Linguística I/Antigos interesses e uma nova descoberta: a língua

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Meta

Relacionar o trabalho dos neogramáticos com a emergência da Linguística saussuriana.

Objetivos

  1. estabelecer o papel dos neogramáticos na assunção da Linguística como ciência no século XX;
  2. reconhecer a langue como objeto da Linguística

Introdução[editar | editar código-fonte]

Vejamos uma descrição de uma variação corrente na língua oral brasileira: a troca de /l/ por /r/: bicicreta, framengo, broco de cróvis.

Percebe-se que existe uma regularidade: o /r/ vira /l/, mas nunca vira /p/ ou /m/. Os primeiros que observaram e descreveram essas mudanças regulares - chamadas leis fonéticas, foram os neogramáticos

Os Neogramáticos[editar | editar código-fonte]

Os comparativistas [nota 1] estudaram as diferenças entre as línguas em busca da protolíngua. Uma corrente divergente, os Neogramáticos, deixaram de lado o exame do passado da língua e passaram a se concentrar no momento atual das línguas e como as diferenças anteriormente estudadas contribuíam para variações e mudanças linguísticas.

Seu foco recaiu nas mudanças sonoras. Eles descobriram que as mudanças obedeciam regularidades absolutas (a mesma unidade fônica, no mesmo ambiente, sempre sofre a mesma mudança). Quando a regra não se mostrava válida, das duas, uma: ou a alteração era causada por analogia ou por uma outra regra que ainda não havia sido descrita. A essas regularidades eles deram o nome de leis fonéticas.

Lei de Grimm (uma das leis fonéticas) - "As consoantes do indo-europeu original /p/, /t/ e /k/ haviam mudado no ramo germânico desta família para /f/, /θ/ e /h/

Analogia - quando uma mudança provoca a quebra de padrões gramaticais, ela não se estabelece. Exemplo da evolução do latim: hons deveria virar honos, mas virou honor por analogia a outras formas latinas (cultor, amor, labor...). Atualmente, pode-se apontar a tendência de se consideram como transitivos diretos verbos que não são (ex: assistit o jogo) por analogia:há muito mais verbos transitivos diretos do que indiretos.

O objeto da linguística saussureana[editar | editar código-fonte]

O estudo dos neogramáticos sobre as regularidades nas mudanças linguísticas influenciam na delimitação do objeto de estudo da Linguística saussureana: a langue. Para isso, é necessário diferenciar alguns francês conceitos.

Linguagem, língua e fala[editar | editar código-fonte]

Linguagem é a capacidade de constituir uma língua. É multiforme e heteróclita [É o quê? 1] , é física, fisiológica e psíquica.

Língua é ao mesmo tempo produto social da faculdade de linguagem e produto de convenções necessárias.

Fala é a execução da língua feita pelo indivíduo.

Dicotomia língua x fala[editar | editar código-fonte]

A teoria de Saussure estabelece algumas dicotomias [É o quê? 2] . Uma delas é a língua ×fala. [nota 2]

Língua é coletiva, social, produto de convenção, essencial.

A fala é individual, variável e acessória.

Conclusão[editar | editar código-fonte]

Saussure distinguiu língua e fala, propondo a língua como objeto de estudo da Linguística, por ela ser uma convenção socialmente estabelecida. Saussure separa as abordagens históricas da abordagem de observação da língua, em seu estado presente, como um sistema.

Notas

É o quê?

  1. multiforme : múltiplas formas (linguagem verbal e não verbal). Heteróclita: que foge à regra ou normatização
  2. A Wikipédia define dicotomias em sentido geral, como duas partes mutuamente excludentes em https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Dicotomia

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]