Marcas nas fotografias de Werner Haberkorn/Vista parcial da Praça Visconde de Indaiatuba. Campinas-SP (cropped)

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Vista parcial da Praça Visconde de Indaiatuba. Campinas-SP (metadados).

Lista de marcas identificadas[editar | editar código-fonte]

  • Cervejaria Columbia
  • Guaraná Champagne Antarctica
  • Foot Guimarães Advocacia

Pesquisa sobre marcas[editar | editar código-fonte]

Cervejaria Columbia[editar | editar código-fonte]

A Companhia Mac-Hardy Manufatureira e Importadora, que foi a primeira fundição da cidade, ligada diretamente à agricultura cafeeira, vendeu em 1906 uma parte de uma das quadras de sua propriedade para a construção da Cervejaria Columbia. Anos mais tarde, a Companhia adquiriu a cervejaria, somando-a ao seu conjunto fabril extenso. [1]

A Fábrica de Cerveja e Gelo Columbia foi fundada por Ângelo Franceschini, um imigrante italiano que chegou ao Brasil em 1875. Franceschini, também dono da Fábrica de Cervejas Guarani, adquiriu a porção do terreno em um período em que a Cia. Mac-Hardy enfrentava dificuldades financeiras para sustentar o complexo manufatureiro. a Columbia ficava em um grande prédio na Avenida Andrade Neves, no centro da cidade de Campinas. Fabricava entre outras, as cervejas premiadas internacionalmente: Franciscana, Duqueza, Colúmbia, Negrita e o Guaraná Cristal. A produção anual de cerveja, refrescos, gasosas, água mineral e xaropes chegava a 15 mil hectolitros. A fábrica contava com 70 empregados e movimentava a economia com importação anual de cem mil contos de réis em produtos. [1][2]

O produto mais famoso da Columbia foi a cerveja preta Mossoró, que começou a ser comercializada em 1933. Essa cerveja, famosa internacionalmente, foi batizada assim como uma homenagem a um cavalo de corrida que venceu o primeiro Grande Prêmio Brasil de Turfe. O rótulo da cerveja preta Mossoró trazia estampado o cavalo campeão.

Em pleno Governo Provisório de Getúlio Vargas (1930-1934), o Jockey Club Brasileiro realizou o Grande Prêmio Brasil em 6 de agosto de 1933 no Hipódromo Brasileiro (atual Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro). As arquibancadas do local estavam todas lotadas, inclusive com o próprio Vargas presente. Os espectadores assistiram, com muito espanto, o cavalo pernambucano nomeado Mossoró vencer a corrida de cavalos por "um corpo de distância" do segundo colocado, o cavalo argentino Belford. [3][4][5]

Segundo os noticiários da época, o público entrou em um ânimo de excitação que beirou o delírio. Com a vitória cavalo, os espectadores tentaram invadir a pista para carregar o cavalo nos ombros e celebrar. Nessa época, além do sentimento de nacionalismo exacerbado que promovia o sentimento extremamente competitivo em esportes, o hipismo era a modalidade mais popular do país. Então, a Columbia decidiu lançar a cerveja preta Mossoró diante da popularidade do cavalo. [3]

Em 1957, a Cervejaria Columbia foi comprada pela Antarctica, o prédio foi transformado em depósito da fábrica Antarctica vizinha e seus produtos foram gradativamente retirados do mercado. A Mossoró sobreviveu até o início na década de 1960, quando saiu de circulação. O que restou das edificações da CIA. Mac-Hardy foi tombado como Patrimônio Histórico da cidade em 2008 pelo Governo de Campinas, e fechado em 2009 após ter sido invadido por pessoas ligadas ao crime. [2]

Em 2017, devido as más condições de preservação, o prédio da Cervejaria Columbia, avaliado na época por R$ 4,1 milhões, foi a leilão, mas não recebeu lances. A venda teria o propósito de garantir a integridade e a utilidade do edifício no futuro. [6]

Referências

[1]Prefeitura de Campinas: Bens Tombados Cia Mac-Hardy

[2]Atas das Reuniões do CONDEPACC ( Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) de 2008

[3]Arquivo (notícia) da biblioteca digital da Unicamp

[4] Manchete de 1935

[5]Google Imagens: Cerveja Mossoró

[6]Portal CBN de Campinas

Guaraná Champagne Antarctica[editar | editar código-fonte]

Em 1921, a Companhia Antarctica Paulista, uma matriz industrial, lançou o seu primeiro refrigerante: o Guaraná Champagne. A Antarctica o definiu como um refrigerante novo “de fórmula secreta” feito do extrato do guaraná, fruto que era praticamente produzido apenas no Brasil. Sendo Assim, a Antactica foi a primeira marca a comercializar esse tipo de refrigerante. [7][8]

O produto foi lançado no mercado após uma longa pesquisa, com a qual contribuiu o médico Luiz Pereira Barreto, que criou a tecnologia de processamento do fruto guaraná. Além do médico, o químico industrial e professor de farmácia Pedro Baptista de Andrade, também teve um papel importante liderando os técnicos do processo químico responsável por eliminar o sabor amargo e a adstringência naturais do fruto. [8]

O surgimento do Guaraná Champagne foi pressionado pelo crescimento da Coca-Cola no mercado brasileiro. A Companhia Antarctica procurava reforçar o seu caráter de produto “sem ingredientes artificiais” e “genuinamente nacional” e até "com propriedades medicinais" para se diferenciar da concorrente estrangeira. A "brasilidade" era comumente explorada através do uso de ilustrações de indígenas e da Floresta Amazônica nas peças publicitárias. Até mesmo a conquista da Copa do Mundo de 1958 foi utilizada como tema para as campanhas da Antarctica. [9]

A empresa apresentou o produto ao mercado como uma “bebida com características espumantes”, o que, somado à sua coloração, contribuiu para que ela fosse associada ao Champagne, bebida francesa produzida na região homônima. O produto não mantém seu nome inicial, tonando-se apenas Guaraná Antarctica em 2002. O refrigerante é símbolo do Brasil que está entre os 15 mais vendidos no mundo, sendo o líder absoluto no segmento guaraná, com a patente pertencendo atualmente à AmBev. [9][10]

Referências

[7] Guaraná Antarctica: Wikipédia, a enciclopédia livre

[8] História do Guaraná Antarctica

[9] Acervo O Globo: Guaraná e as expressões do Nacional

[10] Portal da Propaganda: A fórmula secreta do Guaraná Antarctica em nova campanha publicitária

Foot Guimarães Advocacia[editar | editar código-fonte]

A Assistência Judiciária “Dr. Carlos Foot Guimarães” é um estabelecimento de propriedade da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Foi fundada em 1982, pelo professor da Faculdade de Direito da PUC na época, Jamil Miguel, como sendo um escritório modelo que funcionaria como um laboratório para que os universitários pudessem ter mais contato com o dia-a-dia da profissão. [11] [12]

Atualmente, segue sendo administrada pelo Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade de Direito da PUC. O escritório está localizado no centro da cidade de Campinas e os estudantes do curso de Direito, à partir do quarto ano, têm a oportunidade de praticar atividade de estágio no local, prestando serviços à comunidade, e colocar em prática o conhecimento que adquirem em sala de aula.  No local, são atendidas pessoas com renda familiar menor de três salários mínimos ou renda individual de um salário mínimo. As solicitações de atendimento são avaliadas por um setor de Serviço Social.

Além de prestar serviços jurídicos, a instituição também oferece serviços de apoio psicológico, contando com atendimento clínico por profissional do ramo realizado em suas próprias instalações. A procura pelo apoio psicológico pode ser voluntária ou orientada por um dos advogados. [11]

A organização do local baseia-se no entendimento de que o Direito lida não só com o jurídico, mas, também com aspectos sociais, econômicos e psicológicos. Os estagiários são supervisionados e amparados pelos professores orientadores, entretanto estão presentes em todas as etapas de um processo: desde a recepção do cliente até a conclusão do caso. Todos os alunos estagiários entram em contato com casos verídicos antes da conclusão do curso, o que contribuí para a formação profissional. [12]

Quanto ao nome, o escritório foi batizado em homenagem ao Prof. Dr. Carlos Foot Guimarães, diretor e professor da faculdade de direito da PUC fundada em 1951. Ele se manteve no cargo de direção no período que durou de 1951 até 1978. Essa informação foi obtida em colaboração com o Museu Universitário da PUC-Campinas, que disponibilizou o material. [13][14]

Referências

[11] Site da Pontifícia Universidade Católica: Assistência Judiciária

[12] PUC Campinas : Assistência Judiciária completa 25 anos

[13] Jornal da PUC-Campinas (Ano 5, 2009, N.90, pag.4)

[14] Revista das Faculdades Campineiras (Ano 1, 1954, v.2, contracapa)

Comentários sobre a fotografia[editar | editar código-fonte]

Quando São Paulo ainda era uma capitania, a cidade de Campinas teve a cana-de-açúcar e o café como importantes atividades econômicas no período compreendido entre o final do século XVIII e o começo do século XX. Essas atividades econômicas, principalmente a produção cafeeira, foram responsáveis por toda uma dinâmica de povoamento, modernização, desenvolvimento e organização do município.

A crise mundial de 1929 provocou a crise da economia cafeeira, a volta da cana-de-açúcar para substituí-la e a ascensão da industrialização, o que fez com que a fisionomia da cidade deixasse de ser ruralista e passasse a ser mais urbanística. A década de 1930 começa e a indústria e o comércio são as principais fontes de renda, com Campinas sendo considerada um polo industrial regional.

Entre as décadas de 1930 e 1940, Campinas passou a ser marcada pelo desenvolvimento demográfico das redondezas das fábricas então instaladas, dos estabelecimentos e das grandes rodovias em implantação. A partir de um novo projeto de planejamento, derivado do chamado "Plano Prestes Maia" (Plano das Avenidas de São Paulo), no ano de 1938, foi feito um grande conjunto de ações voltado a orientar seu crescimento urbanístico. [15]

Nesse sentido, a foto converge com a análise de Solange Ferraz de Lima “A Cultura Metropolitana nas Fotografias de Werner Haberkorn”. Segundo a autora, o projeto fotográfico de Werner Haberkorn se destaca por ilustrar mudanças muito significativas que ocorreram em São Paulo durante o período de industrialização incipiente. Assim como no antigo centro da cidade (Vale do Anhangabaú), é possível observar que a cidade de Campinas passou por um processo de urbanização em que a verticalização e a automobilização se destacam, com a construção dos edifícios e das rodovias largas. [16]

No centro da cidade, nesse detalhe da Praça Visconde de Indaiatuba, é possível observar um prédio alto, o conjunto fabril da Fábrica de Cerveja e Gelo Columbia, responsável por um produto que era símbolo do Brasil no exterior: a cerveja Mossoró. Tomando como base o livro “Como Pensam as Imagens” de Etienne Samain, uma imagem tem o potencial intrínseco de suscitar ideias, prever ideações e, nesse sentido, a escolha da posição e do ângulo para tirar a fotografia se provam como fatores escolhidos para que a marca da cervejaria estivesse em destaque, para que essa fotografia recuperasse a memória da Columbia, do Mossoró e da mentalidade do brasileiro da época da produção (Estado Novo de Getúlio Vargas).

A fotografia também evidencia os primórdios da Antarctica, com o letreiro do Guaraná Champagne, hoje o refrigerante símbolo do Brasil que está entre os 15 mais vendidos no mundo, sendo o líder absoluto no segmento guaraná. A imagem pode despertar a visão do “progresso” temporal associado ao desenvolvimento histórico, quando se pensa no que a marca Antarctica significa atualmente.

Abaixo do Guaraná Champagne, aparece o escritório modelo de Advocacia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas). Retomando Samain, uma imagem mostra “sobretudo o que se recusa a revelar”, justamente pelo potencial de serem veículos de pensamento, e, nesse sentido, a fotografia tem o poder de nos mostrar a importância da universidade, que tem uma de suas instituições localizadas bem no centro da cidade. Tal fato evidencia a posição de Campinas como tecnopolo, como área de produção de conhecimento.

A produção fotográfica de Haberkorn pode ser considerada uma história sem palavras, ilustra o progresso de São Paulo e o início da construção dos lugares onde vivemos hoje.  Além disso, o significado de cada uma dessas fotografias não se esgota ao pensamento de quem a produziu, cada “consumo” dessas imagens adiciona outros sentidos e outros significados, o que possibilita inferências acerca de todas as mudanças decorrentes da história de desenvolvimento do estado e acerca de um passado que não foi acompanhado por nós. [17]

  1. 1,0 1,1 1,2 http://www.campinas.sp.gov.br/governo/cultura/patrimonio/bens-tombados/verBem.php?id=128
  2. 2,0 2,1 2,2 http://www.campinas.sp.gov.br/governo/cultura/conselho-cultura-condepacc.php
  3. 3,0 3,1 3,2 www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?down=CMUHE041019
  4. 4,0 4,1 https://www.sendspace.com/file/6c6ohx
  5. 5,0 5,1 https://www.google.com.br/search?q=cerveja+preta+mossor%C3%B3&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiR1cukoNLeAhWIHpAKHcjNA3kQ_AUIDigB&biw=1366&bih=626#imgdii=Yq6_GTMalpl5NM:&imgrc=7kIsXdvVrKG0aM:
  6. 6,0 6,1 https://www.portalcbncampinas.com.br/2017/03/sanasa-tenta-vender-patrimonio-historico-da-cidade/
  7. 7,0 7,1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Guaran%C3%A1_Antarctica
  8. 8,0 8,1 8,2 https://www.guaranaantarctica.com.br/blog/site/historia
  9. 9,0 9,1 9,2 https://acervo.oglobo.globo.com/propaganda/alimentos-e-bebidas/guarana-as-expressoes-do-nacional-14196435
  10. 10,0 10,1 http://www.portaldapropaganda.com.br/portal/propaganda/11528-fla-secreta-do-guaranntarctica-ema-de-nova-campanha-publicita.html
  11. 11,0 11,1 11,2 https://www.puc-campinas.edu.br/assistencia-judiciaria/
  12. 12,0 12,1 12,2 http://www.planetauniversitario.com/index.php?option=com_content&view=article&id=521:puc-campinas-assistia-judicia-completa-25-anos&catid=27:notas-do-campus&Itemid=73
  13. 13,0 13,1 https://www.puc-campinas.edu.br/handlers/arquivos/?arquivo=330
  14. 14,0 14,1 Revista das Faculdades Campineiras
  15. https://pt.wikipedia.org/wiki/Campinas
  16. http://www.producao.usp.br/handle/BDPI/44502?show=full
  17. Como Pensam as Imagens, livro de Etienne Samain. ISBN: 978-85-268-0961-1