Socialismo no Século XXI/Prefácio

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Socialismo no Século XXI - Prefácio

A explicação[editar | editar código-fonte]

Albert Einstein

Por que Socialismo?[1][editar | editar código-fonte]

Dado que o propósito real do socialismo é superar e avançar além da fase depredadora do desenvolvimento humano, a ciência econômica em seu estado atual não pode deixar muita luz sobre a sociedade socialista do futuro.
Albert Einstein, in Por que Socialismo?

As variadas linhas de pensamento socialistas surgiram como reação ao quadro de desigualdade, opressão e exploração vigente sob o sistema e sociedade capitalista do século XIX. Tais teorias propunham formas de buscar uma nova harmonia social por meio de drásticas mudanças na sociedade, economia e política. Além disso, sugeriam também, uma gestão socializada; momento esse em que as necessidades da população guiassem a produção econômica, nesse momento, ter-se-ia o comunismo.

Ludwig von Mises

Assim, para chegar-se a tais fins, diversos meios foram propostos. E desses, surgiram outras ramificações e derivações, que por efeitos práticos terminaram por dividir todo o conceito socialista em práticas um tanto quanto incompreendidas – e, portanto precocemente rejeitadas – quanto ineficientes.

Entre os críticos do socialismo podemos citar o economista Ludwig von Mises, que define o socialismo como sendo um sistema econômico em que um indivíduo ou grupo de indivíduos de uma sociedade controla todos os outros indivíduos através da coerção e compulsão organizada.[2]

Mas nas palavras de Mises, fica claro que este não foi capaz de abranger todo o verbete socialismo, tendo abarcado somente a sua forma real,[3] mas sem buscar compreender a teoria dos pensadores comunistas, socialistas ou mesmo anarquistas.

O Contexto[editar | editar código-fonte]

Europa Industrial[editar | editar código-fonte]

Adam Smith, adepto do Liberalismo e um dos fundadores da Economia Política

Há uma evolução do sistema capitalista necessária de se compreender antes de se buscar uma simples explicação para sua antítese: o comunismo.

As primeiras formas de capitalismo surgiram com o acúmulo primitivo de capital, herdadas da época do Mercantilismo e do Renascimento, onde era possível acumular ouro e prata. Efetivamente o capitalismo tem seu início real a partir da Revolução Industrial como marco; mas se fez presente, como base ou como teoria, de outras revoluções conhecidas como "Revoluções Burguesas", tais como a Revolução Inglesa, a Independência dos EUA e a Revolução Francesa.

Assim, o capitalismo se apoiou num arcabouço de crenças ideológicas e econômicas, tais como o Liberalismo — a ideologia capitalista —, e a Economia Política. Logo em seguida, o capitalismo, já estruturado conforme os moldes burgueses de produção; surge na sua forma industrial massificada, numa busca constante de geração de lucro e conseguinte acúmulo de capital.

Como surgiu[editar | editar código-fonte]

A recém-iniciada Revolução Industrial por volta da metade do século XVIII, trouxera uma nova organização social; que segundo aponta Engels, teve como consequências imediatas, a divisão da sociedade em burgueses e proletários, e mesmo um processo que seria a forma embrionária do que hoje temos por entendimento comum como o processo de globalização. Outra decorrência dessa revolução seria a sobrepujança da classe burguesa; num processo em que "A burguesia aniquilou o poder da aristocracia, da nobreza, ao abolir os morgadios ou a inalienabilidade da propriedade fundiária e todos os privilégios da nobreza" e à medida que permitia o crescimento político desses revolucionários, também desenvolvia a quantidade do proletariado.[4]

Dessa forma, durante 1830 e 1840 vários filósofos ingleses e franceses, com a intenção de coibir a continuidade da política exploradora capitalista, passaram a ser chamados de socialistas. Esse termo designava anarquistas, comunistas, anarco-sindicalistas; mesmo havendo idéias bens diferentes dentre esses grupos. Isso porque tinham uma crença em comum: a existência de uma economia que não beneficiasse somente algumas classes, mas sim todas as pessoas. Criticavam o laissez faire e sua política de mão-invisível, propondo uma sociedade cooperativa, harmônica, racional e justa. Após as correntes teóricas, o termo socialismo continuou a ser utilizado para se referir aos regimes estabelecidos durante o século XX, como no caso do Leste Europeu, China, Cuba, Vietnã e Moçambique.

Entretanto, o pensamento socialista pode assumir diversas formas e muitas vezes conflitantes; o que resultou em variações teóricas, e também práticas do mesmo. Antes de dissertar sobre o escopo principal: a influência do socialismo por durante os séculos e seu alcance na sociedade do século XXI, é necessário que seja definida cuidadosamente as várias configurações do socialismo.

Inclusive o termo "comunismo" criado por Marx e Engels era na verdade uma maneria de se diferenciarem de toda a nomenclatura envolvendo a corrente dos socialistas utópicos, e designar a organização da qual faziam parte, que chamou-se Liga dos Comunistas.

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Fonte: Por que Socialismo?. EINSTEIN, Albert. 1949 - Marxists Internet Archive
  2. Um exemplo de governo totalitário nesses moldes foi a URSS durante o regime de Josef Stalin. A inferência de Misses se torna abrangente ao afirmar que coerção e compulsão organizadas são efeitos do sistema socialista; entretanto é cabível à qualquer sistema totalitário.
  3. Por socialismo real devemos entender todo governo que se fez presente sob uma política "socialista"; porquanto não se deve confundir com o sistema econômico e conseguintemente social que é o objeto de estudo desse livro.
  4. Fonte: Princípios Básicos do Comunismo. ENGELS, Friedrich. 1847 - Marxists Internet Achive