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Civilizações da Antiguidade/Tribos germânicas

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Tribos Germânicas



mapa do ano 500 por Thomas Lessman

As tribos germânicas eram numerosas e variadas. O ponto em comum era o fato de habitarem a região da Germânia, que ficava além dos limites do império romano. Podemos dizer que ficava entre os rios Reno, Vístula e Danúbio e os mares Báltico e do Norte.

Dentre as tribos germânicas destacamos nesse tópico os francos, vândalos, visigodos, ostrogodos, suevos, lombardos, anglos e saxões.

Além desses, na parte oriental da Europa temos as tribos dos eslavos, que compreendem os búlgaros, sérvios, polacos, russos e eslovenos.

autor Johannes Gehrts Ritt

Francos

A primeira pergunta seria: de onde vieram os francos?

A resposta ainda é uma incógnita. Diversos estudiosos debruçados sobre o assunto chegaram a todo tipo de conclusão.

- Os francos vieram da Panônia.

- Os francos se originaram do agrupamento de várias tribos que viviam na região do Reno inferior.

- As lendas colocam os francos como guerreiros na Troia de Homero.

O fato é que a palavra franco desde o século VIII ou francus , já tinha o significado de livre. Também é mencionado que franco, vem do germânico antigo frekkr com o significado de livre, forte, corajoso.

Os francos se estabeleceram dentro do império romano, na província da Gália (atual França).

Eles foram incorporados aos exércitos romanos e ajudaram a proteger as fronteiras.

túmulo do período merovíngeo

Assim, muitos soldados se tornaram oficiais e, embora não gostassem dos romanos, o povo franco, foi se adaptando a eles de modo a evitar seus ataques.

Sem chamar muito a atenção, foram colonizando as fronteiras e povoando as zonas rurais, dessa forma se estabelecendo em toda região da Gália.

Das várias tribos germânicas que invadiram as terras do império romano, os francos se destacam por estabelecer um reino duradouro, que se formou e se expandiu tornando=se a semente da França moderna.

Vândalos

migração dos vândalos

Abrange um agrupamento de povos vindos provavelmente da Escandinávia.

Os vândalos eram guerreiros violentos e ferozes.

Eles usaram as estradas romanas para chegar às cidades, como Tournai, Therouanne, Arras, Amiens, Reims. Em cada lugar por onde passavam, matavam, pilhavam e destruíam tudo.

Prosseguindo seu caminho, chegaram à Espanha e, nessa altura o império romano já não conseguia detê-los.

Uma vez na Espanha prosseguiram seu reinado de terror, eles só foram dominados com a chegada dos visigodos.

Sem conseguir reagir, parte das tribos vândalas se dirigem ao sul da península ibérica, onde se tornam perigosos piratas.

Conquistaram Cartagena e rumaram para África, lá invadiram e dominaram Cartago, unidos aos alanos.

enfeites de roupas dos vândalos

Genserico que era o rei, mandou construir uma grande frota e atacou a Sicília, a Córsega, a Sardenha e as ilhas Baleares.

Depois, seguiram para Itália, entrando em Roma, em 455, onde, por duas semanas causaram uma destruição sem limites. Roubaram objetos preciosos e deixaram um rastro de mortes.

Em 477 morre Genserico e os vândalos perdem seu grande rei, os filhos não dão conta de dominar as invasões dos nômades do deserto e assim perdem aos poucos seus domínios.

O feroz povo vândalo desaparece da história.


Os godos

Visigodos e Ostrogodos

Os godos eram um povo germânico que, vindo da Escandinávia, chegou ao mar Negro.

Eram originários de uma região chamada Götaland que hoje é a Suécia. Em migração, passaram pela atual Polônia e talvez tenham cruzado o mar Báltico.

Balcãs no ano 400

Como um único povo, atacaram os gregos e os romanos. Os romanos contra atacaram e os godos tiveram que se refugiar na margem esquerda do Danúbio, onde se estabeleceram.

Nessa altura, o povo se dividiu em dois ramos, de acordo com a direção que escolheram seguir seus nomes foram mudados.

A corrente que marchou rumo leste, foi chamada de ostrogodos porque, em alemão, ost significa oriente.

A corrente que escolheu o oeste foi chamada visigodos porque west significa ocidente.

Os visigodos aparentemente, não escolheram apenas rumar para oeste, eles estavam sendo acossados pelos hunos.

Na verdade, eles pediram licença para entrar no império romano por conta da violência do povo huno. Apavorados, se ofereceram para lutar ao lado das legiões romanas em troca de asilo.

par de broches em forma de águia - visigodos

Assim, autorizados, estabeleceram-se, mas eram dependentes dos romanos. Essa situação criou problemas porque precisavam comer e os romanos não iriam sustentá-los. A ideia dos romanos era trocar comida por escravos.

Então, começaram as revoltas locais que culminaram na Batalha de Adrianópolis, quando os romanos foram dizimados e o imperador romano, Valente, foi morto.

Na Batalha de Adrianópolis, os visigodos foram apoiados por uma carga de cavalaria ostrogoda. Eles vieram descendo as montanhas como raios de tempestade segundo o historiador e ex-soldado romano Ammianus Marcellinus.

Por esse exemplo, podemos observar que o povo godo, se unia ou separava de acordo com as alianças e interesses de momento.

fivela de cinto – ostrogodos

Rumando para oeste na primeira divisão do povo godo, os ostrogodos criaram um reino que se estendia do mar Negro ao Báltico.

Mas, em 370 foram atacados e dominados pelos hunos.

Ocorre que o rei dos hunos, Átila, morre em 455 e o império huno então se esfacela.

moeda com a efígie de Teodorico I

Os ostrogodos então, seguem rumo a Itália, através do Danúbio. No caminho, participam da Batalha de Adrianópolis ao lado dos visigodos.

Quem reinava sobre a Itália, nessa época era Odoacro, chefe dos Hérulos.

O rei dos ostrogodos, Teodorico I, derrotou Odoacro em 493 e governou a Itália até sua morte em 526.

Os visigodos expulsaram os vândalos da Espanha e contiveram os suevos na atual Portugal. Mas, não conseguiram evitar a progressão dos francos já na região do Loire. Eram terras demais para proteger!

Nessa altura os visigodos e ostrogodos já estavam novamente unidos sob Teodorico I.


Mas, a frota de Bizâncio barrou os ostrogodos no litoral do Adriático e os visigodos foram derrotados em Vouillé.

Assim, os visigodos terminaram por fundar um reino na atual Espanha, que durou até a conquista pelos muçulmanos.

Os ostrogodos foram derrotados no final e se dispersaram ou foram escravizados.


Suevos

em verde o reino dos suevos

Originários da região entre os rios Elba e Oder, hoje a Polônia.

Sobre esse povo, temos as notas de Júlio César em sua obra De Bello Gallico. Aqui estão suas impressões sobre os suevos:

A propriedade particular não existe entre eles, não lhes é permitido permanecer por mais de um ano no mesmo local, portanto nada se cultiva. Não se sustentam muito de trigo, vivem principalmente do leite e da carne dos rebanhos. São também grandes caçadores.

Em dezembro de 406 as tribos dos suevos cruzavam o Reno.

Em 409 eles entram na península ibérica. Nessa altura seu rei era Hermenerico. Foi ele quem organizou o estabelecimento do seu povo na região da Galícia.

capela de S. Pedro de Belsemão provavelmente fundada pelos suevos em Portugal

Em 438 Hermenerico abdicou em favor do seu filho, Réquila.

Os suevos tiveram sua capital em Braga, conquistaram Mérida e Sevilha em 441.

Foram atacados pelos visigodos, cujo rei era Teodorico e sofreram uma derrota violenta em Braga em 456.

Dez anos depois, os suevos se reorganizam e o rei Remismundo consegue o reconhecimento oficial da corte de Tolosa, casa-se com uma princesa visigoda e assim firma uma aliança importante.


Lombardos

broche lombardo com figura esmaltada

A partir do século V migraram da Escandinávia para as margens do rio Elba , Itália.

Em 167 fontes históricas situam os lombardos na Panônia.

Depois, só voltaremos a ouvir sobre eles no ano 489 como invasores da atual baixa Áustria.

É possível que eles tenham sido chamados lombardos por causa de suas longas barbas, langobardi.

Em 568, o então rei lombardo, Alboin, liderou uma invasão à Itália.

Ao lado dos lombardos, marchavam bandos de outras tribos, gépidas, búlgaros, sármatas, panonianos, suevos e nóricos.

Os lombardos, conquistaram o norte da península até a Toscana, chamando essas terras de Lombardia, tendo como capital a cidade de Pávia.

Na verdade eles acabaram se expandindo até o sul da península conseguindo uma saída para o mar Jônico.

Houve muitos reis lombardos e muitas batalhas entre eles e outros povos que, só terminaram com a conquista por Carlos Magno, que adotou o título de Rei dos Lombardos.


Anglos e Saxões

Bretanha em 400.500

Os anglos eram um povo germânico que tomou o nome da região de Ânglia (Alemanha).

Os saxões também eram de origem germânica e viviam no atual noroeste da Alemanha e leste da Holanda, ou talvez na própria Jutlândia (Dinamarca).

No século V, os anglos e os saxões ao lado dos jutos, que também era um povo germânico originário da Jutlândia (Dinamarca)invadiram a ilha hoje chamada Grã Bretanha, que não era de grande interesse romano.

A Grã Bretanha já havia sido dominada por bárbaros e recuperada algumas vezes pelos romanos.

Na ilha vivia uma população bretã romanizada. Os pictos da Escócia e os escotos da Irlanda eram uma ameaça constante.

elmo encontrado em Sutton Hoo perto de Suffolk num barco do século VII

Quando o império romano continental se viu ameaçado e invadido, a maior parte das legiões romanas partiu para o continente e a ilha da Bretanha ficou abandonada.

Do século V ao início do século VI, a Bretanha passa por um período que alguns chamam de era das trevas.

Esse período é famoso pela lenda do Rei Arthur que talvez seria um guerreiro bretão, filho de mãe celta e pai romano. Ele defendia a Bretanha dos anglo-saxões.

Essa chamada era das trevas, foi a fase em que as tribos germânicas se instalaram na ilha.

Os romanos já empregavam os mercenários saxões em suas legiões, para defender as terras deles, dos escotos e dos pictos, assim, com a sua retirada, ficou mais fácil dominar e pilhar a vontade.

Por volta do ano 500, os bretões vencem os invasores numa terrível batalha, mas não conseguem reconstruir suas cidades e nem manter seu ritmo de vida.

Assim, os bretões migram em grande número para a Armórica ocidental, atual Bretanha, na França.

No século VII os anglo saxões já haviam fundado diversos reinos diferentes na Grã Bretanha.

Quem os unificou e reinou absoluto foi Alfredo, o Grande, que também foi responsável pela expulsão dos vikings que tentavam invadir a ilha.