Civilização Egípcia/Período dinástico antigo: diferenças entre revisões

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Civilização Egípcia/Índice

Período Dinástico Antigo 3000-2650 a.C.

antiguidade no Louvre

Dinastias 1–2

É praticamente certo que, o rei que uniu os nomos, usando a coroa do Alto e Baixo Egito foi Menés. Provavelmente Menés e Narmer devem ser a mesma pessoa, porque um dos mais velhos registros conhecidos do Egito antigo, chamado Paleta de Narmer, mostra o Rei Narmer usando a coroa do Alto Egito de um dos lados (sujeitando um vencido ao que parece) e do lado oposto o mesmo rei marcha, em triunfo, portando a coroa do Baixo Egito. De onde se presume que é ele o unificador e o primeiro a poder usar o título de Faraó.


Paleta de Narmer,parte de trás
Paleta de Narmer,frente

Faraó é um título que cabe apenas aos governantes do Alto e Baixo Egito, àquele que porta as duas coroas (a coroa dupla).

Assim temos, Menés ou Narmer como o fundador da primeira dinastia.

Ao unir o aglomerado de nomos sob seu comando, Menés (ou Narmer) situou a capital na cidade de Thinis (por isso em alguns livros temos o período tinita).
Não há consenso entre os historiadores a respeito do faraó que seria o responsável pela transferência da capital para Mênfis, mas independente da cidade de onde eles governavam , o fato é que após a unificação, nos primeiros séculos, o crescimento do Egito foi espantoso.
Mênfis, tenha sido ou não fundada por Menés (ou Narmer), foi uma idéia inteligente porque foi construída no vértice do delta, próximo ao ponto onde se encontram o alto e o baixo Egito. A partir desta cidade, uns dezoito reis de duas dinastias consecutivas, governaram por cerca de quatrocentos anos.

Este foi um período de grandes conquistas, não só de territórios mas, de conhecimento e estabilidade.

Túmulos

Como vimos no capítulo anterior, o povo egípcio sempre se preocupou com a alma e o conforto do morto para sua vida após a morte.
Neste período dinástico antigo, já eram construídos túmulos mais sofisticados, as mastabas – que eram sepulturas feitas de adobe com lados oblíquos e a parte superior plana.
Dentro das mastabas havia câmaras e ali eram deixados objetos para o conforto do morto no outro mundo.
Com o decorrer do tempo, as mastabas foram ficando cada vez maiores e mais complexas. Faraós da primeira e da segunda dinastias, já possuíam mastabas revestidas com pedras e havia sepulturas com até trinta câmaras.


Escultura e outras artes

Todas as manifestações artísticas no Egito surgiram por causa da religião, e estavam a serviço do faraó e do estado.
Acredita-se que a escultura surgiu em decorrência da necessidade de representar o morto para a eternidade. Muitas estátuas foram encontradas nos túmulos diante de uma porta falsa na parede, talvez para dar passagem à alma do morto.
Também a escultura foi usada para representar os deuses que eram adorados sob a forma de animais ou meio humanos.

deusa Bastet no Louvre

É claro que com o decorrer do tempo, os egípcios foram aprimorando essa arte até construírem os colossos que veremos mais tarde.

Ainda na primeira dinastia os egípcios já dominavam a arte de trabalhar com madeira, fabricavam arcos, flechas, dardos, bengalas e cetros de toda espécie e ainda instrumentos musicais, o clima quente e seco do país preservou esses trabalhos para os estudos atuais.
O estilo artístico do povo egípcio sofreu muito poucas mudanças ao longo de mais de 3000 anos de história. Eles foram um povo muito ligado na religião, possuíam um grande respeito pelo equilíbrio, pela ordem que podiam vislumbrar na natureza.
Os complexos funerários de Abydos e Saqara foram construídos durante as primeiras dinastias. Os hieróglifos já os enfeitavam e contavam para a posteridade as histórias em que hoje os estudiosos se baseiam para estudar a civilização egípcia.

A pintura não tinha profundidade, o tronco da pessoa representada ficava sempre de frente para o observador enquanto a cabeça, as pernas e os pés eram vistos de perfil. Usavam cores e representavam as pessoas mais importantes em tamanho maior, as figuras iam diminuindo de acordo com a sua importância. As figuras femininas eram pintadas de ocre e as masculinas de vermelho.
Os hieróglifos a principio eram talhados em pedra, mas, depois os egípcios descobriram outros materiais para escrever. Graças à escrita nas paredes dos templos, nos monumentos e em rolos de papiros, ficaram para nosso conhecimento histórias de conquistas, poemas, louvores, cálculos, lendas e o mais interessante, os papiros médicos.

Papiro, a planta

O papiro é uma planta que, além de decorativa foi um tesouro para os antigos egípcios. As hastes do papiro, com dois a três metros de altura, eram cortadas em pequenos pedaços, descascadas e a isso se seguia uma série de procedimentos até se obter a folha de papiro.
Da haste da planta também faziam velas de barcos, cordas, sandálias e cestos. Essa planta, tão bela e tão útil, que não dava trabalho algum, a não ser o de cortá-la, só era superada em utilidade pelo trigo.

O papiro era o símbolo do Baixo Egito e o cetro das deusas era feito com sua haste.
A propósito, o símbolo do Alto Egito era o lótus.

Religiosidade

Era a base de toda vida no Egito. Todas as artes e conquistas estavam interligadas aos deuses cultuados.Os egípcios adoravam vários deuses, em cerimônias patrocinadas pelo estado ou pelo povo. Geralmente os deuses possuíam formas de animais ou misturadas, homens e animais.
É claro que com o advento da unificação dos nomos, alguns deuses prevaleceram sobre outros. Os sacerdotes tiveram que usar de muita diplomacia e não se sabe que pressões mais, para agradar a todas as tribos (isso não exclui guerras internas durante alguns períodos).

oferenda à Hórus

O deus falcão Hórus, um dos maiores para todos os egípcios, deve ter sido adorado por ser o falcão, o senhor dos céus egípcios. Daí a identificação de Hórus com o falcão e com o faraó.
O faraó é a encarnação de Maat (o direito, a justiça), portanto ele é o modelo, o exemplo para seus súditos.
A morte significava um novo nascimento, mas não a reencarnação e sim uma nova vida num outro mundo, provavelmente celeste, onde o faraó seria recebido pelo deus sol depois de passar por certas provas.
Assim também ocorria ao homem comum, que deveria cumprir uma série de condições para chegar à nova vida.

Considerado como criador do universo, o deus Ra talvez seja o deus mais famoso do panteão egípcio.Em algum momento houve uma sobreposição entre Ra e Hórus, de modo que temos incontáveis exemplos de Ra com cabeça de falcão.

deus Ra com cabeça de falcão

No princípio emergiu das águas uma ilha, e nela havia um ovo do qual saiu Ra, iluminando todas as coisas. Todos os outros deuses seriam filhos de Ra (Nut, Chu e Geb).
Seria muito extenso falar sobre todos os deuses egípcios ainda que estejamos dividindo a História do Egito em partes, porque a mitologia egípcia é muito rica e complexa.

Faraós e como listá-los

Vamos começar pelo fato dos reis do Egito serem chamados de faraós, apenas pelos gregos e pelos hebreus. Os antigos egípcios não os chamavam assim.
O título Faraó se origina do egípcio Per-aa, que significa Casa Grande, palavra que designava o palácio. Durante muito tempo a palavra para designar o rei no Antigo Egito era nesu, além dos muitos títulos que eles possuíam.
Não sabemos quantos foram os faraós egípcios porque algumas vezes, quando o país ficou dividido houve vários reis ao mesmo tempo.
Nem sequer sabemos exatamente quantos foram os faraós e nem por quanto tempo cada um governou. Algumas dinastias foram descritas com precisão pelos escribas e as suas listas foram encontradas, enquanto que outras listas, sofreram danos que tornam difícil decifrá-las.
Algumas dessas listas sobreviveram até nosso tempo e são usadas para dirimir dúvidas. São elas:

Ficheiro:DSC00083 - Pietra di Palermo (geroglifici)1.jpg
pedra de Palermo

A Pedra de Palermo e outros fragmentos

A pedra de Palermo é um pedaço de parede com inscrições em ambos os lados, onde mostra eventos, na maior parte rituais, que ocorreram durante as primeiras cinco dinastias.
A parte maior desta parede é justamente a chamada Pedra de Palermo porque está na cidade do mesmo nome, na Itália.
Um segundo pedaço em tamanho e mais quatro pequenos fragmentos estão no Museu do Cairo (Egito) e há um pequeno fragmento na Universidade de Londres (Inglaterra). Não se sabe se todos os fragmentos são da mesma parede original. Nenhum dos pedaços contem partes ou uma cópia completa dos outros.
A parede original onde ficava a Pedra de Palermo devia medir aproximadamente 2,2 m. de comprimento por 0,61 m. de altura.
Em ambos os lados da pedra está inscrita uma lista de faraós do período pré-dinástico até o meio da quinta dinastia.
Acredita-se que ela foi inscrita justamente no meio da quinta dinastia. Alguns estudiosos acham que ela pode ter sido feita por partes em épocas diferentes e até mesmo ter sido atualizada regularmente (por causa do estilo dos hieróglifos). Outros acreditam que, pela maneira de inscrever na pedra, ela tem ligação com o estilo usado na vigésima-quinta dinastia, o que poderia indicar uma cópia, portanto quem copiou teria acesso aos arquivos originais.

Cânone Real de Turim

Também conhecida como Lista Real de Turim, é um papiro único, escrito em hierático, que hoje está no Museu de Turim na Itália.
Este papiro está fragmentado em, mais ou menos, cento e sessenta pequenos pedaços e muitos deles se perderam. Ele foi descoberto na necrópole de Tebas pelo viajante italiano Bernardino Drovetti em 1822 e quem primeiro percebeu sua importância foi o egiptólogo francês Jean François Champollion.
Presume-se que o papiro tenha sido escrito no reinado do faraó Ramsés II e não se sabe quantas páginas tinha, com uma lista de pessoas e instituições, tendo ao lado uma estimativa de impostos.
Mas, o que ele tem de realmente valioso é o verso, que na época não deve ter sido lá de grande importância para o escriba. Talvez tenha sido apenas um exercício para quem o escreveu, talvez fosse um estudante.
Acontece que, nos legou uma lista de deuses, semi-deuses, espíritos, reis míticos e humanos, que reinaram no Egito desde o início dos tempos até quando ele escreveu a lista.
De onde copiou, não se sabe. Aonde está o original, também não. Talvez ele tivesse acesso aos arquivos dos templos. Se esta listagem foi criada pelo próprio escriba então, ela é única.
Esta é uma lista especial porque agrupa os faraós mencionando a duração dos seus reinados com dia, mês e ano. Também inclui os nomes de faraós efêmeros e daqueles que reinaram sobre pequenos territórios. A lista menciona inclusive os governantes Hiksos, indicando serem estrangeiros.

Lista de Mâneton

Não se sabe muita coisa a respeito de Mâneton, apenas que ele foi um sacerdote egípcio ou greco-egípcio, nascido em Sebennitos no delta do Nilo, e que viveu no Egito durante a trigésima dinastia (reinados de Ptolomeu I e II).
A importância de Mâneton vem do fato de ter escrito Aegyptiaca, uma coleção de três livros sobre a história do Egito antigo, patrocinada por Ptolomeu II que queria unir as culturas egípcia e grega.
Mâneton, sendo sacerdote, com certeza teve acesso aos arquivos do templo onde servia. É possível que nesses arquivos tenha encontrado desde tratados científicos até histórias mitológicas e assim muitas vezes temos uma grande mistura.
Contudo, seu trabalho deve ser considerado muito importante para o estudo da história do antigo Egito. Difícil é descobrir algo do trabalho original de Mâneton, porque este foi copiado e falsificado com intenções políticas e ou religiosas.
Autores como Josephus, Africanus, Syncellus e Eusebius fizeram listas que não combinam, seja na quantidade de faraós, seja na duração de seus reinados.

lista real de Abydos

Lista Real de Abydos

No templo de Abydos, na Sala dos Registros, Seti I e seu filho, o futuro Ramsés II, mostram os nomes de setenta e seis ancestrais, em cartuchos.
Não é uma lista tão confiável porque exclui governantes como Hatshepsut e Akhenaton. Também não lista os reis do segundo período intermediário.

Lista Real de Karnak

Uma lista de faraós desde os primeiros até Tutmósis III. Registra os nomes de muitos reis obscuros do segundo período intermediário. Hoje está no Museu do Louvre, em Paris.

Lista Real de Saqara

Descoberta na tumba real do escriba Thunery em Saqara. Originalmente possuía cinqüenta e oito cartuchos mas só restaram quarenta e sete. Registra de Anedjib, na primeira dinastia até Ramsés II e também omite os nomes do segundo período intermediário.

Papiro Westcar

O Papiro Westcar é chamado assim por causa do colecionador britânico Henry Westcar. Foi adquirido pelo egiptólogo alemão Richard Lepsius quando este visitou a Inglaterra por volta de 1838/39 e depois de sua morte foi doado ao Museu de Berlim.
Este papiro contém uma coleção de contos que foi supostamente contada ao faraó Queóps pelos seus filhos. O estilo e a linguagem são típicos da décima segunda dinastia embora, o papiro seja da décima quinta dinastia. Esta é a única cópia que se conhece.
Através dele muitos se baseiam na ordem dos faraós da quinta dinastia. Infelizmente o inicio e o final do papiro se perderam, de modo que, não sabemos quantas histórias faziam parte do original.
A primeira história parece ser sobre um mago cujo nome se perdeu, e se passa no reinado de Netjerikhet, que no papiro é chamado Djoser. Alguns sugerem que esse mago poderia ser Imhotep (o arquiteto da Pirâmide de Degraus).
Da segunda história temos poucos pedaços mas, ela é passada no reinado de Nebka (seria ele Sanakhte, o primeiro faráo da terceira dinastia?)
O fato desta história vir depois daquela de Netjerikhet é interessante porque tanto Mâneton como o cânone de Turim marcam Nebka como antepassado direto de Netjerikhet. No papiro Westcar ele está colocado entre Netjerikhet e Snefru (o primeiro faraó da quarta dinastia).
A terceira história é passada durante o reinado de Snefru, pai de Queóps; A quarta história se passa na própria corte de Queóps.
E a quinta e última história preservada é um conto sobre um mago, Djedi, que prediz as origens dos faraós da quinta dinastia :Userkaf, Sahure e Neferirkare Kakai. Eles seriam filhos de Raddjedet, a esposa do sumo sacerdote de Ra, Sakhebu, e se tornariam faraós, todos os três, um depois do outro.
Embora sejam contos, misturados com magia, os estudiosos também costumam usá-lo como fonte de pesquisa, por isso é citado.

Faraós da primeira dinastia

A lista abaixo certamente não está completa, nem da primeira nem das outras dinastias, longe disso, porque há muitas controvérsias a respeito.
Na listagem de faraós que vamos usar aqui, Narmer, o unificador do Egito, surge como o primeiro rei do período pré-dinástico ou dinastia 0 ou dinastia de Naqada. Mas, ele também pode ser o primeiro rei da primeira dinastia. Vamos colocá-lo então na primeira dinastia, uma vez que, do período pré-dinástico não temos uma lista de reis confiável.

  • Narmer
  • Aha
  • Hórus Djer
  • Hórus Djet
  • Hórus Den
  • Hórus Anedjib
  • Hórus Semerkhet
  • Hórus Qaa

Narmer - alguns estudiosos acreditam que Narmer e Menes foram a mesma pessoa. Menes seria o nome grego para Narmer e quem teria dado este nome seria Mâneton (que escreveu em grego uma história sobre a civilização egípcia e fez uma cronologia dos faraós).
Pode ser que o nome Men, que significa estabelecido, seja a origem de Menes, porque o primeiro rei da Primeira Dinastia, Aha, deve ter sido filho de Menes com a rainha Nithotep e há um selo de marfim na tumba da rainha Nithotep, em Naqada, que mostra o nome Aha com o nome Men na frente dele.

Aha - talvez o filho de Narmer e da rainha Nithotep. É provável que seu túmulo esteja em Abydos.

Hórus Djer- seu nome significa Hórus que socorre. Do seu reinado vêm as primeiras notícias que se tem, de expedições militares fora das terras do Egito, uma expedição à Ásia. Segundo o mesmo Maneton (já citado acima), Djer foi um grande médico. Maneton afirma que Djer escreveu tratados de anatomia e tratamento de doenças e que 3000 anos após sua morte esses tratados ainda eram usados.
O túmulo de Djer está em Umm el-Quab, em Abydos.

Hórus Djet- Hórus Cobra, seu nome aparece numa estela, hoje no Museu do Louvre, que mostra uma serpente erguida no céu sobre muralhas fortificadas.

Estela de Djet no Louvre

Não se sabe muito a seu respeito, apenas que fez uma expedição ao Mar Vermelho e talvez até mais longe.
A tumba em Abydos que se acredita seja desse faraó ainda é motivo de controvérsia entre pesquisadores.

Hórus Den- seu nome significa o Hórus que golpeia, também chamado Udimu.
No seu reinado, pela primeira vez, o faraó é mostrado usando a Coroa Dupla, ou seja, a Coroa Vermelha e a Branca juntas.
Assim como Djer, parece que Den também foi médico e um dos estudos que se acredita seja de sua autoria, versa sobre o tratamento de fraturas.
Em seu túmulo foi usado granito no chão e blocos também de granito para apoiar o teto de madeira. O túmulo de seu chanceler, Hemaka, também foi encontrado e era muito rico.

Hórus Anedjib- Anedjib ou Seguro é seu coração, deve ter enfrentado alguma convulsão entre norte e sul por causa da sucessão dinástica, porque de acordo com a lista de reis de Saqara, seu nome consta como o primeiro rei a unir o Egito. Anedjib adotou o título Os dois Senhores.
Sua tumba era modesta comparada às de Den e Djet. Havia sessenta e quatro sepulturas para os servos, mas seu nome foi raspado dos vasos de pedra, talvez por seu sucessor.

Hórus Semerkhet- o nome Semerkhet significa Amigo Considerado e segundo Maneton (que já foi citado acima), no reinado deste faraó ocorreu uma calamidade no Egito. Não se conhece muito a respeito de seu reinado e não deve ser levado em consideração o fato de vasos inscritos com o nome do faraó predecessor terem sido reinscritos com seu nome. Isso era muito comum e o que se pode afirmar é que em vasos encontrados na pirâmide de Djoser (terceira dinastia) constava o nome de Semerkhet, coisa que não ocorreu com Merneith ou com Hatshepsut.
Seu túmulo está em Abydos.

Estela de Qaa

Hórus Qaa- seu nome significa Seu braço está erguido, e ele foi o último rei da primeira dinastia.
As informações sobre seu reinado são poucas, ele é mencionado em inscrições em vasos e numa estela danificada onde aparece usando a Coroa Branca do Alto Egito e sendo abraçado pelo deus Horus.
Provavelmente foi sepultado em Abydos, na tumba Q. Nesta mesma tumba foram encontrados selos e artefatos com o nome de Hetepsekhemwy, o primeiro faraó da segunda dinastia. Isso sugere que não houve um período vazio entre as duas dinastias.

Faraós da Segunda Dinastia

  • Hotepsekhemwy
  • Raneb
  • Nynetjer
  • Peribsen
  • Khasekhem (Khasekhemwy)

Provavelmente seis faraós reinaram na segunda dinastia que durou pouco mais de 200 anos.

Hórus Hetepsekhemwy – o significado de seu nome é Amável Poderoso. Selos com seu nome foram encontrados próximo da pirâmide de Unas em Saqara (quinta dinastia), mas, a tumba atribuída a ele estava vazia. Também foram encontrados outros selos com seu nome próximo da entrada da tumba de Qaa, isso talvez indique que este faraó inspecionou o funeral de seu antecessor.

Nebra em hieróglifo

Horus Raneb – significa Ra é o Senhor. Provavelmente esse faraó deve ser Hórus Nebra, uma estela de granito encontrada em Abydos traz um cartucho com o nome Nebra, que significa Senhor do Sol.
Selos com seu nome foram encontrados junto dos de Hetepsekhemwy na tumba em Saqara, de modo que, também Nebra (Raneb) deve ter supervisionado o funeral de seu antecessor.
O nome de Nebra também aparece gravado numa rocha perto de Armant, local de uma antiga rota de comércio.

Horus Nynetjer – seu nome significa Celeste. Este faraó está listado na Pedra de Palermo como tendo reinado pelo menos 35 anos. Um dos eventos marcados em seu reinado, foi o nascimento de Khasekhemwy (no décimo quinto ano) que foi o último faraó da segunda dinastia. A maior parte das festividades anotadas em seu reinado, o ligam à região de Mênfis, o que deve significar sua proximidade com o Baixo Egito (isso pode ter criado tensão).
Na Pedra de Palermo está marcado que, no 13º ano de seu reinado duas cidades foram atacadas. O nome de uma delas foi traduzido como terra do norte (talvez uma referência ao Baixo Egito).

o nome de Per-ib-sn em hieroglifo

Hórus Sekhemib/Set Peribsen – seu nome ao chegar ao trono foi Sekhemib e ele reinou por 17 anos.
Enquanto os outros faraós todos usaram o nome Hórus e a imagem de Hórus falcão em seus cartuchos reais, Sekhemib fez uma grande mudança. Ele trocou seu nome de Hórus Sekhemib que significa Coração Poderoso, para Set Peribsen que significa Esperança de todos os corações. Outra atitude sua foi usar também o animal símbolo de Set. Sua estela funerária de granito, em Abydos mostra a mudança no cartucho.

per-ib-sn com os dois animais

É lícito imaginar que no seu reinado estavam ocorrendo disputas internas ligadas à rivalidade entre o Alto e Baixo Egito. Pode até ser que a rivalidade mitológica entre Hórus e Set tenha surgido nessa época, porque os seguidores de cada deus lutavam pelo controle do trono.
Peribsen foi sepultado em Abydos e não em Saqara como os seus antecessores.

Hórus-Set Khasekhemwy– foi o último faraó da segunda dinastia. Presume-se que ele tenha posto fim às rebeliões internas unindo novamente o Egito. Seu nome deve ter sido Khasekhem, que ele mudou para Khasekhemwy, que significa Os dois poderosos estão em um só. No seu cartucho ele incluiu o animal de Hórus e o de Set e colocou nbwy -htp im=f, que significa as duas senhoras estão em paz com ele, talvez se referindo às deusas do Alto e do Baixo Egito, novamente sob um só faraó.
A tumba de Khasekhemwy em Abydos é bem diferente das outras, tem formato de trapézio com uma câmara funerária no centro.
Khasekhemwy casou com uma princesa do norte chamada Nimaathap, que foi chamada de Aquela que gesta o rei, num selo em um vaso. Ela é tida como a ancestral da terceira dinastia.