A evolução tecnológica/Aperfeiçoamentos dos transportes náuticos e armamentos
(Idade Moderna — metade do século XV ao século XVIII, em 1789)
O período da Idade Moderna é bastante restringido, compreendendo pouco mais de três séculos, e sendo marcado também por uma mudança extremamente significativa no sistema político, social e, principalmente, econômico: a transição do feudalismo para o sistema capitalista. Esse curto espaço de tempo, além desse novo sistema capitalista, foi essencialmente dedicado às Grandes Navegações — iniciadas por Portugal e, seguidas posteriormente, pela Espanha —, visando a conquista de mercados externos. Isso implicou no melhoramento da navegação: a caravela e instrumentos de navegação. Além disso, houve também um aperfeiçoamento dos armamentos.
Navegação
[editar | editar código-fonte]A navegação neste período foi revolucionada por Cristóvão Colombo, que efetuou uma modificação de um navio, construindo a primeira caravela.[precisa de fontes] Esta foi a primeira a fazer a travessia de um Oceano, o Atlântico (em 1492 [1]); porém sendo, desde 1425, muito utilizadas para a exploração do litoral africano.
Sendo assim, eram inicialmente utilizadas para a navegação em águas rasas e perigosas, e, por serem pequenas, utilizadas em locais onde navios de porte não poderiam entrar. Porém, precisavam ser acompanhadas de navios de porte, pois estes levavam suprimentos necessário à população. Para as explorações litorâneas, eram colocadas velas latinas (vela triangular que facilitava a navegação com o vento a favor); mas, para as travessias oceânicas, utilizavam a velas quadradas (velas que poderiam ser utilizadas, também, com o vento em sentido contrário). A primeira caravela a ser modificado, foi Niña (por Colombo), porém a primeira a efetuar a travessia do Atlântico foi Pinta, em setembro de 1492.
Neste período, também é utilizado e desenvolvido novos instrumentos que facilitam a localização em alto mar: bússola, astrolábio e tábua de travessia. Além disso, esses instrumentos possibilitam aos cartógrafos desenharem mapas do mundo. Os astrolábios ajudavam a calcular latitudes; a bússola, o instrumento mais preciso desta época, é utilizada para indicara o rumo a seguir pelo navio; a tábua de travessia, utilizada para marcar a duração do curso do navio — em um período de até 4 horas —, apresentava furos onde se introduziam pinos a cada 30 minutos.
Inicialmente, os navios de guerra serviam para transportar tropas que capturavam navios inimigos, aproximando-se deles e o invadindo. Posteriormente, por volta do século XVI, adaptaram aos navios de guerra canhões em aberturas feitas em suas laterais. Isso foi estabelecido primeiramente pelos ingleses, instalando nos navios chamados de Great Harry e Marry Rose.
Esses navios de guerra se aperfeiçoaram, surgindo o vaso de guerra (metade do século XVIII). Manteve supremacia até a construção dos navios a vapor e da chapa de couraças (navios protegidos com blindagem de aço). Esses novo tipo de navio de guerra era extremamente pesado — em grande parte, pela quantidade de muitos canhões — e poderosos o suficiente para formar a linha de batalha. Visavam não afundar o navio inimigo, mas sim bombardeá-los para depois subir a bordo e dominá-lo. Eram classificados de acordo com o número de canhões que possuía, sempre com 50 ou mais canhões. Os projéteis lançados pelos seus canhões podiam ser arredondados, balas de ferro duplas (estas giravam no ar, servindo para cortar os cabos do navio atacado) ou também metralhas (servindo para eliminar um grande número de homens).
Além de navios de guerra, havia os navios mercantes, que transportavam valiosas cargas, tão como ouro, prata e diamante. Esses eram utilizados por Holanda, Inglaterra e França, que comercializava com a Índia e o Extremo Oriente: trocavam suas mercadorias de valor por especiarias dessas regiões. E pelo fato de terem que ser defendidas dos piratas, supriam de grande armamentos, sendo realmente navios de guerra, tanto que eram usados em épocas de conflitos. Sendo também navios de guerra, tão como esses, foi substituído por navios movidos a vapor (no século XIX), devido a maior eficácia em rapidez e economia desses novos navios.
Nos últimos anos desse período, foi construído um transporte marítimo de guerra revolucionário: o submarino. Em 1776, foi construído por David Bushnell, o primeiro modelo (chamado de Turtle) a atacar um navio de guerra na superfície. Consistia em uma embarcação submergível de madeira e com forma oval; tinha tanques d’água que enchiam-se através de um sistema de bombeamento, para fazê-lo submergir, e hélices manuais que o levava para cima, para baixo e para frente.
Implementos Industriais
[editar | editar código-fonte]A invenção mais significativa na Idade Moderna é a Máquina a Vapor. Assim, a primeira foi construída por Thomas Newcomen (em 1708), servindo como bomba para drenar a água de minas. Porém, somente em 1768, por James Watt, que é inventada uma máquina a vapor tendo a função de base para toda a indústria, ou seja, tendo uma utilização mundial.
Uma invenção de extrema importância ocorreu, aumentando a utilização e produção do ferro: substituição da utilização do carvão vegetal pelo carvão mineral (ou hulha). Essa substituição ocorreu essencialmente porque a devastação das florestas estava sendo bastante, e com isso aumentando o custo para fundir o ferro.
Esse novo carvão mineral, inicialmente continha muita impurezas (mais especificamente, muito enxofre), tornando o ferro quebradiço. Assim, em 1709, Abraham Darby resolveu esse problema de quebra do ferro: liberava a hulha do gás e dos fumos de alcatrão, obtendo assim um resíduo — o coque —, que era carbono praticamente puro. Essa invenção só foi viável a partir de 1760, pois foi somente quando constroem altos-fornos de grande capacidade — podendo ser produzidos em grande quantidade, e ficando menos dispendioso. Sendo a partir da consolidação destes altos-fornos que começa sua utilização em construções de pontes, edifícios e máquinas.
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Carvão mineral.
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Coque.
A indústria de tecelagem foi a que mais se desenvolveu, pois os tecidos eram leves, e estavam tornando-se populares. Começou com a invenção da lançadeira volante (por John Kay, em 1733), tornado a tecelagem manual mais rápida; e mais adiante ocorreu uma série de inventos, como a spinning-jenny (fiadeira mecânica) em 1967, que fiava mais de 100 fios ao mesmo tempo — porém os fios não tinham muita resistência, quebrando e dificultando a tecelagem. Com isso, foi construída uma que produzia fios mais grossos (por Richard Arkwright, em 1769), e sendo econômica pois era movida a água: a water frame. Então, Samuel Crompton, construiu em 1779 uma combinação entre as duas fiadeiras mecânicas, que fabricavam fios tanto quanto finos e resistentes, esta chamava-se mule. Assim, foi substituindo-se os teares manuais pelos mecânicos, e posteriormente pelo tear mecânico a vapor (por Edmund Cartwright, em 1785), sendo que a energia necessária era obtida da queima do carvão.
Com o tear mecânico de Cartwright, a indústria moderna surge — isso correspondendo ao fim da Idade Moderna. E assim a máquina substituíra a ferramenta do artesão; a energia a vapor substitui a animal ou humana. Continuando, porém, a mola do progresso tecnológico, ou seja, os desequilíbrios que acontecem. A tecelagem acompanhava o ritmo da produção, mas a matéria-prima não — ou seja, o algodão —, pois tinha de ser colhido e descaroçado à mão, constituindo uma operação muito lenta. Isso implicando na invenção do descaroçador mecânico (por Eli Whitney, nos Estados Unidos). Considerando que as máquinas tornavam-se mais caras, pesadas e grandes, não podia ser adquirida por qualquer um, nem em qualquer lugar. Assim constituíra as fábricas, onde os trabalhadores se reuniam. (Arruda, 1977:125).
Armamentos
[editar | editar código-fonte]A principal modificação foi o sistema de ignição, utilizado no século XVII por uma arma chamada mosquete. Constituiu-se um no qual empregava uma espécie de cordão que ardia fogo lentamente: a mecha. Mais tarde, aperfeiçoaram-no ao descobrirem que se encharcados em mistura com salitre e depois posto a secar, tornavam-se mais eficazes. Porém, esse sistema de ignição era dificultoso para os soldados que estavam em batalha, pois deveria haver uma brasa por perto.
Assim, foi constituído um sistema mecânico simples: a serpentina. Consistia basicamente em um duplo braço curvado e apoiado ao centro, preso ao lado do fecho da arma. A extremidade superior da mecha — pressa em uma peça que se movia para frente e para trás — era então encostada na caçoleta (peça que onde era colocado algo em brasa), acendendo a mecha. Este invento iniciou um processo de sofisticação e utilidade da arma de fogo portátil. Sendo que no final do século XVI, foi inventado sistemas de ignição mais sofisticados, acionados por gatilho.
Outras partes da arma — em especial o tipo chamado mosquete — também ganharam aperfeiçoamentos, como: o cano — que se tornou mais comprido; a coronha — que tornou mais anatômica e, assim, mais confortável, facilitando o seu apoio contra o ombro; e uma invenção rudimentar de mira, localizada no cano.
O manuseio desta arma — o mosquete — era muito complicado e dependia de uma série de condições externas, como o vento e o clima. Assim, foram se aperfeiçoando, sendo que constituiu uma arma percursora do arcabuz, com a implantação de um sistema de ignição que utilizava a fricção entre uma peça de metal e um mineral chamado pirita. Neste o atirador puxava a peça de metal para trás, pressionando-a contra a pirita, e dando a ignição. Este, dentre outros métodos, substituiu o de combustão.
Esse novo sistema de ignição por meio de fricção, tornou o manuseio mais prático e rápido; também tornou possível sua utilização em pistolas e por cavaleiros — antes a dificuldade de manuseio não permitia. Apesar dessas simplificações, ainda era complicado a sua utilização. Então, cavaleiros passaram a utilizar um par de pistolas, ou as novas pistolas que possuíam dois canos, ou ainda a utilização das invenções de balas superpostas — estas aumentavam o número de disparos, pois equivalia a mais de uma bala comum.
O sistema de ignição chamado de snaphaunce, foi revolucionário para as armas. Consistia em um braço curvo — o cão — que comprimia com uma das extremidades — constituída de sílex — a pólvora presente na caçoleta. Assim, para disparar a arma, o cão era puxado para trás travando-se — na chamada armadilha —, então ao pressionar o gatilho, o cão era destravado — ou seja a armadilha soltava-o — gerando faísca, por compressão da pólvora. Esse sistema permaneceu durante vários séculos, até por volta do século XIX, sendo que recebeu algumas modificações.
Várias modelos de armas foram inventados, por diversos países (escocesas, alemãs, espanholas, italianas, austríacas, francesas). Ocorreu a invenção de diversos tipos de espingardas e pistolas. Porém, praticamente, todas essas tinham a mesma desvantagem de dispararem poucos tiros — não passava de treze. Então, por volta de 1600, começou a aparecer em pouca quantidade o bacamarte, tipo de arma que foi marcada pela seu enorme estrondo devido a larga boca — que afetava em pouco o efeito dispersivo do tiro. Essa arma consistia em utilizar várias balas pequenas em lugar de uma grande, conseguindo disparar cerca de vinte balas por tiro.
Já no século XVII, foram inventadas as armas com baionetas. Estas eram úteis após o descarregamento da arma, pois compreendiam lanças compridas, resistentes e com pontas pontiagudas. Primeiramente, consistiam em lanças que eram fixadas na arma por meio de uma braçadeira. Posteriormente, passaram a ser construídos permanentemente fixas ao cano, mas com um sistema que permitia girá-las para trás e seguradas ali por um fecho. Este fecho quando liberado, permitia que uma mola forçasse a lança para frente. Esse sistema foi patenteado por John Walters em 1781, e essas armas compreendidas de baioneta tornaram-se bastante comuns.
Referências
- ↑ Discovey Channel. Cristóvão Colombo (1451 – 1506). Página visitada em 6 de fevereiro de 2011.