História da Europa/Antecedentes da História da Europa

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Introdução[editar | editar código-fonte]

afresco de Pompéia mostrando a cena do mito de Europa, mitologia


O propósito deste livro é dar ao leitor uma ampla visão histórica do período entre a Alta Idade Média e os dias atuais, entre aproximadamente 1.000 e 2.000.

Este é, claro, um período um tanto arbitrário, mas nem por isso, completamente despropositado: enquanto a baixa Idade Média vê uma contração das sociedades urbanizadas da Europa, o século XI vê a consolidação de muitos Estados e o crescimento do poder militar deles.

O século XI é, portanto, um ponto de partida útil, já que forma o pano de fundo histórico para a ascensão da Europa no mundo moderno.

Mais problemático é o espaço geográfico da análise.

A Europa não é uma unidade geográfica individual e é demasiado fácil vê-la como tal quando na realidade as culturas da Europa ultrapassam suas fronteiras.

Os camponeses medievais da Itália ou da Espanha, por exemplo, tinham muito mais em comum com seus vizinhos do Norte da África do que com seus pares na Alemanha ou Inglaterra. Similarmente, grandes regiões da Europa Oriental, mais particularmente da Rússia, mostram significativa influência de culturas asiáticas e historicamente estiveram mais proximamente conectadas ao Oriente do que ao Ocidente.

Um problema significativo também, é a natureza fluida das fronteiras geográficas da Europa.

No sul, os países mediterrâneos da Europa distam apenas uma curta viagem a partir dos portos do Norte da África.

No sudeste, a Europa não se separa da Ásia por nada além do Estreito do Bósforo e as culturas mais importantes desta região, tal como o Império Bizantino e os Turco-Otomanos espalhavam-se entre a Grécia e a Turquia modernas.

Nos limites mais orientais da Europa o continente é separado da Ásia pelas Urais e o clima, mais do que o relevo, é o obstáculo mais significativo para as viagens entre o leste e o oeste.

É somente à leste da Europa, com o Oceano Atlântico, que vemos uma fronteira geográfica evidente e significativa.

A resposta a este problema é aceitar que tratar a Europa como uma unidade é algo arbitrária. É essencial, ao se escrever história, definir uma área de estudo, e tratar a Europa como uma unidade é um meio de atingir este objetivo.

Tendo-se isso em mente, o problema da geografia da Europa deixa de ser um. As fronteiras geográficas um tanto quanto arbitrárias da Europa não devem diminuir as tentativas de investigar a história de regiões individuais dentro do continente.

Visão histórica geral[editar | editar código-fonte]

A história é muitas vezes vista em termos narrativos, como uma história acerca das atividades coletivas de nossos ancestrais. Em grande medida é verdade que a história é uma forma de narrativa.

Contudo ao contrário de outras formas de narrativa a história está intimamente baseada em eventos reais e, como tal, é moldada por certas regras e diretivas.

A mais importante delas determina a forma como os historiadores lêem as fontes.

Antes que o historiador possa dizer com segurança que um evento particular ocorreu ele requer evidências. A maior parte dessas evidências está na forma documental, tal como registros escritos deixados pelas gerações passadas no curso de sua vida diária.

É raro que estes registros tenham sido escritos com as futuras gerações em mente, então é importante que o historiador entenda as forças que moldaram a produção desses documentos.

Há alguns critérios para isso:

  • O que motivou esta pessoa a agir?
  • Quais eram as atitudes comuns no período acerca desta questão?
  • Como eventos anteriores levaram a este?
  • Quais são os eventos similares e como eles se desenrolaram?
  • Como este evento afetará o futuro?
  • Porque este evento aconteceu agora e não antes ou depois?
  • Como este evento foi afetado por forças sociais? Estas forças podem incluir a Igreja, condições econômicas, o governo, a geografia, a educação de indivíduos bem como a educação da sociedade em geral, a tecnologia, o nacionalismo, a cultura e as tradições e a classe social do indivíduo.

Tudo isso pode ser resumido no método 'ADAPTIL' de avaliar fontes históricas:

  • 'A' — consideração acerca do autor da fonte.
  • 'D' — consideração da data da fonte.
  • 'A' — consideração da audiência à qual a fonte se destinava.
  • 'P' — consideração do propósito da fonte.
  • 'T' — consideração do tom da fonte.
  • 'I' — consideração do que pode ser inferido da fonte.
  • 'L' — consideração das limitações da fonte.

Usar essas técnicas permitir-lhe-á uma melhor compreensão dos eventos documentados através deste Wikilivro e permitir-lhe-á aplicar seus conhecimentos além da simples memorização.

Todos os autores esperam que este livro lhe seja útil para aprender mais sobre a História da Europa — esteja você se preparando para exames finais ou se deseja apenas aprender mais sobre a História da Europa.

Queda do Império Romano[editar | editar código-fonte]

Constantino I, o primeiro imperador romano cristão.

É normal falar da "queda" do Império Romano, mas em vários sentidos essa descrição é muito simples e pode ser enganosa.

É certo que o Estado governado por Augusto César e seus sucessores desapareceu da História. Contudo, as cidades e villas, leis e tradições e, sobretudo, a língua que Roma deu a uma ampla área da Europa persistiram e se tornaram as bases para a futura sociedade da Europa.

O período final do Império Romano foi marcado por tumultos políticos e sociais.

Grande parte da turbulência envolveu a falência do Império Romano do Ocidente.

Tendo início no século V, o Império Romano do Ocidente estava sob constante ataque de bárbaros. O oeste deixou de ser residência imperial durante o governo de Constantino I.

Constantino escolheu dividir o império entre seus filhos, e em virtude dos ataques bárbaros e também porque Roma estava em franca decadência escolheu como nova capital Bizâncio (hoje Istambul, Turquia, anteriormente chamada Constantinopla — cidade de Constantino).

A crise política e econômica estava avançada neste momento. Contudo, o desmoronamento do centro trouxe importância renovada às províncias romanas.

Por todo o território romano, os cidadãos que não eram italianos e cujos antepassados tinham adotado Roma como eixo de seu mundo, começaram a dar mais ênfase à suas identidades locais — como gauleses, espanhóis, bretões ou norte-africanos.

As tribos bárbaras que atravessaram a fronteira romana estabeleceram-se frequentemente em terras imperiais, formando sociedades paralelas que se misturaram e assimilaram lentamente com a população romana.

Este processo estendeu-se por dois ou três séculos e resultou em uma profunda mudança na composição da sociedade européia dentro das antigas fronteiras de Roma.

A porção oriental greco-falante olhou então para Bizâncio como seu centro e esta divisão do Império tornar-se-ia permanente na Europa de séculos depois.

O mais significativo dos atos de Constantino como Imperador foi converter-se ao Cristianismo já no leito de morte.

Embora o Império tenha se mudado para Constantinopla, o novo papado permaneceu em Roma, como profetizado por São Pedro, primeiro papa simbólico.

Em certo aspecto o poder do Papa se tornou equivalente ao poder do Imperador ocidental. Ainda assim, a capital secular do Império Ocidental era Ravena.

Lideranças fracas e problemas advindos das invasões bárbaras levaram à queda de Roma em 410, sob os visigodos. O Império Ocidental foi destruído mesmo em 476 em Ravena. O restante Império Oriental era agora chamado de Império Bizantino, por causa do nome da capital.

Até a reunificação, já no século XIX, a Itália jamais seria novamente um estado único.

Bárbaros unidos[editar | editar código-fonte]

Com o declínio do poder romano, tribos de além da fronteira moveram-se para dentro delas para aproveitar as boas terras.

Os visigodos formaram um novo reino na Ibéria, enquanto os vândalos, por fim, se estabeleceram na África norte.

Na Bretanha, as tribos germânicas chegaram e se fixaram na costa leste. Esses colonos eventualmente formaram pequenos reinos anglo-saxões, ocupando o espaço deixado pela partida dos romanos.

A própria Itália pós-romana caiu sob influência dos ostrogodos, cujo mais influente rei, Teodorico, foi saudado como um novo imperador pelo Senado romano e teve boas relações com o papa cristão, mas manteve a sede de seu poder em Ravena no norte da Itália.

O sul da Itália e da Sicília ficariam sob a influência do Imperador Bizantino por vários séculos durante este período.

A província da Gália, que fora a mais próspera das províncias romanas do Ocidente, tornou-se possessão dos francos.

A sociedade galo-romana e seus líderes acabariam se assimilando aos francos, contando com os guerreiros deles para proteção e cimentando relações de casamento com clãs francos.

O novo Reino Franco incluía muito do leste da Alemanha e norte da França modernas, seu poder nesta região tornou-se claro através de vitórias sobre os visigodos e outros bárbaros rivais.

A palavra que o alemão usa para a França hoje em dia, Frankreich, é uma homenagem ao reino franco de outros tempos.

A dinastia merovíngia, que recebeu esse nome a partir do lendário rei tribal Meroveu, foi a primeira a governar o reino franco.

Seu governante mais habilidoso e poderoso, Clóvis, converteu-se ao cristianismo católico em 496 como promessa por ter vencido uma batalha.

Quando da morte de Clóvis, ele tinha dividido seu reino entre seus vários filhos, os quais, com sua rivalidade causaram uma sangrenta guerra civil de um século. Alguns como Chilperico, eram loucos, e nenhum estava disposto a abrir mão de terras ou poder para uma reunificação do reino. A fortuna dos merovíngios declinou e eles perderam importância.

Coroação de Carlos Magno.

A ascensão de um novo poder governante, a dinastia carolíngia, foi o resultado da expansão dos poderes do majordomo, ou "chefe da casa".

Os reis merovíngios deram aos seus majordomos extensos poderes para comandar e controlar seus estados e alguns majordomos usaram esses poderes para comandar e controlar territórios inteiros.

Pepino II foi um dos primeiros a expandir seu poder de tal maneira que dominava quase toda a Gália. Seu filho, também um majordomo, Carlos Martel, venceu a Batalha de Tours, contra os exércitos islâmicos invasores, mantendo a influência muçulmana afastada da maior parte da Europa.

Martel, significando "o martelo", era uma referência à sua arma favorita.

O filho de Martel, Pepino III o Breve, depois de pedir apoio ao Papa, desfez-se das "marionetes" merovíngias.

O papado deu permissão a Pepino para depor os merovíngios de forma a assegurar o apoio franco dos Estados papais, e proteção contra incursões lombardas.

Pepino foi declarado rex Dei gratia, "rei pela graça de Deus", estabelecendo assim um poderoso precedente para o Absolutismo europeu, no sentido de que se declarava que alguém era rei pela vontade do Deus cristão.

(Tanto Pepino II quanto Pepino III foram conhecidos como Pepino, o Jovem, já que Pepino I foi Pepino, o Velho. Contudo, Pepino III também é conhecido como Pepino, o Breve, então este é o nome que será usado aqui.)

Pepino, o Breve foi o fundador da dinastia carolíngia, que experimentou seu clímax sob o reinado de Carlos Magno, "Carlos, o Grande".

Carlos Magno também foi o primeiro rei coroado Imperador do Sacro Império Romano — suposto sucessor dos Césares e protetor da Igreja Católica.

Carlos Magno, cujo império expandido através da conquista para englobar a maior parte das modernas Alemanha e França, criou algo como um renascimento para o mundo intelectual no reino franco.

Carlos Magno apoiou monastérios e fazia monges reproduzirem a Bíblia, em manuscritos com iluminuras, em salas chamadas scriptoria.

Para as mulheres, a confecção de roupas era um dos poucos modos de expandir seus horizontes intelectuais e de fazer algo além de dar à luz e trabalhar nos campos.

Os filhos de Carlos Magno seguiram a tradição germânica depois da morte dele e dividiram o reino entre si durante o século IX.

Surgiram os "reinos francos do Leste e Oeste", os quais nos séculos seguintes seriam chamados França e Alemanha (a última, conhecida como Sacro Império Romano-Germânico).

Por essa época, as pacíficas regiões estáveis da Europa Ocidental estavam sob crescente ataque dos vikings ou Homens do Norte.

Eram bandos independentes de guerreiros navegadores da Dinamarca e Escandinávia cujos deuses incluíam Thor e Odin e cujos ataques a ricas cidades e igrejas cristãs eram apenas uma característica de suas redes de comércio que abarcavam o Atlântico e a Europa, de Newfoundland a Bizâncio.

A atividade viking continuou até que a Noruega e a Suécia relutantemente aceitaram o cristianismo nos séculos XI e XII. A Inglaterra, a Irlanda e a Normandia francesa viram sólido assentamento viking neste período, com importantes consequências históricas.

A Batalha de Hastings, tapeçaria de Bayeux.

Na Espanha, um reinado visigodo eletivo floresceu, com conflitos contínuos até 711, quando a maior parte da Espanha caiu rapidamente sob os invasores mouros.

Um grande império mouro, chamado Califado de Córdoba, floresceu culturalmente e por armas.

Nas montanhas do norte, pequenos reinos cristãos, Galiza, Astúrias, Navarra e Aragão, persistiram.

A fronteira com o Reino Franco, chamada Marca Hispânica, incluía Barcelona desde 801 — a origem do Principado da Catalunha. Os mouros perderam seu último reino espanhol, Granada, em 1492, quando o rei de Aragão, Fernando, casou-se com a rainha de Castela, Isabel, em 1469.

A união dinástica, levando à Carlos V, manteve as fronteiras internas e diferentes nacionalidades, leis e instituições de cada um dos antigos reinos até o século XVIII.

Navarra foi anexada em 1515 e ainda mantém suas próprias leis e impostos como o País Basco. A Itália começaria a se dividir em reinados menores governados de várias maneiras diferentes. Contudo, o pensamento do papado ainda seria capaz de exercer grande impacto sobre a maioria do povo europeu.

A Europa Oriental escassamente povoada e mais distante das fronteiras romanas experimentou numerosas invasões e migrações entre os séculos VI e X.

De seu lar no sul da Rússia, povos eslavos dirigiram-se para o oeste no início das migrações germânicas, assentando-se nos Bálcãs, na Boêmia, na Polônia e no Leste da Alemanha e dividindo sua lealdade entre os sucessores romanos.

Os poloneses e tchecos adotaram o catolicismo romano, enquanto os reis sérvios e russos aceitaram o rito ortodoxo.

Os magiares, uma tribo de guerreiros montados, etnicamente aparentados aos hunos, entrou na Europa a partir das estepes russas no século IX, travaram uma série de guerras com os imperadores germânicos que sucederam Carlos Magno e finalmente estabeleceram-se na Hungria como um reino católico romano (seu rei, Estevão, alcançou a santidade).

Os povos da região Báltica, como os letões e os prussianos, permaneceram em grande medida intocados pela expansão cristã durante a baixa Idade Média.

A Grã-Bretanha foi dividida em vários reinos depois da invasão anglo-saxônica-juta, até o período das invasões dinamarquesas.

O rei Alfredo unificou boa parte da Inglaterra em um só reino em fins do século IX.

Em 10 de outubro de 1066, Guilherme, o Bastardo, depois Guilherme, o Conquistador, iniciou uma invasão dos normandos à Inglaterra, com a Batalha de Hastings. O controle francês sobre a Inglaterra durante esse período pode ser visto através de grande parte do vocabulário formal em inglês, que se origina do francês.

Em 1215 o povo britânico forçou o rei João (chamado Sem Terra) a assinar a Magna Carta. O rei João era particularmente despótico e cruel.

Ele tratava mal seus vassalos, matou seu sobrinho, Arthur, e trouxe a ira da Igreja contra o país na forma de um Interdito (nenhum serviço da Igreja era prestado: sem casamentos, funerais ou missas.

Era a forma do Papa de dizer à Inglaterra para ir para o inferno. Os vassalos dele por fim se uniram contra tanto despotísmo. Enquanto ele estava fora caçando, eles o cercaram e deram-lhe a opção de assinar a Magna Carta ou ser morto.

A Magna Carta instituiu o Parlamento Britânico, diminuindo assim o poder de um monarca, mas era direito do rei convocá-lo ou não.

Na Rússia, um reinado foi estabelecido em Kiev, incorporando tanto povos eslavos quanto elementos escandinavos.

Artes românica e gótica[editar | editar código-fonte]

Românico: nave da Igreja de St. Sernin.

As artes românica e gótica eram mais evidentes na arquitetura de Igrejas e nas iluminuras de manuscritos.

As igrejas românicas geralmente têm um teto plano feito em madeira, ou uma abóbada cilíndrica terminando em um arco redondo. (A última forma era mais resistente ao fogo do que tetos de madeira, propensos a se incendiar pelos monges, quando eles acendiam fogo dentro das igrejas para certos rituais).

As igrejas românicas em geral também tinham tetos mais baixos que os das igrejas góticas, usavam muito menos vitrais coloridos e, por conta dessas duas características, não precisavam de arcobotantes. As igrejas românicas, como o nome deixa implícito, tentavam parecer com a grande Basílica Imperial de Roma. Isso é evidente nas colunas internas, que são largas e com ranhuras em forma de meia-cana.

Igrejas góticas, que predominavam nas cidades do norte e ocidente da Europa, eram mais altas que suas contrapartes românicas e tinham mais dos vitrais que se tornaram populares nos projetos de igrejas.

Esses aspectos do projeto levaram ao surgimento do arcobotante. Outro aspecto do projeto das igrejas góticas era o fato de que as colunas ao longo da nave se tornaram menores. As igrejas góticas também usavam abóbadas de arestas. Uma abóbada de arestas termina em um arco quebrado.


Gótico: nave da catedral de Notre Dame.


As iluminuras dos manuscritos também eram uma forma de expressão artística popular nas artes românica e gótica.

Iluminuras aparecem em transcrições da Bíblia feitas por monges nas scriptoria. Esses adornos geralmente tinham uma característica regional.

O Livro de Kells, um manuscrito irlandês com iluminuras, tinha um aspecto bastante carregado de arabescos, o qual era comum na arte pagã irlandesa.

Uma página do Livro de Kells.
Alegre e agitado está agora aquele Imperador,
Tomou Cordres, e as muralhas estão em ruínas,
Suas catapultas destruíram a cidade e as torres.
Um enorme butim seus cavaleiros carregaram,
Prata e ouro e muitos objetos preciosos.
Naquela cidade agora não há mais pagão
Foi morto, ou tornou-se cristão.


(Excerto da Canção de Rolando detalhando uma vitória de Carlos Magno.)


Poesia e música eram criadas por um grupo de músicos viajantes chamados trovadores.

Estes trovadores levavam as notícias de toda a Europa enquanto viajavam cantando e contando histórias.

Uma dessas canções famosas foi a Canção de Rolando (baseada no ataque à retaguarda do exército de Carlos Magno pelos bascos enquanto Carlos Magno guiava seus homens para fora da Espanha).

Beowulf também é outra obra famosa deste período. Um dos mais longos poemas épicos germânicos, Beowulf conta a história da morte de uma fera gigantesca que atormentava uma cidade.

Poder papal na Idade Média[editar | editar código-fonte]

O papado era em muitos sentidos a instituição mais poderosa na Europa medieval.

O papa, por associação, tornou-se o homem mais poderoso na Europa medieval. Seu poder lhe era outorgado por eleição e era para o resto da vida.

A religião permeava todos os aspectos da sociedade e se aplicava de igual maneira ao rei ou ao camponês.

O papa limitava o poder dos reis e podia forçar a pacificação com a sua imensa autoridade espiritual, numa fase da história em que o caminho para o céu ou o inferno eram examinados constantemente.

A duração da vida era curta, doenças, mortalidade infantil e as pragas, traziam preocupação constante com a morte e a alma eterna; a fé era a medicina da mente na era medieval.

papa Gregorio VII

Os papas indicavam bispos, recebiam os dízimos, emitiam leis canônicas através da cristandade.

Eles tinham o poder de ordenar as Cruzadas contra qualquer inimigo da cristandade, levantando exércitos liderados por reis e cavaleiros da Europa.

Os papas também também tentaram controlar a Europa por meios políticos.

Mitos reis foram forçados pelos papas a colocarem bispos indicados por eles em posições de poder secular.

Em resposta a isso, os reis europeus decidiram colocar seus próprios bispos em posições religiosas importantes, em um processo chamado investidura.

O imperador Henrique IV vendeu várias dioceses na tentativa de depor o papa Gregório VII.

Como resposta, o papa excomungou Henrique IV, e absolveu seus vassalos de qualquer responsabilidade ante o rei. Henrique IV tentou manter seu reino coeso, mas face a uma população zangada temerosa por suas almas, foi até o mosteiro alpino de Canossa para implorar ao Papa que o absolvesse.

Ele ficou fora do castelo de pés descalços na neve por três dias antes que Gregório VII cedesse e levantasse a excomunhão.

Por anos os papas e o Sacro Império Romano disputaram sobre as investiduras, até que o papa Calisto II e o Sacro Imperador Romano Henrique V reuniram-se e estabeleceram a Concordata de Worms.

A Concordata dava ao papa a autoridade de colocar os bispos em posições religiosas e ao imperador a autoridade de colocar bispos em posições seculares. Essa disputa que terminou com a Concordata de Worms ficou conhecida como a Querela das Investiduras.

Isto deve ser visto em um determinado contexto, considerando-se a natureza do poder papal.

O poder real derivava da posse da terra que era essencial para recrutar exércitos de cavaleiros.

O papado detinha menos recursos diretos e, para complicar as coisas, estes não podiam ser passados por herança.

Isto significava que um papa próximo da morte só poderia enriquecer sua família doando a propriedade da Igreja, desviando assim recursos da corte papal em vez de ampliá-los.

a catedral de Worms onde foi assinada a Concordata em 1122

Consequentemente, o Papa tinha que basear-se em outras formas de poder e sua autoridade espiritual era sempre uma alternativa importante para dirigir o controle territorial.

Movimentos religiosos de caráter intelectual eram dirigidos principalmente pelo monasticismo.

Muitos mosteiros foram fundados através da Europa e novas ordens foram criadas como resposta a certos fins religiosos.

São Bento foi o primeiro a estabelecer critérios sob os quais todas as ordens deveriam funcionar.

A Ordem Beneditina seguia rituais muito específicos. Entre estes rituais estavam horas precisas para cada reza; sugere-se que isso levou ao desenvolvimento do relógio, que foi desenvolvido na época do Quarto Concílio de Latrão.

O Quarto Concílio de Latrão estabeleceu regras para os cultos que todas as ordens monásticas deveriam seguir. Estas regras eram em grande parte baseadas nas dos Cistercienses.

Citeaux, pai da Ordem Cisterciense, colocou todos os mosteiros em uma só "Ordem", mas também lhes permitiu manter suas próprias características regionais.

Os monges não apenas desenvolviam as políticas intelectuais da Europa medieval como também ajudavam nas cidades, oferecendo comida e serviços àqueles que deles precisavam.

A sociedade na Idade Média[editar | editar código-fonte]

As guildas eram corporações de ofício. Eram associações que surgiram na Idade Média e que reuniam operários qualificados numa determinada função.

Cada corporação reunia trabalhadores de uma função específica - pedreiros, carpinteiros, padeiros, comerciantes - isso era muito bom para os profissionais porque as guildas os protegiam, defendiam seus direitos e negociavam o trabalho de maneira mais eficiente.

tecelão

Em cada cidade medieval os artesãos se reuniam em corporações, como os ferreiros, os entalhadores de pedras, os tecelões, entre vários outros mas, havia uma hierarquia que devia ser obedecida e foi a partir das guildas que as universidades nasceram.

Entre elas estavam as universidades de Salamanca, Paris e Bolonha.

A escolástica foi uma filosofia educacional que tinha por objetivo unir razão e fé.

Alberto Magno (1193/1280) e Tomás de Aquino (1225/1274) foram seus principais precursores. Tomás foi responsável por reconstruir parte das teorias aristotélicas, inseridas na visão cristã, em sua obra Summa Theológica.

O Renascimento trouxe o Humanismo e as artes liberais.

Cidades começaram a formar-se com locais de comércio e guildas.

As cidades eram importantes centros para trocas, compra e venda e muitas das famosas cidades medievais da Europa eram portos.

Através destas cidades, o capitalismo comercial começou a florescer. No norte, o florim tornou-se uma moeda forte, quase universal.

Os europeus também recuperaram as adormecidas rotas de comércio com a China e o Oriente Médio. A Rota da Seda era novamente percorrida e pode-se creditar as explorações e descobrimentos europeus, à necessidade de abrir novas rotas para o Oriente, mais fáceis e seguras.

Avanços na agricultura também estavam acontecendo.

alfaiate

Os campos eram lavrados com grandes arados metálicos de tração animal.

Os europeus também começaram a deixar o solo em repouso para permitir a volta dos nutrientes a ele, iniciando o conceito de rotação de culturas.

Os sistemas do feudalismo e senhorialismo cresceram com novos métodos de agricultura. O feudalismo, o braço político do sistema de senhorialismo, organizou a sociedade em uma estrutura piramidal, com os suseranos governando e os vassalos abaixo deles.

Os vassalos cultivavam a terra e comercializavam o produto para os Senhores em troca de proteção, acesso ao armazenamento, ao moinho para moer os grãos, e acesso aos fornos onde assavam os pães produzidos com os grãos.


A comida, portanto estava garantida. Apesar de que, a farinha feita dos grãos na era Medieval era bastante grossa e dura para os dentes.

Os reservatórios de água estavam quase sempre poluídos, então, os grãos também eram usados para fazer cerveja, que era a bebida principal do norte da Europa.

O vinho, era a escolha como bebida possível (potável) para os europeus do sul.

Trabalhos citados[editar | editar código-fonte]

  • Turner, William. Catholic Encyclopedia. 11 pp. Online. Internet. 29 May 2004.