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Utilizador:Bráulio Sango Guvulo

Origem: Wikilivros, livros abertos por um mundo aberto.

As razões deste livro "Eu discordo! Protesto! Eu enxergo a vida de outro modo! Vamos construir o mundo de outra maneira!" Frases como essas sempre foram produzidas pela juventude mundial em muitas épocas da história. Agora os tempos são outros. A juventude se calou, se fechou, perdeu sua garra, seus sonhos, a capacidade de discutir, sua fé na vida, sua esperança num mundo melhor. Os jovens sempre foram contestadores, sempre discordaram dos erros dos adultos, sempre lutaram positivamente pelo que pensam. Hoje é raro! Muitos deles amam o sistema social criado pelos adultos, sistema que os transforma em consumidores, que sufoca sua identidade e seus projetos. É a geração que quer tudo rápido, pronto, sem elaborar, sem batalhas para conquistar. É a geração que não sabe unir disciplina com sonhos, que procura usar processos "mágicos" para lidar com suas frustrações, que tem dificuldade em pensar antes de reagir. Muitos jovens não têm proteção emocional. Alguns são derrotados por uma área do corpo que rejeitam, outros porque as roupas não caem bem e ainda outros pelas rejeições, ciúmes, medo da perda, timidez, provas escolares, decepções, crise na relação com sua namorada ou namorado. No livro Pais brilhantes, professores fascinantes, publicado em vários países, falei com os pais, professores, psicólogos, pedagogos, médicos, sobre o mundo dos jovens. Fiquei feliz que centenas ou talvez milhares de escolas o tenham adotado. Agora, através do livro Filhos brilhantes, alunos fascinantes, chegou a vez de falar não apenas com os adultos, mas principalmente com os pré-adolescentes, adolescentes e jovens universitários sobre a mente deles, seus conflitos e desafios. É diferente do livro anterior. Este livro, devido ao prazer dos jovens pelas aventuras, foi escrito como uma ficção. As idéias de diversos pensadores, como Freud, Jung, Piaget, Vigotsky, Platão, Sócrates, Agostinho, Paulo Freire e outros, influenciaram a construção deste livro. Talvez em alguns textos você chore, em outros se encante e ainda em outros, viaje. Na realidade, eu o escrevi para jovens de nove a noventa anos. Você vai se surpreender ao perceber que os filhos brilhantes e os alunos fascinantes não são aqueles que são sempre bem- comportados, que não falham, não choram ou não tropeçam. Mas, aqueles que aprendem a desenvolver consciência crítica, decidir seus caminhos, trabalhar seus erros, construir tolerância, reconhecer suas dificuldades. São os que choram, sim, quando necessário. E por que não? São os que constroem grandes sonhos e lutam pela concretização desses sonhos. E, acima de tudo, são os que dão uma nova chance para si mesmos e para os outros quando fracassam. Você verá histórias de jovens e adultos que foram feridos pela vida, rejeitados socialmente, desacreditados, portadores de conflitos, mas conseguiram encontrar força na fragilidade e dignidade na dor. Eu mesmo tive de experimentar uma amarga experiência enquanto escrevia este livro. Permita-me contá-la para dar mais sabor ao conteúdo desta obra. Antes disso, quero dizer que para mim o culto à celebridade é uma imaturidade da inteligência, pois cada ser humano, rico ou pobre, intelectual ou inculto, judeu ou árabe, artista ou espectador, é igualmente importante. Certa vez, um jornalista fez uma matéria agressiva e completamente injusta sobre mim num órgão de imprensa que tenho em alta conta. Em vez de fazer crítica literária, ele usou um linguajar que destilava raiva e sarcasmo. Não sei qual a raiz desse ódio, só sei que desrespeitou não apenas a mim, mas milhões de meus estimados leitores de todos os níveis culturais que sabem escolher o que lêem, dentre os quais inúmeros médicos, psicólogos, sociólogos, biólogos, professores, pedagogos, advogados, juízes de direito e cientistas que usam meus textos em vários países. Devemos sempre criticar as idéias dos outros, mas nunca violá-las, pois não somos proprietários da verdade, não somos deuses. Como freqüentemente digo na teoria da Inteligência Multifocal, do ponto de vista filosófico a verdade é um fim inatingível. A cada dez anos muitas verdades científicas caem no descrédito, perdem seu valor. O conhecimento é produzido num processo sem fim. O conhecimento considerado absurdo hoje poderá ser supervalorizado amanhã. Isso sempre ocorreu na história da ciência e da cultura. Por isso, a democracia das idéias é uma necessidade inevitável. Não é possível viver em liberdade sem respeitar os que pensam diferente de nós. O jornalista entrevistou-me porque disse que era o autor brasileiro mais lido no país atualmente (época do lançamento deste livro), com mais de um milhão e duzentos mil livros vendidos, no último ano. Não entendo por que tenho tantos leitores, não mereço esse sucesso. Não tenho uma equipe de marketing, nem assessor de imprensa e moro longe dos grandes centros. Além disso, não tenho muito prazer de dar entrevistas, pois não sou celebridade e nunca serei. Sou apenas um psiquiatra e um simples pensador que procura ansiosamente entender o complexo teatro da mente humana. Freqüentemente pergunto-me: como entramos na memória em milésimos de segundos e encontramos os endereços dos verbos, pronomes, substantivos, que constroem as cadeias de pensamentos? Cada ser humano, ao produzir um pensamento, realiza uma tarefa muito mais complexa do que entrar na cidade de São Paulo de olhos vendados e encontrar uma determinada pessoa sem saber seu endereço. Ricos, miseráveis, adultos, crianças, intelectuais, iletrados, enfim, todos nós somos mais complexos do que imaginamos. Há mais de vinte anos analiso o fantástico processo de construção de pensamentos e cada vez mais me convenço de que quase nada sei. Não sou sábio, apenas procuro a sabedoria. Meu sonho é que todos os leitores, jovens e adultos, procurem a sabedoria e aprendam a escrever os capítulos mais importantes da sua história nos momentos mais difíceis da sua vida. Para mim, a sabedoria está morrendo num mundo lógico, consumista e imediatista. Por isso, as sociedades modernas estão se tornando uma indústria de estresse e doenças psicossomáticas. Contei essa breve história para mostrar que também atravesso meus desertos como os personagens que vocês conhecerão neste livro. Quero mostrar, em especial aos jovens, que há períodos em que tudo dá certo na vida, recebemos apoios e aplausos. Há outros períodos em que fracassamos, somos rechaçados, frustrados e criticados justa ou injustamente. Algumas pessoas jamais nos elogiarão, por mais que façamos um excelente trabalho, embora devessem pelo menos nos respeitar. Mas se não formos respeitados, o que fazer? Devolver a agressividade? Jamais! Veremos que os frágeis usam a violência, os fortes as idéias. Devemos respeitar essas pessoas c pensar como o filósofo Nietzsche pensou: "Aquilo que não me inata, me torna mais forte". Para mim, as idéias são sementes. O maior favor que se faz a uma semente é enterrá-la... Cada ser humano, mesmo os alunos que tiram notas baixas na escola, tem um potencial intelectual enorme para ser explorado. Para explorar esse potencial, devemos em primeiro lugar aprender a debater o conhecimento e expressar sem medo o que pensamos e sentimos. Em segundo lugar, devemos ter em mente que a grandeza de um ser humano está na sua humildade, na compreensão das suas limitações e na capacidade de se fazer pequeno. Em terceiro lugar, precisamos explorar novos caminhos com coragem. Como sabiamente disse Alexandre Graham Bell, o inventor do telefone: "Se andarmos apenas por caminhos já traçados, chegaremos apenas onde os outros chegaram". Em quarto lugar, devemos conhecer que a arte de pensar em filosofia começa quando começamos a duvidar e criticar. Devemos aprender a duvidar das nossas falsas verdades e criticar as promessas políticas, a imprensa, o ensino em sala de aula, os livros, inclusive meus livros e minhas idéias. Analisem livremente tudo que lhes disserem e absorvam o que considerarem útil. Assim, não serão servos, mas líderes de si mesmos, verdadeiros pensadores que transformarão o mundo, pelo menos o seu mundo. É no fogo da dúvida e da crítica que o ser humano adquire sua estrutura. Este livro começa com um professor de Beslan, uma escola da Rússia que foi massacrada por um ataque terrorista. Sofrimentos indecifráveis ocorreram em seu interior. Usei o drama real de Beslan nesta ficção, para que as lágrimas dos pais, dos professores e dos alunos dessa escola se tornem um memorial inesquecível. Para mim, os professores (incluindo os pedagogos e os psicólogos da educação) são sacerdotes da inteligência e, portanto, os profissionais mais importantes da sociedade, e a escola é o seu lugar mais sagrado. Neste livro, um professor da escola de Beslan, depois de se deprimir e desejar nunca mais pisar em sala de aula devido ao ataque terrorista que presenciou, deu a volta por cima. Saiu da sua crise, começou a revolucionar a sua vida e depois alvoroçou outras escolas do mundo. Ele se tornou um especialista em provocar os seus alunos e fazê-los pensar. Sócrates, o brilhante filósofo grego, provocava a inteligência dos seus discípulos através da sua fabulosa capacidade de perguntar e duvidar e, desse modo, formou espetacularmente um grupo de jovens de mentes livres entre os quais Platão, que aprenderam a amar o debate de idéias e que, por fim, influenciaram a humanidade. Os professores desta ficção usarão os princípios de Sócrates em sala de aula para abrir a mente de seus alunos. Prepare-se para ser provocado e contagiado pelo professor Romanov. Ele é incendiário, agitador e super inteligente. É capaz de despertar os alunos alienados e fazê-los sonhadores. É capaz de contagiar os alunos tímidos e fazê-los intrépidos, corajosos. É também capaz de instigar professores desanimados e fazê-los vendedores de sonhos que viram de cabeça para baixo a sua escola. Que neste livro você possa viver uma grande aventura, passear pelo mundo da ficção e encontrar um personagem importantíssimo que está nas entrelinhas desta história: você mesmo! Augusto Cury[editar | editar código-fonte]