História e epistemologia da Física/Indutivismo × Racionalismo: diferenças entre revisões

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=== Teoria da Relatividade ===
=== Teoria da Relatividade ===


“Quem conhece, por exemplo, a Teoria da Relatividade Restrita com base apenas no trabalho de Einstein de 1905, ficará com uma visão racionalista desta teoria. Quem assenta esse conhecimento na célebre experiência de Michelson-Morley, poderá ficar com uma visão empirista da mesma. Em qualquer dos casos, trata-se de uma visão restrita e deturpada.” (VALADARES, 2005)
“Quem conhece, por exemplo, a Teoria da Relatividade Restrita com base apenas no trabalho de Einstein de 1905, ficará com uma visão racionalista desta teoria. Quem assenta esse conhecimento na célebre experiência de Michelson-Morley, poderá ficar com uma visão empirista da mesma. Em qualquer dos casos, trata-se de uma visão restrita e deturpada.” <ref>VALADARES, 2005</ref>
Einstein e o Empirismo


=== Einstein e o empirismo ===
“No sistema de uma física teórica, estabelecemos um lugar para a razão e para a experiência. Os resultados experimentais e suas imbricações mútuas podem ser expressos mediante as proposições dedutivas. E é na possibilidade desta representação que se situam exclusivamente o sentido e a lógica do sistema inteiro, e mais particularmente, dos conceitos e dos princípios que formam suas bases. Aliás, estes conceitos e princípios se revelam como invenções espontâneas do espírito humano. Não podem se justificar a priori nem pela estrutura do espírito humano nem, reconheçamo-lo, por uma razão qualquer” (Einstein)


“No sistema de uma física teórica, estabelecemos um lugar para a razão e para a experiência. Os resultados experimentais e suas imbricações mútuas podem ser expressos mediante as proposições dedutivas. E é na possibilidade desta representação que se situam exclusivamente o sentido e a lógica do sistema inteiro, e mais particularmente, dos conceitos e dos princípios que formam suas bases. Aliás, estes conceitos e princípios se revelam como invenções espontâneas do espírito humano. Não podem se justificar a priori nem pela estrutura do espírito humano nem, reconheçamo-lo, por uma razão qualquer” (Einstein)


=== Einstein e o Racionalismo ===
=== Einstein e o Racionalismo ===

Revisão das 14h44min de 22 de abril de 2008

Realidade?

Método científico

Método científico

  • Antigo Egito: métodos de diagnósticos médicos
  • Alhazen (séc. X): ênfase na busca da verdade, uso de experimentos para decidir entre duas hipóteses

Método hipotético-dedutivo

experiência não é suficiente


Algoritmo

  • recolher observações
  • formular modelos e hipóteses que organizem as observações
  • deduzir predição a partir de 2
  • testar a predição: para tentar desprovar 2
    • se funcionar: 2 é corroborada (não provada!)
    • se não, 2 é falsificada  formular nova 2


Nicolau Copérnico (1473-1543)

Contribuições

superou mera acumulação de dados astronômicos e ajustes no modelo Ptolomaico

 novo modelo: explicação mais plausível para as observações


Empirismo

experiência sensorial é a única fonte do conhecimento

em oposição à introspeção e ao Escolasticismo

rejeição ao Racionalismo


Francis Bacon (1561-1621)

Dados Biográficos

político, filósofo e ensaísta inglês,

barão Verulam

visconde de St. Albans


Contribuição

chamado de “fundador da ciência moderna”

autor de Instauratio magna

pretendia substituir o método Aristotélico

critica o Escolasticismo

repudia o silogismo Aristotélico,

prega

  • a experimentação
  • a repetição do experimento
  • a variação controlada das condições


New Atlantis (1626)

1ª Utopia moderna

Casa de Salomão (Universidade/instituto de pesquisas)

inspirou a criação da Royal Society (1660)


Ordem Rosacruz?

teria sido fundada por Christian Rosenkreuz

pregavam a reforma religiosa e sócio-cultural da sociedade humana

Bacon teria sido seu Imperator


Galileu Galilei (1564-1642)

“só o livro da natureza é o objeto próprio da ciência e este livro é interpretado e lido apenas pela experiência”

“só o raciocínio pode estabelecer as relações matemáticas entre os fatos da experiência e construir uma teoria científica dos próprios fatos”

“só a experiência pode oferecer o incentivo para a formulação de uma hipótese”

“as deduções que derivam matematicamente destas hipóteses devem ser confrontadas com a experiência e confirmadas com experimentos repetidos antes de poderem ser declaradas válidas”


‘O Método Científico’

Método:

  • experimento  observação
  • busca  acaso

Hipotético-dedutivo

  • observação,
  • hipótese,
  • experimentação e
  • verificação

experimentação  Escolástica


Galileu, o pseudoexperimentalista

propõe a indução a partir das observações.

experiências mentais

a da Torre de Pisa não aconteceu

geometrização (matematização) da ciência

objetos ideais: sem atrito, deformação, etc.


Isaac Newton (1643-1727)

‘Método’ Newtoniano

“Hypotheses non fingo” (não crio hipóteses(?))

“as proposições particulares são inferidas dos fenômenos, e depois tornadas gerais pela indução”

 empirista-indutivista


Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794)

Método

analítico

baseada em experiências verificáveis e reprodutíveis

com instrumentos cada vez mais precisos e padronizados


A Contribuição de Lavoisier

sonho: levar a mente ao laboratório

raciocinar de olhos abertos, pela manipulação de coisas reais ao invés de palavras e idéias vagas


Racionalismo

derivado de Parmênides (séc. 5 a.C.)

desenvolvido por Zenão (séc. 5 a.C.) e Platão (séc. 5 a.C.)

principal expoente: Descartes (séc. 17)


René Descartes (1596-1650)

também conhecido na forma latina Renatus Cartesius

contemporâneo de Galileu

filósofo, físico e matemático francês

denominado o “Pai da Filosofia Moderna”

figura central do Racionalismo

com Descartes, surge a noção de Lei física, sem o cunho teológico

a lei é eficaz por si mesma

está de acordo com o agnosticismo de sua época


Racionalismo (Moderno)

conhecimento deve ser baseado, por dedução, na certeza

busca do começo racional do conhecimento: “Penso, logo existo” (certeza básica)


Método dedutivo

apoia-se no conhecimento das coisas que se reconhecem corretas - evidências (intuitivas),

pela análise (decomposição), divide-se uma questão em suas partes componentes até obterem-se evidências ou fatos já comprovados


Comparação dos métodos

método dedutivo:

  • premissas verdadeiras  conclusões necessariamente verdadeiras.

método indutivo:

  • premissas verdadeiras  conclusões no máximo prováveis.
  • generalizam as premissas incluindo inobservados.


Teoria da Relatividade

“Quem conhece, por exemplo, a Teoria da Relatividade Restrita com base apenas no trabalho de Einstein de 1905, ficará com uma visão racionalista desta teoria. Quem assenta esse conhecimento na célebre experiência de Michelson-Morley, poderá ficar com uma visão empirista da mesma. Em qualquer dos casos, trata-se de uma visão restrita e deturpada.” [1]

Einstein e o empirismo

“No sistema de uma física teórica, estabelecemos um lugar para a razão e para a experiência. Os resultados experimentais e suas imbricações mútuas podem ser expressos mediante as proposições dedutivas. E é na possibilidade desta representação que se situam exclusivamente o sentido e a lógica do sistema inteiro, e mais particularmente, dos conceitos e dos princípios que formam suas bases. Aliás, estes conceitos e princípios se revelam como invenções espontâneas do espírito humano. Não podem se justificar a priori nem pela estrutura do espírito humano nem, reconheçamo-lo, por uma razão qualquer” (Einstein)

Einstein e o Racionalismo

“Estes princípios fundamentais, estas leis fundamentais, quando não se pode mais reduzi-los a lógica estrita, mostram a parte inevitável, racionalmente incompreensível da teoria. Porque a finalidade precípua de toda a teoria está em obter estes elementos fundamentais irredutíveis tão evidentes e tão raros quanto puderem ser, sem se olvidar da adequada representação de qualquer experiência possível” (Einstein)


Crítica ao indutivismo

Método indutivo é criticado por esse `salto indutivo´.

Risco da amostra ser insuficiente e/ou tendenciosa.

Ex.: corvo de Hempel, “isto nunca aconteceu antes”.

Nenhum número restrito de observações pode acarretar logicamente um enunciado irrestrito.

Mesmo a indução probabilística (conclusões são prováveis) não foge do problema do salto indutivo.


Defesa usual

“A indução sempre funcionou no passado”

Isto também é indução pois subentende que sempre continuará a funcionar


Crítica ao Dedutivismo

Fornecer-se premissas das quais um fato possa ser deduzido não é suficiente para torná-lo inteligível:

Ex.: x  (x  y)  y

mas porque acontece x?

De fato, ...

Em Matemática, apesar do conteúdo dos teoremas já residir nos axiomas e postulados, esse conteúdo está longe de ser óbvio.


Ceticismo

primeiramente articulado por Pirro (séc. III a.C.)

revivido por Montaigne (séc. 16) e Pascal (séc. 17)

principal expoente: Hume


David Hume (1711-1778)

as idéias só nascem das sensações

a certeza que se tem do conhecimento resulta da invariância das operações intelectuais que estão em sua base

o resto, como a realidade, por exemplo, são assuntos de crença


Ceticismo (moderno)

crítica do Racionalismo ao Empirismo  Ceticismo

experiência é única fonte do conhecimento, sim, mas não pode fornecer “conhecimento correto”

Empirismo: experiência é passiva

Conhecimento deve ser universal

nem o Racionalismo nem o Indutivismo podem levar à certeza da permanência do Universo:

  • Racionalismo: não garante que o futuro vai ser como o passado
  • Indutivismo: vai do inobservado ao observado

experiência é única fonte do conhecimento, sim, mas não pode fornecer “conhecimento correto”

 melhor que se pode fazer:

  • se tais e quais condições são preenchidas então seguem-se tais conclusões
  • não se pode ter certeza do conhecimento do mundo exterior!


Dogmatismo

Ceticismo: enfatiza dúvida e relatividade do conhecimento humano

comum em épocas de crise social

Dogmatismo: aceita verdades absolutas

comum em estágios preliminares de movimentos filosóficos


Utilitarismo

origem: Epicuro (séc. a.C.)

Bentham (séc. 19) e James Mill (pai de John Stuart Mill)

“Por princípio da utilidade, entendemos o princípio segundo o qual toda ação, qualquer que seja, deve ser aprovada ou rejeitada em função de sua tendência de aumentar ou reduzir o bem-estar das partes afetadas pela ação.”

experiência: não provê conhecimento teórico mas o suficiente para a vida prática

ocorrência repetida de um evento antes de outro não constitui prova de causa e efeito (inferência).

Ex.: o Sol nascerá amanhã?


Referências

  1. VALADARES, 2005

Ver também