Civilizações da Antiguidade/Civilização Egípcia
O antigo Egito é uma das civilizações mais conhecidas do mundo atual.
Talvez pelo espetacular achado da tumba intacta do faraó Tutancâmon, talvez pelas imponentes pirâmides, talvez por todas as lendas que se desenvolveram no imaginário popular.
É fato que graças ao clima do deserto, aos arquitetos geniais e à religião que professavam, os egípcios nos deixaram de presente um testemunho de sua brilhante civilização.
Clima e localização geográfica
[editar | editar código-fonte]A Civilização Egípcia se desenvolveu a nordeste do continente africano, ao longo do grande rio Nilo que nasce no lago Vitória (África oriental) e corta as terras do Egito até desaguar no mar Mediterrâneo.
Limites do Egito são:
Ao norte o mar Mediterrâneo, ao sul as cataratas do Nilo no atual Sudão. A leste o mar Vermelho e a oeste o deserto da Líbia.
O clima era quente e seco embora, menos do que hoje em dia. Dizem os estudiosos que entre 5500 e 2500 a.C. o Saara não era como hoje o conhecemos. Era uma região de clima temperado, com água abundante e coberto de vegetação.
Unificação
[editar | editar código-fonte]Nos tempos mais antigos, quem se estabeleceu às margens do rio Nilo foram tribos esparsas, satisfeitas por encontrar um local abençoado, onde não dependiam das chuvas porque havia um rio (que era visto como um deus) para fertilizar as terras e prover de água.
Com o decorrer do tempo as tribos foram se organizando em Nomos. Já possuíam noções de aritmética, movimento das estrelas, usavam um calendário e escreviam em hieróglifos. Mas, as terras ainda eram divididas em alto e baixo Egito.
O alto Egito era o sul, onde as terras férteis são apenas as margens do Nilo e o deserto fica muito perto, assustando e maltratando o povo e os animais com seu vento cruel.
O baixo Egito era o norte, onde no delta do rio a vegetação era luxuriante e a caça e a pesca abundantes.
Quem juntou as duas terras do Egito sob um mesmo governo foi Menés ou Narmer. O nome é motivo ainda de discussões. O fato é que a partir dessa união de nomos sob o mesmo governo, começa a real história de um grande império e começa o reinado dos faraós, que eram os reis do país unido.
Divisões históricas
[editar | editar código-fonte]Existem diversas maneiras de dividir a história do antigo Egito. Aqui vamos usar:
- Antigo império
- Primeiro período intermediário
- Médio império
- Segundo período intermediário
- Novo império
- Terceiro período intermediário
- Último período
- Período greco-romano
Antigo império
[editar | editar código-fonte]Antes do antigo império existiu o período dinástico antigo que engloba a 1ª e a 2º dinastias. Essa fase foi de unificação do governo e do povo.
O antigo império vai da 3ª a 6ª dinastias e foi uma fase de prosperidade e de expansão.
Essa é a época em que o país de fato se afirma como uma grande potencia, é na quarta dinastia que são construídas as pirâmides, os templos, as estátuas dos faraós imponentes como deuses. Tempos de riqueza e paz que terminam no reinado de Pepi II, o último faraó da sexta dinastia.
Primeiro período intermediário
[editar | editar código-fonte]Neste período contabilizamos a 7º, 8ª, 9ª, 10ª e 11ª dinastias. Sendo que a 11ª dinastia é dividida entre as fases do primeiro período intermediário e do médio império.
É chamado de período intermediário porque foi uma fase de desunião, fome e governantes fracos. O país ficou dividido em três, houve invasão de outros povos e anarquia gerando uma guerra civil.
Dentro dessas dinastias houve diversos governantes mas somente no final da 11ª dinastia e ainda pertencendo a ela é que surge o novo governante, Mentuhotep II, que vai unificar novamente o Egito e começar o período chamado Médio império.
Médio império
[editar | editar código-fonte]O médio império engloba as dinastias 11, 12 e 13, embora Mentuhotep II pertença ainda a 11ª dinastia, ela é dividida com o período anterior.
Este foi um tempo de paz e riqueza, de muitas expedições militares, de comércio florescente, de grandes construções como o Templo de Amon em Karnak e muitas pirâmides e fortalezas.
Os sacerdotes eram poderosos e o grande deus Amon era venerado por todos.
Nas artes os egípcios deixaram um legado na pintura, arte decorativa, estatuária, literatura, que demonstram que nada como a paz e a riqueza de um povo para que a capacidade artística possa florescer.
O médio império termina na 12ª dinastia, sem governantes importantes mencionados nas listas conhecidas. Se presume que, novamente a fome, com a baixa das cheias do Nilo, aliada a governantes fracos tenha sido o estopim para a desunião do país.
Segundo período intermediário
[editar | editar código-fonte]Este período abrange as dinastias da 14ª à 17ª. Quando se denomina período intermediário, significa um período de transição, e este foi marcado pelo governo de um povo estrangeiro nas terras do Egito.
O fato é que não havia um governante de pulso firme e novamente as terras foram divididas, sendo que, no delta, um povo que foi chamado de Hicsos, tomou conta do governo e por isso se diz que houve a invasão dos hicsos. Na realidade esse povo já vivia no Egito e foi aumentando sua população até que tiveram a oportunidade de constituir um governo.
É claro que os egípcios resistiram à dominação estrangeira, e de Tebas surgiu a resistência que derrotou o povo estrangeiro, os expulsando das terras do Egito. Foi Kamose filho de Seqenenre Tao II, o grande líder que foi a guerra e libertou o país iniciando uma nova fase. Seu irmão Ahmose foi o faraó do Egito livre e unido e o primeiro da 18ª dinastia.
Novo império
[editar | editar código-fonte]Aqui teremos as dinastias de 18 a 20 e um período de glórias para o Egito.
O país reunificado, temos nessa fase grandes faraós guerreiros, muitas campanhas militares, a retomada de territórios perdidos e novas conquistas.
O novo império deve ser mencionado, além de muitas outras coisas, pelo fato dos sepultamentos passarem a ser no Vale dos Reis, pelas artes, pelos templos e pela avançada medicina. Se formos nomear os faraós, essa é talvez a fase mais rica do Egito em grandes governantes, como Hatshepsut (a rainha-faraó),Thutmose III o grande líder militar que expandiu as fronteiras, Ramsés II, Thutankamon (que na verdade não foi importante enquanto vivo mas que, depois de morto nos legou uma grande riqueza e saber). Além de todos o faraó Akhenaton, que rompeu com a religião estabelecida e construiu outra cidade para seu culto a Aton, o deus sol.
A decadência do novo império começou ainda no reinado de Ramsés II, as invasões dos povos do mar, a Guerra de Troia com consequente movimentação de pessoas fugindo, a riqueza e poder dos sacerdotes, a corrupção e a fome, tudo isso levou à derrocada de uma das mais belas fases da história egípcia.
Terceiro período intermediário
[editar | editar código-fonte]Compreende as dinastias de 21 a 25. Neste período temos um Egito dividido novamente, mas na mão dos sacerdotes e de diversos reis sem grande poder, que governavam a partir de cidades distintas.
É necessário mencionar que nesse terceiro período houve a 25ª dinastia, ou Núbia ou ainda Kushita.
Depois de tantos anos dominados pelo Egito, os núbios guardavam os valores mais profundos e importantes da cultura egípcia com os quais por tanto tempo conviveram e admiraram.
Quando o país se esfacelou dominado pela corrupção, os faraós negros da Núbia dominaram parte do país trazendo de volta de seus antigos valores e deixaram uma belíssima herança na sua própria terra, a Núbia.
Último período
[editar | editar código-fonte]Engloba da 26ª à 31ª dinastias. O Egito é reunificado por Psamético I que era apenas um fantoche nas mãos de Assurbanipal e assim os assírios estavam no comando do Egito. Esta foi a 26ª dinastia.
A 27ª dinastia foi fundada pelos persas, que dominaram o Egito sob a liderança do rei Cambises I. Essa foi uma dominação que não trouxe grandes danos ao orgulho egípcio, até pelo contrário, os reis persas Cambises, Dario I e Dario II procuram governar de forma a respeitar as tradições do povo egípcio.
Depois houve um breve período de independência com governantes fracos e governos instáveis. A 31ª dinastia é última a ter faraós nascidos no Egito.
O último período se fecha com a segunda ocupação persa que violenta, sangrenta, com um governo desorganizado, corrupto e cheio de vícios.
Período greco-romano
[editar | editar código-fonte]Começa oficialmente com a chegada de Alexandre Magno ao Egito. Ao que parece, o grande conquistador foi recebido de braços aberto pelo povo egípcio, que havia passado por uma grande opressão com os persas.
Alexandre era um homem culto e admirava o Egito, infelizmente não viveu para ver pronta a cidade de Alexandria, que mandou construir.
Um de seus generais, que estava no Egito por ocasião de sua morte, herdou o governo, seu nome era Ptolomeu. Assim teve inicio à dinastia chamada Ptolemaica.
Embora esta fosse uma fase próspera para os egípcios, o povo não aceitava esses estrangeiros e cada vez mais os romanos tomavam as rédeas do poder.
A última rainha deste período foi Cleópatra VII, a famosa governante que se envolveu com os romanos Otávio Augusto e Marco Antonio.
Perdida a Batalha de Accio, ela cometeu suicídio junto com Marco Antonio.
Daí em diante o Egito se torna província romana.
Faraós e dinastias
[editar | editar código-fonte]Na realidade os egípcios não chamavam o seu rei de faraó. A palavra faraó é a pronúncia dos hebreus para a palavra egípcia per-aa que significa Casa Grande.
O título do rei do Egito era Nisu.
O rei, com poucas exceções na história era sempre do sexo masculino, mas herdava o título de sua esposa, portanto a legitimação ao trono vinha através da mulher, que podia até ser irmã do rei. Vamos datar a primeira dinastia de 3000 - 2650 a.C. até o último período mencionado que é o período greco-romano, vai de 332 a.C. - 642 d.C. Existem muitas discussões sobre as datas e os reis de cada dinastia mas vamos partir do princípio de que durante esse tempo, decorreram todos os períodos mencionados acima, sendo que algumas dinastias foram interrompidas por disputas internas ou invasões estrangeiras.
Religião e túmulos
[editar | editar código-fonte]Desde o início da ocupação do vale do Nilo, o povo já acreditava em deuses, que eram forças da natureza, assim como o próprio rio. Com o desenvolvimento da civilização, esses deuses foram tomando forma e se criou toda uma mitologia em torno deles.
Assim, para reverenciá-los foram construídos templos e toda uma casta de sacerdotes era tratada de forma especial. Os sacerdotes se tornaram tão poderosos que interferiam nos assuntos do Estado e possuíam grande riqueza, muitas terras e sem dúvida o respeito do povo, pois lidavam com o que era divino.
Devido a crença numa vida após a morte, era preciso preparar uma sepultura com todo o conforto para o morto poder desfrutar da vida em outro plano. Era primordial conservar o corpo físico em perfeito estado e era preciso também receber as bênçãos dos sacerdotes. Foi esse o grande motivo para fazer a mumificação, e eles foram tão precisos nessa técnica que há muitos corpos bem conservados até hoje.
Os faraós foram sepultados com grandes tesouros, que possivelmente foram todos roubados pouco depois do sepultamento. Sendo que os faraós eram (supostamente) descendentes do grande deus Amon Rá, e por isso era uma figura divina e infalível.
As famosas pirâmides são conhecidas como túmulos embora isto não esteja provado.
Artes e ciências
[editar | editar código-fonte]Vamos começar pela arquitetura, que salta aos olhos por sua beleza e monumentalidade. Os egípcios foram construtores inigualáveis, basta olhar para a única maravilha do mundo antigo ainda de pé: as pirâmides de Giza. A grande esfinge, também é um monumento que inspira uma série de dúvidas e hipóteses.
Os templos são um exemplo de arquitetura majestosa voltada para o divino, Karnak o maior deles, Abu Simbel, Kom Ombo, o Templo de Luxor e outros.
A escultura foi durante toda a civilização egípcia uma forma de glorificar os deuses e o faraó. Ramsés II foi responsável por estátuas imensas como os Colossos de Memnon, suas estátuas na frente do templo de Abu Simbel, sua estátua no Ramesseum. Existe um legado deslumbrante em estátuas de deuses e faraós de diversos períodos, que demonstram o talento artístico do povo.
Não se pode deixar de citar o túmulo da rainha faraó Hatshepsut, chamado de Djeser Djeseru ou o Esplendor dos Esplendores, é considerado uma das obras mais importantes da arquitetura do antigo Egito.
A pintura foi muito explorada na decoração dos túmulos e templos. Os egípcios sabiam como usar as cores com gosto e retrataram os fatos do dia a dia com detalhes. Os túmulos são os locais onde as pinturas ficaram mais preservadas e podem ser apreciadas em toda sua glória.
Os egípcios foram mestres na fabricação de vasos e tigelas, tabuleiros para jogos, recipientes para maquilagem, jóias finas e delicadas usando pedras coloridas, amuletos, pequenas figuras usadas para colocar nos túmulos chamadas ushabtis.
A literatura, por sorte, sobreviveu ao tempo de modo que temos vários textos do Livro dos Mortos, algumas obras como hinos religiosos, romances e conselhos. Havia o desenho satírico e a crítica social, além de documentos com listas de impostos e oferendas.
Na fase de Amarna ou no reinado de Akhenaton, a arte pictórica se mostra mais naturalista, completamente diferente do que havia sido feito até então. Dessa fase temos uma das mais belas e admiradas esculturas do mundo que é o busto de Nefertiti, esculpida pelo artesão Tuthmose (Museu de Berlim).
Nas ciências é preciso citar a astronomia: criaram o calendário de 365 dias, sabiam o movimento de algumas estrelas. Construíram reservatórios de água e canais de irrigação para levar as águas do Nilo para locais distantes, fizeram diques e nilômetros para medir as cheias do rio.
Na medicina os egípcios deixaram diversos tratados e estudos que comprovam o avanço dos tratamentos, havendo até mesmo especialistas em algumas áreas.
Declínio
[editar | editar código-fonte]Como vimos acima,o Egito sofreu diversos períodos conturbados, viveu sob povos invasores e mesmo assim conseguiu se reerguer algumas vezes.
Mas, depois da invasão dos assírios e dos persas, especialmente depois da segunda ocupação persa, já não havia restado quase nada do magnífico império egípcio.
Infelizmente Alexandre Magno não viveu para governar o Egito e a dinastia dos Ptolomeus nada tinha a ver com os gloriosos faraós egípcios.
Dessa forma o país foi dominado definitivamente por Roma, e futuramente pelos islâmicos, Turcos e finalmente colonizados pelos britânicos, deixando nada alem de histórias do seu passado magnifico.