Civilizações da Antiguidade/Gana

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O Reino de Gana
plataforma de petróleo na baía de Takoradi-Gana atual

O reino de Gana nada tem a ver com o país, Gana, atual.

Chamamos de reino e não de império de Gana. O motivo é que, império é tido como um governo que pretende se expandir territorialmente.

Gana não tinha intenção de unificar os povos em seus domínios, não tinha uma visão dominadora. No entanto foi uma das maiores civilizações africanas.

Vamos situar[editar | editar código-fonte]

reino de Gana

Ficava no oeste da África onde hoje se situa o Mali e o sul da Mauritânia.

Impressiona o fato de um reino tão rico e poderoso surgir num local sem saída para o mar.

O que havia era um mar de areia, o deserto do Saara.

Soninquês[editar | editar código-fonte]

Os soninquês eram o povo nativo, agricultores que ocupavam a área entre os rio Níger e Senegal.

Essa área ainda hoje é chamada Sahel, porém na época era muito maior e hoje está desertificada.

O Sahel fica entre o deserto do Saara e as florestas tropicais.


O povo soninquês se organizou em vilarejos ou colônias agricultoras estáveis.

Foi com o desenvolvimento das aldeias dos soninquês, sua agricultura, comércio e exploração das minas de ouro que surgiu o reino de Gana.

Os nômades, na época das piores secas traziam seus animais para pastarem nessa área e faziam comércio com o povo.

Quando estes ficaram mais violentos, os soninquês se organizaram para se defender o que deu início a uma população bem protegida que mais tarde se tornaria um grande reino.

Bérberes[editar | editar código-fonte]

Os berberes viviam no deserto desde o primeiro milênio a.C.

mulher tuareg do Mali

Eles eram pastores e dominavam as dificuldades do deserto, tinham pontos de parada nos oásis, eles eram pastores e quando a seca era violenta, se dirigiam para a região do Sahel.

Lá davam pasto aos animais e trocavam mercadorias.

Os berberes controlavam o sal, que vinha dos depósitos do deserto Tegaza (ao norte do Mali atual).

O sal era mercadoria extremamente valorizada, sendo as vezes cotada no dobro do valor do ouro.

Havia várias linhagens de berberes. Os mais poderosos eram os azenegues.

Os azenegues se dividiam em: lantas e jazulas, massufas, judalas e lantunas.

Os azenegues e os soninquês conviveram em paz até o século 11.


Gana[editar | editar código-fonte]

Também conhecido como "terra do ouro"

O nome do reino, Gana, veio da forma como era chamado o seu rei O Gana, o Senhor do Ouro.

Suas terras eram chamadas Uagadu.

ouro

A cidade de Koumbi Saleh era muito poderosa no começo do século 11, tinha por volta de 20 mil habitantes e um movimento comercial impressionante.

Duas vezes por dia, o rei atravessava a cidade, precedido pelos toques de tambor, com seu séquito, todos cobertos de ouro.

A outra cidade importante era Audagoste que havia sido conquistada na metade do século 9 pelos azenegues.

Embora fosse pequena era um centro comercial, agrícola e mercantil.

O chefe azenegue vivia no deserto mas, de vez em quando, ia a Audagoste.

A cidade controlava o comércio do sal e a saída para o deserto.

Gana controlava o ouro e as trilhas para a savana e o cerrado.

No século 11 os soninquês conquistaram Audagoste e assim o Gana ficou ainda mais poderoso.


O apogeu[editar | editar código-fonte]

Com a conquista de Audagoste o Gana passou a controlar as forças militares.

Cavalos, dromedários, infantaria com arcos e flechas com ponta de ferro, o Gana possuía mais de cem mil soldados.

O ouro era farto, o minério refinado era do rei e o ouro em pó era de quem o encontrasse.

figura de leopardo – arte Ashanti

O rei não estava interessado em ampliar seus domínios em termos territoriais.

O que interessava era que, os vários povos próximos lhe pagassem tributos e fornecessem soldados.

Para evitar que outros povos se aventurassem em roubar suas minas de ouro, eles contavam histórias sobre seres fantásticos que trabalhavam nas minas.


O ouro existia em quantidades tão inacreditáveis que despertavam a cobiça de qualquer um.

O reino de Gana se tornou um grande entreposto comercial.

Embora quem mandasse no deserto fossem os berberes, donos das rotas dos oásis e do comércio do sal, Gana recebia os tributos do Sahel.

Não havia motivo entre esses povos de desavenças, uma vez que mais importante era a paz e o comércio florescente, o sal, tecidos, cavalos, tâmaras, escravos e ouro.

As grandes cidades comerciais eram o Bambuque, Buré e Lobi.

Declínio[editar | editar código-fonte]

O grande motivo do fim do reino de Gana foi uma guerra santa ou jihad.

Um dos grupos de azenegues, os judalas tinham um líder chamado Yahia ibn Ibrahim, que fez uma peregrinação a Meca em 1035.

Quando ele voltou, cheio de ideias radicais, achou que seu povo tinha que praticar o verdadeiro islamismo.

Para isso chamou um religioso de nome Abdallah ibn Yacine.

peregrinação a Kaaba

O povo não gostou da ideia e, após a morte de seu chefe, expulsou Yacine.

Esse Yacine foi embora acompanhado de seguidores que passaram a se chamar almorávidas.

Os almorávidas, envolvidos pelo espírito da jihad juntaram um exército e conquistaram terras ao sul do Marrocos, fundaram Marrakesh e conquistaram Koumbi Salleh.

Essa é a história básica mas, entre os estudiosos existem opiniões diversas:

- os almorávidas converteram os soninquês a força

- Koumbi Salleh nunca foi conquistada pelos almorávidas

- Gana se converteu ao islamismo aos poucos

- O povo sosso teria dominado Gana

- O reino entrou em decadência porque as minas de ouro se esgotaram

- Mali é a continuação do reino de Gana, para onde fugiram os não muçulmanos

- Nos séculos seguintes temos os povos sosso, songai e mali disputando a região

- O povo soninquês ainda existe, espalhado pelos atuais Mali, Mauritânia, Senegal e Gâmbia.