Anestesia em quelónios/Anestesia parenteral
São várias as formas de administração de agentes anestésicos em quelônios. A mais praticável é pelas vias injetáveis devido à sua fácil administração e baixo custo. Apresenta também algumas desvantagens, não é possível controlar a anestesia após a indução e há muita dificuldade em reverter o seu efeito, sendo a sua grande desvantagem o prolongado tempo de recuperação pelo qual o animal tem de passar. A mais usada é a via intramuscular, que embora necessite de doses mais elevadas que na intravenosa torna-se mais simples que esta, pois o acesso venoso nem sempre é uma tarefa fácil.
Uma combinação frequentemente usada em quelônios é a associação de ketamina HCl com Diazepam para efeitos anestésicos e sedativos. A ketamina é um agente sedativo usado em doses de 22–44 mg/kg por via intramuscular ou subcutânea e em doses de 55–88 mg/kg num plano cirúrgico. O seu tempo de indução varia entre 10 a 30 minutos o que é bastante rápido, mas o seu tempo de recuperação é muito mais longo até vários dias (96 horas). Um conceito relevante é a dose de fármaco que nas tartarugas tem uma particularidade. Em tartarugas menores é necessária uma dose maior de ketamina por unidade de peso corporal que em tartarugas de grande porte.
As tartarugas das Galápagos são sedadas, para pequenos procedimentos cirúrgicos, com uma dose de etorfina HCl com uma dose de 0,22 mg/kg. Em tartarugas de maiores dimensões é usada a combinação tiletamina-zalozepam a uma dose de 5–10 mg/kg via intravenosa e via intramuscular para facilitar a intubação traqueal.
No caso de a sedação não ser suficiente para permitir a intubação traqueal, após a administração de telazol é colocada uma máscara no animal com isoflurano, em vez de doses repetidas de telazol, para diminuir o tempo de recuperação. Em tartarugas africanas, o uso de grandes doses de Telazol aumenta o tempo de recuperação para mais de 3 dias.
Contudo sempre que se recorre ao uso de máscara deverão ser tomados alguns cuidados, por exemplo no caso de tartarugas marinhas o seu ciclo respiratório é irregular e podem suster a respiração por longos períodos de tempo. Uma dose mínima de fármaco injetável reduz visivelmente o tempo de recuperação.
Chelania mydas, uma espécie de tartarugas marinhas têm sido anestesiadas com pentobarbital, tiopental e ketamina. O uso do pentobarbital é satisfatório, pois tem um bom efeito anestésico, porém prolonga em demasia o tempo de recuperação. A recuperação com o uso do tiopental é mais rápida, mas a anestesia é errática. O uso de ketamina apresenta bons resultados sempre que administrada intraperonealmente.
Alfloxalona/alfadolona têm sido recomendados como pré-anestésicos antes da indução da anestesia inalatória em répteis. Se a administração for intravenosa o tempo de indução é de 2 a 4 minutos, permitindo uma rápida intubação traqueal e a administração da anestesia inalatória. Contudo, após administração intramuscular a indução da anestesia aumenta o seu tempo de indução para 30 minutos. A dose ótima para quelônios é de 15 mg/kg para produzir 15 a 30 minutos de anestesia.
Propofol tem como característica um curto tempo de ação hipnótica, normalmente muito usado um humanos. O seu uso deve-se ao seu rápido tempo de ação, mínima acumulação após repetidas administrações e uma rápida recuperação sem efeitos excitatórios.
As desvantagens no seu uso são a indução de depressão do sistema cardíaco e respiratório. Em répteis a sua grande desvantagem é o uso por via intravenosa, pois neste animais há espécies em que o acesso venoso é extremamente complicado ou mesmo impossível. A dose usada é de 5–10 mg/kg via intravenosa ou outras doses 1 mg/kg/min.