História da Contabilidade/A Contabilidade na Idade Contemporânea: diferenças entre revisões

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Revisão das 17h46min de 23 de junho de 2009

A Idade Contemporânea teve início com a Revolução Francesa, em 1789, a qual determinou um período histórico de libertação do indivíduo frente ao Estado. Tal libertação significou, a nível de história da contabilidade, o surgimento de inúmeras escolas contábeis.

Batalha de Jemmapes, em 1792, na Revolução Francesa
Livro-diário do século XIX
Livro-diário alemão de 1828

A primeira foi a Escola Lombarda ou Administrativa, que surgiu com a publicação de La Contabilità Applicata Alle Ammministrazioni private e pubbliche, de Francisco Villa, em 1840. Esta escola defendia que o principal objetivo da contabilidade era a administração das entidades. Vale lembrar que a Administração de Empresas ainda não se constituía em um ramo independente do conhecimento, nessa época. A contabilidade deixava de se limitar à apuração dos saldos das contas e passava a se preocupar em como gerir as empresas. Outro importante representante desta escola foi Antonio Tonzig.

A Escola Personalista, Logismográfica, Jurídico-personalista ou Toscana surgiu em 1867, com a publicação de I Cinquecontisti Ovvero La Ingannevola Teorica Che Viene Insegnata Negli Istituti Tecnici Del Regno E Fuori Del Regno Intorno Il Sistema De Scrittura A Partita Doppia E Nuovo Saggio Per La Facile Intelligentza Ed Applicazione Del Sistema por Francesco Marchi. Além dele, destacaram-se nesta escola Giuseppe Cerboni e Giovanni Rossi. Fundava-se no estudo das relações jurídicas entre os proprietários da empresa, os correspondentes (terceiros que negociavam com a empresa) e os agentes consignatários (empregados a quem eram confiados os valores da empresa).

A Escola Controlista ou Veneziana surgiu com a publicação de La Ragioneria, de Fabio Besta, em 1880. Além de Besta, seus principais defensores foram Vittorio Alfieri, Carlo Ghidiglia, Pietro Rigobon e Pietro D'Alvise. Segundo esta escola, o objetivo da contabilidade seria o controle das empresas. Tal controle poderia ser anterior ao fato econômico (contratos, por exemplo), concomitante (vigilância sobre os empregados, por exemplo) ou posterior (balanço patrimonial, por exemplo). O controle poderia ainda ser ordinário (quando parte da rotina da empresa) ou extraordinário (quando ocorresse de forma excepcional).

A Escola Norte-Americana surgiu em 1887, com a criação da AAPA (American Association of Public Accountants). Esta escola se preocupou em melhorar a qualidade da informação contábil, de modo a torná-la mais útil para as empresas. Ao mesmo tempo, se preocupou em padronizar a informação contábil, de modo a facilitar a comparação entre o desempenho das várias empresas por parte dos investidores. Foi esta escola a responsável pela divisão da contabilidade em Contabilidade Financeira (voltada para informar o público externo à empresa) e Contabilidade Gerencial (voltada para informar os administradores da empresa). Uma outra característica desta escola foi a grande importância das associações profissionais de contadores em seu desenvolvimento teórico (AAA, AICPA, AAUIA, NYIA, NACA, IMA, ASCPA, AIA, CAP, APB, FAF, FASB etc.). Ao contrário das demais escolas, a norte-americana se preocupou em ser eminentemente prática, evitando construções teóricas muito elaboradas. Esta escola foi ainda responsável pela confecção dos Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (US-GAAP). Entre os principais personagens desta escola, citam-se: Charles Ezra Sprague, Henry Rand Hatfield, William Andy Paton, Ananias Charles Littleton, Carman George Blough, Maurice Moonitz, Raymond Chambers, Richard Mattessich, Lawrence Robert Dicksee, Kenneth Most e Kenneth Forsythe MacNeal.

Charles Ezra Sprague, um importante nome da história da contabilidade norte-americana
Balanço patrimonial de 1906 do Wachovia National Bank


Escritório da AICPA em Durham, Carolina do Norte, EUA

A Escola Matemática defendeu a idéia de que a contabilidade não seria uma ciência social, como julgavam as outras escolas, mas uma ciência baseada na matemática, como a economia, a engenharia ou a física. Ela via os valores numéricos das contas não como realidades físicas, mas como entes abstratos, que podiam referir-se não só a empresas, mas a qualquer outra realidade. Isto explicaria como é possível somar valores de realidades físicas diferentes, como por exemplo o valor da conta caixa com o valor da conta de estoques. Os críticos desta escola argumentam que não seria possível separar as contas da realidade física que elas representam, ou seja, separar a contabilidade da gestão das empresas. Entre os representantes da Escola Matemática, figuram Giovanni Rossi e Pierre Garnier.

Escultura representando o Cálculo, em Madri, Espanha

A Escola Neocontista surgiu como uma reação à Escola Personalista. Esta última escola enfatizava as relações jurídicas entre proprietário, administrador e empregado. A Escola Neocontista reafirmava a importância da apuração dos saldos das contas, como elemento fundamental da contabilidade. Esta escola foi representada por pensadores franceses como Jean Dumarchey, René Delaporte, Jean Bournisien, Albert Calmés, Léon Batardon e L. Quesnot.

A contabilidade no Brasil teve como marco simbólico inicial a inauguração da Escola de Comércio Álvares Penteado em 1902, em São Paulo. Tal escola adotou a linha europeia, ou seja, as escolas alemã e italiana (MARION, p.31).

Mesa com livros contábeis, em 1910

A Escola Alemã surgiu em 1919 com a publicação do livro de Schmalembach sobre Balanço Dinâmico. Trouxe como inovações: a separação clara do balanço patrimonial da demonstração do resultado do exercício, a correção monetária de acordo com um índice geral de preços ou com o padrão-ouro, e valoração dos ativos pelos preços correntes. Seus principais autores foram Schmalembach, Schmidt, Gomberg, Schär e Gutenberg.

Escritório em Berlim, em 1931
Livro-diário alemão de 1933


A Moderna Escola Italiana, ou Economia Aziendal, surgiu em 1922, e perdura até os dias de hoje. Defende que o objetivo da Contabilidade é calcular o resultado das empresas. Seu principal pensador é Gino Zappa.


A Escola Patrimonialista surgiu em 1926, com a publicação do livro Ragioneria Generale, de Vincenzo Mazi. Segundo esta escola, o objetivo da Contabilidade é o estudo do patrimônio. Este, por sua vez, se dividiria em: contas de ativo, contas de passivo e contas diferenciais (o patrimônio líquido). Os críticos desta escola, no entanto, afirmam que este objetivo é demasiadamente ambicioso para os recursos de que disporia a contabilidade. Estes críticos se localizam principalmente na Itália, razão pela qual esta escola logrou maior sucesso fora de seu país de origem. Outro grande pensador desta escola é o brasileiro Frederico Herrmann Júnior.


Entre 1950 e 1980, foram muito utilizadas as máquinas contábeis, que eram máquinas mecânicas projetadas para o recolhimento e o armazenamento das informações referentes às atividades das empresas, por meio de fichas e cartões perfurados. Entraram em desuso com o advento dos computadores pessoais.


Máquina contábil britânica

A contabilidade brasileira, que inicialmente havia adotado as escolas europeias, passou a adotar a Escola Norte-americana na segunda metade do século XX, devido ao poderio econômico incontestável dos EUA. Três marcos dessa mudança na Contabilidade brasileira aconteceram durante a década de 70 desse século: o lançamento do livro Contabilidade Introdutória por parte de professores da FEA/USP, o advento da Lei 6.404/76 e a publicação da Circular 179/72 do Banco Central (MARION, p.31).

Sede do Banco Central brasileiro, em Brasília

O sistema de custeio baseado em atividades (custeamento ABC) foi um inovador sistema de cálculo de custos desenvolvido pelos professores americanos Robert Kaplan e Robin Cooper, em meados da década de 1980. Ele se baseia na atribuição de custos a atividades, e em seguida na distribuição das atividades aos diversos produtos. O sistema ABC é um importante auxiliar no gerenciamento das empresas, uma vez que permite a atribuição de responsabilidades segundo as atividades.

Custeamento ABC (R=Custos, A=Atividades e O=Produtos)