um sentimento de pertença, são potencialmente formas sociais poderosas para organizar, motivar e coordenar as atividades dos membros. A adesão a uma tribo pode ajudar a criar confiança social: sabendo que outros durante uma participação de agregados convicções ou atributos comuns podem ajudar a reduzir o medo do desconhecido que pode atormentar quem se envolver com uma comunidade desconhecida. Por outro lado, eles têm muitos riscos associados quando comparados com agregados que se relacionam com um único atributo. Esse forte sentimento de identificação pode levar a grandes emoções quando aqueles que discordam estão envolvidos, especialmente graças às modalidades naturalmente anónimas ou impessoais de envolvimento, que tendem a ser encontrados em agregados. Por exemplo, os desafios a crenças religiosas ou políticas, críticas de bandas, equipas desportivas ou mesmo gosto para certos telemóveis podem levar a guerras de chamas nocivas e amargas. Esta é uma situação em que uma transição do agregado para redes mais interativas ou modelo de grupo não é positiva.


APRENDIZAGEM COOPERATIVA: LIBERDADE NOS AGREGADOS

A forma social do agregado assemelha-se à da rede em muitos aspetos mas sem os constrangimentos sociais onde as ações dos outros podem afetar gravemente a aprendizagem. Os agregados oferecem a maior liberdade de escolha, de qualquer uma das formas (Figura 6.1), embora seja importante observar que isso não significa necessariamente um maior controlo, porque muitas escolhas sem orientação ou os meios para tomar decisões críticas não é controlar de todo (Garrison & Baynton, 1987).

Figura 6.1 Noção de Liberdade cooperativa nos agregados


Lugar

Como toda a aprendizagem no ciberespaço, geralmente há alguns limites sobre onde um aluno sustentado por um agregado pode aprender. No entanto, podem existir algumas restrições que dependem do atributo escolhido para formar o conjunto em si, designadamente em que a proximidade geográfica é um fator significativo.


Conteúdo

Existem alguns limites sobre o conteúdo num agregado e muito gira em torno de conteúdo: as pessoas que estão interessadas em x, pessoas que sabem sobre y, pessoas num determinado lugar. No entanto, uma questão fundamental que afeta toda a aprendizagem baseada em agregados é que nem sempre é fácil de encontrar o sistema de classificação adequado que melhor possa definir o agregado. Existe um número indefinido de maneiras de categorizar nada, e há uma forma ativa, consciente, forma de comportamento social para o fazer (Lakoff, 1987; SE Página, 2008). O aluno é frequentemente confrontado com um "galinha ou ovo" problema de não saber quais as classificações dizem respeito ao que ele ou ela precisam de aprender, porque ele ou ela não sabem como as classificações são aplicadas dentro de um determinado domínio.


Ritmo

Virtualmente não há restrições sobre o ritmo de aprendizagem baseada agregados, com exceção das que são intrínsecas à natureza do próprio agregado. Por exemplo, aqueles que têm interesse no pôr-do-sol podem ter oportunidades limitadas ou interesse em reunir noutros momentos do dia e o agregado daqueles que participam nesse evento em particular não vai existir muito tempo antes ou após o evento.


Método

Virtualmente não há restrições sobre a escolha do método num agregado baseado na aprendizagem. No entanto, é complexo para o aluno escolher os métodos de aprendizagem que são apropriados e sem muito controle sobre delegação, as dificuldades para os alunos estão em encontrar métodos mais adequados.


Relacionamento

Os agregados são tipicamente muito disseminados e impessoais, embora haja liberdade total para escolher com quem se pode interagir. Os agregados são frequentemente canais para as formas mais pessoais e sociais de envolvimento nas redes e grupos.


Tecnologia

Os principais constrangimentos tecnológicos na aprendizagem baseada em agregados são o grau de compatibilidade: o agregado existe num ambiente tecnológico em particular ou numa gama restrita de ambientes. Existem, portanto, restrições impostas pela instância escolhida de qualquer agregado: para que o agregado se possa formar, ele precisa de um substrato tecnológico como suporte e ao contrário de uma rede, não pode haver canais alternativos para um agregado que não sejam fornecidos pelo seu próprio agregador. Dito isso, é possível aos indivíduos combinar agregados de várias proveniências, com efeito a criação de um agregado de agregados ou, talvez mais precisamente, uma rede de agregados. Alguns tipos de agregados pela sua premência procuram certos tipos de tecnologia, a fim de o agregado de ser visível: aqueles que podem agregar, tais como sistemas de etiquetagem, folksonomias ou aqueles que podem identificar a localização, por exemplo. Em certos casos, as tecnologias podem determinar ou, pelo menos, determinar em parte o agregado: proprietários de iphones, por exemplo, ou aqueles que utilizam uma aplicação específica.


Meio

O formato do meio é irrelevante para a aprendizagem baseada em agregados, a menos que o próprio meio o defina, como em um conjunto de texto escrito, vídeos, músicas, ou atributos de média, como cor ou volume. Um agregado pode, em princípio, consistir num qualquer média com atributos partilhados, como o assunto ou tema.


Tempo

Como os agregados são baseados nos atributos de pessoas e coisas, há poucos ou nenhuns constrangimentos de tempo que afetem o envolvimento num agregado.


Delegação

Embora possa ser possível encontrar pessoas que estão interessados em algo — um fragmento de software, um lugar, uma ideia, e assim por diante — nem sempre é fácil classificar o valor do periférico, enganoso ou inútil. Sem sequer ter capital social disponível nas redes para orientar as pessoas num agregado, todo o conteúdo é diálogo é potencialmente suspeito, e faltam outros mecanismos, quer na rede ou na base do coletivo, não há ninguém a quem possa ser delegado o controle de forma realmente confiável. Os agregados fornecem uma grande quantidade de opções, mas as informações necessárias para exercer essas escolhas podem ser limitadas.


Divulgação

O relativo anonimato de agregados significa que as pessoas que fazem utilização dos mesmos conseguem manter um certo grau de anonimato e, em geral, podem ser extremamente seletivos sobre o revelam e a quem. Desta forma, os agregados só têm valor enquanto as pessoas divulgarem conhecimento e informação, assim, enquanto a divulgação pessoal é bastante controlável é necessário que as pessoas revelem informações para que eles funcionem realmente.


DISTÂNCIA TRANSACIONAL E CONTROLO EM AGREGADOS

Num agregado, todos estão igualmente distantes de todos, em termos de comunicação, a menos que seja produzida uma presença de ensino: por exemplo, um tutorial da Khan Academy cria uma distância transacional muito elevada entre o criador do tutorial e o aluno que o usa mas isso pode ser reduzido se o criador do tutorial se envolver em atividades destinadas a fingir uma forma de interação, por exemplo, fazendo perguntas a si mesmo como se se trata-se do próprio aluno ao vivo ou participando em discussões assíncronas sobre esse tutorial em vídeo. Nesse caso, em que a interação particular deriva firmemente do modelo social da rede com pessoas conhecidas apresar de realizadas em agregados com fracos e transitórios laços no diálogo com o outro. Dentro do próprio agregado é que as pessoas que são as participantes do tutorial — controlo transacional, no sentido em que a possibilidade do aluno escolher o que vai fazer a seguir é absoluta: um agregado é definido pelo envolvimento intencional em torno de um tema. Embora possam existir algumas dependências sobre se se deve ou não ter uma reação iminente quando um problema ou inquietação é colocada ao agregado, os agregados são elaborados e identificados pelo aluno, que é livre para procurar pessoas com interesses comuns. Não é a evidente coação ostensiva ou implícita do grupo, nem a coação social da rede. O diálogo é na maior parte dos sentidos, livremente possível e fortemente encorajado, e por isso o aspeto da comunicação da distância transacional entre os alunos no agregado é muito baixa, embora possa variar consideravelmente de intensidade e volume e, como na rede, tornar-se um agregado de valor distribuído. Por exemplo, um painel de fórum ou boletim online faz com que o processo de troca de mensagens seja muito simples e, em grande parte sem restrições. Contudo, o abismo psicológico entre um aluno e outro é normalmente muito alto, porque não são muito conhecidos no agregado nem se importam muito sobre o outro. Ao mesmo tempo cuidar pode ser um atributo importante em ambos os grupos e as formas sociais, num agregado a pessoa como um indivíduo humano distinto raramente importa a um nível pessoal. Se eles estão totalmente visíveis, as pessoas muitas vezes tornam-se recônditas, anónimas ou ativos quase anónimos com as quais interagem. Mais importante ainda, o grande número de preferências disponíveis para definir os utilizadores dos agregados nem sempre equivale ao seu controlo. Se for dada ajuda suficiente para se fazer escolhas ou não depender da índole dos outros nos agregados, o tema, o grau de afinidade que o aluno tem com ele e muitos outros fatores. O controlo transacional pode, portanto, não ser tão grande como o número de opções sugeridas. A distância transacional no agregado é um fenômeno complexo que, como na rede, é difícil determinar.


APRENDIZAGEM EM AGREGADOS

Agregados Focados na Resolução de Problemas

Os agregados são especialmente úteis para os alunos que estão praticamente certos do que desejam aprender ou, pelo menos, que têm definida a sua grande área de interesse. A aprendizagem baseada num agregado ocorre muitas vezes "no próprio momento", devido à necessidade em encontrar algo importante para o aluno nesse momento específico, em vez de ser percorrido um caminho continuado. Por exemplo, podemos visitar a Wikipédia, um website de Q&A (perguntas e respostas) ou o Twitter, a fim de descobrir uma resposta a partir dum conjunto de pessoas que postaram sobre um certo tema ou pergunta, ou talvez estabelecer um ponto de partida para uma pesquisa mais aprofundada.


Agregados e Descobertas Focadas

Outro uso comum dos agregados é o de manter o conhecimento e o interesse num assunto ou área de interesse. Por exemplo, podemos subscrever um feed num site como o Reddit ou o Slashdot, a fim de ter uma noção das conversas em torno de um determinado tema. A maioria das pessoas que usam esses sites não estão envolvidos ativamente com essa rede mas visitam-nos ou subscrevem-nos por causa de um interesse nas áreas que lá são discutidas. Como esses sites são socialmente ativos, podemos contribuir com ideias, expor problemas, solicitar esclarecimentos e usar os outros intervenientes para construir o nosso próprio conhecimento, ajudando-nos assim a tornarmo-nos especialistas dentro de uma área e não apenas a encontrar respostas para perguntas particulares ou atender a outras necessidades específicas.


Agregados e Descobertas Fortuitas

Assim como encontramos redes sobrepostas, também encontramos agregados sobrepostos. É uma interação baseada em agregados rara que o mantém dentro dos limites precisos do tema de interesse, porque as pessoas têm muitos e diversos interesses, sempre revelados através da exposição a clivagens transversais. Assim como vimos nas redes, os agregados, por vezes, oferecer oportunidades para a descoberta casual fora da sua área contígua de interesse. Isto é frequentemente reforçado através da utilização de coletivos, especialmente por sistemas de recomendação que sugerem outros artigos, posts, ou discussões que possam ser de interesse. Outra forma que pode auxiliar os agregados na descoberta casual acontece quando é possível detetar tendências ou padrões de comportamento. Por exemplo, se alguém estiver sentado no interior da sua casa e notar que todos lá fora estão a usar um guarda-chuva, essa pessoa pode aprender a partir do agregado que está a chover. Algo semelhante acontece constantemente online: um agregado de um feed RSS, por exemplo, pode conter várias versões de uma história de tendências, o que pode, portanto, despertar o interesse de alguém. Num agregado baseado em conversas ligeiras podemos descobrir áreas de interesse sobre um assunto que não nos era anteriormente relevante. Neste aspeto há detalhes semelhantes entre os agregados, redes e coletivos. Essas tendências podem ser espalhadas através de redes sociais como “Memes”, ou serem geradas automaticamente por agregadores que combinam comportamentos agregados e que, consequentemente, impulsionam essa tendência.


Agregados e Múltiplas Perspetivas

A vastidão do ciberespaço indica que é raro encontrar apenas um site ou página ligada a um agregado em particular. Os temas são geralmente representados de maneiras diferentes em diversos lugares e apresentam muitas vezes múltiplas perspetivas, pontos de vista, e ontologias, indo muito além da diversidade encontrada nas redes (onde podemos ver o preconceito devido à filiação e à semelhança com as outras pessoas a quem estamos ligados). Cada aluno é um aluno singular, com diferentes conhecimentos e experiências anteriores e diferentes preferências de aprendizagem, de modo que a presença de múltiplas perspetivas torna mais provável que uma ou mais se vai encaixar com as suas necessidades cognitivas. As perspetivas múltiplas exigem que os alunos façam apreciações, escolham entre visões alternativas, ou as conciliem. Este processo ativo de construção de sentido é um dos pilares nas abordagens ligadas à aprendizagem: as diferenças são abraçadas e alimentadas porque o resultado é uma ligação rica e uma aprendizagem mais profunda e enraizada. As diferenças obrigam-nos a estabelecer os nossos próprios pontos de vista, e a perceber melhor porque devemos mantê-los. Múltiplas perspetivas ampliam a nossa visão, o que nos permite ver que ligações de um único um ponto de vista, como uma que tenhamos adquirido com um professor intencionalmente, podem camuflar. Por exemplo, para um indivíduo, o agregado de coisas ligadas ao e-learning pode ser limitado ao que é possível se encontrar na Internet, onde para outro isso é coberto por uma atividade de aprendizagem relacionada com o computador, enquanto para outro isso se refere a pedagogias do ciberespaço. Ao combinar essas perspetivas, o aluno pode encontrar uma interseção valiosa ou ampliar a sua visão e descobrir outras questões e áreas de interesse relacionadas. O outro lado desse benefício é que, tal como numa rede, cabe ao aluno dar sentido aos pontos de vista conflituosos que descobre. Este pode ser uma poderosa e criativa oportunidade de aprendizagem ou, se a área é nova ou complexa, pode aumentar a desordem e reduzir a motivação.


Agregados podem Suportar a Aprendizagem Formal

Os agregados são valiosos como parte de uma jornada de aprendizagem individual com ritmo próprio, mesmo num ambiente formal. Por exemplo, na Universidade de Athabasca, os alunos de cursos universitários começam a trabalhar nos seus cursos em qualquer momento e seguem as suas próprias planificações dentro de um período de contrato de seis meses. Eles raramente conhecem outros estudantes do seu curso e, embora o curso em seja altamente estruturado e liderada por tutores e professores, a forma social de interação aluno-aluno é mais semelhante a um agregado do que a de um grupo. Há poucas interações sociais, nenhum envolvimento do grupo orientado a processos, algumas normas sociais, e poucas (se algumas) regras de compromisso com outros participantes no curso. Não são de todo um grupo. São apenas um conjunto de pessoas unidas pelo atributo de trabalharem sobre o mesmo período no mesmo curso. Os alunos normalmente não estão a trabalhar em simultâneo com outros mas muitas vezes podem beneficiar da presença de outras pessoas, quer diretamente (através de contribuições para sites de perguntas e respostas), ou através de materiais que outros tenham partilhado anteriormente. Os fóruns de discussão de um curso proporcionam tanto um repositório de perguntas e respostas anteriores, como um lugar para colocar e responder a novas perguntas. Na nossa experiência descobrimos que os alunos com suporte em agregados raramente se envolvem em discussões prolongadas. Devemos observar que, embora muito próximos de agregados, estes são grupos tribais: existem normas, expectativas e regulamentos, bem como exclusões de membros que os tornam agregados por grupos de preferência em vez de agregados puros.


AMPLITUDE VERSUS PROFUNDIDADE

Agregados amplos são úteis quando a aprendizagem é exploratória e as próprias questões podem ser desconhecida. Um agregado de alunos de um curso da Universidade de Athabasca ou um subscritor de um feed RSS proveniente de um site de análises de gadgets estará aberto a um amplo número de ideias e a conteúdos que se enquadram dentro de um intervalo determinado pelo atributo compartilhado. No outro extremo do espectro, uma pessoa em busca de uma resposta a uma única pergunta pode recorrer a um site orientado para os agregados sociais como a Wikipédia para obter respostas relacionadas com a especificidade do agregado, ou um site que seja tão amplo que é plausível alguém saber a resposta para qualquer que seja a pergunta. Para um problema específico, o agregado perfeito seria um agregado global de todos. No entanto, é importante que os dois agregados - pessoas com problemas específicos e pessoas dispostas e capazes de dar respostas específicas -se intersetem, e que eles se possam encontrar uns aos outros. Onde um site ou serviço é específico e restrito, isso é alcançado por estar na mesma localização virtual. Para um site com objetivos mais gerais, é comum que os especialistas se classifiquem eles próprio em agregados, e/ou que o próprio site para seja dividido por classificações, muitas vezes organizados hierarquicamente com uma abordagem de indexação folksonomica, baseada em tags para identificar subagregados. Uma vez mais, os motores de busca desempenham um papel importante na filtragem de subagregados de interesse.


CATEGORIAS DE COISAS

Agregados são definidos por características comuns. São comunidades de homofilia. Algumas vezes são intencionais, e por vezes ficam latentes no que é partilhado. Por exemplo, se eu olhar agora para fora da minha janela, eu vejo um agregado de pessoas que estão a partilhar o mesmo espaço geral, tal como eu. A maioria são pessoas a andar, com quem eu nunca partilharei uma outra ligação, além de, estar neste preciso momento a partilhar o mesmo espaço. No entanto, se acontecer alguma coisa (talvez uma baleia a meter a sua cabeça fora da água) então o atributo de espaço partilhado pode-se tornar significativo, pois permitiria que ocorresse uma aprendizagem. Provavelmente se iria falar sobre o que estava a ver e, nesse processo, seria possível aprender algo. Alguém podia identificar a baleia, alguém podia mencionar avistamentos anteriores, e ainda outra pessoa poderia comentar como é incomum ver uma nestas águas. Outros, ao verem o agregado de pessoas a recolher e partilhar o atributo de ficar a olhar para a baleia, podem se vir a juntar a nós, talvez contribuindo para esse momento de aprendizagem partilhada. Em poucos minutos, seriamos uma comunidade de aprendizagem ad hoc (para um fim específico) e momentânea. Quando a baleia parte, a importância do espaço reduz. Alguns podem, talvez, fazer ligações e tornarem-se uma rede resultando desse momento mas enquanto um conjunto de pessoas que aprenderam juntas, o contexto comum deixaria de ter importância. Em casos raros, o agregado pode até se aglutinar num grupo que se continua a reunir noutros momentos e locais enquanto observadores de baleias. Processos semelhantes acontecem a toda a hora no ciberespaço. Nós procuramos respostas e soluções com base nos atributos, como o tema, palavras-chave e tags, ou explorando tópicos na Wikipédia, deparamo-nos constantemente com pessoas com interesses comuns, conhecimentos e aprendizagens e por aí em diante. De facto, uma forma de aprender baseada nos agregados tem sido a norma desde a invenção da escrita. Logo que o volume de material acessível se tornou tão grande que é impossível para qualquer ser humano acompanhar, passámos a contamos com sistemas de classificação para descobrir livros, documentos e relatórios, e, ultimamente, outras formas de média. Escritores, especialmente os não ficcionais, têm um agregado de atributos em mente ao escrever livros: tema, nível esperado de habilidade, conhecimentos prévios, língua e assim por diante definindo os agregados para quem o livro é escrito. O mesmo acontece para todos os média utilizados na aprendizagem.


CATEGORIAS E TAXONOMIAS

Categorias são formas de colocar as coisas em agregados e são um dos meios primários que possibilitam a tomada de sentido. Em grande medida, a forma como pensamos é determinada pela forma como categorizamos o mundo (Lakoff, 1987). As nossas categorias evoluem à medida que aprendemos. Conhecimentos especializados podem ser vistos como um aumento da capacidade de ambos ignorarem atributos que são insignificantes e subdividem coisas que, para os não especialistas, parecem ocupar as mesmas categorias (S.E. página, 2008). Parte do trabalho de um professor está relacionado com ajudar os alunos a identificar e focalizar categorias que são significativas num assunto ou habilidade que está a ser ensinada, para ver ambos, os grandes padrões e as pequenas distinções. Tradicionalmente, as categorizações de conteúdos de aprendizagem tendem a ser realizadas por pessoas treinadas com conhecimento que permitiam classificar livros, artigos, revistas e média para facilitar a descoberta e a organização. Os criadores de taxonomias impuseram ordem nos agregados de coisas, classificando-os em grupos e agrupamentos facilmente identificáveis. Para a maior parte, taxonomias têm tendência a ser hierárquicas. Não é por acaso que as ontologias usadas na Web Semântica, embora capazes de assumirem qualquer forma de rede, são tipicamente de natureza hierárquica porque se referem a agregados, subagregados e outros subagregados de objetos que são relativamente fáceis para os seres humanos e computadores de navegar e entender. No entanto, o mundo não é sempre muito fácil de se categorizar. Muitos agregados cruzam-se, e as ligações são muitas vezes mais estruturadas em redes que numa hierarquia. Por esta razão, as abordagens viradas para a classificação e navegação ganharam muito terreno nos últimos anos. Uma classificação facetada permite que os objetos, pessoas ou dados sejam classificados em qualquer quantidade de "facetas" a partir do qual diferentes combinações de um agregado de atributos podem ser selecionados para diversos fins de classificação. As facetas de Ranganathan (2006) constataram ser especialmente a favor da comunidade de bibliotecas, oferecendo um esquema estruturado que tira o máximo partido do cruzamento de vários agregados com o objetivo de encontrar coisas que procuramos. Embora possa causar dificuldades aquando da atribuição de objetos num espaço fisicamente ordenado, como prateleiras da biblioteca, um esquema de classificação facetado promove a boa organização baseada em computadores. Talvez o mais significativo a partir da perspetiva do aluno é que as facetas forneçam maneiras de ver as mesmas coisas de forma diferente. Quebrando a hierarquia e modo se pensar nos modelos de rede, as facetas promovem a vista do mundo baseada em agregados, onde orientações múltiplas possam ser exploradas. Se os especialistas definem essas facetas, então eles oferecem uma forma de ver o mundo a partir da perspetiva de diferentes especialistas. No entanto, quando definidas por um público diversificado, as facetas podem realmente oferecer maior valor. S. E. Página (2008) argumenta, usando fundamentalmente a lógica e dados empíricos, que um agregado aleatório de pessoas vai geralmente proporcionar uma melhor resolução de problemas, que um agregado de especialistas, devido à maior diversidade de perspetivas, heurísticas, interpretações e modelos preditivos que partilham. Para Page, interpretações equivalem vagamente a categorizações, elas são maneiras de dividir o mundo colocando coisas juntos. Combinadas com modelos de previsão, elas fornecem um meio de descrever o mundo e, mais significativamente, levar a ações efetivas. Na web social, as interpretações são surgem na forma de tags, a metadada aprovisionada pelos criadores e utilizadores de conteúdo que ajudam os outros a interpretar e descobrir agregados. Em associação, o agregado de tags é conhecido como um folksonomias (Vander Wal, 2007).


FOLKSONOMIAS

O crescimento dos média sociais tem sido visto como o crescimento do método de restruturação da classificação facetada na formato das taggs sociais, segundo o qual qualquer recurso (marcadores de favoritos, fotos, vídeos, blogs, etc.) é assinalado por um ou mais indivíduos. Uma máquina que possibilita a descoberta de recursos com taggs semelhantes, que outros podem encontrar agregados nas suas classificações. Estas folksonomias definem agregados de coisas com atributos partilhados mais frequentemente conhecidos por tags e podem ser usadas para orientar uma jornada de aprendizagem. Devido à diversidade de interpretações do mundo de que tais tags representam, elas são um meio poderoso para os alunos a identificarem e explorarem o vocabulário associado a uma determinada área e os diferentes modos como essa área é conceptualizada. Antecipando a nossa discussão sobre o poder do coletivo no próximo capítulo, quando combinadas numa lista ponderada, tal como uma nuvem de tags, onde as que são mais frequentemente usadas são mostradas com maior destaque através de pormenores visuais, como o tamanho, o tipo de letra, ou a cor. As tags podem não indicar apenas o leque de interpretações do mundo que a multidão usa mas também a importância relativa de tais interpretações num agregado. Kevin Kelly identificou as tags e o hiperlink como as duas invenções mais importantes dos últimos 50 anos (2007, p. 75). Há muitos agregados orientados para o uso de tags nos quais os alunos ajudam os outros a aprender. As hashtags do Twitter ajudam-nos a encontrar discussões, fragmentos de conhecimento, e hiperlinks para mais recursos a partir dos quais podemos aprender. Flickr Commons (http://flickr.com/commons/) é um exercício de marcação de tags em larga escala, envolvendo dezenas de milhares de pessoas na categorização fotos do domínio público para o benefício próprio e dos outros, permitindo aos utilizadores encontrar facilmente fotos relevantes em grandes coleções. A catalogação e descoberta de imagens é um problema perversamente complexo, porque mesmo as mais simples fotografias de férias podem ser categorizados num número indefinido de formas (Enser, 2008). As tags socias no Flickr Commons é um ótimo exemplo de como um grande agregado se pessoas anónimas podem criar valor para os outros, sem qualquer tipo de interação social. Algumas fotos da coleção do domínio público foram marcados milhares de vezes, com tags que identificam pessoas, lugares, objetos, temas, assuntos, conceitos, cores e centenas de outros atributos que podem ser utilizados para dividir os objetos em agregados. Sites de partilha favoritos como o Delicious, Furl, e Diigo são fortemente dependentes das tags que as pessoas fornecem para categorizar o interesse de acordo com o tema. Além de permitir ao agregado ajudar os seus membros a dar sentido ao mundo interpretado por outros, o ato de marcar (tagging) em si, é uma ferramenta metacognitiva que incentiva e que faz pensar sobre as coisas que importam, ajudando o processo de construção de sentido, a incorporação da reflexão no processo de criação e melhorando assim a aprendizagem (Argyris & Schön, 1974). Este processo pode ser auxiliado por sistemas que sugerem tags adicionais, previamente aplicadas por outros, semelhantes a tags de primeira escolha, o que ajuda a diminuir a potencial multiplicidade de sinónimos se tornarem tags mas também limita a variabilidade com resultados positivos ou negativos. Valos voltar a falar de outras desvantagens da marcação (tagging) mais adiante neste capítulo.


FERRAMENTAS PARA AGREGADOS

Existem várias ferramentas disponíveis que propõem e aumentam formas de aprendizagem em agregados. Tipicamente, a maior parte das aplicações orientadas a agregados não são dedicadas exclusivamente a agregados, providenciando também ferramentas de alcance de redes e, nalguns casos, grupos. Iremos descrever alguns dos principais exemplos do género, providenciando um entendimento do conjunto de ferramentas e sistemas que podem ser utilizados na aprendizagem orientada a agregados.


Listservs, Usenet News, Fóruns Abertos e Listas de E-mail

Várias décadas antes da invenção da World Wide Web, as pessoas eram levadas a postar em quadros de avisos, servidores FTP anónimos, grupos de notícias e outros serviços orientados a tópicos, com grande entusiasmo. Muitos destes serviços desenvolveram-se em valiosas comunidades de redes e grupos, com hierarquias emergentes ou impostas e economias complexas, guiadas pelo capital social, muitas outras celebravam o envolvimento aberto dos indivíduos e temas sem laços socialmente significativos. Tais serviços são ainda muito comuns hoje em dia, na forma de sites de interesse social – Pinterest, Wikia e learn.ist como principais exemplos – sites dedicados a diferentes softwares e hardware, e muitos mais.


Socially-argumented Publications

É raro encontrar alguma forma de publicação que não permita um determinado nível de interação anónima entre os utilizadores – jornais, revistas, blogs públicos, todos oferecem envolvimento a um nível público, frequentemente anónimo ou onde a identidade da pessoa é irrelevante, oculta ou ambígua quando faz comentários. Existe uma linha ténue entre a orientação anónima destes e o modo de envolvimento da rede, sendo que muitos serviços combinam as duas formas. Por vezes, as redes são explícitas em links de retorno (trackbacks) onde um comentário de um blog leva a um diferente site ou ao envolvimento em conversações com outros indivíduos. Muitas vezes, os comentários provêm de pessoas que mais nenhum participante conhece ou deseja conhecer.


Tags, Categorias e Tag clouds

A classificação folksonomica, onde processos bottom-up são utilizados nos conteúdos de tags e são arquetipicamente orientados a agregados. Quando utilizamos tags para procurar um contexto, a nossa preocupação não é com os indivíduos que os criaram mas sim com os tópicos que eles referem. Hashtags no Twitter, tags no Delicious, Flickr e muitos outros sistemas providenciam uma forma de orientação a agregados de descoberta de recursos cooperativos. Por vezes, os sites utilizam uma combinação de categorias top-down e folksonomias bottom-up. Por exemplo, Slashdot, Reddit, Digg e StackOverload providenciam listas de tópicos comuns onde os posts ocorrem.


Termos de Pesquisa

Quando introduzimos um termo num motor de pesquisa, procuramos, tipicamente, um conjunto de coisas que partilham os atributos das palavras-chave ou expressões introduzidas. O que conseguimos, se tudo correr bem, é uma lista de itens onde outros utilizaram esses mesmos termos. Para além disso, o motor de pesquisa faz a mediação entre criadores e pesquisadores, não permitindo um formato de diálogo um-para-um entre eles. Contudo, as intenções do criador podem ser muito diferentes das intenções do pesquisador, mesmo quando este tem muitas competências na arte da pesquisa. Infelizmente, como já observamos, a “expertise” em parte é resultado da capacidade de utilizar categorias efetivas e um aprendiz será incapaz de saber quais os termos mais apropriados pra as suas necessidades nos campos de interesses. Os agregados apresentados, nestes casos, podem ser muito confusos e tangenciais. Por exemplo, se um formando introduzir o termo “evolução” com a intenção de aprender mais sobre a teoria, a lista de resultados incluirá muitos sites ideologicamente criacionistas (muitas vezes manipulados através de mecanismos de optimização de pesquisa para aparecer na lista), sites que utilizam a palavra num sentido pré-Darwiniano (como a evolução de uma design ou conceito), um filme de Charlie Kauffman, um número de produtos de beleza e muitos mais resultados de pouco valor. Como a tag, o termo de pesquisa é muito susceptível a várias formas de ambiguidade. Mas ao contrário da maioria dos sistemas de tagging, a pesquisa de termos pode ser refinada. Uma pesquisa sobre “a teoria da evolução de Darwin” irá originar um conjunto de resultados mais focados, mas mais uma vez, a anonimidade do agregado irá querer dizer que o aprendiz estará em conversações com teóricos evolucionistas e historiados mas também com criacionistas. Se tivermos presente que o nosso aprendiz hipotético sabe pouco ou praticamente nada sobre evolução isto coloca-o/a em grande perigo. Sem um modelo teórico para perceber as fraquezas e falhas do ponto de vista criacionista, pode aprender ideias incorrectas que irão dificultar a compreensão da teoria correta. Teóricos mais complexos poderão ver o alcance potencial de resultados úteis e menos úteis como uma paisagem acidentada: existem muitas soluções possíveis ou “picos” que podem encaixar na perfeição, mas escalar um (mesmo que pequeno) tornará muito mais difícil o alcance de um pico mais alto ou mais útil (Kauffman, 1995). Enquanto a maioria dos sistemas de pesquisa seguem a lógica de agregados num sentido abstracto, muito utilizam o agregado de pessoas mais explicitamente em algoritmos destruindo as semelhanças entre pesquisadores. Alguns, como a utilização do PageRank pela Google, também utilizam redes para ajudar a providenciar resultados relevantes. Iremos voltar a esta utilização de agregados no capítulo sobre coletivos.


Sites de Interesse Social e Curadoria de Conteúdo

Sites como o Pinterest, Learni.st, Wikia, Scoop.it, etc, permitem às pessoas a partilha da coleção de conteúdos relacionados - em breve agregados. A curadoria de conteúdo pode ser criada por indivíduos, grupos, e redes assim como por conjuntos de pessoas, e pode ser directamente autorizada e/ou colectada a partir de outro lado, mas independentemente de como for criada, providencia um conjunto de recursos que estão agrupados sobre um tópico de interesse. Muitos mais sites sociais providenciam ferramentas para agregação de conteúdo sobre um tópico ou tema: Canais do YouTube e páginas do Facebook, por exemplo, providenciam conteúdo organizado tematicamente onde o agregado é pelo menos tão importante como a rede ou grupo que lhe está associado. Embora o género tenha sido comum ao longo da história da rede social, pelo menos desde as Usenet News e quadros de avisos, nos recentes anos, tem havido um crescimento significativo de sites de curadoria de social, já para não falar no crescimento sustentado nos sites sociais como Delicious, Diigo, and Furl, partilhando opções para ferramentas de curadoria pessoal como Evernote ou Pocket (anteriormente ReadItLater), e formas de utilizar ferramentas mais genéricas como Páginas de Facebook e Sites do Google para reunir e partilha informação num tópico. Sites ou áreas de sites protegidos preocupam-se com nichos – áreas de interesse que são muitas vezes pequenas – por exemplo, comida (p.e. Foodspotting.com) ou fitness (p.e. fitocracy.com). Enquanto a maioria dos sites de áreas específicas podem ser usados por grupos e envolvem redes, os sites deste tipo disponíveis publicamente são muito baseados na natureza. A maioria dos sites de nicho fazem grande utilização de folksonomias para organização, muitas vezes combinadas com sistemas de categorização top-down e hierárquica. Numa perspetiva de aprendizagem, os sites protegidos combinam muitas das vantagens de recursos de aprendizagem behaviorista-cognitivista, baseados em conteúdos criados pelo professor aliados ao valor dos agregados, e opcionalmente, redes e grupos. Os sites de curadoria social, como o nome implica, afirma a capacidade de categorizar, avaliar, discutir e comentar. Para além disso, a maioria do conteúdo protegido pode ser re-protegido, misturado a agregado, aumentando o seu valor por re-contextualizá-lo para diferentes comunidades e necessidades. Diferentes formas de conversação podem ser desenvolvidas sobre o mesmo conteúdo, novas conexões podem ser feitas entre diferentes áreas de tópicos, e o valor de perspetivas diversas e interpretações podem ser fortemente exploradas.


Media Partilhados

Muitos sites de media avançada partilham tutoriais e exemplares, alguns gerados pelos utilizadores, outros mais top-down mas com discussões associadas ou opções de comentário. YouTube, TeacherTube, The Khan Academy, Flickr, Instructables, e muitos outros sites oferecem conteúdos de aprendizagem muito ricos onde os agregados orientam discussões e aprendizagens. Os media agem como ancoras para a aprendizagem de um tópico em particular. Wikis são bandeiras baseadas em ferramentas de agregados. Wikipedia, Mediawiki Commons, Wiki Educator, e outros sites de referências e de partilha são baseados na categorização de conteúdo. Enquanto muitas wikis suportem agregados e redes, o primeiro envolvimento numa wiki está quase sempre focado no conteúdo em detrimento da interação social. Indiscutivelmente quando todos olham para a aprendizagem baseada em agregados, a Wikipedia é sem sombra de dúvidas a enciclopédia mais consultada alguma vez escrita, e uma das duas principais ferramentas de aprendizagem da Internet de hoje, sendo a outra a Pesquisa do Google. Se alguém expressar dúvidas sobre a aprendizagem online ser o futuro apenas teremos de lhe perguntar onde procuram em primeiro lugar algo novo. Na maioria dos casos a resposta é “Wikipedia” ou “Pesquisa do Google”. A organização da Wikipedia é complexa e altamente social, mesmo assim, tem poucos grupos identificáveis e muito poucos enquanto redes. A maioria da interação é indireta, mediada através de edições nas páginas por multidões anónimas ou desconhecidas, editando ou visitando a página em virtude do interesse no tópico que ela descreve. Por outras palavras, são parte de um agregado com o atributo partilhado no tópico de interesse. Com um semelhante número de utilizadores, o YouTube é outro sistema baseado em agregados que é extremamente popular para um grande número de utilizações, muitas delas de natureza educacional. As redes sociais no YouTube não são a sua principal característica, e muita da interação que ocorre é centrada em vídeos específicos ou conjuntos de vídeos (coleções). Enquanto que o número de vídeos educacionais no YouTube ultrapassarem os encontrados noutros sites, incluindo o Facebook, outros sites similares como TeatcherTube e SchoolTube providenciam serviços especificamente focados na educação. O benefício destes sites consistem no grande foco na aprendizagem formal, tornando mais fácil aos aprendizes a identificação de recursos fiáveis e uteis sem a distração de vídeos para rir (Lolcats) e vídeos de música. São sites de nicho que contêm sub-nichos ou sub agregados categorizados de forma a ligar os aprendizes aoconteúdo e consequente interação. Assim, a escolha do site surge como um meio de classificação e organização de recursos de aprendizagem ao longo das linhas de ajuste.


Sistemas Locativos

Os lugares são atributos partilhados pelas pessoas que estão na mesma localização. Um grande número de aplicações sociais foram desenvolvidas para ter vantagem sobre a co-localização geográfica, desde pesquisadores de restaurantes (p.e. Yell, Around-me, Google Latitude), a jogos como meio para descobrir locais (Geotagging, FourSquare) e a plataformas cooperativas de compras (Groupon). Muitas aplicações móveis utilizam a informação de localização para descobrir e postar informação sobre o local: FourSquare, Google Latitude, Geotagging, e muitas mais ferramentas permitem interacções persistentes sobre um local. Os lugares tornam-se argumentados pelas actividades das pessoas que neles habitam, com as localizações a servir de atributo que define o agregado de pessoas que visitam espaços geográficos.


Realidade Aumentada

Códigos de barras em 2D como Semacode, QR Codes e tecnologias similares permitem a objectos físicos serem categorizados. Estes códigos de barras são utilizados para publicidade, permitindo às pessoas tirarem fotos dos códigos utilizando telemóveis ou dispositivos semelhantes e receber informações ou, mais comum, hiperligações para sites que providenciam mais informação. Apesar de apresentarem potencial para aplicações educacionais estes não utilizados socialmente. Contudo, uma abordagem promissora para a aprendizagem enquanto agregado num determinado local será o fornecimento de informação virtual vial telemóvel, tablet ou dispositivos mais sofisticados como os Google Glass, permitindo às pessoas deixarem marcos virtuais ou tags para que outros possam descobrir, desde que acompanhados com dispositivos adequados.


Crowdsourcing

Uma utilização particularmente poderosa dos agregados para a aprendizagem consiste nos sites de pergunta e resposta e outras abordagens ao trabalho de crowdsourcing, resolução de problemas, e construção criativa. Desde sites simples como Q&A como o Quora para corretoras mais complexas para competências e serviços, as soluções de crowdsourcing para os problemas de aprendizagem são populares e prosperam. De novo, muitos destes sites alternam entre modo de rede e modo de agregado, por vezes intencionalmente, outras vezes por acaso. Por exemplo, Amazon’s Mechanical Turk ou Innocentive providenciam um papel mediador entre pessoas com problemas e pessoas com potenciais soluções, utilizando tipicamente características baseadas em agregados para combinar os dois ou facilitar a troca de dinheiro entre as partes. Outros sistemas, como Yahoo Answers e Quora, são obviamente menos baseados em incentivos: enquanto o capital social apresenta o seu papel, em casa caso a interação varia de acordo com o modelo de rede, muitas pessoas contribuem com respostas porque podem. O altruísmo é uma característica profundamente enraizada no homem que tem vindo a evoluir na nossa espécie: escusado será dizer que as pessoas frequentemente arriscam as suas próprias vidas para salvar estranhos permitindo-nos ver este fundamento em acão (E. O. Wilson, 2013). Uma das formas mais óbvias de explorar a sabedoria das multidões é colocar uma questão. Assumindo que a pergunta tem significado e uma resposta certa, é provável que exista alguém no ciberespaço que a saiba. Dois gigantes das redes sociais lidaram com esta oportunidade de formas diferentes. A Yahoo Answers é dos mais antigos sites de respostas. Modelado a partir do site coreano Naver Knowledge iN (www.naver.com), Yahoo Answers permite aos utilizadores colocar e responder a questões sem taxas ou recompensas concretas. As questões e as suas respostas são categorizadas e filtradas para remover material desagradável ou sem sentido. Os utilizadores providenciam respostas, e o questionador decide ou permite á multidão escolher a melhor. Obviamente, o site providencia valor aos utilizadores podendo procurar arquivos de respostas para questões relevantes. Como todos os sites sociais, Answers adquire maior valor na proporção do seu número de utilizadores. Para suportar e encorajar a participação, Yahoo oferece pontos por contribuição. Cinco meses após o seu lançamento em dezembro de 2005, o Yahoo Answers publicava perto de meio milhão de questões por mês, gerando cerca de 4 milhões de respontas, uma média de 8,25 respostas por questão (Gyongyi, Pederden, Koutrika, & Garcia-Molina, 2008). Como em muitos sites disponíveis publicamente, o Yahoo Answers contém muito “ruído” ou questões e respostas que podem ser classificadas de idiotas ou inanes. Curiosamente, muitas das questões parecem ser colocadas para estimular a discussão bem como para obter uma resposta definitiva. Uma questão colocada pela utilizadora Gothic Girl ilustra o”ruído” assim como o estimulador de discussão: “Qual é a tua comida preferida??? (podem ser doces, para mim também são comida)” recebeu 41 respostas! Alternativamente, a questão de Katie R. na seção de Matemática, “Se eu calcular a variância de uma coleção de dados para ser .235214, isto quer dizer que é uma variância larga (que os dados estão espalhados) ou que existe uma variância relativamente pequena?” recebeu uma resposta com exemplos de um contribuidor de topo cujo perfil explica “por educação e profissão, sou um estatístico.” Os sites rivais de respostas como o Answerbag.com e o Quora, um site Q&A mais orientado em rede, estão a desenvolver regras e práticas que procuram organizar melhor as questões e as respostas, e suportar o desenvolvimento de comunidades entre os seus membros. Por exemplo, permitem aos seus membros desenvolver perfis pesquisáveis e envolver-se em discussão através de comentários para novas perguntas ou comentários. O Google encetou uma abordagem mais tradicional no Google Answers, um serviço comercial, permitindo aos utilizadores a indicação de recompensas entre 2$ e 200$ para as soluções. Rafaeli, Raban e Ravid (2007) analisaram todas as perguntas e respostas submetidas entre 2002 e 2004, e encontraram que mais de metade das 78,000 questões colocadas foram corretamente respondidas com um média de pagamento de 20.10$. Após quatro anos de operações, a Google descontinuou a aceitação de perguntas e respostas, e descreveu o projeto como uma experiência interessante. A sua falha perante o contínuo sucesso da Yahoo levantou um debate interessante sobre a blogoesfera. Parece que muitos querem colocar questões, alguns querem responder, mas poucos querem pagar e ainda menos querem ter de lidar com a contabilidade, com o spam e com todas as outras questões desafiantes como as empresas online. Isto leva-nos também aos perigos da motivação extrínseca reduzir a motivação para a resposta (Kohn, 1999). Uma característica muito notável da maioria dos sites Q&A existentes é que as recompensas são intrínsecas, e muitas vezes providenciadas por razões completamente altruístas, sem esperar sequer vencer o capital social. Nos últimos anos, os sites StackOverload tornaram-se muito populares porque não só oferecem interação baseada em agregados mas também métodos de identificação de respostas úteis, baseada em coletivos, organizados por aqueles reconhecidos como mais benéficos ou precisos. A utilização de sites de respostas criou uma opção adicional para professores e alunos providenciando um recursos social mais atual que a maioria das fontes web ou de impressão. Esta consulta da multidão é contudo menos definitiva e fiável que a maioria dos recursos de referência tradicionais incluindo alguns como a Wikipedia, que armazena revisões mais críticas e compreensivas dos pares para a exatidão, conectividade, relevância e autoridade. Alguns alunos utilizam os serviços de respostas apenas como meio para aliviar a sua carga de trabalho e consequentemente, diminuir a sua aprendizagem através da colocação de questões relacionadas com o trabalho no sentido de conseguir “respostas fáceis”. É sem surpresa, que este abuso da multidão tenha levado ao aparecimento do movimento DYOH (Do Your Own Homework). Não obstante, os sites de perguntas e respostas podem ser úteis para questões por tópicos onde a discussão de assuntos criados socialmente entre os respondentes pode dar lugar a um fórum para criação de conhecimento não disponível através dos recursos mais tradicionais. Uma revisão dos sites mais populares também revelou exemplos de conteudos explícitos que podem ser ofensivos ou inapropriados para os alunos. TeatchthePeople.com é outra site recente que providencia “especialistas” com espaço em servidor para onde podem carregar material de ensino e aprendizagem em vários formatos, em “comunidades de aprendizagem”. Este site partilha as receitas com os “professores” que dependem do número de alunos que acedem ao site.


Crowdfunding

Cada vez mais, os aprendizes fundamentam a sua aprendizagem com o apoio de multidões. Sites de crowdfundind para estudantes como o Upstart (www.upstart.com) ou o Scolaris (www.scolaris.ca) agrupam agregados de pessoas interessadas em financiar os aprendizes. Enquanto muitos ainda dependem de grupos para esta questão (governos, famílias, empresas, e outros), o agregado tem provado ser muito eficiente em ligar os que necessitam aos que querem dar. Porque estas aplicações têm tendência para permitir os pedidos apenas uma vez, as redes não acrescentam nada de novo, à parte de ajudarem a verificar a identidade e, ocasionalmente, permitindo aos financiadores descobrir mais sobre os alunos que procuram financiamento.


RISCOS DE APRENDIZAGEM BASEADA EM AGREGADOS

Confiança

O relativo anonimato dos agregados torna mais difícil alcançar um sentimento de confiança no conteúdo produzido pela multidão do que em grupos ou redes. A Internet está notoriamente cheia de distorções, mentiras e falsidades de várias formas, mas mesmo quando os dados são precisos e significativos, não quer dizer que serão de grande valor para um aluno, num momento particular da sua trajetória de aprendizagem. O problema piora pelo facto de, por vezes, as pessoas enganarem ou distorcerem a verdade deliberadamente. Na falta de pistas como a presença de publicidade, excesso de pontos de exclamação, ou falta de referências, existem três formas distintas que a fiabilidade do conhecimento adquiriu através dos agregados podendo ser determinado inerente na forma social. A primeira é a correlação: se mais de uma resposta semelhante a um problema pode ser encontrada num agregado, aumenta a probabilidade de a resposta ser de confiança. A natureza dos agregados, contudo, torna esta abordagem arriscada, porque as pessoas nos agregados influenciam-se umas às outros e é muito usual falsidades serem publicitadas através e entre eles, cada solução errada reforça as que apareceram anteriormente. A segunda é o desacordo: onde múltiplas perspetivas e soluções são apresentadas, tipicamente leva à discussão, e analisando as forças e fraquezas dos argumentos, o aluno pode formar uma opinião mais informada sobre a solução correta. O desacordo é normalmente bom para os alunos em agregados, encoraja a reflexão dos assuntos e conceitos envolvidos, permitindo aos alunos formar uma visão mais coerente do tópico em análise. Em terceiro lugar, para além das capacidades da forma social, outras formas sociais podem ter um papel importante no estabelecimento da verdade: podemos, por exemplo, confiar em opiniões traduzidas nas nossas redes, recorrer a um grupo de discussão ou como iremos ver, utilizar os coletivos para estabelecer reputação ou confiança na informação providenciada num agregado.


Anonimato

No todo, o relativo anonimato do agregado traz benefícios notáveis para o aluno. Pode haver grande abertura e entusiasmo à participação, especialmente quando os tópicos envolvem questões pessoais sensíveis. Quando a multidão está a contribuir, editar e alterar um recurso iniciado por outros (p.e. um artigo na Wikipedia) o anonimato torna mais fácil o processo de edição porque é improvável que os editores se sintam em dívida para com os primeiros autores como seria de esperar num grupo ou rede. Quando se utilizam wikis em grupos, descobrimos que os laços fortes, os papéis, o capital social e a cortesia envolvidos podem dissuadir os membros da edição de algo produzido por outros. Esta pode ser uma forte tendência nos países dos dois autores, Canadá e Reino Unido, ambos conhecidos pelas culturas de cortesia, mas parece que quanto mais os alunos conhecem os outros, ficam menos predispostos a modificar o trabalho de outros, num mundo peculiarmente mediado por wikis, pelo menos sem use extensivo de páginas de discussão ou outras opções de diálogo. No entanto, o outro lado da moeda relativamente ao anonimato é que é mais provável que as pessoas sejam tratadas de forma impessoal, como cifras com sentimentos que podem ser ignorados ou, como vimos no caso dos trolls da Internet, manipulados por diversão. Desde os primeiros dias da utilização de Usenet News e quadros de avisos, vimos grandes comunidades anónimas derrubadas por guerras para queimar e troçar. Outra desvantagem do anonimato é que a motivação para participar é muito mais reduzida do que em grupos ou redes. Se os indivíduos não são reconhecidos e identificáveis, existe, por vezes, menos capital social para ser adquirido, e não há sentimento de dívida para com outros indivíduos, porque não os conhecemos diretamente ou por causa das regras do grupo. O tamanho pode ter um papel importante em superar esta limitação. Onde muitas pessoas estão comprometidas, como podemos encontrar em grandes sites sociais como o Twitter ou a Wikipedia, é mais provável serem outros dispostos a partilhar e participar a qualquer momento. O The Long Tail (C. Anderson, 2004) significa que alguém, em algum lugar, poderá partilhar as mesmas preocupações, não importante quão pequeno seja o interesse.


O PROBLEMA DAS TAGS

As tags são uma forma útil de recolher a sabedoria colectiva de uma multidão, e veremos formas mais avançadas para a sua utilização no próximo capítulo sobre colectivos. Apesar disso, as folksonomias apresentam uma série de questões e preocupações.


Contexto e Ambiguidade

Especialmente na aprendizagem, o significado de tags pode ser conectado com o contexto de utilização. A mesma palavra num contexto diferente pode ter significados diferentes, apesar de a sua definição no dicionário ser a mesma. Por exemplo, se um especialista categoriza algo como “simples”, tem um significado muito diferente se o mesmo termo fosse utilizado por um iniciante. Igualmente, “negro” pode designar uma cor, uma raça ou um sentido de humor, entre muitas outras coisas. “#YEG” é uma hashtag muito utilizada pelos moradores de Edmonton para se referirem no Twitter à cidade, mas também é a designação do Edmonton International Airport. A palavra “química” utilizada para uma imagem pode se referir ao sujeito da química ou ao laço que liga dois apaixonados, consoante o contexto. Nalguns casos,a mesma palavra pode ter significados múltiplos e distintos num dicionário. O contexto é também importante quando falamos de ambiguidades lexicais ou de sintaxe onde descrições mais longas são aplicadas. Por exemplo, “Outside of a dog, a book is a man’s best friens; inside, it’s too hard to read” (atribúido a Groucho Marx (van Gelderen, 2010, p.42)) ou “they pssed the port ar midnight”. Bruza e song (2000) descreveram um conjunto diverso de categorias que se podem tornar tags: S-about (sobre-subjetivo, qualidade amplamente escalares), O-about (sobre-objetivo, classificações binárias amplas), e R-about (contextualizado num grupo de utilizadores). R-about é particularmente interessante, uma vez que sugere que diferentes comunidades podem utilizar os mesmos termos de forma diferente. Isto é confirmado por Michlmayr, Grafm Siberski e Nejdl (2005), tendo analisado as propriedades das tags, descrevendo os sites favoritos na web, obtidos a partir do Delicious. Declaram que os que marcar sites semelhantes como favoritos e os descrevem com tags semelhantes partilham outras tags, interesses e talvez, pertençam ou estejam interessados em pertencer a redes ou grupos já existente. Eles verificaram, contudo, que os utilizadores que categorizam sites semelhantes não apresentavam ligações com outros recursos já identificados. Um média de 84% dos sites marcados como favoritos pelos utilizadores que partilham um site em comum não são marcados por outros utilizadores com a mesma categorização. Além disso, encontram pouca correlação entre as tags folksonómicas e aquelas desenvolvidas como componente de um sistema mais formal de categorização desenvolvido pelo Open Directory Project (www.dmoz.org). Isto sugere que a classificação folksonómica pode servir necessidades pessoais e de grupo, mas para além de mostrarem a popularidade, na medida em que podem ser tiradas conclusões baseadas nas tags folksonómicas ou nos taggers é limitada sem uma maior análise do contexto.


Homonímia

Por vezes, especialmente em inglês, a mesma palavra tem mais do que um significado. Estas são subcategorizadas como homógrafos, heterónimos e homófonos. Homógrafos dizem de forma igual mas com diferentes significados: por exemplo, “bat” (um animal) e “bat” (bastão para bater em bolas). Quando a pronunciação é diferente, geralmente referimo-nos a heterónimos: por exemplo: “bow (uma fita atada no cabelo) e “bow” (fazer uma vénia). Igualmente, homónimos podem ser homófonos (com a mesma sonorização mas escrito de forma diferente), por exemplo: “through” e “threw”.


Sinonímia

Mesmo quando os termos são distintos, mais do que um termo pode ser utilizado para categorizar a mesma coisa. Alguns são óbvios: por exemplo “people”, “persons”, e “person” referem-se a recursos muito similares. Dicionários e ferramentas como WordNet pode lidar eficazmente com estes casos simples. Noutros casos, as palavras têm significatos distintos e precisos que não são sinónimos, mas que poderão ser utilizados para descrever o mesmo objecto: por exemplo: “e-learning”, “online learning” e “networked learning”, pelo menos para alguns referem-se ao mesmo agregado de objectos. Este pode ser um problema quando utilizamos metonímias - por exemplo, “Hollywood” para nos referirmos à indústria cinematográfica americana e o lugar onde se concentra – onde o termo apresentado não é apenas um sinónimo mas também ambíguo.


Tags Binárias vs Tags Escalares

Quase todos os sitemas baseados em categorização tratam as tags como uma simples classificação binária, que, nalguns casos, são o que se necessita. Contudo, muitas tags são imprecisas e contribuem para agregados imprecisos (Kosko, 1994): algumas coisas podem ser mais divertidas ou menos divertidas, mais vermelhas ou menos vermelhas, mais fofas ou menos fofas (Dron, 2008). Golder e Huberman (2006) listaram sete variedades distintas de tags: identificar a quê (ou quem) o recurso se refere, identificar o que é, identificar a quem pertence, refinar categorias, identificar qualidades ou características, auto-referenciação e organização de tags. Muito poucos sistemas, nomeadamente os criados pelo autor Dron, utilizam tags imprecisas que permite níveis de membros num agregado (Dron, 2008; Dron, Mitchel, Boyne & Siviter, 2000). Esperamos ver mais destes sistemas no futuro, mas estes encontram-se assolados por complicações inevitáveis com a utilização de tags imprecisas. Tags binárias dão pouco trabalho na sua criação e são tipicamente uma lista de palavras separadas por vírgulas. Tags imprecisas requerem não apenas a tag mas também a sua perceção do valor a ser celebrado e levantam novas questões sobre a forma como são apresentados e agregado – por exemplo, os valores devem ser apenas em média ou deve existir alguma forma de os medir baseado nas utilizações? Estes problemas também assolam sistemas de classificação simples, coisas como sites de avaliação e as soluções são imperfeitos da mesma forma: apresentando o número de classificações separadamente, por exemplo.


Falta de Correlação

Esta questão é muito importante considerar na aprendizagem em agregados porque um aprendiz pode considerar mais difícil que um especialista distinguir o contexto e ambiguidade, não estando ciente dos sinónimos relevantes, ou mesmo falhar na observação de homónimos distintos. Enquanto for possível discutir que o processo de descoberta assim como as incertezas são formas eficazes para se tornar adepto de uma determinada área, isto poderá reduzir a motivação e aumentar o tempo necessário à aprendizagem de novas componentes.


AGREGADOS NA SALA DE AULA ONLINE

Dentro do formal, cenários educacionais baseados em grupos onde turmas de alunos trabalham em paralelo uns com os outros em atividades partilhadas, ferramentas baseadas em agregados e comunidades podem providenciar um grande valor aumentativo. Enquanto os tradicionalistas se revoltam e chamam a atenção para os problemas que emergem da utilização da Wikipedia pelos alunos nos cursos tradicionais, citando preocupações sobre a confiança, a superficialidade e o plágio, a enciclopédia online tem o seu lugar em quase todas as transações de aprendizagem. É uma forma fantástica de entrar num tópico, providenciando não apenas uma visão bastante confiável (especialmente em tópicos académicos) mas também sobre ligações, referências e leitura complementar que pode apoiar bastante a exploração de uma área temática. Além disso, muitos professores têm reportado sucesso a motivação dos alunos em dar contribuições ativas no site: eles criam páginas, corrigem erros e envolvem-se muitas vezes em discussões ricas que surgem sobre uma página em particular. Contudo, os especialistas voluntários da Wikipedia também apresentaram queixas sobre a confusão nos artigos, pobremente escritos ou com edições incompletas que alguns alunos deixaram. No verdadeiro espirito da Wiki existe uma página na Wikipedia (en.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Assignments_for_students_editors) que discute como se poderá utilizar de forma mais eficaz um artigo na Wikipedia, enquanto trabalho escrito para os alunos. Da mesma formas, os tutoriais disponíveis em site como Khan Academy, eHow, WikiHow, HowStuffWorks, providenciam suplementos uteis opara a aprendizagem em sala de aula e também um forma de se envolver com outros, de forma a perceber como eles conceptualizam e des-conceptualizam temas e tópicos, e adquirem um sentido do seu próprio conhecimento em relação aos outros. Num cenário formal, a ampla disponibilidade de variar recursos de qualidade que pode tomar parte em alguns dos papéis tradicionais do professor, tornam possível “sacudir” a sala de aula (Strayer, 2007), um termo que descreve o que alguns professores sempre fizeram: deixar conteúdo para trabalhos autoguiados e concentrar em atividades de aprendizagem mais ricas na sala de aula. A descoberta de conteúdo e atividades que em cenários mais tradicionais formam o material do processo de aprendizagem, seja ele online ou não, pode ser escoada para o agregado, permitindo ao professor concentrar-se em processos de construção de conhecimento social que são mais apropriados para uma forma de aprendizagem em grupo.


Utilização de Agregados no Ensino

Já verificamos que um dos maiores problemas com o conjunto de modos de interação, assim como uma das suas maiores oportunidades, é o anonimato. Isto quer dizer que é vital para os utilizadores de agregados desenvolver capacidades bem definidas na identificação da qualidade, relevância e confiança nas pessoas e nos recursos. Os professores dos cursos convencionais podem ter um papel importante neste aspeto, modelando boas práticas, providenciando feedback, recomendando estratégias e oferecendo oportunidades para a prática segura. Auto referenciando-se, o próprio agregado pode providenciar recursos e pistas sobre a confiança da informação que encontramos, particularmente, se incorpora ferramentas coletivas que enfatizem a reputação, providenciem avaliações ou apresentem outras visualizações que nos permitam descobrir sobre o valor de uma contribuição ou indivíduo. Mesmo que não seja esse o caso, é muitas vezes possível seguir conversações e identificar quais os participantes que se sobrepõem nas controvérsias ou desentendimentos. Um papel importante para o professor que deseja fazer uso dos agregados é definir ou identificar vocabulário relevante e diminuir os atributos pelos quais os agregados são classificados. Isto pode simplificar a questão da partilha de vocabulário, identificando termos de pesquisa relevantes, e providenciando exercícios que utilizem a formulação adequada. Contudo, a diversidade de pontos de vista e vocabulário que pode ser descoberta também vai permitir mais oportunidades para explorar os pressupostos ontológicos de uma área temática , e pode-se ganhar muito através da comparação e contraste de diferentes formas de ver o mundo como resultado. A escolha de agregados apropriados é importante e está relacionada com o propósito e contexto do aluno. Uma multidão diversa pode ser útil para a resolução de alguns problemas e menos eficaz noutros. Geralmente, na aprendizagem, um agregado de especialistas é melhor do que um agregado aleatório, ou um feito de iniciados, senão os resultados poderão ser completamente aleatórios. Mas para focar pode querer dizer que não vamos conhecer as necessidades do aluno. Por vezes, o desenvolvimento proximal é um problema. Um agregado de especialistas numa área não será muito provável de ajudar a perceber os conceitos básicos porque o seu vocabulário e conhecimento assumido do agregado pode não tornar o assunto compreensível, mas sim desmotivar o aluno. Para iniciados, é melhor procurar um agregado de professores especialistas, explicadores, demonstradores ou co-alunos, cada qual com uma certa quantidade de conhecimento. O agregado representará um leque de perspetivas e vistas da área, que, em conjunto, irá oferecer muitas oportunidades diversas de relacionar o conhecimento existente com novas descobertas.


Desenhar e Selecionar Aplicações Orientadas a Agregados

Existem duas questões principais que os sistemas orientados a agregados precisam de lidar: publicação (ou partilha) e a descoberta (ou pesquisa). Por um lado, é necessário que exista dados suficientes organizados de forma eficaz para que os agregado possam ser descobertos e formados. Por outro lado, deverá ser possível utilizar ferramentas para procurar, organizar e fazer uso deles. A não ser que uma aplicação em rede ou site esteja altamente focado num sub-agregado diferenciado, é característica de uma aplicação orientada a agregados ter meios para classificar conteúdo. A abordagem mais popular é oferecer categorias ou tópicos top-down, tags bottom-up ou os dois; alguns vão mais longe e providenciam RDF – ontologias baseadas ou facetadas para esquemas de classificação. Ferramentas de pesquisa também são vitais, nalguns casos evadindo a necessidade de explicitar a categorização através da utilização de metatags, palavras-chave em títulos e outras pistas que ainda apresentam forte papéis no apoio aos sistemas de pesquisa para encontrar o que se procura. Um sistema de pesquisa mais rico é muitas vezes valioso: no seu extremo, poderá tomar forma de uma ferramenta de consulta virtual que gera comando SQL ou semelhantes de forma a extrair dados de uma base de dados relacional. As ferramentas de curadoria de um particular valor nas aplicações orientadas a agregados. Aos utilizadores devem ser fornecidos os meios para recolha e agregação de conteúdo, para o criar. Isto pode ser tão simples como um Wiki – o site popular Wikia, por exemplo, que faz grandes esforços para ser um site de rede social ao mesmo tempo que cria comunidades, é uma aplicação predominantemente orientada a agregados, baseada quase na sua totalidade em Wikis. Permite às pessoas criar Wikis categorizadas e permite edição anónima, de forma semelhante à Wikipedia. Outras ferramentas, como a learni.st e o Pinterest providenciam ferramentas para agregação que permitem às pessoas reunir conteúdo sobre tópicos específicos, focando a apresentação ou classificação. RSS feeds e outras tecnologias de envio que providenciam canais, como as listservs ou aplicações móveis que fazem uso de sites APIs, podem ser de grande valor em certos tipos de aplicações orientadas a agregados e curadoras de conteúdo, permitindo ao aluno identificar um agregado ou sub-agregado em particular, que pode manter um fluxo de informações. Isto é especialmente relevante para grandes agregados que providenciam conteúdos ricos sobre uma área temática. Tal agregação pode ser menos importante em sites de perguntas e respostas ou em sistemas sociais semelhantes onde o compromisso é pouco provável que persista para além do diálogo relacionado com o presente problema. As ferramentas de curadoria ganham um grande valor se estiverem aptos a utilizar normas comuns como http e RSS para recuperar conteúdo e metadados. Quando o acesso a conteúdo restrito é necessário, tal como a partir de um sistema de rede fechado, é muito valioso para providenciar os meior de acesso através dos seus APIs. Para o nosso próprio site baseado em Elgg, Athabasca Landing, criamos ferramentas para utilizar e providenciar RSS feeds autênticos, ferramentas para importar conteúdo para diferentes media sites (como wikis, blogs e favoritos partilhados) e ferramentas para penetrar nas Ferramentas do Google. Para além do agregado, sites de análise que monitorizam a utilização e visitas em várias páginas ou artefactos também podem ser úteis no fornecimento de feedback, índices de valor e até bases para serviços de publicidade para um agregado curador. Bases de dados relacionais são feitas especialmente para definir modos de interação por causa da sua base formal na teoria de agregados. Contudo, tipos mais livres de sistemas de gestão de bases de dados podem ter maior valor para certas formas de dados de agregados, especialmente onde o alto desempenho supera a necessidade de classificações exatas ou as classificações são imprecisas, não especificadas ou inconstantes. Como todas as outras aplicações sociais, as ferramentas de comunicação e partilha são um pré-requisito nos sistemas baseados em agregados, com maior enfase na partilha do que verificamos em sistemas de rede ou grupos sociais. Por causa da natureza esporádica e inconstante da interação dos agregados, as ferramentas para notificação das pessoas via outros sistemas como e-mail ou SMS são úteis. A identificação verificável de um indivíduo numa aplicação orientada a agregados é raramente tão importante como é nas aplicações de rede ou grupo, embora os perfis de interesse, capacidades e propósitos são muito úteis na filtragem para tópicos de interessente úteis. Dito isto, uma das maiores dificuldades ao lidar com agregados é determinar a exatidão, veracidade e confiabilidade dos outros no agregado, por isso é útil fornecer um meio que permita às pessoas revelar alguma forma de identidade persistente mesmo se fosse um pseudónimo e mude entre diferentes agregados. Outra gama potencialmente valiosa de ferramentas para aplicações orientadas a agregados é a que providencia uma filtragem controlável. Dado que pode haver diferentes pontos de vista, e uma vez que algum conteúdo pode enfadonho ou desagradável para alguns membros do agregado, é importante permitir características como o bloqueio de indivíduos, a filtragem baseada em palavras-chave, e ferramentas que permitam aos alunos concentrarem-se em aspetos específicos – novamente, as ferramentas de curadoria são úteis, assim como são quadros pessoais que permitem ao aluno reunir coleções de conteúdo e diálogo. De notar que a filtragem poderá ser um “pau de dois bicos”. Apesar de bem adequado para o envolvimento anónimo num agregado, numa aplicação de rede ou de grupo pode impor uma censura implícita aos membros e assim ter um papel importante na modelação da comunidade e reforço dos seus valores, criando uma câmara de eco ou bolha de filtro (Pariser, 2011) que possam ter efeitos nocivos e imprevistos. Porque os agregados, por definição, não envolvem comunidades distintas, as bolhas de filtro são menos problemáticas, assumindo que outros agregados que abordam questões semelhantes estão disponíveis para quem ache que os seus interesses ou crenças estão excluídos. Associado ao relativo anonimato dos seus membros e talvez mais do que em qualquer outra forma social, os agregados são frequentemente entrelaçados com colectivos. É raro encontrar uma aplicação orientada a agregados sem pelo menos algumas características de colectivos e/ou um grande controlo editorial. Em vez de nos debruçarmos em detalhe nesta questão, voltaremos a ela no próximo capítulo.


CONCLUSÃO

Os agregados são uma forma social omnipresente que todos utilizamos na Internet. As formas características de envolvimento social que emergem dos agregados, em contexto de aprendizagem, estão mais relacionadas com a cooperação do que com a colaboração. A aprendizagem baseada em agregados consiste na partilha de ideias, recursos, ferramentas, media e conhecimento, cativando outros, numa base transitória. Em muitas ocasiões outros irão utilizar sem o nosso conhecimento ou consentimento o que nós partilhamos: o valor do agregado cresce assim, ao longo do tempo. Uma vez que os diálogos persistentes iniciem, os sistemas baseados em agregados florescem para sistemas baseados em rede: uma das mais importantes utilizações dos agregados apresenta-se como forma de criar redes e, ocasionalmente, grupos. Indiscutivelmente, o maior valor dos agregados surge quando eles aparecem como forma social, atrás dos colectivos, e os agregados mais eficazes utilizam de forma extensa os colectivos, criando estruturas e processos dinâmicos para os conduzir e capitalizar nas suas características. Voltaremos a falar de colectivos no próximo capítulo.